RESISTO
Meus dedos correm nos móveis como dois meninos bobos.
A esbaldarem-se simplesmente com a superfície lisa.
Meus olhos correm nas coisas como fantasmas que atravessam paredes.
Quero gritar e emudeço.
Quero dizer: não, não, não.
Não mereço.
Mas calada observo.
Há potes vazios.
E ainda o sonho de preenchê-los resiste.
Ainda que eu viva tão triste...