Surpresa

Foto de andlusan

Amar o Poema (improviso)

Amar o Poema não é amar o poeta.
Amar o Poema não é escolher a forma.
Amar o Poema não é escolher o conteúdo o contexto.
Amar o Poema não é esperar boa como perfeita.
Amar o Poema não é esperar a linguagem consciente
mas de sentimento.
Por que o sentimento as vezes é justamente o somatório
de nada disto ou justamente a subtração de tudo.
Amar o Poema é justamente não generalizar.
Amar o Poema é justamente ver o de sempre evolto em surpresas. É ter a surpresa com o de sempre...
E estrear sempre, sempre por mais que se tenha estado no mesmo palco por muito tempo, por toda a vida.

Foto de Andréinha

Amor Doce Amor

Amor uma palavra pequena, mas com tamanha intensidade que pode nos levar ao céu e ao inferno em segundos.Quando amamos alguém esse alguém se torna a atenção dos nossos dias, dias serenos e calmos se transformam em dias mágicos e angustiantes.Mágicos pelas emoções e sentimentos que se instalam em nossos corações e nos fazem flutuar, e angustiantes pelas horas que não passam até o reencontro de duas almas conectadas entre sí.
Hoje eu posso dizer que o amor é uma mistura de sentimentos que nos levam ás mais deliciosas loucuras.
Adormecer e acordar pensando em Você meu amor é o que eu tenho feito nos ultimos tempos. Você chegou de mansinho e me fez acreditar que posso sonhar e sentir o mais nobre de todos os sentimentos.
Hoje estou dizendo Eu Te Amo, porque hoje eu sei que você é o Homem da minha vida!Quando descobrí que estava apaixonada por você fechei a porta do meu coração e não quis mais te ver, lembra?
Mas não se pode fugir do que o destino nos reserva, e esse mesmo destino nos fez reencontrarmos e quando soube que era você, sentí meu coração bater descompassado, as mãos suarem, meus olhos brilhavam e as lágrimas descíam no meu rosto como nunca.
Hoje meu amor eu quero você na minha vida, quero viver com você tudo que não viví antes com Homem nenhum, quero fazer você feliz porque você sendo feliz eu também estarei.
A vida é uma caixinha de surpresas e quando eu abrí a minha caixinha e percebí que tinha dentro dela VOCÊ, eu me sentí a Mulher mais Privilegiada do Mundo, por ter alguém sensível, adorável, atencioso, charmoso enfim, tudo que uma mulher pode querer eu estava ganhando naquela caixinha de surpresa.
Você é o que eu tenho de melhor hoje.E posso te garantir que se você não existisse eu juro que te enventaria.

Foto de Cretchu

JOVEM E BELA COMO SEMPRE

Dedicado a J.
Sempre me ensinaram que anjos têm asas, mas agora sei que isto não é verdade. Anjos também sofrem acidentes, caem e se machucam. Mas eu sei que você vai superar tudo isto, minha querida, e voltar a pisar com seus lindos pés este chão que é abençoado com seus passos.

