Frágil como a luz que aquebranta
não sendo dia, nem sendo noite,
peregrina pelo ar...
E, indefinida, espera calmamente pelo que virá.
Frágil como o orvalho que umedece as flores,
- tênue gotícula que as revigora-
chora ao realçar a flor que se abrirá
como se de sua alma nascesse a emoção;
beleza igual jamais existirá.
Frágil como os versos de um poema
sem métrica, sem rima, sem tema;
livres, vagando e divagando cantilenas,
pianíssimos sons que se diferem no clamor
e se unem na linguagem universal do amor.
Sólida como a rigidez de um rochedo
onde as águas batem, invadem e voltam
sem descobrirem o segredo
de tamanha solidez,
da rocha que não se desfez.
Sólida quando sangra
revelando a fragilidade
que a fertilidade estanca,
exaltando a sublimidade ...
Em teu ventre, a vida sacrossanta.
Mulher...
És simultaneamente
realidade e fantasia,
força que nos conduz... És luz!
Suavidade que alivia;
amor e abnegação
a quebrar correntes da submissão...
Gravando tua marca sagrada
em cada palma de cada mão.
Carmen Lúcia