– Porque olhas para mim?
– Porque descubro histórias,
no teu olhar!
Porque os teus olhos
falam de paz!
– Vês tanto assim em mim?
– Vejo mais!
– Mas os meus olhos não falam!
– Ah, mas falam!
Falam-me de vida, de histórias,
de pessoas e de amor!
– Amor? Eu já não tenho idade
para amar! Estou velho!
– Velho?
– Sim, velho! Não vês as rugas?
Não reparas no meu ar cansado,
na inutilidade do meu tempo
e na indiferença das pessoas?
(Silêncio)
– Porque ficas assim a olhar-me,
sem nada dizer?
– Estou a pensar…
Diz-me, lembras-te de ter vivido?
– Sim, claro!
– E de ter morrido?
– Mas eu estou vivo!
(…)
Vânia Santos