Filas

Foto de Dennel

Respondendo a Ricardo Kotscho

Ricardo Kotscho, jornalista mantém uma coluna no Portal IG, chamada Balaio do Kotscho, na sua última postagem evidencia uma preocupação de todos os petistas, os 5% que não aprovam ou discordam do governo Lula, que segundo o colunista entra pesquisa, sai pesquisa, chove, faz sol, sucede-se os dias e eles não mudam de opinião.

O colunista chega a insinuar que “vai investigar para saber quem são, onde vivem, o que fazem o que pensam o contingente de brasileiros minoritários”. Vamos responder a Kotscho. Ele não admite que haja a divergência político partidária, quer colocar a todos nós no seu Balaio, afirmando que isto não é normal que é um fenômeno psíquico. Ele quer que todos se coloque de joelhos frente à santíssima divindade Lula.

O grande Nelson Rodrigues afirmava que “Toda unanimidade é burra”. Kotscho quer que 103% - margem de erro de 3% - aprove o governo Lula, não admite o contraditório. Digo que ainda existe cabeças pensantes neste país, como ele mesmo afirma. Se todos apoiassem o governo Lula, estaríamos num imenso cenário de dementes. Vamos fazer um passeio até as Sagradas Escrituras para lembrar de um caso que tem relação com este.

O profeta Elias viveu num período extremamente crítico, crises sociais, idolatria, inversão de valores, abuso de poder e perseguição eram comuns nos seus dias. Assim ele se apresentou diante de Acabe, rei de Israel, e evidenciou o mal que estava presente, propôs um pacto social que culminou com a morte de todos os profetas de Baal, deus fenício. Ocorre que a rainha Jezabel sabendo disto mandou um aviso a Elias “Assim me façam os deuses, e outro tanto, se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles. I RS 19.2”.

Diante da ameaça da poderosa rainha, Elias foge para salvar sua vida, Deus o encontra numa caverna e lhe pergunta o que está fazendo ali, ao que ele responde todo magoado “Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para a tirarem. I Rs 19. 10”.

Depois de ter as forças e a fé renovada, Elias ouve de Deus que ele não era o “Único”, que existia “em Israel sete mil pessoas: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou. I Rs. 19. 18”.

Voltei

Kotscho, nunca havemos de dobrar nossos joelhos diante de tanto autoritarismo, incompetência, cinismo, arrogância e abuso de poder, não somos do seu balaio. Não beijamos a boca que você beija, não comungamos dos seus ideais, como você mesmo afirma. Logo, não precisamos escarrar.

Sim, nós somos do CONTRA. Contra a corrupção, contra os desmandos, contra a política feita para os “companheiros”, contra tudo e todos que tenha aparência, jeito e posicionamento de “Baal”.

Ainda que sejamos apenas 5%, mais ou menos nove milhões de brasileiros, conforme sua declaração somos do universo dos que lêem jornais e tem um entendimento, um posicionamento estrutural e preciso dos rumos que o país trilha. Aqui a diferença, é melhor ter 5% dos que lêem jornal, do que 95% dos que limpam a bunda com ele.

Ainda quer saber quem somos. Somos o povo sofrido que trabalha cinco meses do ano apenas para pagar imposto para que Lula e sua trupe viajem por todo o globo envergonhando nossa nação, cultivando roçado de escândalos.

Somos aqueles que estão nas estatísticas, nas ocorrências policiais figurando como vítimas, enquanto o “Divino” protege e acolhe os Evos Morales, Chavez e outros trastes, rebotalhos humanos, que desgraçam nossa juventude com políticas do “Não sei, não vi, não conheço, não sabia, não existe”.

Somos os que morrem todos os dias nas filas dos hospitais, ou em casa na falta deles. Enquanto se mente descaradamente na TV “A saúde no Brasil está a um passo da perfeição”.

Nem todos gostam de circo, é assim que avaliamos o governo Lula, se não quer que falemos do “inferno” mude-se, pois não mudaremos de opinião, não estamos atrás de bolsas, sejam elas de que tipo for, nem nos encontramos nas esquinas a roubá-las, muito menos enfiamos as mãos nas que são públicas. Digo e repito nem todos os gatos são pardos, razão por que não cabemos no seu balaio.

Concluindo

Conservaremos integra a nossa personalidade, não nos deixando violentar ideologicamente. “O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte. Friedrich Nietzsche”. Estou cansado dos fúteis, que pensam ser Alguém, e nada mais é que Ninguém, chegando a ser no máximo Qualquer Um.

