É preciso apagar as luzes
para qu’elas possam sair,
são as palavras noturnas.
Rompendo as covas e cruzes,
quando o breu as sobrevir
abrem elas suas urnas.
Entidades do escuro,
esperam a madrugada.
São também tão obscuras,
intimas do desconjuro,
que as faces enevoadas
mimetizam com as sombras.
Não espera, quem escuta.
Desapegam sua pena;
noturnas palavras são...
Ocultas, que a luz refuta.
Que o belo Sol condena
as frestas da escuridão.
Poesia do não poético,
das ruínas, do abandono,
de toda coisa sem brilho,
da contrário, do não rico,
das noites que falta o sono,
do amanha ao andarilho...
Do vulgar, do ofensivo.
O sutil prumo do desesperar
entre o apetite e a fome,
que suspende o lírico objetivo.
O que brota do esterco a florar
nutrido da dor que consome.
Comentários
De Izaura para Arnault
Um belo poema! Viajou um pouco na escuridão, mas não perdeu sua essência poética. Parabéns poeta Arnault. Um abraço pra ti!
Arnault / Izaura
Desculpe a demora em responder ao comentário, ando relapso e postando pouco...
Obrigado pelo gentil comentário, um abraço.
Arnault.