Significado

Foto de Adriana Mallet

Só queria ser feliz com você!

Quando o amor acaba;
Vem a solidão;
a depressão;
e os porquês nunca são respondidos.
Então nos entregamos a sentimentos,
contrários a felicidade!
O que fiz de errado;
se eu só queria ser feliz, e te fazer feliz!
É irracional!
Preciso chorar!
Preciso de uma rota de fuga!
Foi preciso perder;
pra reconhecer que esse amor,
vai ficar marcado na minha memória!
Preciso juntar os cacos,
do meu coração dilacerado, pela saudade!
Difícil ficar sem você!
É tolice, continuar essa história,
que o destino já traçou seu fim!
Tenho que aprender a viver,
sem teu amor!
Recomeçar!
Acreditar, que meus sentimentos;
vão reviver como a Fênix!
Pois para mim,
o significado da palavra FELICIDADE era você!
Tenho que reinventar para mim,
um novo dicionário do amor!
Aprender a ser feliz sem você!
Acreditar em mim novamente...
E de novo sonhar!
Pois eu só queria ser feliz!
Eu só queria você!

Foto de NiKKo

Amor, amizade e respeito

Tenho em mim um coração que pulsa.
Em minhas veias eu sinto o sangue a correr.
Tenho vinte e quatro horas, sete dias por semana,
a minha mente feliz por simplesmente viver.

Eu sou capaz de amar e tenho sonhos
Tenho capacidade de compreender e perdoar
E lamento quando encontro pessoas pequenas e vazias
Que vivem sem saber o que é amar.

Eu mesmo quando estou sozinha,
no céu, mesmo estrelas encobertas eu consigo ver
Mas tem pessoas que são sozinha mesmo em meio a outras
Fingem que são felizes, mas estão sempre a sofrer.

Essas pessoas não sabem, isso é certo
que existem varias formas de se amar.
Que a amizade é apenas uma delas
Mas em todas tem que se saber o outro respeitar.

Infelizmente essas pessoas não conseguem ver
Que brincam com os sentimentos alheios,
Fazem tudo como se fossem, o centro do mundo
E escondem ate de si mesmo, sua dor, seus receios.

Essas pessoas infelizmente não descobriram
que o amor é uma flor que com cuidado se deve tratar.
Por isso eu tenho pena de pessoas como essas
Por que na verdade não sabem o significado da palavra amar.

Por isso eu sou feliz, não minto ou escondo,
Que já sofri por amor e sei que muitas vezes vou chorar
Mas o amor é sentimento que preenche meu coração
E tenho muitos amigos e sozinha, eu sei, nunca vou estar.

Foto de Raiblue

Enigma imortal

Enigma imortal

Um signo
Uma sigla
Sem significado
Exato
Imensurável...
Enigma
Esgrima
Entre o espírito
E a carne
Combate
Na escuridão
Da alma
Insight
Revelação
Tudo é silêncio
Eis seu templo ...
Indecifrável
Para sempre
Mistério...
Entre o céu
E a terra
O seu império...
Mais que filosofia
Poesia...
Deus universal
Ou demônio
Quando não
Sabemos
Traduzi-lo...
Veneno
E antídoto
Algemas
E vôo
Ponte
E abismo...
Crime sem
Castigo...
Revolução
Azul...

Enigma imortal
Que nos salva
E nos mata...

Amor...

(Raiblue)

Foto de Noslen

Acordei..