Foto de detona

AJUDA MUTUA DE CRISTA abencoado por jesus

oportunidade é algo que quase deixei escapar por entre os dedos.
Afortunadamente, alguns dias depois, reli e dei um tempo para poder
pensar e estudar este programa.
Meu nome é Nelson Pires, advogado aposentado, e pastor da Igreja
Batista de Caxias do Sul; algum tempo tive problemas financeiros, eu
endividei minha família e meus amigos, meus cartões de crédito
acumularam uma divida de (R$35.000,00) trinta e cinco mil reais que
tinha usado para levar avante um empreendimento para sustentar minha
família composta de cinco pessoas; já não suportava mais as
intermináveis reuniões para tentar resolver meus problemas
financeiros.
Sendo cristão, sinceramente eu acreditava que era errado ficar devendo
como eu estava. Foi então que comecei a orar fervorosamente pedindo
ajuda, porém não deixei de abater pela situação.
Prezado amigo e irmão, esta carta com certeza irá mudar sua vida,
assim como mudou a minha, basta ter fé e acreditar., recebi este
programa pelo correio, não pedi por isso, simplesmente alguém pegou
meu nome na lista telefônica ou de alguma mala direta. AGRADEÇO A DEUS
POR ISSO!!!
Após lê-la várias vezes para ter certeza de que estava lendo
corretamente, não pude acreditar no que estava lendo, diante de mim
estava uma FANTÁSTICA MAQUINA DE FAZER DINHEIRO; poderia investir o
quanto eu quisesse para começar, sem me endividar mais ainda. Após
pegar papel e caneta e fazer cálculos conclui que tinha meu dinheiro
de volta. Porque não? Pior que estava não podia ficar.
Segui as instruções corretamente enviando inicialmente 250 cópias pelo
correio e o dinheiro começou a chegar vagarosamente. Mas após três
semanas eu estava recebendo, bem mais do que imaginava; após mais ou
menos três meses o dinheiro parou de chegar. Fiz um levantamento com
os extratos bancários e pasmei, pois totalizavam em minha conta
corrente um montante de R$598.494,00. Você verá os cálculos desta
grande realidade que mudou minha vida.
Com isso paguei minhas dívidas comprei carro novo e uma bela casa.
Logo a seguir mandei mais mil cartas, em três meses recebi R
$2.649.218,00; com parte deste dinheiro consegui implantar uma
escolinha para crianças carentes e também comprar um sitio, onde hoje
realizamos festividades e convenções.
Por favor, leia atentamente este programa, ele poderá mudar sua vida,
assim como mudou a minha. Com pouquíssimo custo de investimento, você
e sua família poderão desfrutar de um futuro maravilhoso. SIGUA
CORRETAMENTE O PROGRAMA e você estará no caminho de sua INDEPENDÊNCIA
FINANCEIRA ACREDITE!
COMO FUNCIONA ESTE PROGRAMA?
1) Para participar é muito fácil, primeiro passo você precisa apenas
de R$12,00 (doze reais). Você mandará um deposito de R$2,00 (dois
reais) para cada pessoa, cujos nomes e contas correntes ou poupança,
se encontram nesta carta. O depósito será de R$2,00 (dois reais) para
cada pessoa que se encontra na lista anexa. Total de R$12,00 (doze
reais).
2) Depois que você estiver feito os depósitos, ou seja R$2,00 (dois
reais) para cada um nesta lista, você retira o nome da primeira pessoa
que se encontra na lista e coloca o seu nome e conta corrente ou
poupança e agência na sexta posição para que você possa desfrutar
deste negócio sensacional. Esta lista tem que ser feita sem conter
erros para que todos possam ganhar. Não mude a posição dos nomes, pois
não funciona; SE VOCÊ NÃO AGIR HONESTAMENTE, e de acordo com as
instruções, perderá seu dinheiro, seu tempo, seu trabalho e a chance
de lucrar R$300.000,00 (trezentos mil reais) ou até mais.
3) Com a nova lista pronta já com seu nome na sexta posição, jogue a
antiga lista fora e mande 250 cópias ou mais, se desejar, da nova
lista. Este trabalho pode ser feito em uma gráfica, no computador ou
tirar Xerox. Todas as cópias bem feitas e legíveis, pois as pessoas
que receberão a carta, vão fazer cópias também e quanto mais cópias
você enviar, melhor será o resultado.
4) Pegue 250 nomes e endereços, podem ser amigos, parentes de
quaisquer cidades ou estado, pode também ser mala direta.
5) Com as cartas prontas, é só enviá-las da maneira que achar melhor;
pelo correio ou pessoalmente. Se for pelo correio, endereçar, colar ou
selar com selo simples e enviar. Dentro de 90 dias você verá uma
diferença grande em sua conta corrente, acredite se quiser, terá um
montante de R$300.000,00 (trezentos mil reais).
Observação: Você poderia receber o dinheiro via correio, mas não é
seguro, pois haverá muito contato manual e é muito demorado até chegar
a suas mãos; sem contar com o trabalho que terá com o dinheiro, de ir
ao banco e fazer seus depósitos. O melhor é que aos que aderirem a
este programa façam o depósito ou transfiram diretamente para sua
conta corrente ou poupança: Faça seu depósito pelo AUTO ATENTIMENTO
evitando filas e tumultos, com mais segurança e rapidez para o seu
conforto. E tem mais: você dá a estas pessoas a mesma oportunidade que
você esta tendo; Pense bem nisto! Tenha certeza, o sucesso deste
programa é garantido DESDE QUE FEITO CORRETAMENTE. SÓ DEPENDE DE VOCÊ.
Este programa não é pirâmide, não é células e nem corrente. Porque
muitas pessoas ao receber o programa não entenderão, e deixarão de
participar, mas outras que estarão recebendo e tem a mente aberta,
estarão aderindo ao programa, e contribuindo com quem esta enviando,
portanto, não desista se algumas pessoas não aceitarem.
O SUCESSO DEPENDE DE VOCÊ.
Façamos os cálculos e vejamos o quanto eu, você e outras pessoas
poderão doar R$12,00 (doze reais), as despesas das cópias, dos
envelopes e dos selos simples postais, 250(duzentas e cinqüenta)
cópias.
ESTA É A LISTA DAS SEIS PESSOAS
Nº PARTICIPANTES BANCO AGÊNCIA CONTAS TIPO
01 NUZIA A DA CONCEICAO CX ECONÔMICA 0893-013 266332-3 C/P
02 SHARON C MENDES BRADESCO 2212-8 11629-7 C/P
03 CRISTIANO S. DAMASCENO BRADESCO 2212-8 21130-3 C/P
04 ELIANE G. DE MATOS CX ECONOMICA 0564-013 79662-9 C/C
05 DIVINO R. LOPES Bradesco 1395-1 7724-0 C/P
06 Luciano E DA COSTA BRADESCO 2501-1 1001438-7 C/P
SIGA O RACIOCINIO. Digamos que você tenha, por exemplo, 3% de cartas
retornadas o que é uma estimativa bastante conservadora: nas minhas
duas tentativas tive bem mais que 3% de retorno.
Essas 07 pessoas enviam 250 cartas cada uma e 52 pessoas depositam
para você R$2,00 (dois reais) cada.
Essas 52 pessoas enviam 250 cartas cada uma e 390 pessoas depositam
para você R$2,00 (dois reais) cada.
Essas 390 pessoas enviam 250 cartas cada uma e 2925 pessoas depositam
para você R$2,00 (dois reais) cada.
Essas 2925 pessoas enviam 250 cartas cada uma e 21.937 pessoas
depositam para você R$2,00 (dois reais) cada.
Essas 21.937 pessoas enviam 250 cartas cada uma e 164.527 pessoas
depositam para você R$2,00 (dois reais) cada.
Neste ponto o seu nome sairá da lista, mas você recebeu R$189.838,00.
Isto sempre funciona, mas depende de quantas cartas você enviar. No
exemplo acima você enviou 250 cartas. Se você enviasse o dobro e com
apenas 3% de retorno, você receberia R$379.676,00!
QUERO LHE DAR 10 RAZÕES PARA VOCÊ PARTICIPAR DESTE FABULOSO PROGRAMA
DE AJUDA MUTUA ENTRE IRMÃOS E AMIGOS.
1) Este programa não é uma loteria ou alguma espécie de jogo, é uma
ajuda mutua entre amigos.
2) É um programa honesto, que não existe chefe ou diretor, todos são
pessoas responsáveis.
3) Perante a Deus é justificável, pois não estamos prejudicando
ninguém nem é cambio negro, pois estamos utilizando gráficas, órgãos
como os correios e todos os impostos cobrados pelos bancos.
4) Todos os participantes são escolhidos como você e eu.
5) O investimento é pequeno e acessível a todos.
6) Será um novo meio de ajuda mutua entre irmãos e amigos.
7) Você só precisa acreditar que o programa que tem em mãos poderá ser
a resposta de DEUS para suas orações.
8) Comprometa-se em devolver o dizimo (Malaquias cap. 3 verso 10), 10%
de tudo que recebe, seja para a igreja ou da maneira que você achar
melhor, mas não se esqueça esta parte do dinheiro não é sua.
9) Vivemos em um país, com 190 milhões de pessoas, a maioria lutando
contra as dificuldades financeiras.
10) Talvez devêssemos agradecer a Deus por estarmos sendo apresentados
a esta oportunidade.
Talvez se você perder esta oportunidade nunca mais terá outra igual,
caso você acredite ou não precisa participar desse programa não jogue
fora, entregue a alguém que você julga necessitar desta OPORTUNIDADE
MUTUA DE AJUDA ENTRE AMIGOS E IRMÃOS, enfim, pense bem, quando este
programa de ajuda mutua foi me apresentado, eu tinha as mesmas dúvidas
que você, mas com fé que sempre tive em Deus, aceitei este desafio que
me foi proposto. Hoje só tenho a agradecer a Deus por todas as
transformações que aconteceram em minha vida, tenho certeza que elas
acontecerão na sua também, basta você ter fé.
Segue abaixo a lista de 06 pessoas as quais você precisa depositar R
$2,00 (dois reais), para cada uma então você entrará neste programa da
seguinte forma:
Retire da listas a pessoa da posição nº 01(esta pessoa já esta bem
sucedida, podendo se dizer rica), logo, passe a pessoa de posição nº
02 para a posição nº 01, a de posição nº 03 para a posição nº 02, a de
posição nº 04 para a posição nº 03, a de posição nº 05 para a posição
nº 04, a de posição nº 06 para a posição nº 05, então a posição nº 06
ficará vazia,
nela você colocará seus dados entrando assim na lista. Isto irá
acontecer todas as vezes que alguém entrar no programa, ele terá que
refazer a lista colocando sempre o nome dele na posição de nº 06 da
lista que ele receber, em seguida já com o nome dele na posição de nº
06, ENVIAR NO MÍNIMO 250 cópias pelo correio ou entregar a quem
desejar.

