Tal sinos sonoros de uma catedral
Serena brisa a tocar-me o ombro
Deste-me um acordar musical
Ao tirar-me de insosso sono.
Em sonho vagava por caminhos
Normais, mas sem cor e sem destino
Admirava as plantas sem senti-las
Amava os cristais e não os compreendia
Sem tocá-la, pela grama caminhava
Conversava com pássaros. Eles não me respondiam
Sem vivê-las, em muitas ondas mergulhava
Dançava com o vento e continuava isolada.
Átomo a átomo as sonoras badaladas
Converteram o medo em coragem
Transformaram o vazio em plenitude
Tal milagre, a distância se tornou intimidade.
Barreiras da persona e do egoísmo
Transpuseram-se ao nível da alma
No reino do eterno cada vez mais habitamos
Alma despertada, espaço físico transfigurado.
Não há distância nesse espaço de alma
Ainda que longe permaneça a harmonia
Unidade de almas não se rompe facilmente
Sinto o fluxo da vida e tua amorosa companhia.