Poemas Inéditos para Colectâneas

Foto de Arnault L. D.

Um copo de mar

O silêncio, por tantas as palavras,
é o que chega-me do que mingua,
no atropelo, que a todas trava
sem poder dizer de uma vez a língua.

A incapacidade, sólida e atroz,
da expressão ante a ideia cheia,
é a constatação de que no após,
era maior o fogo que a ateia...

Do que já existia em polifonia,
num soar de incontáveis vozes,
apenas expresso o solo, sem harmonia,
nas palavras, uma a uma, em doses.

Sei que minha poesia é tão pobre...
Um copo apenas de um largo rio,
como o troar de um sino de cobre
se esforçando a cantar no vazio.

Como posso então soar em coral
as múltiplas vozes dos sentimentos?
Não posso. Mas, posso um copo, uma nau.
Flutuar no mar que leva em seus ventos...

Foto de Felipe Ricardo

Um Doce Soneto Para a Menina Que Dorme

Durma linda menina, durma
Pois sabe que daqui de meu
Longínquo castelo velo pelo
Teu doce e sutil descanso...

Não te preocupes minha cara
Menina, pois do negro véu da
Noite faço tua coberta e de cada
Estrela roubo a luz, pois voce

Tem que descansa, mas apenas
Deixo uma, deixo aquela que
Guiara-me ate o teu sincero sonho

Mas durma minha doca menina
Durma, apenas isso, pois aqui estarei
Para ver teu lindo sorriso quando acorda [...]

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro – Capítulo 1

Engolir. Esse é meu trabalho. Engolir. Essa é minha função no mundo e no sistema desgastado em que estou. Engolir. Minha garganta já não dá conta de receber mais do que pode. Engolir. Minhas entranhas estão a ponto de explodir e espalhar o que devo esconder dentro de mim. Engolir. Um engraçadinho me sugere que eu visite o banheiro. Engolir. Até que aceitaria numa boa, se não doesse. Engolir. Só me permitiram tanto e dizem ser essa minha vocação. Engolir. Dizem que é um bom destino obedecer, fazer o que os outros querem e ser servil, não objetar o que parece abjeto.

Mas eu não me conformo!

Eu devia me calar toda vez que aquele Luís Maurício me diz:

- Vai boi, pasta...

Sei lá, quero ficar quieto. Mas algo não me encaixa, um segredo que não descobri e não me deixa ser pacato, não me deixa me deixar ao léu, ao cargo de sumir ao primeiro sopro do tempo.
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A patroa finge que não existo. Finge que não me olha, isso mesmo, finge que não escuto e que não falo, finge que sou uma coisa inanimada, um objeto que se muito atrapalha a visão de uma prateleira mais importante. A patroa, e ela é um pouco bonita, quero dizer, é uma boa mulher ao patrão, se finge que não existo o faz visando o melhor, seja lá que melhor seja esse, um melhor mais calmo e mais confortável. Eu não ousaria questionar sua visão, quem sou eu pra isso.

- Vai boi, ou te castro de novo, vai, pasta...

E assim dona Clarisse me manda fazer o que quero de verdade, pelo que ela me disse.
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Assim foram os últimos anos, desde abril. Sim, pois abril para meu patrão se estende até setembro. E setembro até dezembro. Deve ser por causa das estações do ano. Ele me chama de boi, mas não sou boi. Sou homem. Um dia a patroa me chamou de capacho. Outro de escravo. Não me importo. Sou homem e assim acredito.

- Vai boi, pasta... – diz-me o Luís Maurício.

Um dia, estavam a patroa e o patrão. Fazendo o quê não sei, mas estavam. Mas aí o patrão me chamou.

- Dimas, venha. – Desta vez me chamou pelo nome. – Qual é...?

- Eu quem pergunto.

O patrão estranha minha liberdade.

- Dimas, eu vou te dizer uma vez só. Se encostar-se à minha mulher eu te mato. Se ousar passar perto, eu te mato. Se parar em frente a minha mulher eu vou te matar e se olhar para ela eu te busco no inferno e te mato de novo. Você entendeu? Devo ser mais claro?

Não entendi. Mas acatei.
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Outro dia o patrão saiu para a cidade e me deixou com a patroa. Ou melhor, me deixou preso para ficar de pajem da patroa. A patroa, em determinado momento decidiu observar sua mobília, o que não me incluía. Ela foi andando, foi andando... Parou de frente a minha jaula. Ou melhor, a sua esquerda. Ela baixou os olhos e me olhou, por sete milésimos de segundo. Parou, olhando para a esquerda da minha jaula à esquerda. Eu era um zero neste lado. Não pensou em mim naquele momento, afinal eu não existia. Eu era um mero engolidor, ou melhor, sou.

- Está fora de lugar... – A patroa era uma excelente dona de casa.

Então quase que eu olhei para ela. Lógico que quando estava de costas para não lhe incomodar. Ela pareceu perceber. Mas fingiu que não. Afinal, eu era um mero engolidor. Ou melhor, ainda sou e com muito orgulho. Ela decidiu sentar-se. Acostou a cadeira que se opunha ao seu corpo, ajeitou o móvel, me olhou por dois milésimos de segundo e sentou. E caiu!

- Dimas... – Silabou.

