Adormeçam os poetas com suas palavras deslumbrantes
Pois já não preciso de seus clamores vastos e alucinantes
Adormeçam, e que assim não me lancem seu espanto
Se nunca mais servirem de consolo para o meu pranto
Adormeçam os poetas com suas excêntricas fantasias
Pois hoje trago dor e estou indiferente às alegrias
Adormeçam, e que não me façam relembrar o passado
Quando apenas tenta descansar este ser amargurado
Adormeçam os poetas com seus amores plausíveis
Pois alimento em meu peito relações impossíveis
Adormeçam, e que se faça escurecer a lembrança
Da nossa inevitável, porém atraente dessemelhança
Adormeçam os poetas e que permaneçam à deriva
Pois ponho fim à minha criatividade e expectativa
Adormeçam, e que não me permitam mais sonhar
Uma vez que estou renunciando a arte de amar.