Chega um tempo que não tem mais graça
olhar a vitrine, tomar um bom vinho, dançar uma valsa.
Andar por aí, curtir o que vier, sentar-se na praça.
Chega um tempo que não entusiasma tanto
vestir roupa nova, gritar o que choca
e dançar um tango.
Chega um tempo que é outro tempo
rápido, escasso, sem tempo
de olhar à janela, dobrar a esquina,
perder a cabeça, buscar outra sina.
Chega um tempo que o espelho embaça
a beleza das coisas que antes via
e que o próprio tempo oferecia…
Vista agora através da vidraça.
Chega um tempo desprovido de vaidade
cada espaço se enche de verdade
o supérfluo se perde com a ilusão
e a vida perde um pouco da graça
dando lugar à razão.
_Carmen Lúcia_
Comentários
Arnault / Carmem L.
Lindo e melancolico poema...
Realmente houve tempos que as cores eram todas mais vivas, mas, o tempo aos poucos as vai desbotando e somando um amarelo pálido ao branco...
Porém, mesmo desbotadas e amareladas essas cores ainda tem o "seu" tempo cristalizado nelas... Porque, sempre nós saberemos como elas realmente eram...
Carmen L./Arnault
Com o tempo os valores já não são os mesmos, ao que demos real importância já não nos importa tanto. Claro que virão outros, mas não com a mesma intensidade. A poesia torna-se mais profunda, assim como alguns sentimentos. São as fases da vida.Meus aplausos a você pelo sábio comentário.Grata por isso.
Carmen Lúcia