Eis me aqui de novo
à beira do precipício dormente,
sentindo o fardo que é estar vivo
e esperando a sentença iminente.
Tais como cicatrizes e marcas
deixadas por quem mal o trata
estão minhas púrpuras lágrimas
jorrando ardentes como brasa.
E expelem com tristeza o ódio
que com amor sexualmente se encaixa,
como prazer e pudor,
sangue e carcassa.
Sua presença é por mim desejada,
sua imagem, sua forma.
Ó dama fúnebre e amargurada
meus anseios seu semblante forja.
Se amá-la é uma punhalada, puro ardor
Não me permita agir de maneira errada
Traga à minha presença por favor
a dor da primeira estocada.
Pois o toque de seus lábios me acalma
como por encantamento ou magia imunda
A sete palmos solitária é minh´alma
como rosa negra em cova profunda.
As sombras consegue levar
em olhos que um deus não faria
mas pra mim não consegue olhar
Hei de novamente ser minha.
Meu amor sangrento e eterno
à jovem sonhada esgueira-se insano
Estes sentimentos, louvor, desalento,
jaz à luz de um dia profano.