Desconforto

Foto de carlosmustang

COMPOSIÇÕES

Hoje estou tão lindo
Em amor com minha mina
Tão certo de mim
Nessas ruas infinitas

Sou o retrato de outro
Nesses espelhos imbecis
Desconforto, aprendiz
Desespero de viagem

Um tiro, dois, matou
A ansiedade cessou
Viajando a contemplar

É tão bom a dor de andar
Persistir sem parar
Nas revestidas dores da vida

Foto de Rosamares da Maia

Estranho amor

Estranho amor

O teu amor tem tantas e tamanhas estranhezas,
Revela-se mais por fragilidades e por incerteza,
É como ter pés nus – desconforto.
Teu amor me faz descomposta, me põe nua.
Mas tua alma também está aberta, exposta.
E eu, te quero mesmo assim.
Num querer meio acre e doce.
Tempero de gosto especial e invulgar.
Teu amor tem o aroma de todos os jardins.
É palácio de exóticos desejos.
Eu sou Sherazade encantando ao Sultão.
Entre sedas e joias ofereço-te a vida, boca em beijos.
Mas teu amor de tantas estranhezas tem sutilezas.
Na medida certa desenhas tua pele, que só cabe em mim.

Rosamares da Maia 27 de setembro, 2013.

Foto de Carmen Vervloet

Morte dos Versos

Ensurdecedora, grita a desilusão!
Trovão e tempestade,
nas rosas tingidas de dor!

No tormento a pena se afoga,
desalinho e desconforto,
a pena empena.

O coração naufraga nas lágrimas.

Enfraquecida a alma não mais voa
e a mente não brilha, se atordoa...
Das estrelas que caíram no âmago da poesia
ficou apenas o pó, nada mais.
Soterrados os versos.

Foto de Carmen Lúcia

Rupturas

De repente, a expulsão...
Rompe-se o cordão,
O calor daquele abrigo.
A união umbilical
rompida pela contração.
O frio, o desconforto,
o susto que faz chorar,
o ter que encarar
a separação.
O mundo.

De repente, cerra-se a cortina,
muda-se o cenário,
embaçam-se as luzes,
tremula a ribalta
de um palco improvisado,
perguntas impertinentes,
respostas não condizentes,
personagens alternadas,
história remexida,
show irreverente.
A vida.

E as rupturas se vinculam.
Começo de caminhada,
o papel, as linhas tortas,
o branco sendo tingido,
o sentido das palavras,
o destino a se cumprir,
o tempo a exigir:
“Ande, não pare!”
O tempo.

Fase da colheita...
Colher o que plantou.
O cultivado, permanece...
O resto, esmorece.
Bem que se pudesse
o tempo pararia...
Uma nova chance.
Começar o Novo!
Não:De novo!
Carpe Diem.

Vem o cansaço,
o descompasso,
o desejo de parar
e a vontade de chorar
as partidas, despedidas,
amigos, entes queridos,
sonhos não vividos
truncados pelos caminhos.
A realidade.
Saudade.

Às vezes, a Felicidade.
Momentânea, raridade.
De soslaio ela invade
e se vai sem alarde.
Reta de chegada.
Fim da caminhada.
(início de outra jornada?)
Atrela-se a ruptura...
A última, derradeira.
(ou seria a primeira?)
Maktub.

_Carmen Lúcia_

Foto de Francis Raposo Ferreira

Conquistar a Felicidade

Felicidade

Tal como tanta outra gente, também já me vi, diversas vezes, confrontado com esta pergunta que nos provoca desconforto e para a qual nem sempre tenho conseguido encontrar resposta: “O que é a Felicidade?”
Umas vezes pensei ter encontrado resposta, quando sentia aflorar um sorriso motivado por um qualquer acto, ou atitude, quantas vezes espontâneo. Outras vezes pensava que a felicidade residia no facto de verificar como um gesto meu, por mais simples que possa ser, provoca o sorriso de outro alguém. Não nego que se tratam, efectivamente, de momentos de Felicidade, só que, permitam-mo, penso tratar-se de um 1º estágio da Felicidade, isto é, uma Felicidade momentânea, mesmo que possamos argumentar que a Felicidade plena não existe, que o que existe é uma sucessão de momentos de Felicidade.
Noutros momentos de reflexão, pensava ter descoberto o verdadeiro significado da palavra Felicidade, quando revisitava a minha vida e ia identificando os vários objectivos, pessoais, familiares, profissionais, sociais, etc., que já conseguira concretizar e contribuir na concretização de Alguns objectivos daqueles que fazem parte desse mesmo percurso de vida, mas chegava, novamente, à conclusão de que ainda não descobrira o verdadeiro significado dessa palavra mágica que é a Felicidade, quando muito poderia ter identificado aquilo a que chamarei de 2º estágio da Felicidade, isto é, a conquista de um espaço onde a Felicidade passa de momentânea a mais consistente, um espaço onde podemos definir objectivos pessoais e sociais mais abrangentes.
Foi um destes dias, muito recentemente, quando ao chegar a casa, em plena solidão, que penso ter conseguido identificar o significado da palavra Felicidade, ou talvez seja só mais um estágio desse mesmo sentimento. É curioso dizer-vos, e concluir, que foi em pleno estado de solidão que dei mais este, significativo, passo, ou talvez até nem seja assim tão curioso, basta aceitar-mos o facto de que não há contexto melhor para a reflexão do que um pleno estado de solidão, pelo menos solidão espiritual, como que um vazio da nossa consciência, que nos permita uma viagem, sem enviesamentos, ao nosso subconsciente. Estava eu no tal estado de solidão, quando dei comigo a olhar não para tudo já consegui concretizar, mas sim para aquilo que poderá ser o meu, acompanhado de quem faz parte desta corrida, futuro. É verdade, foi como que uma viagem ao futuro, um futuro onde nunca estive, mas onde me senti bem, um futuro onde não senti preocupações de maior, um futuro que se me afigurou de estabilidade, emocional, sentimental, familiar, social, profissional, enfim, um futuro onde gostei de estar. Foi deixando-me ficar neste futuro que me fui apercebendo do estado de Felicidade, permanente e não momentânea, em que vivo, isto é, foi olhando o futuro de todos aqueles que hoje consigo identificar na minha vida, incluindo o meu, e só assim, de olhos no futuro, é que penso ter dado mais este passo.
Este 3º estágio da Felicidade, a que chamarei de horizontal, quando conseguimos identificar indicadores seguros de que todos os momentos de Felicidade momentânea se solidificaram e se transformaram em verdadeiros, e fixos, suportes para um futuro de estável desenvolvimento do tão desejado estado de alteridade.

