Tarde

Foto de Sonia Delsin

UM DOCE OLHAR

UM DOCE OLHAR

Um doce olhar anda pelo prado.
Um doce olhar acaricia as coisas do passado.
Tudo é tão belo como naquele tempo?
Ó não!
Que ilusão!
Quanta destruição!
Que decepção!
Efeito do tempo?
As mãos dos homens vão mudando tudo?
Não sei bem, mas tudo vai mudando.
A vida vai se modificando.
Onde está o moinho?
Onde está o ninho?
O ninho do mais belo passarinho?
Me procuro e me encontro escondidinha num cantinho.
Sim, sou eu.
Eu menina.
Tremendo.
De frio?
De medo.
Uma tarde toda escondida.
Ó, vida! Ó, vida!
O tempo passa.
Parece que tudo vira fumaça.
Mas não!
Estendo a mão.
Quero acariciar a menina...
Ela está lacrimejante.
Tem o olhar brilhante.
É uma estrela ali no meio do mato.
Guardei o retrato.
Para toda vida.
No coração.
A menina que se escondia de medo...
Que guardava segredo.
A menina que amava aquele chão.
Com um doce olhar eu me afasto.
Na verdade me arrasto...
Porque dói.
Porque ali eu nasci e nunca morri.

Foto de Sirlei Passolongo

Meu Eterno Bem-Querer

Te fizeram da essência
das mais raras flores
e numa noite de luar
tingiram-lhe os olhos
que me enfeitiçaram.
Numa manhã de sol
cingiram em teu corpo essa luz
que irradia ao se aproximar...
Numa tarde de chuva
deram-lhe o aconchego dos braços
para me envolver.
Então se fez meu... Apenas meu
eterno bem-querer.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de Osmar Fernandes

Você já se viu no espelho?

Você já se viu no espelho?

Tem gente que, ao se olhar no espelho, humilha-se... ou porque é alto ou baixo, gordo ou magro, branco ou negro, comum ou diferente... Você já se viu no espelho?
Já agradeceu a Deus por ter conquistado a sua maior vitória, a vida? Já O agradeceu por ter nascido fisicamente perfeito? Tem gente que tem vergonha da própria imagem, evita o espelho e a balança a qualquer preço. Esse sentimento negativo pode levar qualquer pessoa ao precipício do estresse, e até à morte. “Se eu me odiar, quem vai me amar? Se eu me achar feio, quem vai me achar bonito? Se eu me depreciar, quem vai me valorizar?”
Um cego de nascença nunca se viu no espelho. Jamais discernirá o belo do feio...Nunca poderá ver a beleza do pôr-do-sol, nem as cores irradiantes do arco-íris... Jamais viu o rosto da mulher amada e a face do filho querido... Mas consegue enxergar a vida com os olhos da alma. Agradece ao Todo Poderoso por ter nascido. É feliz assim.Você já pensou nisso alguma vez?
Um surdo-mudo, vive num planeta construído e preparado para os fisicamente perfeitos. A todo instante tem que enfrentar barreiras e vencê-las ou adaptar-se a elas. A cada conquista agradece a Deus... é um guerreiro vencedor. Estuda ferozmente cada passo do mundo, adquirindo conhecimento e sociabilizando-se para entender a linguagem e a política da sociedade em que vive.
Um ser humano sem pernas e sem braços, para ir ao banheiro fazer suas necessidades fisiológicas, precisa da ajuda eterna de uma pessoa qualquer. Alguém tem que levá-lo nos braços, despi-lo (nunca vai poder manter sua vergonha em secreto). Depois, sentá-lo no vaso, segurá-lo (pois não tem ponto de apoio), e após defecar, necessita que este alguém limpe o seu bumbum e suas genitálias. Ele vive sua vida dependente vinte e quatro horas por dia. Como você viveria numa situação dessa? Um deficiente vive desafiando o seu limite a todo momento. Busca forças inimagináveis para a realização do seu objetivo. Trava batalhas de vida e morte na superação de uma tarefa, seja ela qual for. Ter nascido é a sua maior vitória, é o seu pódio, sua medalha de ouro. Aceita seu corpo, como é. Estar vivo é sua felicidade sem preconceitos, seu presente, ele agradece ao céu por isso.
Se você nunca se viu no espelho, veja-se agora. Nunca é tarde demais para nascer de novo. Ninguém está isento de se tornar um deficiente. Em verdade, digo que o verdadeiro pobre coitado é o pobre de espírito; que o pior assassino não é aquele que mata o inimigo: é aquele que mata a si mesmo, o próprio sonho. Enfim, é aquele que só carrega o ódio no coração e morre de inveja dos perfeitamente felizes.
Você realmente já se viu no espelho?!!!
Para alguém muito deprimido, estressado, tenho dito: Antes de fugir de si mesmo, cometer qualquer bobagem ou até pensar em suicídio – visite uma APAE, UM ASILO, UM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO, UM LIXÃO, UM PRESÍDIO, UM ORFANATO, UMA IGREJA, UM CEMITÉRIO OU UM HOSPITAL QUALQUER...e seja voluntário por um dia. Tenho certeza que vai sair de lá com vergonha do seu problema, e vai agradecer a Deus pelo seu livre arbítrio, por ver, ouvir, falar, andar, amar e ser amado. Vai redescobrir o valor incalculável de viver. Vai reaprender a ter respeito, humildade e o amor por si mesmo; tornar-se-á um ser humano espiritualizado a tal ponto que voltará a sorrir de novo e a ver nas pequenas coisas o verdadeiro sentido da vida – a dádiva de Deus.

