No fim da cachaça vem a gandaia
No fim do mar, começo da praia
É no fim do joelho o começo da saia
O fim de um artista é o começo da vaia
Gavião da minha foice não pega pinto
Também a mão de pilão não joga peteca
O cabo da minha enxada não tem divisa
As meninas dos meus olhos não tem boneca
A bala do meu revólver não tem açucar
No cano da carabina não vai torneira
A porca do parafuso nunca deu cria
Na casa do joão-de-barro não tem goteira
Jacaré carrega serra mas nunca foi carpinteiro
O bode também tem barba e não precisa ir ao barbeiro
Galo também tem espora mas nunca foi cavaleiro
Sabiá canta bonito mas não pode ser violeiro
Vigário faz casamento mas vive todo solteiro
O cravo da ferradura não vai no doce
A serra da mantiqueira nunca serrou
A pata do meu cavalo não bota ovo
Eu não vou comer o pão que o diabo amassou
Os quatro reis do baralho não tem castelo
Também o quatro de paus não é de madeira
Por onde o navio passa não tem asfalto
Caminho que vai pra lua não tem poeira
Cachaça não da rasteira e derruba a gente
A lingua da fechadura não faz fofoca
Pra fazer esse pagode não foi brinquedo
Eu me virei do avesso e não sou pipoca
TIÃO CAREEIRO E PARDINHO