Do meu túmulo posso ver a imensidão
E posso ver meus vizinhos de lado e de avenida,
Posso ver tudo a minha volta.
Privilégio cedido a mim e a poucos...
Nas noites converso com meus vizinhos que já são
Meus amigos, quando é sol é silêncio e adormeço...
Quanta beleza encontrei na vida, quanta pompa
Foi dado a mim na morte...
Minha família vive hoje a me cercar, são amigos
Que encontrei cá, neste lugar...
Há algo que pitoresco e suntuoso, mórbido, suave
E de delicadeza sem igual, toca a alma...
E eu posso sentir toda tortura do desconforto
E desajeito, inda não me acostumei a nova casa.
Lá fora as plantinhas vão crescendo e eu só vendo,
Nem regar eu posso mais, tudo a volta cheira cipreste...
Marta Peres