Acordei cedo, fui fazer os meus kilometros de bicicleta.
O brilho da manha não é nada comparado com o brilho dos teus olhos.
O suave cantar dos pássaros chilreando á minha passagem torna-se ruído ao lembrar-me do doce som da tua voz.
O ar puro que respiro ao ritmo que pedalo torna-se asfixiante com a falta do teu cheiro.
Aquecem-me o rosto os raios de sol , que tenuemente espreitam por entre as nuvens que teimam em não se dissipar mas, tornam-se em gelo quando comparados com o calor do teu corpo junto do meu.
As gotas de agua que bebo para saciar a minha sede, tornam-se em lufadas de pó ao pensar na paixão e amor que recebo dos teus lábios.
Volto ao beijo de ontem, ao abraço de antes, as palavras que me disseste ao te despedires e assim encontro forças para pedalar mais um pouco e chegar a casa.
As coisas mais simples da vida só tem significado porque tu existes…
Obrigado,
obrigado por seres a minha principal razão de viver…
Amo-te…

Foto de Alex_sandro

Musa

Musa do meu coração,
Mulher dos meus sonhos
sem te sonhar,
sem te esperar,
cruzastes meu caminho
sem sequer me olhar.

Mais tarde, no final do dia,
nossos caminhos
se cruzaram de novo,
e ao cruzar teu olhar de fogo,
me perdi na tua contemplação
doce espelho do meu coração.

Como esquecer
esse breve momento de paixão
quando tu és o unico sonho
que me persegue e me encanta.
O amor tão esperado,
Que me mantem embriagado.

Doce musa,
hoje eu aprendi o verdadeiro
significado da palavra amor.

Foto de GuigodaGil

Gil *-*

Tanto tempo já se passou, mas a cada dia q passava o meu amor só aumentava cada vez mais, como pode algo assim ser tão perfeito?? Tão perfeito como o nosso amor??
Um q nos da a razão de tudo, o significado das coisas, das nossas ações, um sentimento q me faz encontrar a verdadeira felicidade, um sentimento q transformou os nossos 2 corações em um único e perfeito coração, esse mesmo sentimento q uniu as nossas almas formando uma só, um sentimento único, mais q especial, q faz com q de alguma forma ou de outra eu sempre tenho vc aki do meu lado, pq metade de vc tah dentro do meu coração, e vc jamais ira sair, pq esse nosso amor vai alem de um pra sempre, alem da eternidade, alem da imaginação.
Ele eh tão grande, mas tão grande q eu cometeria kalker loucura pra jamais t perder, daria a minha vida por ti, desistiria da minha realidade para viver uma vida de sonhos ao seu lado, mas eu já vivo, só q nah eh um sonho, eh a realidade *-* e o meu agora, meu presente e o meu futuro, vc amor *-*
eh vc q eu jurei amar para todo o sempre, foi para ti q eu entreguei o meu coração, eh por sua causa q eu existo, por sua causa eu to aki hj, amor, o q seria de mim sein vc?? Eu não consigo me imaginar assim, o q seria de mim sem akelas frases lindas q vc me diz?? Aqueles abraços q me fazem me sentir a pessoa mais amada do mundo?? Aqueles beijos q fazem eu me sentir no paraíso?? O seu “amor” q eh a razão da minha vida?? Eu amor, simplesmente nah seria nada, eh por vc q eu vivo, vc eh a razão de eu estar aqui, eu nasci com um único propósito, te amar por todos os dias da minha vida, em enquanto o sol tiver luz, enquanto a lua cobrir a noite, até o dia q as estrelas perderem o seu brilho, eu vou teamar para sempre amor.
Já parou pra pensar como eh lindo o nosso amor?? Tu vê os casais hj em dia, ateh os adultos, eh mto raro um chegar para o outro e dizer algumas palavras de amor, raramente se beijam, preferem fikar longe um do outro, e nem sequer falam um teamo =/
Eh triste isso, mas amor, eu JURO pra ti, q eu NUNK vo deixar de dizer q teamo, sempre vou kerer estar ctg, nunk vou esconder nada de ti, vou compartilhar os meus momentos felizes, triste, tudo q eu sentir, juro t dar o abraço mais aconchegante do mundo, um q te faça sentir a mulher mais feliz de todas, juro q o meu beijo será o mais perfeito possível, q o nosso “amor” jamais terá um fim, q a nossa vida esta apenas começando, q eu sempre serei o seu ajo de guarda, estarei ctg, em todos os momentos da sua vida, te dando o maximo de atenção, o maximo do meu amor, fazendo da sua vida, a mais perfeita de todas.
Eh quando eu te encontro q eu vejo a minha luz, é quando eu te toco q eu me sinto no céu, é quando eu te beijo q eu posso voar, eh vc amor, q faz eu ser essa pessoa q eu sou hj, cada momento nosso tah guardado na minha memória, cada palavra q vc disse tbm, eh impossível eu um dia deixar de te amar, pq vc eh a razão disso tudo, obg por ter me mostrado essa vida, por ter me ensinado o poder da palavra “amar”, q hj já passou de um simples “amor”, pq amor, um dia ou outro sempre acaba, eh algo passageiro, mas a única coisa q jamais vai passar, eh esse “amor” incontrolável q eu sinto por ti *-*
eh ctg q eu vivo o inacreditável, eh ctg q os meus dias se tornam perfeitos, eh vc q me ensinou o q significa a frase “eu teamo” :’D
amor, se eu pudesse parar para pensar em tudo q tu já fez por mim, eu jamais conseguiria escrever aqui, são tantas coisas, tantas mesmo, vc eh tão perfeita amor, tudo eh ti eh mais q perfeito, tu eh a pessoa mais linda do mundo, e por sua causa, por ter vc aqui cmg, q eu me tornei a pessoa mais feliz q já existiu, obg por ter esse teu jeitinho lindo de demonstrar o teu “amor”, por ser a minha anjinha da guarda, por ser essa pessoa tão querida q vc eh, queria poder dizer o q eu realmente sinto por ti amor, mas as palavras são poucas, e seria impossível eu conseguir fazer um “resumo” do q vc significa para mim, pq nah teria como eu resumir em meras palavras, apenas posso dizer q vc representa TUDO q eu tenho, tudo q eu sempre procurei, eu achei em uma única pessoa, em ti, e nós sabemos q sempre será assim, uma dois corpos, uma unika alma e um só coração *-* só me resta dizer essas palavras, teamo amor S2