- Mais alguma coisa, Barão?
Respondi negativamente, com um gesto. Pedro, meu mordomo de tantos anos pegou suas malas e saiu da mansão vazia. Olhei para aquelas paredes que antes estavam tão repletas de quadros, aqueles cômodos outrora adornados por móveis caros... Agora vazios. A mansão, herança de meus antepassados que agora pertencia a outra família, novos ricos que investiam nessas velhas mansões que resistiam ao tempo, à especulação, fomentavam sonhos e sofriam com o alto valor do IPTU.
Além do mais, minha antiga mansão precisava de empregados, e eu já não podia mais contratá-los. Aos 98 anos, só me restava partir como fizera Pedro. Mas a partida de Pedro tinha um destino traçado por sua aposentadoria. Quanto a mim, iria me aposentar da vida. Aproximei-me da janela e vi o mar lá embaixo. Uma linda vista para a praia particular que já não me encantava como antes, em minha infância e juventude. Em minha juventude antes de encontrá-la.
Sim, antes de encontrá-la. Foi um único encontro, e desde então eu quero que ele se repita. Ela me prometeu que viria me buscar, e cá estou esperando. Por isso, deixo a mansão e vou até a praia. A lua se reflete nas águas escuras do mar que, revolto, se choca contra a areia. Deito-me distante, recostado numa pedra, triste porque sei que ela não virá. Prometeu que viria me buscar, mas minha esperança de que sua promessa iria se cumprir, é em vão. Qual a razão de tornar a ver este velho, ela que está tão jovem e linda como antes? Sim, como naquela época...
Eu tinha vinte anos, naquela época, e estava no Rio de Janeiro, participando de um réveillon e gastando em demasia a fortuna de meus pais, como sempre fazia. O baile no grande hotel estava animado, com figuras de escol, todos bem vestidos. Lindas damas, gentis cavalheiros, nobres decadentes, empresários espertos, políticos corruptos, agiotas rapaces, toda a elite brasileira e estrangeira se encontrava comemorando a passagem de ano. Eu já havia beijado e agarrado em segredo mulheres casadas, solteiras, viúvas, desquitadas, ou seja, tudo aquilo que é permitido a um descendente direto dos primeiros colonizadores da nação.
Uma donzela, filha de paulistas produtores de café, flertava comigo a todo instante. Esperei a hora certa de agir. Quando a moça olhou para mim e se dirigiu ao corredor que, naquele momento estava deserto já que todos se reuniam como gado nos últimos minutos do ano velho, percebi que deveria agir. Eu a segui com dificuldade, abrindo caminho entre a multidão de felizes e embriagados foliões. Já a perdera de vista e temi que não a encontrasse mais. Finalmente consegui ter acesso ao corredor, mas não a vi. Andei lentamente pelo corredor, sem ver a donzela. No caminho, encontrei seu lenço caído no chão. Percebi que uma surpresa não muito agradável poderia estar à espreita. Dei mais alguns passos, quando ouvi um gemido vindo atrás de uma das portas fechadas. Auscultei com atenção. Uma voz feminina tentava gritar por socorro, mas estava muito fraca. Tomei coragem e empurrei a porta, conseguindo abri-la.
A donzela estava desfalecida nos braços de uma garota vestida de negro. Fiquei estupefato, a princípio, mas depois fui tomado pelo horror. Do pescoço da donzela jorrava sangue, sua jugular fora atingida por algum objeto cortante. Então, com maior horror, notei que o corte partira dos dentes da outra garota. Recuei alguns passos. A garota largou o corpo da donzela, que tombou ao chão, e literalmente voou até mim. Caí para trás, ao chão, quando a garota me pegou pelo pescoço com a mão direita, enquanto sua mão esquerda amparou minha cabeça ao segurar minha nuca. Fiquei estendido no chão do corredor, com a garota sobre mim.
Foi assim que eu a conheci há mais de setenta anos. Ela me olhou profundamente. Seu corpo era esguio, ágil e leve. Sua pele morena e suave, as mãos, que seguravam meu pescoço e minha nuca, firmes. Os braços compridos e fortes. As pernas também fortes, as ancas discretas. Cabelos curtos e castanhos. Os pequenos seios comprimiam meu peito. Olhei diretamente em seus olhos. Eram negros como a noite. Nunca havia visto olhos de um tão belo negror. De sua boca, onde dentes alvos e perfeitos sorriam ironicamente para mim, exalava um aroma de morangos silvestres. Seu corpo tinha o cheiro do mato molhado que, na fazenda de meu pai, tanto alimentava meus sonhos infantis.
- Vale a pena deixar que você morra em meus braços? ela me perguntou com sua voz grave, mas com uma docilidade infantil.
Eu não conseguia pronunciar uma palavra sequer. Fiquei extasiado com a beleza daquele ser misterioso. Ela me largou e se ergueu agilmente. Levantei-me também e, num gesto ousado, segurei-a pelo braço.
- Quem é você? consegui perguntar.
Ela me olhou como um felino. Desvencilhou-se de mim, mas eu tornei a segurá-la.
- Me solte! ela ordenou.
- Então, me diga quem você é. insisti, largando seu braço. Ela caminhou até a janela, e eu pensei que iria fugir. – Por favor. pedi. – Me diga quem você é.
Ela tornou a me olhar, veio até mim e me abraçou. Disse-me:
- Sua vida não existe. O que você faz é arrastar-se por este mundo ilusório. Mas você pode viver novamente.
Neste momento, ela me deu um beijo ardente no rosto e depois na boca. Apertei-a fortemente. Nunca tinha sido beijado daquela forma. Foguetes estouraram, gritos animados explodiram, pois chegara o novo ano. Não sei quanto tempo se passou, mas ouvi que algumas pessoas estavam vindo ao nosso encontro. Ela abriu os olhos negros. Quando nossos corpos se separaram, ela tornou a caminhar até a janela.
- Não vá. tornei. Apontei para o cadáver da donzela, estendido no outro cômodo. – Eu posso dar um jeito nisso.
Ela sorriu para mim.
- Você está tão morto quanto ela. disse. – Mas você pode viver novamente. E quando for morrer de verdade, virei te buscar.
Terminando de dizer estar palavras, saltou pela janela. Fiquei desesperado, imaginando que se suicidara. Estávamos quase no terraço do grande hotel. Mas, quando cheguei à janela, eu a vi voando... Sim, voando ela fez um rápido vôo contra a claridade da lua e desapareceu no manto da noite.
Gritos me despertaram de meu torpor. Acharam o corpo da donzela, as pessoas outrora alegres pela chegada do novo ano, estavam aterradas. Fui forçado a responder uma série de perguntas. Fui conduzido à delegacia, tive que lá voltar várias vezes, mas após algumas semanas minha inocência foi comprovada e me deixaram em paz.
Assim me lembrei das palavras de minha amada. Eu estava morto sim, pois tinha uma vida dependente dos sucessos de meus pais. Mas poderia viver novamente. E assim terminei meus estudos, formei-me, fui dar aula de filosofia num seminário e depois numa faculdade que acabou sendo incorporada, posteriormente, a uma universidade federal. Casei e tive filhos. Viajei pelo mundo. Mas meu único objetivo era reencontrar aquela garota. O tempo ia passando para mim, deixando suas marcas. Herdei uma fortuna de meus pais. Fiquei viúvo aos 59 anos. Quando ultrapassei os setenta anos doei meus bens a meus filhos, à exceção da mansão onde vivia, buscando evitar para eles o martírio de um inventário.
Estava me acabando, e não a via mais. Sempre olhava para a lua, sabendo que em algum lugar deste mundo ela voava contra sua claridade. Sabia que ela era a personificação do amor, mesmo sendo uma criatura sombria. Eu a amava mais do que tudo. O que importa se era um ser noturno? Ora, a claridade da lua só pode ser vista à noite, mas ela pertence ao sol que lança seus raios luminosos contra este frio satélite. E esta claridade lunar inspira histórias de amor e, claro, de lobisomens. De seres perdidos como eu. Eu estava perdido sim, pois minha vida, embora recuperada, não era completa sem aquela garota que eu encontrara há tantos anos.
Dissera para mim que viria me buscar quando eu fosse morrer de verdade. Por isso estou nesta praia. Já não tenho mais nada. Como eu disse, doei meus bens para meus filhos, exceto a mansão onde vivia, mas que agora eu a havia vendido porque não poderia levá-la para o túmulo, e depositara o dinheiro na conta bancária de meus netos. Dispensara os empregados, após lhes arrumar colocação em outras casas e empresas. Meu mordomo Pedro conseguira se aposentar. Tudo estava em ordem, mas eu não conseguia morrer assim, feliz, já que esperava por ela e ela não vinha.
Aqui estou olhando as vagas do mar que choca contra a areia da praia. Não me incomoda a pedra sobre a qual estou recostado, pois minha dor pela saudade é maior do que a dor que a pedra impinge a este corpo de velho. A lua está lá, como sempre, iluminada pelo sol. O mar negro se agita. E eu aqui, sozinho, sabendo que minha hora chegou, mas a promessa dela não será cumprida.
Neste momento de desespero, desesperança e descrença, sinto um toque de uma forte mão em meu ombro. Ergo os olhos e a vejo, jovem e linda como antes. Sorri para mim, seus olhos negros brilham em contraste com a lua.
- Eu não disse que viria? ela diz.
Sim, neste momento único ela cumpriu o que dissera no dia em que eu encontrei o verdadeiro amor. E agora posso também cumprir meu destino, tão diferente do dela que é viver para sempre, mas o cumprirei em seus braços. Sua mão roça meu ombro, e ela, ao voltar, me deu a paz.