Foto de DENISE SEVERGNINI

São coisas que eu sei do cotidiano:

São coisas que eu sei do cotidiano:

São coisas que eu sei:
É bonito o amanhecer
Com os raios de sol
A desenhar formas em nossas manhãs
Mas nem sempre há beleza no cotidiano
A vida real é bela, mas dura
A felicidade não perdura
Saber aproveita-la é lição

São coisas que eu sei:
Há sempre uma dor a sentir
Uma fome a matar
Um problema a resolver
Um pedinte na esquina
Um errante a cumprir sua sina

São coisas que eu sei:
Há poesia, brilho nos olhos, afeição
Há transtornos, filas, amolação
Há flores, há espinhos
Há dores, há carinhos
Há sempre amor a sentir

São coisas que eu sei:
Ante a dureza do cotidiano
Temos que prestar a atenção
Devemos vivê-lo...senti-lo
Mas deixar de sonhar jamais
Pois o sonho é feito de viva emoção

Denise de Souza Severgnini

Foto de Gonzaga de Carvalho

O Populacho

Em bandos esfarrapados,
Milhões de sombras
dentro em mim se agitam,
pedindo socorro.

São vozes que descem
Do Morro Angústia,
Sobem do Beco Ai-meu-Deus,
E, em lágrimas,
Simplesmente se abrigam
No meu ser.

São gemidos em filas,
Dores discriminadas,
Enfim, paridos pela má sorte
Que me invadem
Com suas nuvens de borrascas.

Assim povoado de lamentos,
Vou gritando "socorro"
Pela noite deserta,
Enquanto brilha no alto
A indiferença dos astros.

Às vezes, quero fugir,
Mas já não me pertenço:
Atropelando o meu querer,
O populacho turbilhona em mim
Brandando por socorro!

Autor: Gonzaga de Carvalho

Foto de Cecília Santos

ORAÇÃO DA MULHER

Participando do Concurso “Tema Mulher”

ORAÇÃO DA MULHER
#
Senhor, venho te agradecer.
Obrigada por ter-me feito mulher, menina linda e delicada, adolescente meio esquisita, mulher adulta com sensibilidade aflorada, fragilidade aparente, sensualidade no andar e no olhar.
Obrigada por ter-me concedido o dom de gerar vidas em meu ventre,
mas sem me esquecer que tenho que estar sempre em forma e bonita.
Por permitir alimentar meus filhos com o leite a vida, mas sem deixar que meus seios fiquem flácidos e caídos.
Obrigada por ter-me feito mulher vaidosa, sempre perfumada, arrumada e sorridente, que não esquece dos filhos, mas sabe que a noite tem que estar mais linda ainda pra receber seu amor.
Por ter-me feito paciente e muita calma, pois na hora do bem bom, um filho grita MANHEEEÊ, pronto lá vou eu contar historinhas.
Obrigada Senhor, por ter-me feito de alma tão singela e transparente.
Que sabe enfrentar a vida da forma que lhe convir, que sabe sorrir
mesmo por entre as lágrimas.
Que sabe ensinar, corrigir, afagar e repreender se for preciso.
Que enfrenta filas no supermercado, na farmácia, no pronto socorro,
mas também fica feliz quando esta na fila do cinema ou do teatro.
Senhor, tenho muito mais a lhe agradecer! mas me faltam as palavras certas. Então agora vou te pedir, não permita nunca que eu mude, que eu continue sendo como sou, mãe, amiga, namorada, companheira e acima de tudo mulher.
Mulher que luta, enfrenta a vida da forma que lhe foi destinada.
Que mesmo diante de tropeços, ainda tem forças pra cantar e sorrir.
Obrigada senhor, muito obrigada, por fazer-me delicada como uma flor, frágil como uma pluma ao vento, mas acima de tudo mulher forte e corajosa.

Direitos reservados*
Cecília-SP/03/2009*

Foto de Dennel

Caos da modernidade

Ardiam as chamas
Labaredas corriam aos céus
Filas nos pontos

Juraci Rocha da Silva - Copyright (c) 2007 All Rights Reserved

Foto de Osmar Fernandes

Vai repórter, vai...

Vai repórter, vai...

Vai repórter, vai...
Vai colher tuas notícias.
Vai... Informa ao povo
Os devaneios de tua geração.
Pega tua caneta, tua agenda,
E sem pena, reescreva
Novamente a história.

Vai repórter, vai...

Fala do planeta macaco;
Do planeta industrial;
Do planeta fracasso;
Do planeta digital.
Fala do planeta miserável da fome,
Da AIDS, do câncer;
Do proveta, do genoma e do clone.

Vai repórter, vai...
Informa ao planeta-homem, sem medo
De ser crucificado.
Fala da informatização, da globalização.
Mas, fala também da poluição, do analfabetismo;
Do buraco da camada de ozônio;
Das filas em hospitais; das favelas;
Dos sem-terras; dos sem-tetos e dos sem-comidas.

Não dá ouvidos às críticas.
Fala do perfil dos presídios, do desemprego,
Do racismo, do preconceito, Dos terroristas.
Fala dos políticos corruptos, Dos meninos de rua.
Dos sem-escolas, dos que cheiram cola.
Fala do meio-ambiente, das queimadas
E da loucura da destruição.

Vai repórter, vai...

Reedita outra vez a verdade.
Fala dos dez mandamentos, e
Dos ensinamentos de Jesus Cristo.
Fala do apocalipse... Do pecado e do castigo.
Fala, também, dos falsos profetas.
Jesus nos deu este sinal de alerta!

Vai repórter, vai... Escreva agora,
Antes que seja tarde demais.

(respeite o direito autoral...)

Foto de Carmen Lúcia

"É"...(de Gonzaguinha, com minhas considerações)...rs.

