O que é o tempo
senão um passar incessante de horas,
momentos finitos que descem em escorregadores
plantados em praças,
onde crianças descem e prosseguem a
vida passante,
horas mutantes de instantes passageiros,
que, ligeiros, transmutam-se em tempo novo
como a flor que abre pétalas todos os dias
sobre um novo dia
Tempo desmedido,
não espera, não volta a cabeça,
inflexível vive, quem quiser que o siga,
são estradas e mais estradas, encruzilhadas.
Há opções, decepções e algumas flores,
meios e inteiros e algumas dores
em passos a escolherem a forma, o ritmo
e há bem mais, há escolhas
Tempo destemido,
não aguarda em estações e os bancos estão cheios,
é viagem sem paradas, com partidas e chegadas,
lágrimas e despedidas
e há versos em algumas estradas, deixados em jardins,
sob chuva e sol e esperam por mim,
Só os versos aguardam e guardam toda a vida em si
que nunca será colhida
- e espremida entre o tempo e o alento de passar os dias –
será a vida apenas horas
correndo na ampulheta morta, que nada sabe
a não ser escorrer a areia com sonhos e sonhos
sobre orifício estreito feito um buraco
neste apertado peito.
(Carol)