Encontro-me tantas vezes pensando em ti
e visualizo tua perfeita forma de mulher,
o dia a aflorar-te nos lábios de veludo,
a noite a escorrer-te pela seda dos cabelos.
Se estás longe de mim, dia após dia
transformo-te na delícia do fruto que aprecio,
no frescor da água que me sacia a sede
e na substância, enfim, que me permite o amanhã.
Posso te sentir na suave brisa matutina,
nos primeiros raios do sol que me aquecem
e ouso ver-te em cada objeto, em cada rosto,
em cada gota de orvalho da verde grama
e no ruflar das asas das andorinhas...
Sou pequenino ante tua presença
e obscuro ante tua transparência,
mas mantenho os olhos cerrados
enquanto o dia corre,
enquanto a hora vital não chega,
até que te encontro, nascida do nada,
florescida, cristalina ante meus olhos,
e bebo da taça dos teus lábios
e aqueço-me do sol do teu sorriso
e me desfaço em infantil alegria...
E vão-se do meu rosto a sombra e a amargura
e tudo o que me faz sofrer quando não te tenho.
Onda que vem
e que vai
e vem novamente
e torna a partir,
mas que não escoa nunca,
neste oceano de delícias que é o teu corpo,
que banha o meu corpo,
que faz nascente o sol no meu rosto.
És a delícia, a doçura dos meus dias
e a cada hora te espero
para reinar sempre em minha vida.
Substância (para Rosangela de Fátima)
Data de publicação:
Terça-feira, 29 Maio, 2007 - 14:21
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