11/07/2004 15:24

É.
(Gonzaguinha)

É...
A gente quer valer o nosso amor,

(Brasil:Ame-o ou Deixe-o!Mesmo amando-o, muitos o deixam em busca de uma vida digna).

A gente quer valer nosso suor,

(Nosso suor, que enriquece cada vez mais a Classe A).

A gente quer valer o nosso humor,
(Mesmo assim fazemos piadas de nossas tristezas.Brasileiro é bem humorado).

A gente quer do bom e do melhor...

(Grande utopia:querer do bom e do melhor!Só para os peixes grandes).

A gente quer carinho e atenção,
A gente quer calor no coração,

(Mesmo não tendo esse carinho, esse calor, essa atenção, o brasileiro é carinhoso, caloroso, povo de sentimentos nobres.Ops:Os menos afortunados!!!Porém há excessões na regra).

A gente quer suar mas de prazer,

(Com a mesma intensidade com que sofre, também ama, sente tesão, paixão).

A gente quer é ter muita saúde,

(Saúde:O maior desrespeito que há com nosso povo, que morre em filas imensas do SUS).

A gente quer viver a liberdade,

(Sim,vivemos numa democracia:falamos, reivindicamos, brigamos, gritamos, indignamo-nos, protestamos, manifestamos nossa decepção, damos $$ à mídia...E eles fingem que escutam...rs).

A gente quer viver felicidade.

(Quem sabe um dia?????)

É...
A gente não tem cara de panaca,

(A gente "tem"cara de panaca;a gente é panaca sim!!!)

A gente não tem jeito de babaca,

(Como não, se deixamos chegar no ponto em que está???)

A gente não está com a bunda exposta na janela
Pra passar a mão nela.

(Discordo:A gente está com a bunda exposta para que a grande massa do poder use e abuse dela.)

É...
A gente quer viver pleno direito,

(Mas por enquanto nosso direito é dizer "SIM"às injustiças, à fome zero???, ao desemprego, à violência, à corrupção...etc)

A gente quer viver todo respeito,
A gente quer viver uma nação...

(Nação:agrupamento político, onde os membros respeitam instituições compartidas:leis, constituições, governo.?????)

A gente quer é ser um cidadão...

(Ser um cidadão é ter como prioridade a "Educação", princípio básico, que é o alicerce do país, tendo direitos e deveres, saber como exercê-los e cumprí-los na hora exata.)

A gente quer viver uma nação!
(Sim...é isso que a gente quer!!!)

Mas tenho a certeza de que no coração de cada brasileiro, mora a "ESPERANÇA" de que ainda seremos um povo feliz...

E seu grande sonho, Gonzaguinha, será enfim concretizado.

_ Carmen Lúcia_

Foto de Wilson Madrid

BOA NOITE GRABRIELA

*
* BOA NOITE GABRIELA
*
*
José é paulistano, trabalhador, escritor e poeta. No ano de 2004, em que sua querida cidade de São Paulo, no dia 25 de janeiro, completaria 450 anos, ele já tinha 53 anos de idade.
Desde as primeiras notícias dos preparativos das grandes festividades em comemoração aos 450 anos da sua cidade, José tem a intenção de escrever uma poesia dedicada a esse dia e participar com o seu dom nessa data tão significativa para a sua cidade.
Passam-se os meses e José não tem nenhuma inspiração para concretizar essa intenção. Finalmente, no dia 21 de janeiro à noite, restando apenas quatro dias para o grande e esperado dia, eis que surge a tão necessária inspiração e José, escreve “Estação Paulo 450”:

São Paulo locomotiva de luz solar, do luar e da garoa,
formigueiro agitado de gente operosa e muito boa,
metrópole acolhedora do nosso gigante e querido Brasil,
brilhante guerreiro, branco, verde, amarelo e azul anil,
formigueiro de estrelas valentes, nascidas para enfrentar a labuta,
caminheiros perseverantes que não desistem e vão à luta ...

São Paulo de Anchietas, paulistas e paulistanos,
virgulinos, marias bonitas, baianos, cearenses e paraibanos,
jesuítas, portugueses, potiguares e pernambucanos,
salesianos, italianos, sergipanos e alagoanos,
brancos, negros, espanhóis, piauienses e franciscanos,
orientais, maranhenses, índios tupis e latino-americanos ...

São Paulo dos irmãos da Praça da Sé e dos manos da periferia,
do povo batalhador imigrante de todos os recantos brasileiros,
esperança de liberdade e de conquista da devida igualdade,
dos seus cidadãos carismáticos e inconfidentes maneiros,
da fraternidade, das músicas e poesias do alto astral,
palco das lutas pela democracia, cidadania e justiça social ...

São Paulo do arco-íris sonoro do pagode, do forró e do axé,
do sertanejo, do reagee, do rap e do clássico samba no pé,
bilheteria da estação primeira dos passageiros do trem das onze
do maquinista Adoniran Barbosa que partiu da saudosa maloca,
com os turistas Arnesto, Iracema, Cibide, Pafúncia, Nicola,
Inês, Irene, Moacir, Gabriela, Matogrosso e o Jóca ...

São Paulo rondada por Vanzolini e batucada por Germano;
Sampa caetaneada por Veloso e poetizada por Bonfim,
amada por tantos brasileiros e pelos seus leais paulistanos,
não és mais apenas a minha São Paulo que não pode parar,
a famosa terra da garoa e do grito do Ipiranga de onde eu vim,
porque ao ver a tua grandeza, força e beleza aos 450 anos,
muita coisa acontece no meu coração,
que vibra feliz e com muita emoção,
ao te parabenizar, abraçar e beijar,
pois tu és São Paulo, a feliz cidade da minha paixão...

