Prosas

Foto de Dirceu Marcelino

RESPINGOS DE PAIXÃO XV *****( CARRILHÕES DE BEIJOS - Cap I )

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*CARRILHÕES DE BEIJOS I
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Se eu pudesse amiga.
Eu te daria além de beijos amigáveis,
Outros, inigualáveis.

O primeiro:
Um beijo invejável,
Romântico de enamorado.
Deixá-la-ia com os olhos virados
E teu coração enamorado.

Mas como não posso,
O que faço?

Sonho contigo adormecido,
Mas, também, sonho acordado.

No sonho acordado,
Dou outros:
Te beijo amiga,
Com um beijo carinhoso.
Muito afetuoso,
Em tua face!

Mas se cochilo amiga?
Desculpe-me, já não te beijo
Carinhosamente.
Sabe?
Beijo-te
Ardorosa e voluptuosamente,
Penso no poder das rosas,
Apaixonadamente!

Pois tu entras em minha mente
E me transformo,
Sensualmente.

Então,
Beijo-te
Em carrilhões,
Começo dos pés,
Subo pelas duas colunas de alabastro
Sinto-te me segurares num abraço,
Não só de braços,
........
Mas,
.......
Num entrelaço,
Das tuas pernas, das tuas coxas
E me puxas para teu regaço,
E ali eu me desfaço
E te amasso!

Beijo
Ou te sugo.
No supra-sumo
Do meu desejo e te beijo,
Lascivamente
E vejo

O teu olhar.
Esse olhar fugaz,
Que me refaz,
Torno-me
Um rapaz
Capaz
Que
Te

Satisfaz.

Foto de Henrique Fernandes

QUERO REPETIR O NOSSO ENCONTRO

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Suspirei fascínio ao tocar teus olhos
Com o meu olhar expectante e atento
Descobrindo-te como nunca te imaginei
E fui catapultado para a tua beleza interior
Exposto nos maravilhosos traços do teu rosto
Que se exibe singelo numa maravilha viva
Que desenvolveu em mim a relevância
Por onde se passeia o teu fantástico olhar
Ao tocar-te a face com um beijo simples
Senti nos meus lábios seres verdadeira
Jamais esquecerei o teu primeiro olá
Confirmando a flor que brota do teu ser
Cobrindo-me de deliciosas sensações
Que acolho no peito com paixão pura
Senti ao de leve um toque na minha mão
Do teu dedo num sem querer breve
Mas que naquele momento eu senti
O suficiente para te sentir no pensamento
Fundindo a respeito os sentimentos
Misturando amizade e paixão no meu sorrir
Que ao ver teu sorriso aumentou o meu desejo
De conhecer-te um pouco mais
E reconhecer a quão bela és em mim
Nos sonhos que me fazem acordar tímido
Em desabafos soltos de alegria
Sobre o nosso encontro naquela noite
E reparei nos teus passos a meu lado
Respirei a minha vaidade
Na companhia da tua elegância
Quero repetir o nosso encontro

Foto de Henrique Fernandes

BEM-VINDA Á MINHA CAMA

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Aconchego-me e aqueço a alma
Na temperatura agradável do teu corpo
Ao entrares na minha cama com convites
Que sugerem a minha entrega ao fim do mundo
Porque tudo lá fora deixa de existir
Na minha cama aquecida pela nossa volúpia
E os lençóis deixam de ser lençóis para serem nuvens
De paixão onde sonhamos ajustados
Ao prazer que se transforma num corpo de amor
De dois corpos largados pelas suas almas
Que de estrela em estrela ao som de um violino
Dançam pela galáxia numa bússola romântica
E nossos corpos ali fundidos em matéria física
Homenageiam os sentidos de quem ama
Olhando a sensualidade com o charme de ambos
Que nos enche os olhos com fogo de artificio
De fantasias expostas no tecto do meu quarto
Ouvindo a delicadeza do som ao beijarmo-nos
Que no bom nosso silêncio soa como sinos
Batendo as horas que confirmam a nossa união
Sentindo o tacto ao pormenor do nosso toque
Honrando cada curva dos nossos corpos adormecidos
Na primavera hilariante dos sentimentos fieis
Que partilhamos nesta entrega sem pudores
Saboreando o néctar da vida nas nossas salivas
Contempladas em nossas línguas desejosas
De mais e mais querer saborear gulosamente
Mortalmente pecando a gula do nosso amor
E satisfeitos respiramos o sopro dos suspiros
Soltos na minha cama onde és bem-vinda meu amor