Foto de Carmen Lúcia

Livre, leve, ilesa...

Confundir alhos com bugalhos?
Cansei!
Cair no conto do vigário?
Parei!
Ouvir estórias da Carochinha?
Conta-as pra tua vizinha!

Procura outra praia...
Que essa agora é só minha!
Queres, comigo, fazer hora?
O tempo é sagrado
e se não te agrado,
cai fora!

Relógio é quem trabalha de graça
e não faz pirraça...
Trapaça o tempo todo?Só pra bobo.
Um dia cai a máscara!
A verdade sempre aparece,
prevalece
e ninguém se compadece.
"E agora, José?"
Nossa história findou,
a fonte secou...
O que era pouco, acabou.

A lua está linda!
Vou andar pela rua,
livre, leve, ilesa...
Em toda esquina
há sempre uma surpresa.

_Carmen Lúcia_

Foto de Rosinéri

OUTRA VEZ

Faz algum tempo que eu não sentia saudades de alguém.
Sentia saudades de sentir saudades.Amar outra vez.
De poder pegar o telefone, num lugar distante, em que eu estivesse e ligar para alguém tão importante.
Alguém que me faz esquecer de todas as minhas mágoas, apagar os erros da minha estrada.
Reviver o gosto da paixão.
Hoje aqui distante sozinha num quarto, surpresa de mim, falando de alguém, pensando em alguém.
Que é alguém para mim.

Foto de diny

AMOR

AMOR

A tua alegria de viver
cristaliza
a razão do existir
a essência da própria vida!

A magnitude de teu ser
é plenitude
fluindo a todo instante de ti
num enlevo alucinante
das ondas de teu carinho

Assim o ar se faz vibrar
com luminosidade e cor
impregnado da beleza do amor
que vem de ti!

O teu suspirar é pura poesia
o teu sorriso puro encanto
combinando magia e melodia
de causar surpresa e espanto

Tudo em ti é particular
a maneira de emudecer de emoção
com um simples olhar;
a forma de tocar o coração
com a voz carinhosa e sensual
faz de ti um ser total
muito muito especial.

Diny Souto

Foto de vulcão

Enfim

Enfim
Você esta dentro de mim
Assim eu sinto-te mais perto
E meu corpo a teu alcance
Para saciar seus desejos
Os mais puros e sinceros

Meu corpo arde em prazer
E é o teu que ele procura
Não só por prazer e sim por amor
Meu coração pulsa a cada gesto teu

Pego-me de surpresa a olhar em sua direção
E logo começo a respirar ofegante
Meu corpo a suar incessantemente
Revirando-me ao imaginar-me nos teus braços

Você se aproxima
Com o olhar de quem está afim
Nossos corpos já em sincronia
Grudam como ímã
Trocando carinhos logo caímos sobre a cama
Em longos beijos de puro prazer

Percorro teu corpo cheia de desejo
Sinto teu cheiro
Mordo cada pedacinho do teu corpo
A procura inconstante de encontrar em você
O mais puro amor!!!

Foto de MarvinCesvaz

Crônica da Felicidade

Sustentamos como evidentes estas verdades:
Que todos os homens são criados iguais
e que são dotados por seu Criador
de certos direitos inalienáveis.
Que entre estes estão:
A vida, a liberdade e a busca da felicidade

Engraçado como isso não faz sentido, não?
Penso;
A felicidade, é algo que não se procura.
Se lhe dissessem que tem o direito de ir atrás de seus sonhos e,
se Deus quiser, isso te faz feliz, provavelmente acreditaria. ( mentira? )
Talvez eu esteja errado, e não que eu tenha razão ou seja vidente, no entanto,
só não esta implícito como é evidente; e Deus me perdoe e eu estiver errado...
Mas evoluímos condicionados a isto: "A busca da felicidade e sua falsa Promessa."
Esquecendo-nos ou nem nos dando conta de que, pode ser surpresa e surpreendente,
e não estar somente (ou nem um pouco) nos objetivos e ideais. Não é isso que é felicidade.

...Semântica?
Não, é filosofia!
A felicidade é intangível, é uma emoção.
Não pode ir a sua busca.

