O desgosto de uma Florbela Espanca, aliado ao idealismo de um Fernando Pessoa, consubstanciado na alienação de um Luís Vaz. Junte-se umas pitadas de obstinação maometana, e frieza Visigoda. Mexa-se tudo muito bem, antes de finalmente deitar a irracionalidade romana. A gosto, polvilhe-se tudo com fatias de uma carne multisabores, leia-se, bife do lombo da imigração. Serve-se tudo com um cocktail de vinho do Quadro Comunitário de Apoio, e no fim....Caros comensais, no fim tem-se um manjar que, espremido, não dá para encher nenhum estômago. Bom povo português, é o nome do prato. Já passou do prazo há séculos, e continua a fermentar na quieta melancolia do imobilismo. As bactérias que gerem o processo usam todas gravata. Têm assessores, andam de 'espada', e,...cúmulo dos cúmulos, não têm a menor contestação do produto que fermentam. É o que elas querem. Usam, abusam. E o produto quietinho. Chega a ser confrangedor. Refugiam-se no folclore. Nos festivais de gastronomia. Tudo micro, não esqueçamos das dimensões a que nos referimos. Mas não seja por isso!!!! Que no contexto minúsculo a quem nos referimos, há quem saiba viver à grande. É só ter estilo, acordar depois do meio-dia, ter um 'free-pass' no health-club mais caro, e transparecer que se vive de rendas. Facílimo, não é? Pois, o pior é quando se passa tudo no 'passe-vite', e no final, não sai nada. Tristezas de quem nada espera deste grande processo de fermentação chamado vida.
As luzes da cidade lá embaixo contrastavam com a noite sem estrelas. Pousei suavemente na sacada, em frente à janela do apartamento dela, que veio me receber vestida apenas com uma camisola branca transparente, sem mais nada por baixo do lingerie. Ela abriu a janela de grandes vidraças, com seus longos braços, e me disse sorrindo: - Entra, amor. Aceitei o generoso convite, e nos abraçamos. Beijei seu pescoço macio. Ela me empurrou suavemente, sorrindo, e fechou a janela. Veio até mim, pegou-me pela mão e me sentou em uma poltrona. Sentou-se ao meu colo. Acariciei seus quadris. - Obrigado pelo convite. eu disse, enquanto ela passava seus cabelos por meu rosto. – Não é sempre que isto me acontece. Ela beijou meus lábios, mordiscando-os. Segurou minha cabeça entre suas mãos. Disse-me, baixinho: - Eu quis você desde que te vi ontem à noite, na biblioteca. Sorri, feliz. Peguei-a no colo e a levei para o quarto. Ela não resistiu quando a coloquei em sua cama. Seu rosto tinha um ar tímido. Despiu-se da camisola, enquanto eu também ficava nu. Depositei a capa sobre uma cadeira e o resto das roupas deixei no chão. Deitei-me ao seu lado e a abracei. Ela me retribuiu o abraço e nos beijamos. Minhas mãos percorreram todo seu corpo, e ela me acariciava o dorso, a barriga e o pênis. Chupei fortemente seus lábios, beijei seu pescoço. Estendi-me sobre seu corpo, beijei e chupei seus mamilos, sua barriga e lambi sua vagina. Puxei seu grelo com a língua, ele se adaptou aos meus lábios e foi chupado com sofreguidão. Ela gemia baixinho, segurando-me pelos cabelos. Um jorro molhou meus lábios. Beijei e mordisquei suas pernas, seus pés. Subi por todo seu corpo, lambendo-o em todas suas partes. Segurei-a pelo queixo. Introduzi lentamente o pênis em sua vagina, que o recebeu lubrificada. Entre suas pernas, cavalguei-a devagar até que o pênis entrasse totalmente. Aumentei o ritmo, empurrando meu pênis até o fundo de sua vagina. Ela me abraçava fortemente, acariciava minhas nádegas e minhas coxas com seus pés. Retirei o pênis, virei-a de bruços e tornei a penetrar sua vagina, enquanto com meus quadris massageava seus glúteos. Meus braços e mãos percorriam o dorso daquela mulher, eu pegava seus seios e os apertava por baixo de seu corpo esguio. Levantei-a com uma certa violência, mantendo meu pênis dentro de sua vagina, e sentei-a sobre mim. Puxei-a para mim, com toda a força que pude, penetrando-a completamente. Seu corpo transpirava. Esfreguei suas axilas com minhas mãos, tornei a apertar seus seios, enquanto a puxava freneticamente contra mim, tocando o fundo de sua vagina. Ela se curvou para a cama e me disse: - Não goza tudo, não! Deixa eu beber um pouco! Livrou-se de minha penetração, virou sua cabeça para o meu lado, seus cabelos tocaram minha barriga, e colocou meu pênis em sua boca. Deitei-me de costas na cama, enquanto ela subia e descia sua cabeça com meu pênis dentro da boca. Chupou-o em todas suas partes. Lambeu meus