Foto de Sonia Delsin

OS ESQUECIDOS

OS ESQUECIDOS

Li um livro que me fascinou há alguns meses.

"O Jardim dos Esquecidos".

Dramático, chocante, inesquecível.

O tema proposto "Em Cima do Telhado" me trouxe à memória imediatamente a estória fantástica dos quatro irmãos abandonados no sótão da mansão.

Os mais velhos, depois de explorar todo o sótão, descobriram que podiam deitar-se sobre o telhado para banhos de sol. Para isso precisavam arriscar as próprias vidas utilizando uma saída muito perigosa.

Devido a altura excessiva e os perigos os mais novos não tinham coragem de acompanhar os mais velhos.

Estes se fortaleciam com os raios de sol e o ar puro, já que a escassez de alimentos os enfraquecia terrivelmente.

O garoto de quinze anos e a irmã de quatorze foram verdadeiros pais para os gêmeos de cinco anos, e com muita criatividade fizeram com papéis, cartolinas e bugigangas encontradas nos velhos baús, um jardim dentro do sótão.

Para não enlouquecerem eles buscaram nas fantasias um refúgio e passaram por aventuras sequer imaginadas pelas pessoas.

É um livro muito forte e impressionante. Tem um segundo volume intitulado "Pétalas ao Vento" que conta as aventuras que eles passaram depois que conseguiram fugir da mansão. Então já eram três. Um dos gêmeos havia morrido.

E há também um terceiro volume com o título "Espinhos do Mal".

Só liguei os livros ao título proposto pelo fato dos irmãos terem arriscado suas vidas na busca da conservação da vida.

É tão só uma estória fictícia. Tão terrível que seria inconcebível ser real.

Desejei contá-la como poderia ter contado que sobre os telhados os gatos namoram ao luar.

Seria mais romântico talvez.

Mas vou deixar para contar algo mais romântico numa outra vez.

Foto de Sonia Delsin

O FANTASMA DA SALA

O FANTASMA DA SALA

Quando menina eu sempre ficava com minha mãe na sala aguardando a chegada de papai. Ele saía todas as noites, fizesse tempo bom ou ruim. Era um hábito que tinha, e do qual só se livrou quando eu já estava com quinze anos de idade.

Ficávamos um tanto inseguras na casa sem uma presença masculina, porque morávamos numa chácara.

Minha mãe era uma mulher corajosa e depois de ter trabalhado o dia inteiro ainda contava lindas estórias para nos distrair, todas as noites. Hoje eu me pergunto onde ela conseguia tanta força para suportar tudo o que suportou.

Ouvíamos o nosso velho rádio. As radionovelas... mas a minha paixão eram as estórias de fadas, princesas, príncipes encantados. Eu poderia ouvir mil vezes Cinderela (morria de pena da borralheira e vibrava com o final da estória) e ainda assim queria ouvir de novo. E "Joaninho Pequenino"!... Esta meus irmãos queriam ouvir mais e mais.

Eu nunca ia dormir antes papai chegasse. Minha mãe embalava um a um até que dormisse e eu ficava "firmona". Aguardava-o porque ele sempre trazia doces e também porque o amava tanto e queria vê-lo ainda uma vez antes de pegar no sono.

Enquanto o aguardávamos ficávamos as duas na sala, minha mãe e eu, e foram as melhores horas de minha vida (aquelas horas tão nossas).

