Procuro um rosto na multidão.
Uma luz que alumie as trevas.
Alguém que conheci noutras eras
mas de quem já não recordo o nome.
Procuro na margem dos rios
atento ao murmúrio das águas
e nos desolados caminhos de pedra
onde febril me perdi
sem encontrar sinal de ti.
Vim de muito longe.
Onde o fim da noite pulsa,
nos confins profundos de uma vertigem,
à deriva nos oceanos do tempo.
Já cruzei mil caminhos.
Atravessei céus de luz e escuridão,
esgravatando a imensidão do vazio,
sem sequer cheirar teu perfume
ou o vulto da tua sombra fugidia.
Uma vida inteira não bastou
para achar as pegadas do teu rasto,
afundadas nas ruínas chuvosas do pó
e nas rugas arrefecidas dos milénios.
Talvez não passes de uma ilusão
que o vento murmura à noite nos muros;
esboço inútil que rabisco
nos sonhos cegos que alimentam
a névoa triste da minha passagem.
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Nas teias do teu rasto
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Graciele Gessner.
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Graciele Gessner.