Então um de nossos fundamentos está enganado?
Se quiser considerar desta forma, é exatamente isso.
A felicidade não é um causador;
É causa! Não é dinheiro, objeto ou um estado.
Não é uma ciência física, não é estratégia, uma invariável nem material.
A felicidade é simplesmente felicidade.
Algo derivado e que se deriva.
Não se planeja não encomenda, simplesmente vem; vem-nos; chega
E não procuramos nem buscamos.
Primeiramente, ela não esta perdida!
Segundo pode se dizer que simplesmente, ela não nasceu.
Está para nascer, esperando, ou ainda não fomos apresentados.

As vezes indesejável (indesejada), as vezes de proveta.
Por fim, quando nasce ou se apresenta
É um bebê, um filhote, é uma constante e mutável.
O emprego da(de) felicidade na construção de frases pode ser um recurso estilístico que confere ao trecho empregado uma forma mais erudita ou que chame atenção do leitor ou do ouvinte.
Ou ela pode não ser empregada, e ser autônoma (na integra desempregada);
Um cachorro sem dono, um gato sem lar ou simplesmente ser vida e/ou vivida.
Finita ou infinita não importa.
Pode ser limitada ou ilimitada, durar 100 anos ou 10 minutos.
E, a felicidade pode ter vários nomes,
Se chamar "Pai", "Mãe", "Filho";
Se chamar "Amante", "Esposa" ou "Amigo".
Pode também não ter nome nenhum.
Cada um tem sua visão, seu ponto de vista.
Opinião pessoal, sua intuição e tradução específica, ou singularidade; diferencial.

Há quem conhece a felicidade ainda inocente
Pode alguém também levar uma vida inteira sem saber o que de verdade seja isso.
Talvez eu tenha mais dez anos em vida,
Talvez não acorde para contar história, ou que viva dez vezes em anos o que já vivi e conquiste, quiçá até lá, meu nome no livro dos recordes (“O Homem mais velho”) e contudo, poderia eu morrer sem conhecer ou saber o que é:

“F-E-L-I-C-I-D-A-D-E”

Irrefutável espírito
Espírito em estado e não estado de vida, nem status
Felicidade, estado de espírito e não vida balizada.

A minha (por exemplo) pode vir das esperanças de um sonho
Uma vida em comunidade, uma rua de mão única, ou, uma conquista profissional.
Ou, pode se encontrar depois de uma encruzilhada,
(Seguida confim) N’uma casinha com cercadinho branco, pequenina e no alto do morro
E pode estar sujeita a mudar e ser em uma mansão, ou naquele AP apertadinho do centro;
Em um bairro afastado (é indiferente), no entanto, recheada com esposa e lindos filhos.

Não importa! A felicidade é o inesperado, como disse,
Indiscutível, irretorquível e indescritível anseio.
Felicidade é contudo, passar pela porta estreita.

Muitos até individualizam felicidade com paixão absoluta
Embora não seja somente isso!
E outros, vêem felicidade como um mercado fechado
Apenas segurança se esquecendo do sentimento.
Se formos focalizar, por exemplo, felicidade quando confundida a contos de fadas
Relacionadas ao coração (tolos aqueles que se limitam apenas à)
Obteremos então um caminho mais abrangente.
Assim, é legal por hora, lembrar que
Na vida real, os amores não são como nos contos de fada.
A pessoa escolhida para ser amada é bem concreta, com defeitos e qualidades.

Aos quinze anos, espera-se que o príncipe encantado venha montado num cavalo branco.

Aos vinte, a exigência torna-se menor: o cavalo pode ser pardo.
Aos vinte e cinco, admite-se a possibilidade de que o cavalo nem é mais necessário, pode vir num jegue mesmo!

É mais ou menos assim que as expectativas de felicidade (em amor) vão se acomodando dentro do coração da gente à medida que o tempo passa.
Quanto menos enxergamo-nos a nós mesmos, mais são as exigências que fazemos.
Isso deveria nos fazer parar para rever nossos conceitos. (“Que isso, pura bobagem!”- sociopatia)

Entretanto a vida é real e, por ser real, os cavalos não são tão brancos, os príncipes não são tão belos e as princesas têm frieiras nos dedos dos pés.

No momento em que percebemos a inadequação entre o sonho e realidade,
descobrimos que tal felicidade e o amor que pensávamos que tínhamos pelo outro na
verdade não passava de uma projeção de carência e idealizações.

Não podemos nos esquecer de que o amor humano só é possível a partir da precariedade. Somos a mistura de qualidades e defeitos, de belezas e feiúras.
O amor só é verdadeiramente consistente no dia em que descobrimos o que o outro tem de melhor e de pior.
O problema é que, na projeção de nossas necessidades, cegamo-nos para o real, para o verdadeiramente possível.

Assim, nos tornando passivos no sentimento, à uma emoção inerte,
Ignorada e posta a morte, enquanto amamos e felizes somos na passiva ate que, amor ou felicidade não tenha passado de mais um conto d’uma pagina em nosso livro.

Com isso, passamos a esperar o que não existe, o que não se dará justamente por estar fora do horizonte de nossas possibilidades (ou exigências/conceitos e pré conceitos mal formados) e que, a felicidade (assim neste aspecto) se torna utópica e então criamos além e também, inúmeras e varias outras, e barreiras, que não caberia de impedir um bem maior. (o que infelizmente se sucede)

Assim sendo, o seu príncipe tão esperado pode até existir.
E a sua princesa tão desejada pode estar escondida em algum lugar, mas por favor, seja realista!
É preciso baixar as expectativas.
O amor de sua vida e sua felicidade virá, mas não creio que seja tudo isso que você espera.

Cavalos brancos e pote de ouro no fim do arco-íris são muito raros nos dias de hoje.
É mais fácil o seu príncipe chegar num fusquinha azul clarinho modelo 67 e sua felicidade se encontrar em uma casinha na beira de um pequeno lago.

