Deixei fugir uma estrela
Numa bonita noite de verão, olhei o céu estrelado;
De todas que brilhavam, com uma fiquei encantado ;
Tinha um brilho diferente, dei um salto pr’agarra-la
Quis segura-la na mão, parecia que me queimava.
Metia dentro dum cofre fechado tal era o seu valor!
Nunca, nunca mais o fui abrir esquecendo seu teor.
Quando um dia me lembrei, a estrela não brilhava!
Deixei o cofre aberto pois já não mais m’interessava.
Numa triste noite de Inverno, olhei o céu enevoado;
De repente vi uma estrela que fugia o meu telhado,
Corri depressa a casa mas o cofre estava esvaziado.
Passo as noites todas ao relento escrutinando o céu;
Mas aquela estrela brilhante nunca mais m’apareceu.
Foi brilhar para outro lado a quem mais valor lhe deu.
António Aboarante