Naquela época,
Eu ainda me lembro bem,
Ficava na janela pra olhar
A enxurrada da chuva, escorrendo ao longo do passeio...
Trazendo em suas águas, galhos, papeis, flores...
E, eu saia da janela quando a chuva diminua,
Era o momento esperado...
O barquinho de papel já estava pronto,
Abria a porta e indo até o meio fio,
Colocava-o na enxurrada para navegar...
Sem parar um só instante o barquinho deslizava
Nas águas amareladas... O seu rumo parecia ser incerto.
Ia para um lado... ia para o outro...
Aquela brincadeira era uma alegria só...
Chega aos meus ouvidos,
Um barulho de um choro,
E ouço também uma antiga canção de ninar...
É minha mãe,
Cantando para meu irmão caçula...
E eu estava na chuva e bem molhado...
Não queria deixar aquela brincadeira...
Sem saber o que fazer...
Entrei em minha casa
Comecei a beijar minha mãe...
Meu irmão não chorava mais,
Dormia a sono solto...
Eu bem depressa me aninhei na cama...
Lembro-me bem, que chovia muito,
Chovia sem parar, mas logo anoiteceu...
... e a chuva intermitente foi até ao amanhecer...