Em silêncio vivo, fala o corpo...
Uma mão agitada, um sorriso morto
fala o que a boca não diz...
Medo, dor, angústia ou saborosa felicidade
nas esquinas, vielas, mansões ou bares da cidade!
O âmago expressado no rosto
deixa o sentimento exposto!
A índole revela-se humilde, alegre, bondosa
com perfume de rosa
ou arrogante, torturadora, mafiosa
carqueja amargosa, planta espinhosa...
Rostos que tocam
como o do Papa João Paulo Segundo
um rosto humilde, sorriso amoroso,
um olhar doce e profundo...
Mas os que me tocam mais no fundo
são rostos de crianças, enjeitadas, nas ruas
com seus gritos mudos, expressões tão suas...
E o eco destes gritos que se perde
aos ouvidos surdos...
O inquiridor olhar à crueldade do mundo!
Outros rostos assustam pela indiferença
rostos duros, frios, estigma do caráter hediondo
ferozes marimbondos
cegos para a dor dos que estão à sua frente
de egoísmo, doentes... lentes sem grau!
Foco... apenas o próximo degrau...
Insensíveis às mazelas e procelas,
sentimentos embotados,
interesses próprios escancarados...
Os rostos são esculturas vivas!
As mais reais e precisas
talhadas pelas almas que os animam
avaliadas pelos corações que os examinam...
Os rostos falam... E como falam...
Basta olhar para o rosto dos enamorados!
Carmen Vervloet