O olhar do cão pedinte
Fita-me continuamente
Seguindo meus gestos
Esperando por minha generosidade
Na rua, a minha passagem
Mãos se estendem, suplicantes
Trêmulas, nervosas, ansiosas
Por uma moeda. Sobrevivência
Nos hospitais filas intermináveis
A busca da cura
A consulta, a esperança
Da perfeita saúde
No parque, os passarinhos
Apanham as migalhas que escapam
Das minhas mãos desapercebidas
Insensíveis, iguais a alma bruta...
A pior mendicância
É a feita em nome do amor
Lança olhares, palavras, frases
Feitos, fatos em vão
Contudo, sem chamar a atenção
De quem se almeja, bem quer
O que fazer alma nobre
Continuarás lançando perólas aos porcos?
Negando as estrelas
Seu brilho que julga precioso
Siga na escuridão
Aé um novo dia raiar... Sol enfim
Juraci Rocha da Silva - Copyright (c) 2006 All Rights Reserved