Francis Raposo Ferreira

Foto de Paulo Gondim

Recolhimento

Recolhimento
Paulo Gondim
23/01/2013

Contei horas e minutos, um a um
Sem te ver; ficou a dúvida
O desconforto, o desânimo

Olhei pela fresta da porta
E não vi o raio de luz
Um a nevoa fosca cobria o sol
E mais uma vez não te vi
Tua imagem perdeu-se no arrebol

A noite derramou-se sobre a tarde
E a lua também não apareceu
E tudo se fez nublado
Como meu coração magoado

E mais um novo dia, sem sol
Sem um fio sequer de claridade
E me recolho ao claustro úmido
Com o frio de tua saudade

Foto de Xaverloo

Um mínimo que nem uma vírgula

*
*
*

Meu coração
É um mínimo que nem uma vírgula
Traçado de rua sem saída
Um rastro de palavra solta
Vício de uma língua perdida no esforço de desfazer um gosto
Salivando o mesmo nome milhões de vezes.

À tua visão,
Meu coração é senão um desconforto
O oposto de teus sonhos
Percorre a existência devotando-te o amor que jamais recebeu.

Vai atravessar teus olhos mais de uma vez
Transtornar razão em insensatez
Mentir que faz sentido.
Zumbir a teus ouvidos palavras que não ouviu
Soprar na tua pele coisas que nunca sentiu
Inventar palavras novas
Convencer-te a voltares aos lugares
De onde jamais saiu.

Xaverloo

Foto de carlosmustang

FARRAPO

Nem sei porque continuo escrevendo
Talvez masoquismo,esperança(de alguém ler essa bosta)
Cheia de lágrima, desconforto
Nem é dinheiro,sim consideração,
Com alguém que confia

Em verdades, que não deixa vestígios nem idiotices
E quem revolta-se como eu,
Seja bem vindo

Tenha sua indignação, mas não morra por ela
As coisas os problemas, não pode ser Tao pequenos
Ao ponto de ser acomodados em uma cabeça

Eu conheci essa porra louca, o pior dos seres!
Era como um gangster, inescrupuloso.
Fez um filho em mim, foi quase um estupro
Era tentador nos negócios
Um homem amável, mas com uma péssima carga negativa
Sabia amar, era amor, péssimo perdedor

Foto de alex silva mensagem

A AUSÊNCIA

A AUSÊNCIA

As luzes quando se apagam, deixam em nós a escuridão.
Sua ausência dá o contraste para nossos olhos poderem captá-la, porém, passados alguns instantes, nossos olhos se acostumam a ela e começam a vislumbrar, definir algumas formas, começam "a ver" na escuridão.
Assim também ocorre com a ausência de alguém que parte; o contraste de sua presença nos faz sentir a sua ausência. Aos poucos acomoda-se em nós o desconforto dessa ausência e fica então a doce saudade. Se dermos tempo ao nosso coração para que, como os olhos, se "acostume" com a ausência, ele também poderá vislumbrar e definir a presença mais sutil. Como as formas e objetos que não deixaram de existir com a escuridão, apenas tornaram-se mais sutis, necessitando de maior sensibilidade para serem vistas.
Quanto sofrimento poderíamos evitar se realmente soubéssemos disso!

Foto de Hanilto josé Da Silva

ANUNCIAÇÃO

Entre as palavras
que adoçam,
no olhar que arranha,
és tão íntima e tão estranha.

Como as nuvens que
deslizam e se chocam,
no azul mar do céu,
como letras feridas
num roto papel.

Dormi no teu solo
em desbravada aventura,
acordei em teu colo
perdida iludida ternura.

A caravana passou
na vida do sonhador,
e no brilho opaco
do meu rosto,sangraram
famintas lágrimas em desalinho
desconforto.

Sois amor
o sino que retine,
anjo da anunciação,
copiosa dolorosa confissão.

Hanilto 15 09 2011

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