Foto de Rosita

SENTIMENTOS NO NATAL

Natal, palavra que traz em si o significado do amor e fraternidade. No entanto algumas pessoas insistem dizer que tudo não passa de uma farsa para o consumismo. Em parte aceito esta teoria, pois realmente os comerciantes desejam é vender mais e mais.
Mas em toda moeda existem duas faces, porque então não olharmos para a face linda, doce, suave do Natal?
Dirão, então, mas como ver beleza quando há tristeza, fome, lágrimas espalhadas pelos quatro cantos do mundo? Eu responderia, simplesmente, dizendo que a tristeza assim como a alegria está em nós, em nossa forma de olharmos os fatos.
A miséria, em todos os sentidos, está espalhando-se rapidamente e de alguma maneira também somos responsáveis por isto.
O que fazemos para modificar, o mínimo possível, está situação? Já ouço os comentários: quem tem que resolver estes problemas sociais são os governantes. Realmente, está certíssimo, mas podemos fazer a nossa pequena parte enquanto eles não se decidem a fazer deles.
É Natal, aproveitemos esta época em que a energia do amor parece visitar-nos e vamos procurar fazer algo diferente, no lugar de somente citar os acontecimentos ruins.
Se dermos um presentinho a algumas pessoas, ou formos a um asilo, a um orfanato, ou mesmo apenas oferecer nosso sorriso, uma palavra de carinho, ou mais simples ainda, apenas um pensamento de amor e paz para aquela pessoa que está ao nosso lado, estaremos fazendo um Natal diferente, e melhor ainda, estaremos nos tornando diferentes.
Se cada um de nós fizer uma pequenina parte, no final muitas pessoas estarão sendo ajudadas, e o nosso olhar sobre o Natal, certamente, estará modificado, porque não seremos os mesmos.
Que tal fazermos do Natal uma data a ser comemorada em todos os dias do ano?
Que tal retiramos a tristeza, a mágoa, o rancor que está em nós e colocar no lugar a alegria de um sorriso de criança, o brilho de um olhar de um idoso, o agradecimento por um simples sorriso, o perdão a nós mesmo e a quem nos fez algum mal?
Vamos modificar em nós este sentido consumista sobre o Natal, afinal Jesus nasceu pobre e os presentes que nos ofereceu em sua curta estadia entre nós foram palavras que têm valor inestimável e transformador.
Olhe para quem está a seu lado, dê um belo sorriso e deseje um Feliz Natal! Esta energia que você emitiu estará retornando em dobro para você, e em breve sentirá que houve uma mudança significativa em seu modo de pensar e viver.
Para você meu amigo ou amiga, que neste momento está lendo esta mensagem escrita com palavras que saem do coração, o meu mais sincero desejo de um
FELIZ NATAL!

