UM DOCE OLHAR
Um doce olhar anda pelo prado.
Um doce olhar acaricia as coisas do passado.
Tudo é tão belo como naquele tempo?
Ó não!
Que ilusão!
Quanta destruição!
Que decepção!
Efeito do tempo?
As mãos dos homens vão mudando tudo?
Não sei bem, mas tudo vai mudando.
A vida vai se modificando.
Onde está o moinho?
Onde está o ninho?
O ninho do mais belo passarinho?
Me procuro e me encontro escondidinha num cantinho.
Sim, sou eu.
Eu menina.
Tremendo.
De frio?
De medo.
Uma tarde toda escondida.
Ó, vida! Ó, vida!
O tempo passa.
Parece que tudo vira fumaça.
Mas não!
Estendo a mão.
Quero acariciar a menina...
Ela está lacrimejante.
Tem o olhar brilhante.
É uma estrela ali no meio do mato.
Guardei o retrato.
Para toda vida.
No coração.
A menina que se escondia de medo...
Que guardava segredo.
A menina que amava aquele chão.
Com um doce olhar eu me afasto.
Na verdade me arrasto...
Porque dói.
Porque ali eu nasci e nunca morri.