A bela que levanta à noite
é aquela que o caçador fareja
e empurra para a janela.
Não há senão o céu sem estrelas,
após a veneziana,
que felizmente emperra
e evita o pior.
Mas os grilos gritantes
fazem tanto barulho,
ajudados pelos morcegos e pelas cigarras,
que a tranca finalmente cai
e o orvalho faz seu abominável serviço
de preparar a carne para o banquete.
O pelo antecede o apelo,
intercedendo na rota
entre a mão e o gesto.
Fica a trança,
refém da tiara,
sustentando contra tudo
a virtude.
Enrosca na grade a última conta do terço,
feita de vidro e não de cristal,
arrebenta, porém, esparramando
reflexos pelo jardim.
A Besta assusta com a luz
e corre.
De longe lança o seu feitiço,
poderosa flecha,
roxa como convém ao momento,
acertando em cheio
o peito desfeito,
que racha,
para acolher o beijo
do passante distraído,
agora personagem.
Do ato será parido o mantra,
para ser usado na sétima porta,
mesmo que doa.