Tenho de ir
Levo a falta
Do beijo que não recebi,
Das confissões que não ouvi,
Dos abraços que não senti.
Dos sentimentos que não confessei,
Das alegrias que não partilhei,
Dos saberes que não repassei.
Procuro a luz
Nas vivências solitárias,
Nas experiências solidárias,
Nas horas de mesa farta.
Nos encontros comigo mesma,
No meu interior, minha igreja,
Na luz divina da Mãe Natureza.
É tempo de chorar
Não sei o que fui para o que foi embora,
Nenhuma resposta ao romper da nova aurora,
Nenhum sinal de quem está comigo agora.
Todos para mim foram importantes,
Aprendi com cada qual, a cada instante.
Observando, ouvindo, analisando atentamente.
Preciso ir
Ali fora esperam-me aqueles
Que me abençoaram a vida inteira,
Com calor e sabedoria verdadeira.
Não deixo sementes, nem rastros,
Sou puxada, como quem pega a laço.
Apenas desapareço em teu regaço.
Mãe Terra, tenho que ir.