Rosita Barroso
09/12/2007

Foto de Carmen Lúcia

O mar

Bendita imensidão azul que
extasia, entristece, inebria, entorpece, energiza, irradia, enlouquece...

Sentada na areia da praia, meu olhar navega com o bailar contínuo de suas águas encaracoladas...

Viajo...volto pro ontem...
Tempo distante, intenso, vivido, passado e acabado...

Onde cada onda do mar tinha um significado...
As maiores...futuro brilhante, amores alucinantes...lindos sonhos meus,
Que me atiravam pro alto e eu me sentia forte, inatingível...
E era mais "eu"...

As mais rápidas...
a velocidade do tempo
que gritava a toda hora:
"- Tem que ser agora,
viva a vida sem demora!"

As que se quebram em espumas,
brancas e esfuziantes,
clamavam a todo instante,
A serenidade da paz.

As pequeninas, tímidas e tênues...
a fragilidade de um cristal
que com a mesma intensidade que brilha
se estilhaça quando cai...

As sorrateiras, arteiras...vêm sem mesmo esperar,
deslizando levemente...
carregam os castelos pro mar!

Fui de encontro a todas elas,
Deixei rolarem as emoções
Em cada onda me envolvi...
Hoje vivo a esperar
Aquela que me levará enfim,
à procura e ao encontro de mim...

Foto de Carmen Lúcia

Natal da criança pobre

E enfim chegara o grande dia...
Tão esperado, planejado, encantado...
O pinheirinho guardado era tirado e enfeitado,
Bexigas coloridas, laços de fitas e na ponta a estrela-guia.
Um sorriso iluminava o trabalho artesanal
Da menina que admirava o símbolo de Natal...
Tão simples... o significado era o essencial.
Cheirinho de rabanada era tudo e mais nada,
Que se unia ao do amor no olhar da criançada.
A noite vem...a esperança também...
Sapatinhos na janela bailavam como ninguém!
Dentro deles, bilhetinhos, segredinhos de papel
Confessados, tão somente, para o bom Papai Noel!
Quem me dera eu pudesse esse presente lhe dar,
Tanto amor, tanta alegria, tanta pureza embrulhar
Numa caixa enfeitada de lembranças da infância...
Só entenderia quem viveu lindos sonhos de criança!

