Um dia ? Dois ?
Um minuto apenas e tu partiste !
Partiste e eu fiquei só e triste !
E agora o tempo corre vertiginosamente
e atropela o meu coração sangrento,
despedaçando-o contra as pedras do caminho;
o sangue correndo abrasador
tortura-me numa infinda dor...
As árvores do além, no silêncio da noite,
gemem baixinho:
imploram, com ternura, um beijo, um carinho.
As estrelas do céu cantam melodias, lentas,
plangentes...
Os astros não brilham, a lua já não sorri...
E tudo porque te vi partir !
E eu no silêncio da noite escura,
imaculadamente pura,
rezo, recordo e estremeço...
Um tic-tac lento despertou-me...
As horas terríveis continuam a correr,
fazendo-me sofrer por não te ver...
Elas marcam a hora em que me deixaste !
Escuto o meu coração implacável,
como esse relógio malfadado,
e sinto-o gemer também.
Tic-tac...tic-tac...
Queria fugir, fugir ao tempo,
perder-me no mar do esquecimento...
E...chorar, penar...
Fugir, fugir, perder-me com a minha dor
no mar que fora sempre cheio de amor,
em vez de tanta e tanta dor...
Corro então, corro mais que o tempo,
mais que o relógio; e na minha corrida
desenfreada, louca, eu já não choro,
já não sofro...
Os espinhos cravam-se em mim,
rasgam-me a pele e o sangue corre...
Tic-tac...tic-tac... Paro assustado!
O tempo afinal corre a meu lado
e me ultrapassa; fico para trás,
perdido no esquecimento...
Olho
Poema do esquecimento
Data de publicação:
Domingo, 8 Dezembro, 2002 - 00:18
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