A luz que me desperta cedo
Antes expulsa as sombras minhas
(Trazidas por tudo que antes fui).
Então flui a alma à própria tona,
No afã de achar uma janela,
Um vau por onde possa passar
Ao tempo destinado a ela,
Em que suas ânsias se calem,
Em que falem respostas claras
Suas malas sempre vazias.
A luz que me toca a espátula,
Antes lava cada mácula
E me desarma, e me veste.
Então flui a alma forte e creste,
Do ardor do próprio amor à vida,
Luzidia e de novo em brios,
Legada a amigos e inimigos;
À sorte, ao azar, ao dia!
Mouro alcazar grato ao nascente
Fulvo, louro... incandescente.
A luz que em meus olhos espelha
(Irrompe a centelha à cadeia)
Liberta o abraço mais aberto.
Então aperta o passo firme
Vazando a casca a alma tão plena,
Que engrena as órbitas dos astros,
Que umedece as lonas nos mastros;
E os bastos ventos fluem turvas
Curvas tuas, mosaico do mar...
Lembranças... Da luz do seu olhar.