E então decidi...
Despojar-me de todos pecados
ser meu próprio Pôncio Pilatos,
ter meu corpo crucificado...
Não pra salvar a Humanidade,
não me crivaria de tamanha dor,
Cristo foi mais sonhador...
Não, foi mesmo auto-piedade
da própria alma
em busca de serenidade...
Caminhei com a cruz...A que me impus...
Não caí somente três vezes...
Foram muitas!
Já havia tombado tanto
pelo peso de meu pranto
por minha consciência pesada
não ouvindo a voz da razão,
nem mesmo a do coração...
E agora, Via Crucis, levo-me à condenação.
Fui Verônica...
Cantei o meu desencanto,
Limpei sangue de meu âmago,
deixei registrado no pano
o meu triste desengano...
A Madalena arrependida,
pelo homem incompreendida,
agora cheia de dores e acatos....
vítima dos desacatos.
Tentei levantar-me, ser o meu Cirineu,
Reacender a chama que um dia morreu...
Momento sublime...
Maria, mãe que redime,
um encontro...um olhar...
Nem foi preciso falar...
A única expressão...a de nosso coração!
Sedenta de amor, bebi o seu mel...
Desnudei minha alma, arranquei-lhe o véu...
E chorei...Implorei...Me ajoelhei...
Finalmente, enxerguei uma luz
semi-apagada, de um sol eclipsado
recomeçando a acender...
_Carmen Lúcia_