A sua nova poesia ficou muito boa pois todos que a leram gostaram e elogiaram bastante. Animado com esse resultado José a encaminha para amigos, jornais e para o comitê de organização da grande parada que seria realizada no dia 25 de janeiro entre a avenida 23 de maio e o vale do Anhangabaú.
Versos da sua poesia ele encaminha pela internet para o sítio “Declare seu amor à cidade” pois segundo havia sido divulgado pela imprensa, no dia 25 as melhores frases seriam exibidas através de raios laser nos prédios da cidade, próximos ao local do show de encerramento das comemorações no vale do Anhangabaú e durante a grande parada que o precederia ocorreria uma chuva de papéis com trechos de poesias dedicadas a São Paulo.
José sonha com a possibilidade de ver sua poesia ou ao menos partes dela serem aproveitadas em tão memorável data, fato este que muito o honraria. O prazer que esse fato lhe proporcionaria só mesmo os poetas entendem; os que possuem outros importantes dons, que não este, não possuem condições de avaliar o valor que isso teria para ele, afinal de contas, o que José ganharia com isso? Por acaso seu saldo bancário tem algum incremento de algum centavo quando algumas das suas poesias são apreciadas, aprovadas e publicadas? Não! Então isso é coisa de maluco ou de quem não tem o que fazer. Ou então, como dizem outros, isso é coisa de sonhador ou de poeta...
Mas tudo bem, José costuma respeitar todas as opiniões, sabe que nem todos pensam assim e procura fazer o que lhe compete, pois se não existissem os poetas o mundo conseguiria ser bem mais medíocre do que na maioria das vezes já o é.
José se anima com as perspectivas e decide participar pessoalmente das principais festividades programadas para o aniversário especial da sua cidade.
Sua família programa visitar um dos seus irmãos que reside em São Bernardo do Campo, cidade da grande São Paulo, justamente na tarde do dia 25 de janeiro quando ocorreria a grande parada tão esperada. José sempre tem muito prazer em visitar os seus irmãos e as suas famílias, mas essa data e essas comemorações seriam únicas. Como não consegue convence-los a acompanha-lo nas mesmas e adiar a visita à família do seu irmão para o domingo seguinte, resolve ir sozinho nas grandes festividades.
Da mesma forma, apesar de insistir em convidar sua esposa e seus filhos a acompanhá-lo na noite do dia 24 ao Parque do Ibirapuera, para conhecer a nova fonte luminosa inaugurada no dia anterior e seguirem posteriormente para assistirem ao show com Caetano Veloso na avenida Ipiranga com a avenida São João, que faziam parte daquelas comemorações, nenhum deles interessou-se em acompanhá-lo.
Na tarde daquele mesmo dia tinha combinado com uma amiga que lhe informou que iria assistir a inauguração da restauração da fachada da Estação da Luz e logo depois iria ao show do Caetano Veloso, para comunicarem-se através de seus telefones celulares objetivando encontrarem-se na estação república do metrô, próximo à rua Barão de Itapetininga, para assistirem juntos a esse show e posteriormente voltarem juntos para suas residências.
Como José acabou não tendo com quem ir ao parque do Ibirapuera, mudou seus planos e resolveu também ir para a Estação de Luz e tentar encontrar sua amiga já nesse evento e depois seguirem juntos para o show do Caetano Veloso. Antes de sair, tentou falar com ela, não conseguiu, deixou recado na caixa postal do seu celular avisando que também estava indo para a Estação da Luz e que de lá ligaria novamente para o celular dela e saiu da sua residência às 19:30 horas com destino àquele evento.
Lá chegando tentou fazer contato com o celular da sua amiga e as ligações não conseguiram ser completadas.
Com a presença do governador Geraldo Alckmin, da prefeita Marta Suplicy, do ministro da cultura Gilberto Gil e de várias outras autoridades e apresentações artísticas de Kleiton e Kledir, Almir Sater e Elza Soares, leituras de textos, inclusive da oração do Pai Nosso, na língua tupi-guarani lida pelo grande ator Lima Duarte, dentre outras apresentações de outros artistas, danças e projeções de filmes com grande conteúdo histórico e cultural da sua cidade, o evento converteu-se num grande espetáculo muito interessante e valioso de ser assistido.
Após uma maravilhosa queima de fogos que concluiu este evento por volta das 22:30 horas, José encaminhou-se a pé para a avenida Ipiranga com a Avenida São João, onde estava previsto para as 23:00 horas o início do show com Caetano Veloso, que compôs Sampa, cuja letra cita que “alguma coisa acontece no meu coração, que só quando cruza a Ipiranga com a avenida São João”, cruzamento este que se localiza próximo da Estação da Luz onde ele se encontrava.
Conforme houvera combinado com a sua amiga tentou novas tentativas de contatos telefônicos para encontrarem-se no local deste outro evento, com a intenção de assisti-lo juntos e voltarem juntos para suas residências, haja vista residirem no mesmo bairro e pela conveniência sob o aspecto de segurança pessoal de ambos, principalmente dela, por ser mulher e do horário do evento.
Até mesmo para facilitar esse retorno tinha deixado seu automóvel estacionado próximo à estação Vila Mariana do metrô para leva-la até sua residência quando retornassem de metrô do centro da cidade e posteriormente voltar para sua própria residência.
Como as ligações entre os celulares não se concretizavam, José ligou para sua residência e pediu a um de seus filhos para ligar para o celular da sua amiga dando a sua localização, em frente à Igreja Internacional da Graça, na própria avenida São João, distante há uma quadra da localização do palco do show.
Depois de alguns minutos, voltou a ligar para o seu filho e este o informou que a sua amiga estava na avenida Ipiranga, ao lado direito do palco do show. José tentou ir até aquele local mas não conseguiu, pois uma aglomeração enorme de pessoas presentes no local impedia a sua passagem até onde ela se encontrava. Então José ligou novamente para seu filho e pediu para avisar a amiga que a aguardaria, no final no show, em frente àquela igreja já informada anteriormente.
O show começou às 23:00 horas com Caetano Veloso; participaram também Jair Rodrigues, Gilberto Gil, Nando Reis e outros artistas. Exatamente à 00:00 hora, Caetano declamou a parte da letra de Sampa que diz respeito ao local onde o show estava sendo realizado:

Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vem de outro sonho feliz de cidade
aprende de pressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo quilombo de Zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa.

