Torres

Foto de Jorgejb

Guerra

Há carros de combate
em todas as ruas,
capacetes metálicos
de olhos escondidos,
e outros de faces
cheias e duras
gritando ordens e ordens,
de bastão empunhado.
Começou a guerra
na minha cidade,
e as torres das igrejas
são estandartes torpes
das tropas inimigas,
dos fantasmas e sonhos
dos livros da escola.
Que morram os heróis,
diz alguém de face hirsuta,
e dedos fechados,
e por cada letra
de uma palavra,
morre um soldado
sem se saber bem porquê.
Há um miúdo,
sozinho – pateticamente
seguro
de fuzil de pau
em punho,
desafiando as balas
que passeiam perto
do medo,
e cheiram a pólvora e a sangue,
odor próprio dos generais.
Alguém grita lancinante,
e eu digo – é a mãe.
E depois um estrondo
e outro
e mais outro
e ainda um último (trabalho competente)
e no chão, largado o fuzil,
chorando a mãe, como
qualquer guerreiro,
de olhos grandes e fortes,
abre os seus braços órfãos
e murmura,
mãezinha… quem cuidará de mim!

Foto de pedacinhos de mim poemas

Desilusão

A desilusão é um cálice de fel
que transborda queimando a ilusão
escorre e faz poça no coração
afogando a nossa satisfação.

No ápice do desgosto, remôo
Rumino e trago o seu gosto amargo
Rejeitando, ponho-me em choro
Sinto-me mártir perante os algozes.

Em farrapos contemplo-me
Vejo-me com olhos invertidos
De uma alma pelo avesso
Sem chão, sem ar, sem brio.

Sinto-me frágil como criatura
Decadente, descontente...
Quem dera poder trocar minha pele
Como fazem as serpentes.

Célia Torres

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A Procura

Pouco sei, quase nada fiz.
Me sinto as vezes vazia,
outras vezes tão completa.
A natureza da gente,
diverge, e nuca sabemos
o que de certo queremos
Me encolho, me restrinjo...
Outras vezes, corro, busco, luto.
Há dias que fico apática,
não encontro lugar seguro.
Em outros me solto,
canto, até brinco,
escuto o som da minha risada.
É um dia de graça.
As vezes estou tão segura,
parece que já tenho tudo
planejado, arquitetado...
Mas não tenho assim essa estabilidade,
quando o meu emocional
que sempre é inseguro,
aflora no meu coração,
sinto tudo ir-se embora.
Sei! preciso de um porto seguro,
onde eu possa ancorar o meu coração.
Até quando vou continuar nessa procura?
Célia Torres

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Preciso Ser Curada

No coração guardo uma dor
Nas lembranças uma saudade
No despertar da mente a realidade
É na esperança que me amparo

Nos olhos oculto as lágrimas
No meu orgulho mascaro-me
No disfarce da indiferença
A minha alma eu maltrato

Nessa tormenta me vejo atada
Uns dizem que faz parte da vida
Isso forje à minha compreensão
É, nem toda dor pode ser revelada.

Por que se sofre de amor
Se é ele a maior dádiva?
Talvez por orgulho ou ignorância
Bem sei , orgulho não nos leva a nada.

- Mas, sentimento ferido nos causa mágoa.

Célia Torres

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Nosso Encontro

Voltei com o coração pleno,
o corpo regado
de beijos, caricias, amado!
Sou contentamento, verbo.
Amei, amada, plena,
feliz, desejada, desejei,
estou realizada...
Amor correspondido
deleite, êxtase, nós.
corpos que se tocam,
olhos que se miram,
chamas de um amor
que deixa toda
ternura estampada.
Me vi na sua íris eternizada.
Silêncio dos amantes,
que completam-se,
que calam-se.
Sua boca em minha boca, basta!
Com seu toque em meu corpo
o meu coração entregava-se.
Corpos em chamas,
fundiam-se em fagulhas
de um amor compartilhado,
e assim foi o nosso encontro.
Total ...

