De tempo em tempo o mundo
Torna-se noutro, se renova
Sucedem gerações e coisas,
vão cada vez mais ao fundo,
soterrados a alicerces, piso, cova,
sob os passos em que pisas.
Apartado a reboque ao desconecto
os valores e poderes que podemos,
cristalizados, em rocha permanente.
Obeliscos imutáveis, marcam secto
das antigas almas que encarnamos,
desengrenadas, vagam soltas na mente.
Novo mundo nos vê como fósseis.
Nas luas que ficaram perdidas,
nas auroras a muito amanhecidas
que em um despertar a mais, eis:
Soltaram do roteiro das vidas,
desprenderam sequer despedidas.
Longe, as vezes noutro mundo ando,
a vagar entre os dinossauros...
Entre casulos ocos de borboletas,
explorando, não onde, mas quando.
Arqueologia de vestígios e muros.
escavo areia em girar de ampulhetas.
A alma confinada nesta Terra,
por fora, corpo aqui; longe por dentro.
O relógio fará a todos estrangeiro,
alienígena na era em que erra.
Neste novo, novo, novo que enfrento
de tempos em tempos... é janeiro.