O público delirou com aquele momento histórico. O show continuou foi muito bom e terminou às 1:30 horas já do dia 25, aniversário de 450 anos de São Paulo.
José, conforme havia combinado com a sua amiga, a aguardou naquele local durante 30 minutos. A quantidade de pessoas era muito grande; com o passar do tempo a multidão foi se diluindo e José resolveu seguir em direção ao local onde ela se encontrava na esperança de encontrá-la no caminho. Não a encontrando, seguiu em direção à entrada da estação república do metrô, próxima a rua Barão de Itapetininga, que era um dos locais que haviam comentado anteriormente como sendo um dos possíveis pontos de encontro para assistirem juntos ao show e através da qual retornariam para as suas residências.
José ficou parado sozinho, como sempre estivera durante a noite toda, naquele local durante alguns minutos na esperança de encontrar a sua amiga, pois estava preocupado com ela que também deveria estar sozinha e tendo que voltar para casa sem companhia, em horário um tanto quanto perigoso numa cidade como São Paulo.
Ao lado de onde José se encontrava ainda funcionava uma pastelaria ou lanchonete onde algumas pessoas ainda consumiam alguma coisa. José resolveu tomar uma cerveja e o balconista o alertou que o estabelecimento já estava para fechar e que somente o atenderia se o consumo fosse rápido. José comprometeu-se com o balconista a consumir sua cerveja rapidamente e ele o serviu no próprio balcão, situado bem em frente e próximo do passeio público, de onde ele poderia continuar observando se sua amiga apareceria.
Próximo a ele um outro homem que também tomava uma cerveja iniciou uma conversa a respeito do show do Caetano. Disse-lhe que era da Bahia, de Porto Seguro, e que estava de passagem por São Paulo e não poderia perder a oportunidade de assistir ao histórico show do seu conterrâneo. Apesar do horário, muitos policiais cuidavam da segurança de todos e muitas pessoas ainda passavam pela avenida e outras faziam rodas de música e cantavam do outro lado da avenida, na praça da República.
Passados poucos minutos, surgiram duas mulheres, aparentemente simples e comuns, perguntando como deveriam fazer para retornar para suas residências, no distante bairro de Interlagos, na zona sul da cidade. Como o outro homem, de Porto Seguro, não conhecia São Paulo, José lhes informou que pelo seu conhecimento a única condução que estava funcionando, apenas para embarque, naquele horário era o próprio metrô e apenas em algumas estações próximas dali, inclusive aquela quase em frente de onde estavam.
Conversaram mais alguma coisa a respeito do show, elas criticaram a qualidade do som, que acharam que não estava muito bom no local onde ficaram assistindo, mas que apesar disso tinha valido a pena vir assisti-lo. Ao saber que o outro homem era de Porto Seguro, uma delas, a mais nova, comentou que conhecia aquela cidade e citou vários nomes de cidades e lugares daquela região da Bahia. Logo depois elas agradeceram as informações e dizendo que o metrô não serviria para elas retornarem para casa teriam que encontrar alguma outra alternativa para faze-lo, despediram-se e seguiram pelo passeio público na direção da rua Sete de Abril.
Depois de alguns minutos os funcionários do estabelecimento começaram a lavar o piso do estabelecimento para fecha-lo logo a seguir.
José apressou-se em terminar de tomar sua cerveja para ir embora e nesse momento ressurgiram aquelas mesmas duas mulheres e uma delas perguntou a José se ele teria isqueiro para ascender um cigarro. José acendeu o seu cigarro e elas comentaram que não tinham encontrado solução para retornarem para Interlagos naquele horário, insinuaram que estavam sem companhia e já que aquele estabelecimento estava fechando sugeriram para irem até uma lanchonete, cerca de cinqüenta metros dali, próximo da segunda esquina ali ao lado na própria avenida Ipiranga, entre a rua Sete de Abril e a avenida São Luís.
O homem de Porto de Seguro apressou-se em aceitar o convite e pediu para aguarda-lo por um momento enquanto ele iria até o banheiro da pastelaria que já estava para fechar.
Enquanto o outro homem que entrara para usar o banheiro demora-se a voltar elas comentaram que acharam-no uma pessoa estranha, com algum problema e que preferiam evitar a companhia dele. Como o tempo decorrido indicava que certamente sua amiga já havia ido embora, já eram 2:40 horas, José acabou desistindo de aguardá-la e aceitou a sugestão de sair dali e seguir com elas até a referida lanchonete para comer algo pois não havia jantado e estava com fome.
A lanchonete estava lotada, com todas as mesas ocupadas, restando apenas um canto bem discreto num balcão interno com algumas banquetas onde José e as duas mulheres sentaram-se de frente para a janela que dava para o passeio público de uma rua pouco movimentada naquele horário e de costas para o ambiente principal do local .
Pediram então uma cerveja e continuaram a conversar. Como José estava com pouco dinheiro e não sabia se elas teriam algum para dividir a despesa, evitou pedir qualquer coisa para comer pois não teria como oferecer e pagar para os três.
José ficou sabendo, segundo elas lhe contaram, que a mulher morena escura de meia idade, aparentando uns cinqüenta anos, chamava-se Dara ou algo parecido, residia em São Carlos, interior de São Paulo, e que estava a passeio em São Paulo, hospedada na residência da amiga que a acompanhava. A sua amiga, mais nova do que ela, morena clara, aparentando uns trinta anos, chamava-se Gabriela, trabalhava num hospital de São Paulo e residia em Interlagos.
José informou que era casado, que tinha família, alguma coisa sobre o bairro onde morava, também na zona sul, que se desencontrara de uma amiga e que para ele o metrô seria o suficiente para retornar para casa, coisa que pretendia fazer logo a seguir.
Perguntado se apesar de casado estaria com a noite livre, com várias insinuações de Dara para que José passasse a noite com a Gabriela, José, meio constrangido e estranhando a conversa pois elas não aparentavam ser prostitutas, respondeu que apesar dela ser muito simpática não poderia, pois precisava retornar logo para casa pois sua família o aguardava e que pretendia participar das festividades do início e final da tarde às quais ele esperava com tanta ansiedade em função da poesia que ele havia composto para aquela oportunidade. Perguntou se elas pretendiam participar das mesmas e Gabriela informou que gostaria de participar mas que não poderia pois teria que trabalhar a partir das 14:00 horas.
No retorno de uma ida ao banheiro, Gabriela comentou que encontrara, por acaso, numa das mesas da lanchonete, um colega de trabalho do mesmo hospital em que ela trabalhava; de onde estava sentado José não podia ver essa movimentação e tampouco viu esse contato que ela comentou imaginando que talvez ele o tivesse percebido.
Após pedirem pela terceira cerveja e Dara insinuar que também pretendia comer alguma coisa, José comentou que não tinha dinheiro suficiente para pagar aquela conta, pois não previa ter despesas naquela noite e que teria que fazer uma retirada de dinheiro num caixa eletrônico para acertar a conta e ir embora. Gabriela prontificou-se de imediato a acompanha-lo dizendo que aproveitaria para também fazer uma retirada. José manifestou sua intenção de ir até uma agência bancária do outro lado da praça da República e Gabriela sugeriu para evitarem irem para lá pois aquele local era muito perigoso naquele horário e sugeriu um caixa eletrônico ao lado do Hilton Hotel, distante apenas duas quadras do local onde se encontravam e local bastante movimentado naquele momento, em função de uma concorrida danceteria existente bem ao lado do caixa eletrônico.
Lá chegando, cerca de 3:45 horas, entraram juntos na cabine do caixa eletrônico, Gabriela usou o seu cartão, porém alegou que estava ocorrendo algum problema e não obteve êxito na retirada do dinheiro. José usou o seu e retirou R$-100,00-.
Voltaram à lanchonete e reencontraram Dara na companhia de um outro homem ao qual os apresentou como um amigo que conhecera naquele intervalo de tempo.
Gabriela informou que desejava comer algum salgado, retirou-se por alguns instantes enquanto José continuou conversando distraidamente com Dara e o suposto novo amigo dela. Mais uma vez, da posição em que estava, José não acompanhou o movimento da Gabriela, supostamente em direção ao balcão para escolher o salgado. Gabriela retornou com um quibe que ofereceu, dividiu ao meio e serviu a José que o comeu.
José comeu a metade daquele quibe e tomou o último gole do seu copo de cerveja por volta das 4:00 horas daquele importante e histórico dia 25 de janeiro de 2004.
Depois disso, os únicos lapsos de memória que ele teve foi o de ter sido acordado por alguém que o informava de que a sua diária já havia vencido e que ele tinha que se retirar do local onde se encontrava dormindo sozinho, provavelmente num dos hotéis existentes naquelas redondezas do centro velho de São Paulo, sendo impossível lembrar-se até mesmo em que endereço o mesmo se situa.
Saiu de lá já à noite e notou que estava sem nenhum dinheiro e sem o bilhete da passagem de metrô que ele tinha reservado para retornar para a sua casa.
Lembra-se apenas que andou pelo centro velho de São Paulo totalmente grogue e sentindo uma ligeira dor na nádega esquerda e uma certa dificuldade para caminhar, tentando desesperadamente entender o que estava ocorrendo e conseguir um meio para retornar para sua residência. Não consegue se lembrar por quais locais passou nem tampouco qualquer coisa que fez nesse trajeto e espaço de tempo totalmente apagado da sua memória.
O único fato que José consegue se lembrar desse período foi que numa determinada rua ou praça, que não consegue se lembrar onde fica, resolveu apelar para uma moça loira, provavelmente uma prostituta, resumindo-lhe o que se lembrava do ocorrido e pedindo-lhe ajuda para pagar-lhe uma passagem de ônibus para retornar para casa. A moça informou-lhe que teria que ir até o hotel apanhar o dinheiro e se ele poderia espera-la. José ficou aguardando, ela retornou e lhe deu cinco reais com os quais ele pegou um ônibus e com muita dificuldade, cochilando no ônibus e ainda com muito sono e meio dopado chegou na sua residência às 21:00 horas daquele dia 25 de janeiro de 2004, final do aniversário dos 450 anos de São Paulo.
Ao lembrar-se dessa moça, cujo único detalhe gravado é o de que era loira, José não pode deixar de lembrar-se de Madalena e de ser-lhe muito grato.
Talvez essa gratidão seja motivada por ela ser a única lembrança parcial e boa que tenha ficado daqueles horríveis momentos que ele viveu e provavelmente isso se deva nem mesmo ao precário funcionamento do seu cérebro e da sua memória mas sim no seu coração. Pois ela acreditou e confiou na sua história sem pestanejar e de todos que ficaram sabendo do motivo do horário que ele retornou para a sua casa ela foi a única pessoa que não o acusou, julgou, condenou e crucificou precipitadamente.
