MFN, espero que esteja tudo bem consigo!
Inicio este comentário (carta aberta) alertando que vou ser longo e directo, tal como o senhor costumava ser!
Devo informar que sempre fui unicamente visitante assíduo do site poemas de amor à muito muito tempo, sem nunca me ter inscrito. Fi-lo agora para poder intervir aqui nesta sua despedida. Acredito pessoalmente que os seus dados pessoais são verdadeiros e assim sendo, digo-lhe que tenho uns anitos a mais do que os seus. Sou já um reformado profissional e um activo na vida.
Como já falei, leio o poemas à muito tempo e reconheço aqui muitos bons valores da escrita, mas quando o descobri a si deu para notar de repente que se tratava de alguém muito especial e diferente. Foi ai que fui ver a sua ficha de identidade aqui no poemas e reparei muito atento no seu perfil e entendi perfeitamente a sua sinceridade e postura de vida. A sua frase de apresentação é duma sensibilidade incrível e os seus escritores preferidos são daqueles que interrogam profundamente o ser humano. Confesso que Augusto Cury não conhecia e fui descobri-lo porque entendi que sendo um dos seus preferidos só poderia ser interessante e não me enganei.
Deixe-me olhar para você com olhos de um velho homem apaixonado pela vida como o senhor provou ser, e de um jovem de espírito mas sem já a força física de outros tempos.
Você não é fácil de ler. Não sei se devo falar assim, quero dizer você obriga a reflectir demasiado cada palavra, cada frase, cada linha e cada pensamento. Você é diferente sabe? Sabe que o leio hoje e amanhã ao reler de novo uma reflexão sua ou poema, leio já de forma um pouco distinta? E não sou eu que mudo ou o meu estado de espírito, emocional ou psíquico, são os seus escritos que lendo-os com mais atenção eles me levam para outros pensamentos e descobertas de caminhos. São autênticas missivas de conhecimentos interpelantes.
Que me desculpem os moderadores do poemas de amor, mas é uma grande perda a sua saída sem querer menosprezar o valor dos outros. Você interpelava com os seus pensamentos, eles eram atrevidos, duros e directos. Demonstram uma sustentação de experiência não calculada à sua idade (a ser verdade a informação do seu perfil e que acredito que seja).
MFN o tempo como você diz foi pouco mas o que me transmitiu foi muito. Você tem poemas e reflexões pesadíssimos de saber. Creio que não serão capazes todos de os entender à primeira assim como eu. Assumo que não os apanho logo à primeira vez que os leio e nem tenho a certeza de chego onde você quer que eu chegue. São muito enigmáticos, pragmáticos e de uma objectividade inconfundível como confundível.
Tem uma reflexão (poema) seu que quando comecei a ler ia ficando com uma ideia mas fui-me habituando a que a qualquer altura e rapidamente você me iria confundir, porque o seguimento da reflexão parecia tão fácil de entender que desconfiei e na verdade estava certo, eu lia o evidente mas o que o senhor queria dizer não era o que eu lia assim tão evidente, era mais do que isso. Aprendi que não podia le-lo tão rápido, cada palavra tem o seu peso e encaixe e quando me apercebia que o julgava estar a entender logo pensava devo estar a perceber errado. Relia e concluía que era verdade, estava a falhar. Lendo rápido o senhor, fico com uma ideia depois ela é outra quando o tenho com mais atenção e serenidade.
Você escreve sempre em várias direcções, chegou até a fazer chamadas de atenção aqui ao site do poemas, fez também reparos a sua forma de ser, deu indirectas a alguns comportamentos e tudo se manteve. Acho que as suas observações passaram despercebidas a muitos, e que até muitos não o liam porque o que escrevia era sério de mais para o que muita gente está habituada a ler. E os que entenderam as vezes que se insurgiu contra entre aspas algo, preferiram manter-se calados, pois são muito mais aqueles que gostam do facilitismo e do deixa andar do que aqueles que preferem colocar o dedo na ferida para a tratar como deve ser. Reparei que fazia poucos comentários, e argumentava falta de tempo, acredito sinceramente que sim, e reparei também que só alguns o comentavam e não seria por falta de tempo, porque comentavam outros. Mas você escreveu também sobre isso de outra forma inteligente. Li um poema que falava de um polvo duro, e percebi onde quis chegar. Você falou tanto e tanta coisa em tão pouco tempo neste site e para este site directamente. Acho que sei quem você gostava de ler, e eram muito poucos e diferentes.
A sua despedida em vídeo, com um tema tão lindo e ao mesmo tempo tão triste, faz perceber que você sai descontente deste espaço. Talvez sentindo-se um incompreendido pela maioria. A ideia de colocar a sua voz no vídeo para que pudéssemos conhecer uma voz real, triste e melancólica, não foi só para a despedida do seu amigo, foi talvez para que pudéssemos perceber e entender a tristeza com que abandonava o site. Deixou em voz viva aqui e para sempre um rosto e as suas pegadas de passagem.