testículos pela frente e por trás. Voltou a colocar o pênis inteiro na boca. Meu pênis encontrava o céu de sua boca e sua garganta, sua saliva o molhava. Eu acariciava seus cabelos, agarrava-os com força, massageava sua cabeça. Assim, gozei dentro de sua boca. Parte do esperma jorrou para fora, e ela o lambeu com volúpia. Ela se deitou de lado, eu me deitei abraçando-a por trás. Puxei seu corpo contra o meu. Meu pênis logo voltou a ficar ereto, e eu o esfreguei em seu rego, tentando atingir seu ânus. Os glúteos daquela mulher foram cedendo, a ponta de meu pênis encontrou seu ânus, tentando forçá-lo. Mas ela me empurrou pelos quadris, dizendo: - Não! Isso dói! Repliquei: - Você acha que eu vou te machucar? Jamais faria uma coisa dessas. Ela se levantou rapidamente e foi até o banheiro. Voltou com uma bisnaga contendo um creme. Deitou-se de bruços, após me dar o creme. Não era um creme adequado para penetração anal, mas iria funcionar sob o aspecto psicológico. A mulher queria evitar a dor. Passei um pouco do creme nos dedos, deixei a embalagem sobre o criado-mudo ao lado da cama. Introduzi os dedos indicador e anelar lambuzados de creme em seu ânus, lubrificando-os bastantes. Ela empinou a bunda e eu me deitei sobre ela, segurando-a pela cintura. Seu ânus se contraía e abria. Iniciei uma lenta penetração, e seu ânus engoliu todo meu pênis. Ela soltou um “ai” lamentoso. Novamente a puxei, sempre agarrando sua cintura, colocando-a de quatro, sem retirar o pênis. Meu pênis ia e vinha em movimentos rápidos, o ânus perfeitamente adaptado ao seu diâmetro, enquanto ela gritava “fode, fode”. Meu pênis percorreu toda a parede de seu ânus, que estava mais molhada que úmida. Quando percebi que iria gozar novamente, deitei-me sobre ela, que se estendeu sobre a cama. Agarrei-a com força e joguei meu gozo dentro de seu ânus. O esperma ficou todo em seu reto. Ainda mantive meu pênis lá dentro por algum tempo, e por fim o retirei. Fiquei deitado sobre ela, descansando e alisando seus cabelos, passando a mão por seu corpo. Depois deitei na cama. Ela se virou para mim e pousou sua cabeça sobre meu peito. Brinquei suavemente com seus cabelos, alisei seus quadris e suas costas, dizendo-lhe palavras doces ao ouvido. Aos poucos ela foi adormecendo, e por fim, dormiu suavemente, com sua respiração leve balançando os pelos de meu peito. Beijei sua cabeça e a deitei na cama. Levantei-me e fui até o banheiro, onde tomei um banho. Voltei para o quarto, ela ainda dormia. Observei-a por um momento. Ronronava tranqüila em seu sono. Suas pernas levemente abertas me mostravam seu grelo inchado e úmido. Vesti as roupas, joguei a capa sobre meu corpo. Fui até a cama onde ela dormia virada de lado, e lhe dei um beijo nas pernas, outro nas nádegas, nas costas e no rosto. Beijei delicadamente seus lábios. Saí do quarto, abri a vidraça da mesma janela por onde havia entrado. Passei para a sacada e fechei a janela por fora. Subi no gradil da sacada. Não havia movimento de transeuntes naquele horário noturno. Desci lentamente, com os braços abertos, a capa esvoaçando, e pousei na rua. Caminhei um pouco e fiz o que nunca tinha feito em todos estes séculos. Virei-me para trás, olhando em direção ao apartamento onde eu havia sido amado. Ela acordara e me olhava pela grande janela, com os braços em cruz sobre a vidraça. Vestia a mesma camisola transparente. Levei a mão aos lábios que ela beijara e que se molhara de sua saliva e seu mel. Não tive coragem de jogar o beijo, mas ela entendeu. Sim, ela entendeu quando virei as costas e olhei a noite à minha frente. Eu não poderia voltar. Nem ficar. Sou um ser da noite. Devo ficar com a noite, e não com esta mulher que vai viver sua vida. Ela vai ter amores e rompimentos, talvez filhos, marido. Talvez se separe, volte a casar. Quem conhece os rumos do trágico destino humano? Mas estarei sempre a proteger esta mulher que me amou. Não vou deixar que se machuque. Velarei por ela durante seu sono, quando estiver em perigo, quando a noite chegar. No momento em que ela morrer, deixarei uma flor em seu túmulo. Será mais uma perda nesta eternidade à qual arrasto minha maldição. Suspirei profundamente, sorvi o ar noturno. Segui meu caminho, deixando para trás o apartamento e a mulher que me amou. “Adeus, minha querida!, pensei”. “Mas eu vou te ver sempre”. E, caminhando lentamente, entrei no corpo escuro e sagrado da noite à qual pertenço.