Após alimentar-se de algo e tomar um rápido banho logo após chegar ainda atordoado na sua residência e dormir durante toda a noite, na manhã seguinte percebeu que a dor que sentia e o incomodava foi motivada por uma injeção que lhe aplicaram não sabe quando, nem como, nem de que medicamento ou substância química; deduziu que pelo tempo que ficou desacordado e atordoado durante todo o dia 25 e ter ainda dormido a noite toda seguinte, totalizando cerca de 30 horas, devem ter lhe aplicado algum sonífero muito forte e poderoso para terem o tempo suficiente para agirem nas operações com o seu cartão bancário magnético, cujo desaparecimento só tomou consciência ao acordar naquela manhã do dia 26.
Dirigiu-se à agência do estabelecimento bancário onde possuía sua conta corrente para cancelar o cartão magnético que havia sumido e constatou que enquanto ocorriam as festividades que ele tanto aguardava e que não pode participar, fizeram todas as retiradas possíveis tanto do seu saldo credor como do seu limite de crédito totalizando R$-1.575,00-, deixando-o devedor do banco em R$-1.000,00-, que era o limite do seu crédito.
Retornando à sua residência José procurou certificar-se de terem tido roubado também o seu telefone celular que é comum, seu relógio antigo e de pouco valor material, seu isqueiro de certo valor e seus documentos pessoais. Para sua surpresa, encontrou todos em casa. Ficou surpreso com o fato e imaginou que provavelmente, algum problema operacional das totalmente desconhecidas ações que os seus seqüestradores tomaram os impediu de rouba-lo também nisso. José também acredita na possibilidade de terem ficado satisfeitos com o montante de dinheiro que retiraram da sua conta bancária, o que teria tornado seus demais pertences pouco significativos e atrativos. Ou até mesmo ser interessante ele ficar com o celular para atender alguma eventual ligação de seus familiares, evitando, desta forma, que os mesmos acionassem a polícia.
José sabe e tem consciência do grande risco de vida que correu e que, mais uma vez, errou ao confiar em pessoas desconhecidas e compreende seus familiares e amigos que no princípio tiveram dificuldade ou uma certa resistência em acreditar nesta sua história que parece enredo de filme de aventura ou de terror. Afinal de contas não seria a primeira vez que ele errara, coisa incrível e inaceitável num mundo composto por pessoas que na maioria das vezes se julgam tão perfeitas e infalíveis e juízes muito competentes. Muito mais fácil supor, naquelas circunstâncias, uma balada irresponsável, completada com uma prazerosa aventura erótica de fim de festa.
Também entende e lamenta o constrangimento da sua amiga que ficou sendo contatada pelos seus familiares durante o dia 25 para obter informações quanto ao seu paradeiro, como se tivessem passado aquele tempo todo juntos, sendo que na realidade sequer se falaram nem mesmo através das ligações telefônicas, várias vezes tentadas por ambas as partes, todas elas não completadas. José só veio a ficar sabendo que ela lhe telefonara e que conversaram no próprio dia 25, cerca das 21:30 horas, meia hora depois dele chegar na sua residência, porque seus familiares lhe contaram o fato ao rememorarem todos os acontecimentos três dias depois, sendo que naquela oportunidade ele mal conseguira raciocinar e conversar normalmente com ela, por estar ainda sob efeito da droga que lhe aplicaram, dando-lhe a péssima impressão de estar totalmente embriagado.
Na verdade, juntando todos os fatos e detalhes possíveis de serem lembrados, José concluiu ter sido vítima de um seqüestro relâmpago planejado e executado por uma quadrilha que ao invés de se utilizar qualquer tipo de arma e cativeiro tradicionais, utiliza-se do já conhecido e popularmente conhecido golpe do “boa noite Cinderela”, onde a vítima, sem que perceba, é dopada através de substâncias que colocam na sua bebida ou comida, complementado com a utilização de conhecimentos da área médica para aplicação de algum medicamento, no seu caso, uma injeção, que mantém a vítima sedada durante o tempo necessário para agirem junto aos caixas eletrônicos, mantendo-o desacordado em qualquer hotel, cuja diária é paga com o seu próprio cartão de crédito.
Provavelmente além das duas mulheres que o abordaram os demais membros da quadrilha já deveriam estar naquela lanchonete ou os seguiram até lá; o amigo casualmente encontrado pela “Gabriela” numa das mesas seria um deles e devia lhe passar orientações; provavelmente logo que começaram a tomar a primeira cerveja colocaram alguma droga no seu copo o que o levou a tomar uma atitude tão absurda de dirigir-se a um caixa eletrônico na companhia de uma pessoa que ele acabara de conhecer; o suposto cartão magnético utilizado pela “Gabriela” e que “não funcionou” deve ter sido algum artefato de clonagem que memoriza informações da senha do cartão utilizado a seguir, no caso o de José, e provavelmente assim que saíram do caixa eletrônico algum outro membro da quadrilha já estava a postos na porta do mesmo para entrar e retirar o possível artefato ou, até mesmo, simplesmente a “Gabriela” observou e memorizou a senha digitada por José; o novo amigo de “Dara” que já a acompanhava quando retornaram do caixa eletrônico também deveria ser um outro elemento do grupo já devidamente posicionado junto a ela para exercer alguma função necessária a seguir. José também acredita que até mesmo o primeiro personagem que puxou conversa no início do episódio, o “conterrâneo de Caetano, de Porto Seguro”, talvez também pertencesse ao grupo.
Tendo conseguido executar todas essas etapas, restou apenas incrementar o doping da vítima com um apetitoso e simpático quibe turbinado com algum “tempero” especial, já preparado para “Gabriela” oferecer a José assim que voltassem do caixa eletrônico, tornando muito mais fácil e rápido convence-lo, já muito atordoado e inconsciente, a acompanha-las para onde eles bem entendessem e lá chegando completarem o “tratamento” com a aplicação de uma injeção que o deixou desacordado praticamente o dia inteiro, tempo suficiente para, de posse do cartão magnético, facilmente retirado do bolso do “apagado”, e com a respectiva senha captada anteriormente mediante fraude, executar o furto de todo dinheiro possível da sua conta bancária.
O prejuízo financeiro sofrido por José foi o de menos pois muito mais significativos foram os danos morais que, além dos fatos em si, incluíram os constrangimentos que teve que enfrentar para contar essa sua história para seus familiares e amigos envolvidos, para a assistente social que o atendeu na sua solicitação de exame de sangue para controle de HIV, hepatite e outras doenças infecciosas, pois não se sabe que tipo de agulha as criminosas utilizaram para aplicarem-lhe o medicamento intravenoso; para o escrivão e delegado de polícia que o atenderam para a confecção do boletim de ocorrência policial; para os que o atenderam para a realização do exame de corpo delito requisitado pelo delegado ao IML; para o funcionário e a gerente do banco para o cancelamento do seu cartão magnético e entrada de pedido de restituição dos valores que não foram sacados por ele mas sim pelos marginais que o vitimaram e muitas outras conseqüências na sua vida particular.
Felizmente, apesar de todos esses prejuízos e transtornos, José agradeceu a Deus por estar vivo para poder contar esta história e constatar que não lhe retiraram nenhum rim ou qualquer outro órgão, cuja subtração e tráfico, por incrível que pareça, vem se tornando um mercado em expansão neste mundo cada vez mais materialista, egoísta e ateu.
José resolveu contar a sua história porque a arte imita a vida e tirando o melhor proveito possível do ocorrido pretende aproveitar seu drama até mesmo para, mais uma vez, apesar de muito divulgado, alertar seus semelhantes para o risco de caírem numa cilada como esta, que ele mesmo, uma pessoa já experiente, já ouvira falar e julgava que jamais cairia nela.
José ficou triste e chateado principalmente pela preocupação e transtorno causados aos seus familiares e à sua amiga; assim como ele perdoou todos os que duvidaram da sua história, espera ser perdoado pelos seus eventuais erros humanos e inconscientes e receber um voto de confiança na sua palavra, da mesma forma em que nele confiou a provável prostituta loira, mulher que é da vida, e que por isso mesmo conhece muito da vida e da malandragem e dificilmente se deixaria enganar por ele, concedendo-lhe imediatamente o crédito e a solidariedade que ele tanto necessitava naquele momento.
Como ele se recorda de todos os detalhes ocorridos antes de ser dopado, chama-lhe a atenção da profética coincidência de terem cantado tanto na Estação da Luz como no cruzamento das avenidas Ipiranga com a São João uma música que há muito tempo não ouvia, cujos trechos da letra confessam: “chorei, não procurei esconder, todos viram, fingiram, pena de mim não precisava, ali onde eu chorei, qualquer um chorava, dar a volta por cima que eu dei, quero ver quem dava... um homem de moral, não fica no chão, nem quer que mulher lhe venha dar a mão, reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima....”
Motivado por essa música e ao ter sua história transformada neste conto José já se sente, por esse simples motivo, levantando-se, dando a volta por cima, reconhecendo a queda, não desanimando e sacudindo a poeira, discordando apenas que um homem de moral não possa aceitar que uma mulher lhe venha dar a mão, seja ela quem for, pois na vida tudo é muito relativo e nós seremos sempre nós e as nossas circunstâncias.
Porém, o que o deixou muito inconformado, como poeta que também é, foi não ter percebido no devido tempo a notável rima do já conhecido golpe do “boa noite Cinderela” com a ironia do seu clone “boa noite Gabriela”.
Fosse ele um gênio da categoria de um Adoniran Barbosa ou de um Paulo Vanzolini certamente comporia mais uma das muitas obras primas que eles imortalizaram sobre as personagens desta fantástica São Paulo e de seus tão diferentes habitantes com seus dramas, culturas, formações e valores tão incompatíveis e eternos participantes da cotidiana luta entre o bem e o mal, onde todos lutam para sobreviver, seguindo caminhos tão diferentes e até mesmo opostos.
José também não pode deixar de notar a incrível coincidência dessa sua experiência, nesse dia histórico e feliz para a sua querida cidade de São Paulo e tão infeliz para ele, que tanto desejou e acabou não podendo participar das principais comemorações do dia 25 de janeiro de 2004, com a memorável poesia que leva o seu nome, composta pelo grande mestre Carlos Drummond de Andrade:

“E agora José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
E agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais,
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?”

Apesar de tudo e sem abdicar de vivenciar tudo aquilo que faça acontecer alguma coisa boa no seu coração e que não prejudique nenhum semelhante, José pretende seguir marchando; marchar para onde? Marchar para onde segue qualquer um daqueles que como ele compõe a sua raça humana, criaturas falíveis e eternos aprendizes: para onde Deus quiser!

28/jan/2004

Wilson Madrid, o Poeta Azul
e aqui, o José...

Publicado no Recanto das Letras em 19/05/2006
Código do texto: T159150

Foto de Paulo Gondim

Meu lado mulher

MEU LADO MULHER
Paulo Gondim
07/03/2008

Pensei com o meu lado mulher
Achou estranho? Você também tem!
Assim como seu lado certo na cama
E se você quer saber
Homem também morre de câncer de mama

Aí, como toda mulher moderna, no salto
Levantei cedo para o trabalho
Dentro de um ônibus lotado
E percebi meu sutiã furado
A meia-calça rasgada
Um sujeito roncando ao lado

Depois de alguns solavancos
De muitas filas nos bancos
Todo o dia foi um saco
Pensei naquele casaco
Que há tempos quero comprar
Mas vai ficando de lado
Pois é no supermercado
Que a grana vou deixar

E assim é todo dia
Passa mês e passa ano
E eu nesse desengano
Que não sei se vai parar
Eu vivo sempre cansada
Eita “vida desgraçada”
O que fui eu arranjar?

Aí, pensei como homem
É melhor não ser mulher
Mulher é coisa de louco
Olhem só o meu sufoco
Porque quis me comparar
Ou comparação maluca
Vejam só em que sinuca
Eu entrei só em pensar

Só mesmo mulher suporta
Essa vida atribulada
Homem não sabe é de nada
E quer ser superior
Quer saber? Não vale é nada!
Devia é tomar vergonha
E dizer sem cerimônia
E sem medo de errar
“Eu sou mesmo inferior
A mulher tem mais valor
Tenho mesmo é que aceitar”

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