Foto de Mabel

CONSCIÊNCIA DE VIDA

CONSCIÊNCIA DE VIDA
Nossa vida é tão curta e frágil que se tivéssemos consciência do quanto ela realmente é de um valor imenso, pensaríamos melhor antes de jogar fora oportunidades que nos surgem de sermos felizes, assim como partilhar essa felicidade. Nos entristecemos por fatos sem importância, perdemos minutos e horas preciosos, dias, e às vezes anos remoendo mágoas e vivendo do passado deixando de viver o presente. Quantas vezes nos calamos quando deveríamos falar e falamos o que não devíamos ao invés de aprender com o beneficio do silencio?
Deixamos de ter carinhos sinceros, amores verdadeiros, abraços apertados e sorrisos espontâneos... Deixamos de dizer o quanto amamos alguém, seja amigo ou parente porque achamos que o outro sabe o que sentimos. Colocamos mesmo sem querer, barreiras entre os corações que nos cercam. Nos esquecemos que muitas vezes o separa e aflige nossos corações não é à distância, , mas sim a indiferença, e assim criamos distâncias mesmo estamos próximos. A indiferença mata lentamente, anula qualquer sentimento...
Nos sensibilizamos com o que acontece no mundo, , mas nos esquecemos do que se passa ao nosso lado, na nossa casa, na nossa família, em nossa vida. Nos habituamos tanto com as pessoas de nosso convívio que passamos a não mais notá-las, e deixamos de dar sua merecida e real importância. Nossa vida é como uma linda e frágil flor, que pode ser colhida a qualquer momento ou permitir que possa florir no esplendor de sua beleza, com o vento levando as pétalas lentamente, para depois tranqüila transformar-se em semente. Este seria um ciclo de vida normal, onde as pétalas seriam os anos vividos e as sementes o bem que plantamos. Porém nunca poderemos prever se nosso ciclo de vida será completo ou se será como o de algumas flores, arrancadas ainda em botão. Pensamos que seremos eternos e nos descuidamos das pessoas ao nosso redor e principalmente de nós mesmos. Assim, os dias passam e não notamos o Sol da vida, apenas a escuridão da noite e continuamos fechados dentro de nós. Passamos pela vida, mas não vivemos em toda sua plenitude.
Quantas vezes nos consumimos, reclamando do que não temos, comparando nossa vida com a de outro que achamos estar melhor e que tem maior sorte? Colocamos a culpa em tudo que se possa imaginar e não percebemos que estamos julgando sempre o pior de nossas vidas.
A insatisfação e revolta nos impedem de perceber que a felicidade não é a ausência do conflito, mas sim a habilidade de saber lidar com ele...
Esta é a grande diferença, nunca é muito tarde para apreciar as flores de nosso jardim e trata-las com carinho, trabalhar nosso crescimento interior, valorizar nossas qualidades, agradecer a oportunidade do grande milagre da vida, que mesmo sendo frágil e efêmera esta dentro de nos, e pode se tornar extremamente fortalecida através do amor. Viva intensamente... Se quisermos transformar o mundo, devemos começar por transformar a nós mesmos...

Foto de Paulo Gondim

Longo rosário

Longo rosário
Paulo Gondim
15/01/2008

Ajunte as contas de seu rosário
E comece a rezar
Pois já se faz tarde e o tempo não espera
É assim a vida no seu duro caminhar

E o rosário é longo, de muitas contas
Como é longo seu desfiar
Na dolorosa porfia
Da vida a desafiar

Ajuste os ponteiros de seu relógio
Anote os números
Decore as frases
Junte as palavras
Não se esqueça de nada
A hora é chegada

Acerte as contas pendentes
Nada deixe para trás
O trem da vida já apita
No último vagão, ainda tem vaga
Embarque, senão a luz se apaga

Reconte as contas de seu rosário
Beije a cruz, se benza
Limpe o pó das sandálias
Cante sua canção preferida
Viva, enquanto ainda há vida

Foto de Sonia Delsin

CANOA FURADA

CANOA FURADA

Ela mal colocou o pé e sentiu que se molhava.
É, a água entrava.
A mãe tentara alertar.
Lembrava um pouco tarde que a mãe tentara lhe mostrar.
Coração de mãe sempre pressente, sente.
Canoa furada.
Ela que já fora tão magoada.
Era o rio ou a canoa.
Uma opção era ruim e a outra não era boa.
Voltar? Retroceder?
O problema ela tinha que resolveu.
E resolveu.
Se jogou no rio.
Arriscou.
No grande rio como barco soçobrou.
Mas tentou.

