SORRIR
Andando a passear pela rua
Vi uma criança que chorava,
Estava seminua
Um estado de fraqueza aparentava.
Estendi-lhe a minha mão
Pareceu-me vê-la sorrir
E, abrindo seu coração,
Disse que, comigo, queria ir.
Perguntei-lhe qual a razão
Daquele seu chorar,
Olhou-me cheia de emoção
E disse:
“Ninguém me quer amar”.
Afaguei suavemente sua mão,
Notei que começava a sorrir,
Abrindo de novo seu coração
Disse que comigo queria ir,
Encostou sua face à minha
E, por entre sussurros e ais,
Disse-me que vivia sozinha,
Com fome, sem saber dos pais.
Acariciei a sua mão
Vi um brilho a desflorar
Cravou o olhar no chão
E disse:
“Tu me queres amar?”
Fazia frio mas senti calor
Demos as mãos e lado a lado
Nos pusemos a caminhar
Compreendi que bastava amor
Para um petiz abandonado
Poder voltar a sonhar.
Notou, em mim, inquietação
Pediu que não a abandonasse
Apertei a sua mão
E pedi-lhe que não chorasse
Olhou-me a sorrir
Tinha um sorriso de encantar
Perguntei se comigo queria ir,
Sentia-me feliz:
“Eu tinha alguém a quem amar”
Francisco Ferreira D’Homem Martinho
2007/04/19
Comentários
Olá
Suas palavras retratam de forma acolhedora a situação de nossas crianças de rua.
Estas mesmas palavras me fizeram lembrar de algumas cenas que presenciei andando pela rua.
Flower Medeiros
Ceci / Martinho
Olá
Seu poema retrata uma realidade núa e crúa,as nossas
crianças de fato estão precisando de mais amor,carinho,sorrisos
e vc nos mostrou isso bem,mas de uma forma meiga,carinhosa.
Parabéns pela idéia.
Bjão (Ceci)
grande descrição..
dá pobre situação de "nossa gente".
brilhante, gostoso de se ler...porém triste para refletir.
Rogertal
Feliz visita
Vim visitar-te, em retribuição!Que feliz surpresa!
Fui arremessada ao calor de mãos dadas e sorrisos.
É bom demais poder dar amor, tanto quanto receber. Não sei o que é melhor : oferecer a mão ao afago ou recebê-lo.
Muito lindo!