E a sua princesa, até creio que ela esteja esperando por você, mas não que ela esteja numa torre, envolvida numa atmosfera de encanto.
É mais provável encontrá-la atrás de um balcão de padaria ou até mesmo no caixa de supermercado mais próximo.

Não tem problema...
Embora os moldes sejam diferentes dos contos de fadas, todos têm o direito de viverem “felizes” para sempre!

Simplesmente espero que, não tenham certo julgamento a respeito de felicidade.
Amor é amor, alegria é alegria e Felicidade é felicidade e não “Feliz-Cidade”!
Abram os olhos, não está a “olho nu” e sim além...
A felicidade está em você, a felicidade agrega, é você; somos nós!
E não se acomode ou acanhe por conta da sociedade
Pois você se conhece, os outros, só te imaginam...!” ( MarvinVaz – Crônica da Felicidade )

Foto de Osmar Fernandes

O mundo encantado de Isabel

O mundo encantado de Isabel

Em uma terra muito distante, vivia uma menina que se chamava, Isabel. Essa terra, onde ela morava, era um lugar encantado. Havia fadas, gnomos e duendes. Nesse lugar encantado as flores falavam e todos os animais se comunicavam entre si. As nuvens eram feitas de algodão doce e os rios eram formados de sucos, refrigerantes e água potável. A menina Isabel adorava essa terra de sonhos, era o seu mundo encantado. Todos, ali, viviam felizes.
Um dia a menina Isabel e a sua amiguinha – a fada Raio de Sol, ficaram desesperadas ao verem a floresta do mundo encantado pegando fogo. Uma enorme nuvem negra era vista pelos quatro cantos do mundo encantado. Formou-se um cataclismo. Viram que um imenso Dragão do mal estava incendiando a floresta, soltando muito fogo pela sua boca. A menina Isabel ficou muito angustiada, indefesa e sem saber o que fazer. Foi quando teve uma idéia supimpa e falou de supetão à sua amiguinha:
- Fadinha, você tem que me ajudar a salvar o mundo encantado, urgente, antes que seja totalmente destruído pelo dragão do mal. Transforme-me num animal poderoso para que eu possa dominar e conter a fúria desse monstro de asas.
Tristemente, a fadinha lhe respondeu:
- Não posso fazer isso sem a permissão do poderoso mago, Merlin. Ele é o comandante do meu reino. Se ele descobrir que alguma fada principiante, como eu; desrespeitou o livro sagrado, ele a manda para ser julgada no Tribunal das Fadas; e dificilmente a ré obterá a absolvição, pois é falta gravíssima e a condenação é inevitável. Além de perder todo o poder mágico, a fada condenada volta a ser uma simples mortal. Para mim, é sentença de morte. Não posso correr esse risco. O castigo é muito severo.
A menina Isabel, chorando, respondeu:
- O mago, Merlin, nunca vai saber disso. Será o nosso segredo para o resto de nossas vidas. É causa justa, é caso de vida ou morte! Se você não me transformar logo, vai ser tarde demais. Todos irão morrer. Aquele dendroclasta está exterminando o meu mundo. Amiguinhos meus estão morrendo indefesos. Pelo amor do criador do mundo do faz-de-conta, ajude-me a salvá-los, por favor!?
A fadinha amiga, piedosa que era, não vendo outro jeito, comovida, repleta de compaixão, resolveu desobedecer à ordem do seu superior, e, ao estatuto de sua lei, e decidiu ajudar a menina Isabel.
Pôs o seu dedo mindinho no narizinho dela e pronunciou as palavras mágicas, dizendo:
-Pirilim, trintrinc, trimplintrinc... Repetiu três vezes, e, de repente, o corpinho da menina Isabel foi sofrendo uma mutação, e transformou-se numa ave grande e forte e muito formosa – numa Águia Dourada.
Bem baixinho, a fadinha sussurrou ao pé do seu ouvido, dizendo:
- Voa, voa, voa bem alto minha linda Águia Dourada, e salve o mundo encantado e todos os habitantes do reino da menina Isabel.
A ave deu um vôo rasante, e aos poucos começou a voar, voar bem alto e poderosamente, como nem outro pássaro jamais havia voado em todo o mundo encantado.
A fadinha sentou-se muito preocupada diante da sombra de uma bela arvoreta, e, resmungando, disse a si mesma: “Por Merlin! Como vou sair dessa?... Desobedeci o mandamento mais sagrado do livro das fadas. E, agora?!”
Só aí ela se deu conta do que tinha feito. Não havia mais jeito de voltar atrás. O grande problema, além de sua desobediência, era que não sabia desfazer aquela mágica. A menina Isabel poderia viver eternamente como uma Águia Dourada. Era sua primeira mágica, sua iniciação.
Enquanto isso, a Águia Dourada fora ao encontro daquele monstro destruidor da floresta e ao se aproximar dele, furiosamente, disse:
- Por que você está destruindo o mundo encantado da menina Isabel?
O dragão respondeu:
- Porque alguém deste mundo encantado roubou o ovo de ouro do meu povo, e, sem ele, todos os dragões desaparecerão. Será o fim da minha espécie. Eu soube ainda, através da bruxa Doroti, que, o sumiço do ovo foi a mando do mago Merlin, porque ele quer dominar todos os mundos.
A Águia Dourada, ficou entristecida e muito pensativa... Na verdade, o que aconteceu, de fato, foi que a bruxa malvada invejosa queria destruir a felicidade do mundo encantado da menina Isabel, e, ao descobrir o segredo do ovo de ouro dos dragões resolveu roubá-lo, e pôr a culpa no mundo da menina Isabel.
A Águia Dourada, levantando a cabeça, emocionada e preocupada com a mentira da bruxa, respondeu ao dragão:
