Soneto I - Para Arco e Flecha
Meu arco eu sou a tua flecha.
Se me disparas em desatino,
Voo trajetória perdida, sem destino.
Logo eu que só sei pertencer a ti.
Tanta flecha tem atirado a esmo,
Quando feres mortalmente a caça,
Alimentas teu guerreiro e a sua raça.
Mas a mim, guardou para hora especial.
Não para caça do dia, ou inimigo comum.
Meu arco, tens-me cuidado com zelo total.
Então, finalmente me disparas – está feito.
Nesta viagem, apartada de ti, me transformo.
Já não sou flecha, mas agora bumerangue.
Que retorna, cravando-te o próprio peito.
Rosamares da Maia – 15.11.2014
Soneto II Para Guerreiro, Arco e Flecha.
O tolo arco pensava agir sem tua mão.
A flecha tonta sonha - o arco é seu destino.
O guerreiro é forte, mas não conhece o coração.
Com as mãos controla arco, flecha e direção.
Escolha a caça, mata e alimenta seu povo.
Orgulho da raça não conhece ou teme perigo.
Invencível é invisível à flecha do inimigo.
Bravo guerreiro, desconhece a flecha da paixão.
Banhava-se ela no rio, facho de luz – armadilha.
Dourada Flecha Morena, ao alcance da sua mão.
Quebra-se o arco, em desatino a flecha é perdida.
Flecha Morena disparada a esmo de sua vida.
Tolo encontro em uma aventura proibida.
A flecha inimiga crava-lhe no peito mortal ferida.
Rosamares da Maia 15.11.2014.
Soneto III Para Flecha Morena
Flecha Morena de veneno encharcada,
Do arco inimigo certeiro foste disparada.
De outro guerreiro que não conhece o coração.
E o primeiro, morto, de joelhos pela paixão.
Exulta toda tribo em dança, honra e glória.
Mas tu Flecha Morena, não cantas vitórias?
Tua raça te rende tributos contando a história.
Flecha morena soma lágrima às águas do rio.
Só há o sabor do engano, fel da sua traição.
A sua luz se apaga, só há frio no seu coração.
Flecha Morena também sangra por este amor.
Disparada sem tino na viagem se transformou.
Retornou bumerangue transpassado pelo guerreiro.
No seu peito achou abrigo e como flecha se cravou.
Rosamares da Maia 15.11.2014.