Errante, entre montanhas,
Pastor de Ventos me criei.
Sempre achado em terras estranhas,
Levado por ventos que não sei.
Andar, que a vida é ir-se,
Sem descanso nem apego,
Não seria pastor, se não partisse
No mesmo vento em que chego.
Meus caminhos não são tristes,
Nem alegres - Sequer existem!
Quem já soube de alguém
Que, nos ventos, algum caminho visse?...
Não sei porque insisto
Em tão desvairado ofício.
- Só se esses ventos, também,
Por alguma razão que desconheço,
Carregam, no seu vai-e-vem,
Os motivos por que existo.
Então, pastoreio ventos,
Por montanhas inalcançáveis.
Quando a vida julgar que é o momento
Certo para desabitar-me,
Que eu possa dizer dos ventos,
Que sopraram sem cansar-me:
Errantes – bem os sei -,
Porém, Notáveis! Notáveis!