- Como você pôde acreditar numa loucura dessas! Você sabe que a feiticeira é cheia de inveja, de ira; ela tem ciúme de todo mundo que vive feliz. Você acha que o poderoso mágico de todo o universo, o criador de todo o mundo do faz-de-conta, precisaria mandar alguém do mundo encantado roubar o ovo de ouro dos dragões para aumentar o seu poder e dominar todos os mundos? Você não acha que aí tem coisa? Tem o dedo podre da feiticeira?!
O dragão, fazendo uma pausa, parou e pensou... Deu um vôo extraordinário, foi até o rio do mundo encantado, encheu sua enorme boca d’água, e, sobrevoando a floresta em chamas, como um verdadeiro bombeiro, começou a apagar aquele incêndio, que ele mesmo havia provocado.
A Águia Dourada ficou muito feliz com a atitude do Dragão, e começou a ajudá-lo. Depois de muito trabalho, o fogo foi controlado e apagado, e o incendiário disse à sua ajudante:
- Desculpe-me, perdoe-me! Causei muitos estragos, sofrimentos, tristezas e mortes. Eu estava enfurecido, descontrolado, irado, e não parei para refletir. Acreditei na conversa mole daquela malévola feiticeira e fiquei fora de mim. Acreditei em quem não deveria, e, agora, estou arrependido. Vou tirar isso a limpo, vou até o castelo daquela maldita e vou exigir suas explicações, minuciosamente, detalhadamente, e, se ela não me disser a verdade e não me devolver o ovo de ouro, destruirei aquele lugar fedorento e horrendo.
Animada, feliz com esse procedimento, disse ao Dragão:
- Vou junto contigo, quero olhar bem no fundo dos olhos daquela invejosa, e quero ouvir o que tem a dizer.
O monstro concordou imediatamente, e os dois voaram três dias e três noites rumo ao destino almejado, o castelo da bruxa.
Mas, antes que eles chegassem, a feiticeira foi informada pelo seu olheiro, que vivia no mundo encantado – o seu Piolho, seu puxa-saco – de tudo o que havia visto e ouvido... E que o Dragão e a Águia Dourada estavam a um passo de seu castelo.
A feiticeira não perdeu tempo e convocou o seu exército do mal para impedir a ação do Dragão e da Águia Dourada.
O exército da feiticeira armou uma cilada, uma tocaia para os invasores, que foram surpreendidos, feridos e imobilizados, acorrentados e presos no calabouço do castelo.
Longe dali, no mundo encantado, Dona Arvoreta despertou subitamente e acordou a fadinha angustiada e disse:
- Eu tive um sonho muito ruim, um mau presságio. Vi o seu Dragão e sua amiguinha – a Águia Dourada, tocaiados pelo exército do mal da feiticeira e foram surpreendidos, feridos, acorrentados e presos no calabouço do castelo da bruxa. Correm perigo de vida. Você tem que fazer algo imediatamente, senão eles vão desaparecer para sempre.
Meio sonolenta ainda, e sem compreender direito, a fadinha disse, de supetão:
- Mas, como assim? Que conversa fiada é essa? Quem me diz uma asneira dessa?
Só um pouquinho depois, ela se deu conta de que estava sozinha, que havia sonhado, tido uma premonição ou algo parecido... Confusa, olhou para os lados, não viu ninguém... E dona Arvoreta mais uma vez insistiu, dizendo:
- Não, não é devaneio seu, sou eu que lhe falo.
E, despertando a fadinha, dona Arvoreta lhe mostrou, através do seu espelho mágico, o Dragão e a sua amiguinha, presos. E, contou-lhe tudo o que havia acontecido... e ainda, disse-lhe:
- Somente você pode salvá-los. Faça isso antes que seja tarde demais, pois a bruxa malvada pretende transformá-los em soldados de seu exército maligno. Esse castigo é pior que beber do veneno da própria morte.
A fadinha, chocada com essa notícia, não viu outro jeito, senão pedir socorro para o grande mago, Merlin, e lhe contar toda a história, acontecesse o que acontecesse. Era tudo ou nada! Era caso de vida ou morte! De súbito, transportou-se para o Castelo do grande Mestre. Imediatamente, marcou uma audiência e foi ter com ele, e lhe confidenciou:
- Senhor, criador do planeta da imaginação, do mundo encantado e do mundo do faz-de-conta, cometi um grave erro, um pecado mortal, desobedeci a lei do grande livro das fadas. Sem o seu consentimento transformei a menina Isabel em uma ave poderosa. Mas, afirmo-lhe, senhor, foi por causa justa e urgente, caso de vida ou morte! O Dragão destruidor, estava incendiando o mundo encantado. Perdoa-me, senhor, por isto! Mas, a menina, Isabel, desesperada, vendo o seu mundo em chamas ardentes e os seus amigos morrendo, suplicou-me, e, naquele instante, agi de acordo com o meu coração, e vi que a única forma da menina enfrentar a fúria do monstro era através da minha ajuda, por isso, fiz o que fiz.
A fadinha contou-lhe toda a história, e disse que precisava de sua ajuda para salvá-los das garras da bruxa malvada, senão eles poderiam morrer ou tornarem-se escravos do exército da feiticeira. O poderoso mago, respondeu:
- De fato, você cometeu uma gravíssima falta e será julgada de acordo com o seu erro, pelo Tribunal das Fadas. Se for condenada, nada poderei fazer para ajudá-la. Se for absolvida, dar-lhe-ei poderes para que lute contra o exército do mal e os feitiços de Doroti, e salve os seus amigos.