Não sei depois de tantos anos se estávamos sugestionadas pelo ambiente, ou se pela ausência de papai, pelas nossas cabeças tão capazes de fantasiar... mas o fato é que minha mãe e eu víamos um fantasma.

Verdade mesmo! Ele se esgueirava rente a parede da sala e adentrava pela porta semi-fechada do quarto da nona. Usava um chapéu na cabeça e logo que ele entrava no quarto a impressão que tínhamos era que a noninha conversava com alguém.

No outro dia ela dizia: O "Queco" veio me visitar de novo esta noite.

Cresci assim, com aquele fantasma passando rente a parede e nem o estranhava mais. Ele fazia parte das nossas noites. Nem nos assustava.

Confesso que sentia mais medo quando as folhas das bananeiras balançavam-se com o vento do que com aquela figura que lentamente passava por nós.

Não conheci pessoalmente este meu avô, pois que faleceu bem antes de meu nascimento. Mas o vi, o senti, ou sei lá o quê. Ele fez parte de minha infância. Não foi um fantasma assustador, foi uma presença fluídica que ficou entre as tantas e tantas incógnitas que não decifrei em minha vida.

Foto de Sonia Delsin

ESDRAS...

ESDRAS...

É um sonho. Um louco sonho.

A estrada é de pedras. Esdras caminha só.

Esdras é um lobo solitário. Sonha amores, sonha paixão. Sonha um encontro.

Esdras é um homem que deseja adormecer nos braços de uma mulher. Descansar todo seu cansaço, sem palavras inúteis.

No sonho ele caminha em busca de emoção, e mais que isso. Busca uma maneira de amortecer a solidão.

Ele está perdido em suas lembranças, em seus anseios. Em sua estrada de pedras.

As pedras lhe doem sob os pés e Esdras sabe que o caminho é longo e ele deve encontrar um caminho só de flores um pouco à frente.

Ele confia na sua forte intuição de que tudo vai mudar, que a história vai se reverter, porque seu coração de menino lhe diz que um novo sol a cada dia trará um novo tempo.

Um céu colorido de papel crepom entra no sonho. Nuvens coloridas lhe recordam algodão doce. Algodão de tantas cores.

O pôr-do-sol do sonho possui mais que as cores do arco-íris. Milhares de cores lhe estonteiam.

Uma mulher lhe abre uma janela, uma janela dentro de um outro tempo, de uma dimensão que Esdras não compreende bem; mas lhe faz sentir tanta emoção. Ele deixa que a forte atração o leve a caminhar por caminhos antes não percorridos.

Ela o faz sentir-se vivo. Dá-lhe asas para voar ao seu lado, porque é uma mulher alada. Umas destas mulheres de outro planeta, outro tempo. Uma mulher borboleta, que voa e revoa sobre a matéria que consegue entender e viver. Sem ignorar a matéria nua e crua, ela vive num mundo particular, só seu, e leva Esdras para caminhar um pouco ao seu lado.

Ela o convida para sonhar o sonho dos mortais e dos imortais e o lobo solitário a segue, a busca.

Ele a encontra e não sabe que ela surgiu do nada... de um sonho, de uma estrada que começa dentro de um tempo que não se compreende. Só se vive e se revive... sem entender.

Foto de Henrique Fernandes

VOZES FRIAS

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O tempo deixa-nos de ser precioso
Quando vitimados por um coma de tristeza
O tic-tac do relógio é um vampiro que nos suga
Bebendo toda a luz da alma até o ultimo farol
E seca-nos numa invasão brutal de gritos escuros
Amordaçando-nos numa mortífera sala de pânico
Num ataque desesperado de dores intrusas
Raivosas que ferem sem escrúpulos o nosso interior
Perseguido pelo insólito e sombrio toque de gelo
E voltamo-nos como fantasmas contra nós próprios
De mãos atadas por lamentos rastejantes
Que abrem as portas da mansão do inferno
Para batalhas sem armas contra garras afiadas
Que nos cavam um buraco negro de medos
Lidando com demónios e anjos malvados
Ruins famintos engolindo todo o alimento de paz
Fazendo amanhecer um raiar de lágrimas conflituosas
Por um passo em falso no desconhecido acreditar
Em profecias de esperança em vozes de penumbra
Falando-nos frias prazeres quietos e sem nome
Sem alento oferecemo-nos embrulhados em espinhos
Como presente, uma iguaria para a desgraça
Que nos despedaça

