Não tenho mais a paixão, a faísca, a dor
aquela que me inspirava em sofrer de certa maneira.
saudade daquele amor virtual,
daqueles tormentos, daquela dor verdadeira.
Agora eu tenho o efetivo, o cru, o cruel
o que vem com toalha molhada em cima da cama
o que vem com roupas sujas e cheio de drama.
Não tenho mais aquele amor perfeitinho, maquiado,
arrumado para sair num encontro rápido e descompromissado.
Agora é amor de pé no chão, roupa rasgada e cabelo molhado.
Não tenho mais aquele amor escondido, às escuras,
tão discreto, misterioso, sempre prestes a se revelar.
Tenho o amor escancarado, desmaquilado
à vista de todos e em nenhum lugar.
Tenho amor estacionado, parado,
que não avança nem regressa.
Que não vai nem vem
Não mais aquele amor movimentado, tão aguardado,
com desconhecidos tão inexplorados,
no meio de tantos e com ninguém.
Cheguei num amor passivo, inativo, resguardado
de um amor ativo, ligado e não nomeado.
Não sei pronunciar teu nome,
sai estranho, sai alheio.
Supostamente não te chamei
e quem sabe por isso tu nunca veio.
Nunca vou ter certeza, pois não sei.
Já perguntei, mas não ouvi.
O amor que tu sentia era por mim ou só por ti?