Foto de Lou Poulit

TROVÃO E O SABIÁ SERENO

CONTO: TROVÃO E O SABIÁ SERENO
AUTOR: LOU POULIT

Sentada sob o alpendre da mansão colonial, sua fortaleza de toda a vida, Sinhá havia se perdido em seus pensamentos. O dia havia se despedido há pouco, com a apoteose fugaz de um céu prestante de cores e texturas, que de tudo o que pode tentou fazer para merecer a atenção da moça. Nem a sinfonia da passarada fez efeito. Tudo em vão, restaram as estrelas que nem sequer se aventuraram. A passarada se calou para dar a vez aos grilos, sapos e outros barulhentos notívagos. Sinhá revirava mecanicamente os fartos rendados da saia à sua volta, pois em espírito não estava de fato ali.
Então, passos arrastados vindos de dentro precipitaram-na do etéreo em que vagava, de volta ao corpinho magoado pela posição pouco cômoda. De tão surpresa e assustada, não teve coragem de se virar. E esperou apenas, assim como seu coraçãozinho, que esperava dentro do peito prestes a lhe saltar pela boca. Aos poucos uma luz tênue, mas capaz de expulsar soberanamente a escuridão, se aproximou. A moça temeu que se aproximasse ainda mais e explodiu em gritos nervosos: Saia já daqui! O que quer de mim, demônio? Eu não lhe chamei aqui!
A pouca distância estava parado um caboclo mulato de aspecto impressionante. Pele muito morena e os olhos claríssimos de uma onça enterrados no rosto embrutecido, como pequenas gemas raras no emboço úmido da terra, adubada pelos séculos. O velho Sereno segurava a candeia, tentando compreender, tão próxima, a moça que à distância vira crescer, como flor única naquelas glebas. Durante algum tempo Sinhá não conseguiu balbuciar mais uma palavra. Tentava decifrar como aquela figura estranha havia invadido seu silêncio, que significado poderia haver nele e se seria perigoso para as coisas ricas que guardava no segredo das suas lembranças. Porém, achando em seguida que o silêncio era ainda mais  insuportável, a moça voltou à carga: Quem lhe deu o direito de estar aqui?... Ele tentou explicar: Vim só alumiá o negrume da noite pra vosmicê, Sinhazinha... Carecia de se assustá não... Não tenho medo de nada... — Ela empinou orgulhosamente a própria fragilidade. Como poderia temer um empregado dentro da casa do senhor meu pai? Ademais, estava aqui com meus pensamentos...
O homem olhava com segurança os olhos escorridos de lágrimas da moça, cheios de brilhos amarelados pela chama da candeia. Sentia pena dela, mas sabia pelas décadas de convívio, que não se devia manifestar piedade para com os senhores. Sereno sabe que está triste, Sinhá. Ma num pode fazê nada não... — Disse ele abaixando os olhos. Mas como pode saber disso? Não lhe dou esse direito. De onde você saiu?... Ainda com os olhos baixos, ele respondeu: Sempre estive aqui, Sinhazinha. Vim pra essas terras do senhor seu pai na barriga da minha mãe, que se foi embora amarrada naquele pé-de-jurema-branca, bem ali na direção onde a lua vai nascer não demora nada. Eu era desse tamanhinho quando ela descansou, cabia no cesto onde os cavalos comiam o mio que ela dava com gosto. Naquele tempo o capataz era um homenzinho muito do ruim... Ela só queria alimentar a sua cria...
A moça ficou perplexa. Mas se refez da letargia porque lembrou-se do seu alazão, tornando a gritar: Não me fale do meu alazão. Eu amava o Trovão como se fosse uma pessoa! Ninguém montava nele além de mim! E acabaram de trazê-lo num arrasto de pau-de-mangue... Ele estava morto! Eu vou matar quem fez isso com ele... E a chorar convulsivamente ela recostou-se no portal, até sentar-se de novo no degrau do alpendre. Sereno continuou calado, imóvel, com os olhos cravados nas lajes do chão. Como se sua alma cansada procurasse uma brecha para um imenso arrependimento.