Foto de Henrique Fernandes

CADA INSTANTE

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Cada instante
Que conquisto tua atenção
Impulsiono-me
Num vácuo que me enche de eterno
O sorriso que te provoco
Faz-me acreditar na imortalidade
Desperto homem
Na tua voz de mulher e respeito
Tuas palavras
Que apontam meus defeitos
Com modéstia aceito
Teus elogios atentos e ouço
Entenderes
O que quero que ambiciones de mim
Afeiçoado ao teu ser
Que fascina e me veste de paixão
Armazeno todos meus sentidos
Nas palmas das mãos
Guarnecidas com o dom
Dos deuses protectores do amor
Caio nas carícias
Que distribuo pelo teu corpo
Numa entrega que me prega á felicidade
Mesmo que te tenha longe é uma hora de ponta
Enfrascando emoções e sensações
Que domam o meu tempo
No dorso de uma força
Sedutora que me atrai a ti
Elevo-me numa vontade colossal
De levar a ti o meu enlaço
Com a paixão de nunca no nosso todo-o-sempre

Foto de Henrique Fernandes

VANTAGEM DE SER FRACO

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O mar está por todo o lado
Tudo que nos rodeia é feito de imenso
Os dias e as noites são como ondas
Que chegam e partem no areal da alma
Subindo e descendo as marés do espírito
Fazendo-se ouvir em gritos mudos
Ensurdecedores de silêncio
Pintando o serão com lágrimas de solidão
Olho o horizonte negro e distante
Entre as paredes que me apegam ao mundo
Sem fundo onde suspiros são melodias frias
Aquecendo a ausência de prazer
Numa desvantagem de ser forte
E em vantagem de ser fraco
O ser fraco morre rápido e não sofre
O forte é levado pela morte lentamente
Criando um exercito de trevas
Transporto-me pela noite
Onde me cai no olhar um céu estrelado
Dividido entre dor e satisfação
Onde quero ir sem o sabor do chegar
Guiado por um mapa falso do destino
Na pele que se ergue de ansiedade
No vácuo que entoa fantasias
Abrindo fossos até o raiar dos dias
E a alvorada é uma cortina de hipóteses
No labirinto que me leva e trás até mim
Nas dunas da vida forjadas a tempo
Cada instante é uma batalha

Foto de Cesare

Há dias...

Há dias em que gostaria de ser
Um poeta à Cazuza.
Que vivesse ao máximo
No limite...
Doasse muito amor,
Tivesse muitas mulheres
Mesmo que efêmeras paixões
Consumisse muita droga
E morresse novo.
Mas poeta...

Há dias em que gostaria de ser
Um daqueles antigos poetas
Que escrevesse sobre o amor
Almas presas a uma paixão
Arrebatadora...
Que sofresse ao escrever
Por ser impossível de se viver
Andasse sempre amargurado
E morresse cedo de tuberculose.
Mas poeta...

Há dias, e hoje é um deles,
Que gostaria de ser
Eu mesmo
Um cara que oscila entre
A felicidade e a tristeza
O amor e o desamor
Incertezas e temores
Certezas e convicções
Não ser perfeito, pois ninguém é...
Mas que não desistisse de viver
E um dia, quem sabe,
Conseguisse, pelo menos,
A realização plena de escrever algo.
Ser realmente um Poeta!

(Cesare - Leandro Cesar)

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