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Esta noite foi a noite que foi madrugada
Em que ao sexo ficaste por mim devotada
Como quem se prende num jardim
De sons de flores a chamar por mim
Resguardados na jarra que deixei
Olhares lançados deitados na cama
Sobre um corpo de curvas moldadas
Entre lençóis brancos desdobrados
Nuvens suspiravam teu sono, ou seriam sonhos?
Vi teus olhos verdes num embalo fechados
Sentia o ar que junto a ti respirava
Como uma perpetua carícia incandescente
Que dentro de mim entrava para sempre
Caminhei em direcção a ti e junto de ti
Invoquei aos deuses a imagem de Afrodite
Sonhos invisíveis brotaram do silêncio
Incontidos em pianos de espuma com cio
Eras corpo azul pelo âmbar da manhã
Capaz de perdurar adormecida para sempre
Na chama de um nome que ao mundo não digo
Nesta noite que foi madrugada
Foste pedaços de muita coisa
Que eu tentei juntar e colocar
Mas havia sempre algum que ficava desfeito
Na chuva que caia, levado pelo vento
Eu abri a porta e sai, deixando-te a dormir ali.
© Jorge Oliveira