A fadinha ficou detida no palácio do mago. Mas, naquele mesmo dia, o grande mestre convocou o Tribunal das Fadas, para julgá-la, assim composto: O juiz – O mago Merlin; o defensor público do livro sagrado – o papa das fadas – o senhor Bagú; o advogado da fadinha – o doutor Galileu; O corpo de jurado – formado por sete fadas madrinhas, dois duendes e dois gnomos.
Iniciado o julgamento, o defensor do livro sagrado do mundo do faz-de-conta, disse, após a leitura dos autos:
- As leis do livro sagrado são bem claras, e diz: no seu capítulo I - art. 4°. “-Nenhuma fada iniciante poderá fazer qualquer mágica sem a permissão do grande mago, Merlin. Aquela que desobedecer a lei perderá o seu poder mágico e viverá como uma simples mortal, e será jogada e abandonada para sempre no calabouço do mundo da escuridão.” Por isso, peço ao corpo de jurado que a condene, para que isto sirva de exemplo para as outras fadinhas principiantes. Não podemos abrir nem um precedente, para que não caiamos na ridicularidade em casos futuros. Peço pena máxima para a fadinha desobediente.
Levantando-se, o advogado da fadinha disse:
- Excelentíssimo senhor Defensor se esqueceu de que toda regra tem a sua exceção. A fadinha não fez uma mágica por achá-la bonita ou para se aparecer. Ela socorreu uma amiga em apuro, que, desesperada, implorou-lhe ajuda para salvar o seu mundo da fúria do Dragão e do incêndio da floresta. Foi caso de vida ou morte! Se a fadinha não tivesse tomado essa atitude naquele momento, todo o mundo encantado teria sido destruído e se transformado em cinzas, e todos os seus habitantes estariam mortos agora. Não vejo nenhum crime nisso. Provavelmente, se ela não tivesse tomado aquela decisão, naquela hora, estaríamos aqui, não a julgando, mas condenando-a por omissão, o que seria de fato um crime imperdoável.
Nesse momento, a platéia, que era formada por muitos gnomos, duendes e pelos habitantes do mundo encantado, pronunciaram: “Ela é inocente! Inocentem-na! Salvem-na, antes que seja tarde demais! E o Juiz, o poderoso mago, Merlin, com o seu martelo prateado, bateu-o várias vezes em sua sineta, pedindo: silêncio! silêncio! Senão vou colocá-los para fora do tribunal.
O Julgamento foi suspenso por duas horas. O júri reuniu-se para tomar a decisão final.
Logo depois, recomposto o julgamento, o juiz, o todo poderoso mago, Merlin, perguntou ao Presidente do júri:
- Senhor presidente, qual foi o veredicto do júri?
O senhor presidente respondeu:
- Excelentíssimo senhor juiz mago Merlin, o júri, depois de muito raciocinar, por unanimidade, chegou à conclusão de que a fadinha Raio de Sol é inocente!
A felicidade do auditório foi de grande euforia... E o senhor juiz determinou que ela fosse solta, imediatamente. A Fadinha agradeceu o seu advogado e todo o júri, dizendo: “Muito obrigada! Por Merlin, muito obrigada!” E, foi ter com o juiz, em seu gabinete, dizendo:
- Senhor, meu poderoso mago Merlin, ajude-me a salvar o Dragão e a menina Isabel, eu não sei o que fazer!
Merlin disse à fadinha Raio de Sol:
- A partir de agora, você será uma fada de quinta grandeza e terá poderes de uma fada madrinha. Ordeno-lhe que descubra quem roubou o ovo de ouro do mundo dos Dragões e o puna conforme a sua consciência. Dê-lhe o merecido castigo.
A fadinha, rapidamente, convocou treze amigos, para ajudá-la nessa missão. E partiram para a batalha na hora do crepúsculo.
O exército do bem, representado pela fadinha e seus amigos, iria enfrentar o exército do mal, da bruxa malvada. O risco de morte e destruição era muito grande. O combate seria sangrento e ninguém podia prever o seu final.
Ao se aproximar do castelo maligno, o exército do bem surpreendeu o exército do mal; e a fadinha, seus gnomos e duendes, transformaram o exército da bruxa em estátua gélida... e invadiram o castelo; e de surpresa adentraram o laboratório da megera, e a fadinha Raio de Sol, com os poderes ganhos do seu mestre, disse a ela:
- Exijo que solte os meus amigos agora mesmo, senão, vou transformá-la numa coisa feia, tão feia, que teria sido melhor nunca ter existido. Se não me atender agora mesmo, vai se arrepender por toda a sua existência diabólica.
Sentada no seu trono horrível, a bruxa, desconcertadamente, com ares de coitadinha, disse:
- Não sei do que você está falando!
E, a fadinha, irritada, impaciente, severamente, respondeu:
- Estou perdendo a minha calma, obedeça-me, ou destruí-la-ei eternamente.
A bruxa, notando que a fadinha falava com compostura, com medo respondeu:
- Eu sei que você agora tem poderes, é uma fada madrinha, mas, só vou pô-los em liberdade, se fizermos um acordo.
A fadinha, angustiada, disse:
- Que tipo de acordo?
A bruxa, tremendo de medo, falou:
- Você tem que me prometer que vai conter a fúria do Dragão, para que ele não me destrua. Esse é o acordo. Sei que a palavra de uma Fada Madrinha não pode ser quebrada em hipótese alguma. Isso está escrito no grande livro sagrado das Fadas. Não é?
Raio de Sol, respondeu à bruxa:
- É verdade. Tem a minha palavra! Agora, solte-os.
A bruxa ordenou aos seus malfeitores, que soltaram o Dragão e a Águia Dourada. Foram trazidos imediatamente ao laboratório da bruxa, que ao verem a fadinha, alegraram-se, e o Dragão, enfurecidamente, disse:
- Doroti, bruxa de belzebu, larapia e mentirosa, agora me fale aonde está o ovo de ouro do meu povo?
A bruxa, encurralada, sitiada, resolveu ceder e contar a verdade, dizendo:
- Está bem, eu confesso que o roubei, mas só vou devolvê-lo se me prometer que não vai destruir-me, conforme o acordo que fiz com a Fada Madrinha.
Nesse exato momento, o Dragão fitou a Fadinha, que balançou a cabeça, afirmativamente, e, o Dragão então disse:
- Sendo assim, prometo. Mas, traga-me logo o que é meu, antes que eu mude de idéia.
A bruxa mandou os seus comparsas buscarem imediatamente o ovo de ouro, e o entregou ao seu legítimo dono.
O Dragão, felicíssimo, despediu-se dos seus amigos e mais uma vez pediu perdão para Águia Dourada, pelos danos, mortes e sofrimentos que causou aos habitantes do mundo encantado, e partiu.
A fadinha disse à bruxa malvada:
- Prometi e cumpri. O Dragão não lhe destruiu. De hoje em diante, você não terá mais o poder de fazer mal. Passará o resto de sua vida nojenta condenada a vegetar no mundo da escuridão, no calabouço do seu castelo sujo, sozinha. Conhecerá o sofrimento da pobreza, da solidão e da velhice. Depois pagará os seus crimes conforme o que está escrito no grande livro do mago Merlin. Será, a partir de agora, uma simples mortal, e conhecerá a morte... Seu exército transformá-lo-ei numa tropa do bem, vai ajudar todos os necessitados... Chamar-se-á o exército da salvação dos excluídos. Aonde houver uma destruição, incêndio ou catástrofe, estará lá para ajudar a salvar e depois a reconstruir... Esse é o seu castigo.
Condenando a bruxa, enviou os exércitos para uma missão secreta... A fadinha, despediu-se... E partiu com a sua amiguinha.
Depois de longa viagem, resolveram descansar. Aterrissaram debaixo daquela mesma arvorezinha... E a Águia Dourada disse:
- Estou muito feliz por toda ajuda que me deu. Salvei muitos amigos e meu mundo encantado da fúria do Dragão, e a questão do roubo do ovo de ouro foi esclarecida. Agora quero voltar a ser novamente o que sou, a menina Isabel, certo?
A fadinha tristemente lhe respondeu:
- Virei o meu mundo do avesso para ajudá-la. Fui parar no Tribunal das Fadas por isso. Não estou nenhum pouco arrependida pelo que fiz. Faria tudo de novo. Mas, não sei como desfazer essa metamorfose, não sei como transformá-la novamente na minha amiguinha. Naquele dia eu tentei avisar você, mas tudo aconteceu tão rápido, que não me deu ouvidos, nem tempo para eu falar.
A Águia começou a chorar, desesperadamente, e a dizer para si mesma: “E agora, meu Senhor, Merlin, criador do mundo do faz-de-conta e do mundo encantado, o que será da minha vida? O que vou dizer para os meus pais? O que vão pensar de mim ao me verem assim? Ajude-me!”
De repente, com autoridade, uma voz serena sai da boca daquela arvorezinha e diz:
- Não chore, menina Isabel, não chore! Sou eu, o mago Merlin. Ouvi os seus clamores... Conheço seu coração e a sua grandeza, e vi o amor que sente pelo seu mundo encantado e pelos seus amigos; vi a sua coragem ao enfrentar a fúria do Dragão para salvá-los; o desafio que encarou para provar quem era a verdadeira ladra do ovo de ouro. Todo o seu gesto e toda a sua ação são dignos de aplausos em todo o meu mundo. Portanto, dou à fadinha o poder para que ela possa desfazer essa mágica e você voltar a ser quem era.
O poderoso mago Merlin deu poderes à fadinha, e ela pôs o seu dedinho no nariz da Águia Dourada e disse:
- Pirilin, trintric, trimplintric... Repetiu três vezes as mesmas palavras e mais três de formas inversas, e a menina Isabel, num passe de mágica voltou a ser como era.
O mago Merlin, assistindo a esse momento espetacular, deu um grande “arroto”, fechou sua boca, enorme, e adormeceu novamente. E, a fadinha disse à sua amiguinha:
- Vá imediatamente para o seu mundo encantado e reencontre a felicidade, porque é a única riqueza que vale a pena, é o tesouro; todo mundo a carrega dentro de si mesmo, mas pouca gente consegue encontrá-la.
E, falando assim, abraçou a menina Isabel, deu três beijinhos e partiu...
A menina Isabel, correu para o seu mundo, convocou todos os seus amigos, e disse:
Vamos reconstruir nosso mundo encantado, num mutirão de solidariedade, porque a vida só tem valor e graça se tiver cooperação de todos, em qualquer momento, mas principalmente nos difíceis. O amor, o respeito e a amizade são sentimentos fundamentais para que uma sociedade possa viver em paz. A amizade salvou o nosso mundo encantado da fúria do Dragão e da mentira da bruxa Doroti.

“Lembrem-se que a verdade vem sempre à tona, doa a quem doer... A mentira tem perna curta!... E, o bem sempre vencerá o mal, custe o que custar!”

(Respeite o direito autoral... - do livro de minha autoria Crisálida - a motivação da vida)

Foto de Graciele Gessner

A Surpresa Fatal! (Graciele_Gessner)

Mais uma entre tantas viagens realizadas.
A minha presença, você não esperava.
Surpreendido você rapidamente acenou,
Ao ver que a sua amada o aguardava.

A despedida recheada de emoção,
Fez da surpresa o manifesto do choro.
Aquele fatal adeus foi à destruição.

08.11.2008

Escrito por Graciele Gessner.

* Se copiar, favor divulgar a autoria. Obrigada!

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