A sua passagem por este site, marcou mesmo. Repare que neste ultimo escrito seu, houve um comentário de um participante que nunca o tinha feito antes, acho que percebi perfeitamente a sua intenção e acho também que foi um comentário tão falso e tão verdadeiro de infelicidade. O comentário só lhe ocorreu na hora de saída e talvez por se sentir mais à vontade com o facto de ter comunicado de que não iria responder, e também, pela sua saída o deixar com menos sombra e mais visibilidade para quem gosta dela. A atitude do comentário é de facto uma das evidências negativas com que você algumas vezes se insurgiu aqui no poemas. Você no último vídeo diz que o seu amigo era “único”. Deixe-me que lhe diga, aqui no poemas tem bons escritos, mas os seus são tão únicos. Você é um dos únicos.
A sua entrada aqui no poemas criou alguns embaraços e amuos, você cortava a relva muito baixa e em todas as direcções e isso perturbava os mimaditos da casa, aqueles que gostam da popularidade, das palmadinhas nas costas, dos beijinhos, dos pontinhos e das vitórias sem suor e sem justiça. Podia continuar a escrever mais até porque sendo a primeira vez e só porque não me podia esquivar de deixar este escrito de justiça, tristeza e apreço à sua passagem por cá. Mas vou terminar desejando-lhe a maior sorte do mundo e sei que você vai consegui-la. Você deixou perceber que conhece os seus caminhos e como muitas vezes escreveu os seus momentos e tempos.
Aqui no poemas, vou resignarmos novamente à minha postura de visitante até que apareça algo a tocar-me profundamente como o MFN o fez. Mas confesso que leio muito aqui e gosto de ler outros escritos para além dos do MFN, mas os seus eram de longe os meus favoritos.
Despeço-me com respeito.
Amadeu Vargas
Comentário / Carta Aberta
Data de publicação:
Segunda-feira, 21 Abril, 2008 - 13:21
Amanhã Amor Apreço Atenção Bem Caminhos Certeza Costas Dados Descobertas Despedida Dizer Duros Escrita Escritores Escritos Espaço Espírito Estado Experiência Fácil Favoritos Ferida Física Força Forma Frase Gente Gosto Hoje Idade Identidade Infelicidade Informação Justiça Longe Maior Maioria Moderadores Momentos Mundo Olhar Olhos Pegadas Pensamentos Perda Poder Poema Popularidade Querer Reflexão Relva Repente Respeito Rosto Saber Sempre Sensibilidade Sentir Sinceridade Sombra Sorte Tema Tempo Tristeza Valor Verdade Verdadeiros Vez Vida Visibilidade Vontade
- Blog de Amadeo Santos
- Login ou registre-se para postar comentários
Comentários
Caro Amadeo Santos
Em primeiro lugar, peço-lhe que não me leve a mal, não o tratar por senhor, sinta contudo que o considero como tal.
Sei, pelo que pude constatar do seu comentário, que já teve acesso pelo menos, a comentários meus, pelo que já me reconhece pela informalidade de abordagem e tratamento, o que não será falta de consideração pelo interlocutor, mas tão somente uma forma leve de ser.
Este seu comentário, para mim mais que bem vindo, e para o mfn mais que merecido, é um grito que sai de sua alma, fazendo eco de outros tantos, tal como o meu, que se manifestam de forma mais silenciosa, mas creia que sentida.
Por pouco tempo, tive o prazer de compartilhar este espaço com o mfn, mas com ele, vivenciei muitos dos mais intensos momentos de reflexão e partilha de pontos de vista.
Tal como o declara, também sentia sempre a dualidade das suas declarações, o duplo sentido, pressentido nas suas exposições, e era exactamente por isso, que adorava aceder ao seu espaço, e brincar com ele, em trocadilhos e até na eterna questão dos pontos, aos quais creia que não ligo de todo, sinto-os somente como uma forma de marcar presença nos escritos que aprecio, aliás se de mim dependesse, não existiriam pontuações, mas sim, o registo do número de vezes que cada escrito é acedido, isso o considero mais justo.
A sua saudade deste homem maravilhoso, é a minha, um espaço que sei muito díficil de voltar a ser preenchido, o quanto lamento que assim seja.
Desconheço as polémicas que menciona, pelo pouco tempo que possuo de presença. Mas acredito, que o que tenha ocorrido, pela postura do mfn, só pode ter ficado resolvido, pois é na troca de divergentes posições, que ocorrem as necessárias evoluções, e este homem é mestre na arte de agitar mentes inquietas, e despertar as mais adormecidas.
Não me vou tornar mais extensa em conteudo, a si, o meu respeito profundo, pela sua admiração a quem tanto admiro.
A ti, mfn, bem que tentei ser curta na despedida... e hoje, emocionada, creio que tudo o que possa ter-te dito, ou ter querido, e deixado por dizer... se resume a:
Obrigado por seres quem És! Foste importante! Para mim, serás Inesquecível!
Claro que, estas declarações, nas tuas mãos, dariam matéria para deliciosas contorvérsias, pelo que muito me custa, saber que serão mudas na resposta, mas sei, que em ti... darão matéria para dissertações.
Amadeo... Um abraço amigo, e venha até este site, sempre que tenhamos capacidade de justificar a sua vinda.
mfn... Até ao lançamento do teu livro, que ao entrar pela porta da minha casa, será a eterna prova física, que nunca me permitirá duvidar, dos dias em que estiveste nos meus dias. O meu beijo de sempre.
Yap...