Passam as horas sonolentas da tarde
E neste vago e impreciso momento,
Acabo de pensar em ti...
Soas-me, como um vagar ausente
Que na melindrosa tarde
É viajeira
E vera na saudade.
Não me és distante
Nem presente.
Apenas e só: ausente.
E quem verdadeiro,
A mim seria capaz
De me dizeragora já
Onde andas ou andarias?
Dizer de que momentos se faz
O dia
E afirma-lo com toda a certeza
Aquilo que não consigo sentir
Onde embalada voas amiúde
Por entre as figueiras
E as ribeiras
Encantadas no pensamento
Noutro sentir-te alheio,
Que se passeia a tua beira
E me tenta dizer
No coração embalado:
Olá, olá, olá...
Mas não te obtenho resposta
Neste final triste e sem assunto
Não te encontro,
Passaste-me no pensamento.
... No pensamento toldado de inconsequência
Inconfundivelmente desprezado,
Pelo teu riso
Sem sentido
E não saberá
Quando será
Que em outra tarde te poderá falar
Para te encantar.
Passam as horas sonolentas
Da tarde,
Neste vago e impreciso momento.
Paulo Martins