Célia Torres

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Minha Presença

Minha Presença

Eu sou fogo,
sou areia,
sou tempestade,
sou trovão,
sou o sol que te aquece,
sou a água que margeia
de um azul cristalino
que desce nas ribanceiras
formando grotões.
Sou o vento que passeia,
faceiro e transparente,
quase ninguém me percebe,
mas estou sempre semeando
as sementes da inspiração,
que em flores do campo
um dia se transformarão.
Talvez assim note minha presença,
passeio por entre elas,
seivando o seu perfume,
transformando-me em fragrância.
Que respirará pausadamente,
e no deleite desse instante
vou acalmando o seu coração...

Autora: Célia Torres
P. S. dedico esse poema para minha filha Fernanda, ela faz parte dessa presença e acalma o meu coração.

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Sonho

Eu estava sonhando,
sonhei que voava,
parecia um conto de fadas,
por entre as nuvens eu planava,
encantada, deslumbrada,
em estase me encontrava.
Sentia a brisa suave,
das corrente de ar que passavam.
Uma doce sensação de plenitude
na qual me regozijava.
Acordei, e vi você olhando para mim,
com olhos de amor, te sentir meu senhor,
que suavemente em meus lábios beijou.
Por seu amor fui despertada...
Que doce júbilo eu me encontrava,
por você meu sonho era velado,
como cúmplices que segredos partilham
e nessa sintonia de amor e desejo.
Permaneci em seu braços aninhada,
e continuei sonhando acordada.

Célia Torres

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Quando Digitamos

Uma frase aqui,
outra acolá, vou juntando,
vou somando...
percebe que sempre tenta disfarçar
do quanto gosta de mim.
Mas é nessa somatória,
que vou juntando,
o teu desejo, a tua saudade,
que nunca declara,
na forma exata,
o que sentes por mim.
É difícil esconder por muito tempo
os nossos sentimentos,
e assim vai revelando
por entre linhas,
em uma conversa que surge
de maneira descontraída,
despercebida,
não intencionada.
Lá está escrito:
hoje pensei em você,
estou com saudades,
Quero você.
O nosso orgulho é sempre turrão,
mas confrontado com o nosso coração,
não tem essa não...
O amor é mais forte,
não há orgulho que sustente,
quando os sentimentos falam por você.
E meu coração em cumplicidade,
secretamente me dá um toque,
nessa hora eu me pega à sorrir.
por saber que gostas de mim.
Já é tarde, preciso ir dormi.
Te mando um beijo
E me levanto, suspirando feliz.

Célia Torres

Foto de pedacinhos de mim poemas

Quando Nasce o Amor

Estou em harmonia
Sinto a tua presença
Aqui dentro de mim
Sensação do amor, enfim!

Essa doce sensação
Faz-me transbordar
No cálice da vida
Relaxa-me, alivia-me

Que doce fragrância
O teu amor irradia
De relva molhada
No raiar do dia

És os raios do sol
Que aquece terra
Que seca os orvalhos
Que gemina as sementes

Sementes do amor
Que a muito semeei
E agora fizestes brotar
Aqui dentro de mim

Célia Torres

Foto de pedacinhos de mim poemas

Estradas da Vida

Pensamentos que se confundem
Histórias que se cruzam
Em rompantes deflagrados
De tortuosas estradas.

Deixo pegadas na areia
De caminhos percorridos
Que sutilmente se apagam
Encoberta pelo pó do tempo.

Por entre estreito eu entrei
Tal qual um desbravador destemido
Abrindo veredas com o punho
Embrenhando-me sem rumo.

Na mente uma certeza
Meu caminho quero traçar
Se o destino é meu aliado
Com ele vou me conluiar.

Com a esperança que um dia
A sorte posso até encontrar...
Mas tudo depende de mim
Essa meta eu vou conquistar.

Célia Torres

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