HOLOCAUSTO
Paulo Gondim
27/03/2012
Alguma força ainda lhe resta
Consegue levantar o braço
Estender a mão ossuda
Seguida de um olhar fundo
De um par de olhos arregalados
O esforço é supremo
Não se repetirá
Em poucos dias, nem isso
Não restará mais um fio de luz
Escureceu-se a esperança
Os olhos não se fecham
Cegaram esbugalhados
E aquela criatura magra
Inocente, fraca, impotente
Nem se questiona
Vê-se nos outros, como espelho
Porque são muitos,
Braços erguidos, mãos estendidas
Com grandes olhos arregalados
Tantos ossos expostos
Aquele olhar fundo
Crianças famintas
Ao redor do mundo
Contrasta com o luxo
De religiões, de oligarquias
De crenças absurdas, vãs filosofias
Da abundância restrita, do fausto
E segue a vida nesse holocausto
Algo acabou errado
Filosofias, conceitos, crenças
Precisam ser revistos
Terá dado certo o homem?