Foto de Sonia Delsin

O SEMEADOR E O VENTO

O SEMEADOR E O VENTO

O nome do sujeito era João. João ia com um saco na mão, um saco de sementes.
Ventava forte naquela manhã e ele se encaminhava para um terreno íngreme e ia assoviando.
Usava um roto chapéu de palha e na mão carregava um cigarro que de vez em quando rolava entre os dedos.
Ele o enrolara ao cair da tarde do dia anterior, quando seu coração era puro amor.
Levava um bornal dependurado no ombro.
Ali por certo ele carregava a bóia.
João parecia contente, mas o vento soprava forte e os dois ficavam brigando.
Pronto, o cigarro caiu quando ele tentava segurar o chapéu.
Entredentes um resmungo.
Abaixar e pegar o cigarro e deixar o chapéu voar? João optou pelo chapéu, pois faria falta quando o sol esquentasse.
Ele chegara ao tal terreno íngreme e sabia que jamais alcançaria o chapéu se saísse voando.
Virgem Santa! Aquilo parecia uma escada pro céu e o rapaz seguia com dificuldade.
Um arbusto. Pronto. Dependurou o bornal e pegou a ferramenta que ficara guardada, pois na véspera estivera trabalhando ali por várias horas.
A terra não era das melhores não e até dava pena de jogar o grão, mas era seu o chão.
Plantar o milho. Esperar crescer. E colher.
João assoviava.
Sementes jogava e com o vento brigava.
__ Vento dos diabos.
Uma ave de rapina passava voando e ele se distraia olhando.
O chapéu da cabeça escapava, pelo morro rolava.
João com o vento gritava.
Sol escaldante, cabeça exposta.
Um olhar pro céu. Cadê resposta?
Duas horas depois João ia até o arbusto, abria a marmita gelada. Parecia até piada.
Um arroz oleoso, um pedacinho de carne seca, esturricada. Num saquinho à parte uma laranja descascada. Amargara... coitada! Há horas que tinha sido cortada.
João lembrava de Tereza à mesa. De Tereza ao tanque, de Tereza na cama.
Tudo é lindo quando a gente ama.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"SEM MEDO DE TE PERDER"

SEM MÊDO DE TE PERDER!!!

Quero que se dane...
Não me preocupo com o que pensas...
Vou fundo no relacionamento...
Não tenho receio que me esqueças!!!

Amo de manha ao anoitecer...
Ligo no meio da tarde...
Levo rosas ao escurecer...
E a madrugada que me aguarde!!!

Entrego-me por inteiro...
Fico sem nenhuma reserva...
Meu amor é verdadeiro...
Fingimento é o que me enerva!!!

Amo dos pés a cabeça...
Não deixo nenhum pedaço de ti...
Viro-te até dos avessos...
Não é por falta de amor que vou te perder!!!

Gosto do teu gosto...
Sinto o teu prazer...
Multiplico o teu gozo...
E te amo até adormecer!!!

Foto de Inês Santos

Qual será o sentido?

QUAL SERÁ O SENTIDO?

Qual será o sentido?
Que a vida tem…
Qual será o caminho seguido?
Será que vou ser alguém?

Todos se regem por um destino!
Que ninguém conhece…
Todos esperam ver o sábio divino…
E tudo envelhece…

Que sentido tem rir?
Amar, pensar?
Chorar e recordar…
Para, no fim vir…

A morte nos abalar!
Qual o encanto da vida?
Para quê falar…
Mais tarde na sorte devida…

E ainda recordar!
Um ente querido…
Que morreu ferido…
E a chorar…

Inês Santos

Foto de dionisio dos santos

duelo

Duelo

Havia luz pela janela
E em seu sorriso maroteiro
Havia sol, lavando os olhos
De expressões de desejos.

Foi assim, com tudo pleno,
Com o vapor aberto velas,
Com tudo às claras, trocamos beijos,
Depois, à vera, ferimos balas.

Ambos mortos, transpassados,
Desfalecemos com a tarde:
Havia noite na janela
Quando morremos, abraçados.

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