Tentando descobrir em seu próprio silêncio o que poderia fazer naquela situação triste e constrangedora, o velho caboclo foi lentamente até a arandela pendurar a candeia. Não sabia o que fazer a mais. Durante quase vinte anos quisera ajudá-la em muitas situações de perigo, mas sempre chegava alguém antes. Sereno trabalhara sempre na plantação, por vezes tratando dos cavalos doentes e por outras como mateiro. Amava a menina, antecipava os riscos que ela corria, mas haviam outros mais próximos dela. Agora o mesmo sentimento de proteção lhe parecia palpável de tão denso. E ironicamente, embora estivessem ali apenas os dois, simplesmente não sabia o que fazer.
Passados alguns poucos e imensos minutos, a moça quebrou o silêncio, mais calma, porém sem perder a altivez da voz: Como se chama?... Sereno, Sinhazinha — Disse ele. E porque está aqui, nunca lhe vi dentro de casa?... O velho empurrou a aba do chapéu para trás e coçou a calva rala da carapinha branca, como sempre fazia quando se sentia inseguro. Demorou um pouquinho mas respondeu: Eu vim de pés lá de trás da serra dos pastos... O senhor seu pai mandou que me alimentasse e ficasse por aqui até amanhecer. Ela insistiu: Mas por que veio de pés? Ah, Sinhazinha, parei no meio da mata para ouvir o sabiá-da-mata, tava cantando bem em cima de mim. Desde menino adoro os sabiás, num gaio da mangueira, por cima da minha palhoça tem um que fez ninho agora. Quando passo o café da tarde ele ta arrebentando os peitos, de tanto chamá uma fêmea pro seu ninho novinho e arrumadinho. Mas me distraí, meu cavalo assustou-se com a onça e saiu desembestado, nem sei pra onde. Mas vou lá buscar, pro seu pai meu senhor num ficá num prejuízo maió. Não é um bicho caro, é até meio capenga. Mas é um bom companheiro, num sabe?... Vendo a perplexidade dela, ele perguntou: Que foi Sinhá, com essa boca aberta, quem nem peixe morto?... A moça sussurrou: Onça? Que onça é essa, Sereno?
O velho respirou profundamente. Não haveria mais de esconder. Ela que soubesse a verdade e que fizesse o que achasse justo. Disse a ela com segurança: A mesma que pegou o Trovão... Aquele sangue todo foi porque quando cheguei ela já tinha garrado no pescoço dele... — Disse o caboclo, limpando instintivamente as mãos grosseiras nas calças. A moça mostrou-se inconformada: E você não fez nada para ajudar o coitado? Não tinha uma arma, Sereno? Sinhazinha, ele caiu por cima da bicha, esperneava como um porco endemoninhado... Endemoninhado é você, miserável! Ele era o alazão mais valente que conheci. Só que havia uma onça mordendo o seu pescoço. E um homem medroso e inútil assistindo a sua morte desesperada! Que queria que o Trovão fizesse?... Sereno, se calou constrangido e ela quis saber mais: E depois, Sereno?... Sinhazinha, num é nada fácil chegar perto de dois bichos grandes e raivosos... E eu só tinha mesmo o meu facão de mato e não queria ferir ainda mais o Trovão... Sim, mas o que você fez?... — Ela estava implacável. Eu nada, Sinhazinha, a onça é que resolveu desaparecer. Onça é um bicho covarde. Só pega pelas costas, sangra e espera morrer. Mas se sentindo insegura, ela larga e fica de longe só espiando. Esperando a hora de comer sossegada. E o outro, que também é bicho, sabe que vai morrer e que ela vai vir lhe rasgar as tripas. É só uma questão de tempo. O mundo dos bichos é assim mesmo, Sinhá. Ninguém muda não. Vosmicê ta triste e eu também. Mas o Trovão ta não... Ah, não... Ta não. Só ta esperando os primeiros lampejos do dia, pra correr por essas terras sem fim, pelos campos e pelas matas fechadas, num tem mais nada que lhe impeça... Vai conhecer todos os lugares onde nunca tinha ido, vai beber água do rio grande e vai saltar nas ondas da praia. Enquanto isso nós vai ficar aqui chorando de tristeza, porque num pensa que ele ta livre como nunca foi. É que como nós só sente o sentimento da gente, só pensa com a cabeça da gente, então acha que o Trovão ta sentindo e pensando a mesma coisa que a gente, Sinhazinha... Não tenha raiva não... Que ele não pode aparecer pra vosmicê e lhe contá como que é lá, pronde ele foi. Ele vai ficar triste por causa da sua tristeza, Sinhá...