Fingi que não ouvi e que não queria incomodar. Fingi que não queria rir. Eu queria rir, rir muito, um riso descontrolado! Mas eu sou um simplório engolidor. E os engolidores devem apenas engolir. Mas eu queria mesmo rir daqueles olhos de abóbora, daquelas sardas puras e encantadoras e sua pele branca tão estranha de tão clara, daquela linda frieza que me faria até capturar a luz do sol e lhe dar, se eu fosse o patrão, enfim, eu não sou completamente apaixonado pela patroa, mas posso imaginar o que eu faria se assim estivesse sendo. Eu nunca me apaixonaria pela patroa, nunca a amaria, amor de homem e mulher, se estão bem me entendendo. Será que eu fui preciso...?

- Eu devia trocar esse engolidor, já deve estar velho...

De cima para baixo meu coração ficou partido.
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- Amor, você está bem, que alguma coisa?

- Não querido, é só que esse engolidor está velho e acho melhor trocar...

- Muito bem... Pois então eu troco.

Ela me olhou bem no fundo dos olhos e desta vez não parecia ter nojo, como se espera ao fitar um engolidor. E assim a patroa me deu cinco milésimos de ternura e felicidade. E assim determinou minha sina de vida e morte como ser inexistente.

Foto de Xaverloo

Promessas

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Prometo
Ao dia não mais escuridão
Prometo ternura, não mais paixão
Compromisso de felicidade
Jamais fidelidade
À conta-gotas que não correspondem.

Prometo
Desviar abrupto os pulsos de toda corrente
De toda força escravizante que se julgue inocente
Que figure idolatria absurda
E prenda-me em laço obstinante que não muda.

Prometo
Percorrer a vastidão do caminho
Cônscio de valor, não mais sozinho
Sem depender de fios e choro de outrem
Tornar-me sóbrio, ir mais além.

Prometo
Um preço bem maior ao que mereço
Prometo um segundo de silencio sem sentir
O gosto vicioso e carência de ouvir
“Te tenho amor, te guardo aqui.”

Prometo
A ninguém amor maior que amor a mim
Prometo descansar à luz dos próprios olhos
Até que olhos em luz alcancem fim.

Xaverloo

Foto de Diario de uma bruxa

Imagem "Inspiração"

Brincando com os dedos
Pensamento fixo na saída do aperto
Passe novamente, de novo volta a meus dedos
Engancha quase solta
Mas com cuidado firma os dedos
A linha frouxa, mas não solta
Enrola vira em nó
Eu insisto em continuar a brincadeira
Puxa, encaixa o dedo, estica a linha
E tudo se dissipa, livre os dedos fica
E novamente a brincadeira inicia.

Poema as Bruxas

PS.: Para entender o poema... Olhe a imagem do desafio da Fernanda.... É uma brincadeira de criança, hj em dia não se vê mais.

Foto de Lucianeapv

POEMA EM RISCO

POEMA EM RISCO
(Luciane A. Vieira – 19/08/2011 – 08:34h)

Já não se escreve mais como antes
Onde o coração prevalecia à razão...
A alma se desfaz em tolos receios
Na calma essência dos poetas de hoje
Onde tudo suga o espírito e
Tudo assanha os sentidos...
Na palma de nossas mãos se refaz
Um louco desvario, onde dedos
Teclam sonhos já esquecidos...
Onde a poesia de outrora ficou?
Antes era tão simples rabiscar no papel
Sentimentos...
Hoje se lança na máquina
Se esquece o que disse
E ponto final...

Foto de Mario Jorge MJ

Musica

Es a musica da minha vida
Melodia da minha alma
Razao da minha dança e da minha alegria
Teu balanco e como um dia ensolarado
E eu danço, porque es linda, bela e as tuas ondas sonoras
Sao suaves como a briza do mar numa tarde de primavera
Musica, musica, minha musica…
Clave da minha vida, ritmo do meu corpo, seguimento dos meus batimentos cardiacos
Musica da minha vida, musica da minha alegria, musica da minha paz

Foto de Mario Jorge MJ

Voçe

Voçe...
Voce e o meu carma
Coisa que carrego por onde vou, sem poder reclamar
Nem reivindicar
E tudo isto por te amar, oh como queria poder ti tirar do meu coracao
E poder dizer vai, vai pra bem longue e me exquese, exquese q existo que tivemos algo lindo
Pois tudo aquilo e passado + nao posso porque o meu carma e voce, somente voce !!!

Foto de Carmen Vervloet

Língua Portuguesa

Poetizada por Bilac e Caetano,
língua-mãe de um povo varonil,
língua doce onde ouço e falo “eu te amo”,
expressão do sentimento do norte ao sul do Brasil.

Dos trovadores tu és o júbilo e a inspiração,
da nossa alma tu és o casulo, o gentil ninho,
com teu vocabulário se expressa o coração
e nos cantares vais abrindo os caminhos.

Se por ventura te atropela o povo incauto,
aceitas expressões que se difundem afoitamente,
e no azul marinho deslizas teu léxico-barco
sob o teto estrelado de um céu resplandecente.

E o teu som tão lindo encanta mundos...
Lira singela, sonata em execução,
espalhas a música do sentimento mais profundo
e unes irmãos que habitam em tantos chãos.

Foto de carlosmustang

GANGSTER

Quando você anda, a minha frente
Deliro!, a verter dor
Coloco a mão no bolso, indecente
E conto todo meu amor(Que lhe presenteei)

Se o troco é o que mereço
Da vida tive pouco, agora final
Paguei todos os preços
A magia proceder, é que faz o protelar

De apreço, tento pagar, o pedágio exigido
Sei que toleras, meu sentir em outra face
Amor, sublime, não pagas comigo.

E me faz sentir, até anestesiar-me
E o preço extinguir
Lagrimas não se ressarse!

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