A moça relutava, porém se esforçava para aceitar aquela sabedoria estranha que quase desdenhava os seus mais puros sentimentos. Embora não tivesse coragem de dizê-lo, até que gostava muito de imaginar seu querido Trovão suando da correria que tanto amava, brilhando ao sol e ao luar. Ele amava o vazio dos espaços, os obstáculos que vencia, amava o vento revirando as suas crinas, enchendo-lhe os pulmões no peito enorme e musculoso, e depois expirava com força fazendo seu próprio vento, era quase um deus da natureza. Ah, como ele gostava disso... — Pensou consigo. Alagada da própria ternura, disse então ao velho: Ele lutou até o último instante não foi, Sereno?
Ele era valente demais, eu o conhecia desde que era um potrinho muito abusado, sinhá... Já mais calma, finalmente ela tornou-se amigável: Sou lhe muito grata, quero que fique, se alimente bem e descanse bastante. E depois vá buscar o pangaré, antes que essa onça o coma, já que não comeu o Trovão, pois que os homens foram buscá-lo antes disso... Sereno sentia-se mais à vontade agora, já sentado também, mas no degrau de baixo como lhe convinha. E completou: Vou Sinhazinha, antes de clariá vou atrás dele. E ai dela que se meta, pois vou levar um trabuco... Faça isso por mim, Sereno... — Ela pediu ainda com raiva.
Não posso prometer, Sinhazinha... Não Sereno, não se arrisque... E se ela lhe pegar pelo pescoço, como fez com o Trovão?... Vosmicê num fique triste não, Sinhá... Também sou meio bicho, já fiz muita coisa nesse mundo de meu Deus... Já matei oito onças, seu pai meu senhor pode lhe dizer... Uma delas ia morder era o pescoço dele... É que de uns anos pra cá elas estavam sumidas, que os cachorros farejam a catinga delas de longe... Gato tem raiva de cachorro e vice-versa, num sabe?
Eu prometo, Sereno. Vou contar para os meus netinhos essa estória. E vou me lembrar de dizer que você foi um herói, que não pode salvar o Trovão, mas veio de pés buscar homens, para que ele tivesse um enterro digno. Meus netinhos vão aprender a odiar todas as onças, porque essa matou o Trovão... Mas eis que tais palavras indignaram o velho filho-do-mato, e ele quis ser exato: Não, Sinhazinha. Isso não é certo, não é verdade não... Como, Sereno? Se ela não matou o meu alazão, então quem foi?... Fui eu mesmo, Sinhazinha... A moça de um pinote ficou de pé, com o dedo em riste, e novamente enfurecida lhe disse: Seu traidor! Vá embora, suma daqui! Nunca mais quero ver sua cara! Não vou lhe perdoar jamais! Vá logo. Antes que eu grite por alguém para lhe surrar no pé-de-jurema, desgraçado! Naufragados novamente em profunda tristeza, ambos se foram. Ela se foi para chorar na cama e ele no mato. Mas nenhum dos dois conseguiu dormir.
A moça rolou na cama, sobre o lençol úmido das suas lágrimas, até que lhe viessem chamar para o almoço no dia seguinte. À tarde, na hora da refeição também não quis sair do quarto, deixando a todos apavorados. Seu pai começou a preocupar-se, vendo que as mucamas não paravam de cochichar pelos cantos. Resolveu-se a sacudi-la. Entrou no quarto como um furacão para intimidá-la e foi querendo saber o porque daquele drama. Sabia o porque, também sentia muito pelo alazão, sabia o valor que tinha, mas não queria perder também a filha. Sinhá estava desolada e não apenas pelo seu Trovão. As horas lentas da madrugada lhe convenceram de que havia sido injusta com o Sereno. Estava agora claro que quisera apenas poupar o animal de mais sofrimento. Não podia carregá-lo nas costas e com certeza não quis que o alazão assistisse a desgraçada da onça comer-lhe as carnes ainda vivas. Ela estava soterrada de remorso e com muito jeito fez o velho concordar em mandar buscá-lo quando voltasse do mato. Assim também concordou em levantar-se.
Alguns dias depois estava novamente sentada no alpendre, mas dessa vez assistiu a obra da natureza, que se comprazia em dispor da sua atenção. O dia terminou. Escureceu por completo. Ela se lembrou da noite em que se assustou com Sereno. Dessa vez queria imensamente que ele lhe trouxesse a candeia. Havia preparado algumas palavras para lhe pedir que perdoasse a grosseria. Ninguém lhe dissera uma palavra durante esses dias, tinha a impressão cada vez mais densa de que não lhe queriam falar a respeito. Uma luz veio de dentro, mas pelo andar sem botas não poderia ser Sereno. Era uma mucama, que foi dispensada. Sinhá só queria a luz do velho caboclo, como naquela noite. Agora queria gostar dele, da sua sabedoria e da sua paz. A lua começou a aflorar, derramando seu prateado pelas colinas, que abraçavam em segurança a mansão. De repente, algo se mexeu nas folhas do pé-de-jurema-branca, que pareciam lhe acenar variando o reflexo do luar.
Então, para sua imensa surpresa ouviu com nitidez o canto mavioso de um sabiá. Mas como? Sabiá cantando há essa hora? Não pode ser, já é noite... Não queria aceitar o que seu próprio silêncio lhe dizia, lutava contra com todas as suas forças. Então ouviu de novo, logo ouviu outra vez e de novo tornou a ouvir. As defesas que havia erguido em si própria foram ruindo a cada canto, como se fossem rojões de poderosos canhões. Até que não pode mais sustentar a própria razão. O sabiá só podia estar feliz. Tão feliz que nem se importava com a noite, não queria esperar o amanhecer! Se quisesse vê-lo sempre feliz, devia afastar a tristeza. Libertá-lo do próprio peito para que fosse completamente livre, para que cantasse onde quisesse e quando quisesse. E ainda voar sobre as matas e as ondas do mar. Seu canto não era triste como o de outros, mas sim vigoroso e doce como o de uma flauta da natureza.
A mucama voltou com um semblante pávido, porque viera lhe dar uma notícia. Mas quedou-se quando à luz da candeia viu que o de sua Sinhazinha sorria para a lua, já em seu esplendor. A mucama lhe disse: Sinhazinha, o seu pai mandou meu irmão e meu primo buscar o Sereno. Mas eles não querem falar, estão com medo. Medo de que? Diga logo... Não fica brava comigo não Sinhazinha... Fala de uma vez, mulher... É que a onça pegou o Sereno também, Sinhazinha...
Completamente perplexa, a mucama ouviu a Sinhá lhe dizer com doçura: Não fique assim tão triste. Há essa hora ele deve estar bem assobiando por aí... Por onde, Sinhazinha?... Pela natureza, pelo céu, pelo rio grande, ou se lavando nas ondas do mar... A pobre mucama não conseguia atinar com aquelas palavras surpreendentes e Sinhá completou: Anda, pode deixar a candeia na arandela e vá pra dentro. Se precisar eu lhe chamo, agora vá. Quando mais tarde seu pai veio lhe buscar para dentro, aliviado pelas falas da mucama, encontrou-a bem disposta, quase feliz para aquelas circunstâncias. Sinhá aproveitara o tempo para fazer uma prece emocionada, repleta de gratidão e amizade, pela alma do velho Sereno. Durante toda vida estivera bem ali e nem o havia notado. Mas havia sido de grande valia justo no momento que mais precisou. Se estava feliz a ponto de assobiar no galho do pé-de-jurema àquelas horas, então deviam estar todos felizes: O Sereno, sua pobre mãe e também o Trovão. Não, não queria mais pensar em tristezas.
Foi quando seu orgulhoso pai, sentindo necessidade de participar daquele momento lhe disse: Deixe estar, querida... Aquela maldita onça não irá longe... Eu me encarregarei disso pessoalmente.
 

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