Tive sim, uma paixão muito proibida Já faz tempo, mas as sensações ainda borbulham. Quem tiver sem pecado, que atire a primeira pedra! Disse o mestre diante de uma mulher humana, E um bando de desumanos…
Tive, sim tive, uma paixão invivível, Se do neologismo pudesse abusar. Insana mente, insana vida… Vida minha insana e cruel…
Tive uma paixão proibidíssima. Já faz tempo, mas o tempo, rs Que significado tem diante de Tão grande sentimento.
Ando à procura daquele sentimento. É cruel viver sem a dor de uma paixão Que nos faz levantar madrugada fria Prá ficarmos olhando prá lugar nenhum Pensando nas loucuras de um simples beijo.
Ah, tive uma paixão impossível. Tão proibida que jamais vivi a verdade dela. O tempo a levou prá bem longe, Como uma tempestade que arrasta Uma casca de noz mar a dentro.
Hoje, preciso urgente de uma paixão. Nao quero um amor companheiro, somente. Quero uma paixão instigante Que me envolva em uma nuvem de poesias E embaralhe meus pensamentos cartesianos.
Que demore séculos pra encaixar A ordenada na abscissa novamente.
Tive uma paixão disforme Que o meu amor se foi, Como um cometa traçante. Mas deixou ainda poeira Da cauda dessa paixão impregnada no meu coração...
Nunca esquecerei deste mês, Neste período que juntos viveram; Das diversas conversas profundas; Dos registros que ficaram marcados; Tudo muito intenso e perfeito! Meus escritos cheios de sentimentos, Cheios de anseios e declarações quase vividos.
O telefone que toca; eu corro para atender. Uma ligação que levou horas para finalizar. Marcamos o primeiro encontro para nos conhecer. Chegando ao local marcado, fiquei retraída por alguns segundos. Tive certa pressa em iniciar a conversa, talvez por ansiedade. Hoje, é história que recordamos com muita felicidade!
Nosso encontro foi envolvido com uma conversa amistosa. Expor os problemas que ambos estavam vivendo E concluir que nem tudo era tão fácil. Relacionamentos anteriores já eram páginas viradas; Decepções, perdas, traições... Aprendizados vividos.
Parecia um conto de fada com direito a castelo. Estava frente a frente da pessoa que um dia gostei. O Passado Virou Um Lindo Presente diante de mim, Tudo tão inesperado e tão desejado por mim.
Nesta inicial amizade cultivamos a confiança. Falamos de relacionamentos e respeitamos o tempo. Cada um teve o seu espaço, a sua liberdade.
Lembro que foram raras as exceções que fiquei quieta. Falei com ele como se nos conhecêssemos séculos...
Um intenso mês de julho inesquecível!
04.05.2007
Escrito por Graciele Gessner.
* Se copiar, favor divulgar a autoria. Obrigada!
“AMOR PROIBIDO”
Porque será que tem que ser assim... Nossos caminhos se cruzam apenas em uns raros momentos... Não seria mais fácil... Entregar a alguém mais próximo meus sentimentos!!!
Fico ansioso com a proximidade do encontro... Mesmo sabendo que é apenas por poucos minutos... Porque será que a vida nos juntou nos desencontros... Se tudo que queremos é poder ficar juntos!!!
Uma hora é o trabalho... Em outra, os problemas... Pasmem, até o transito... Aumenta nosso dilema!!!
Mas tem a compensação... Milhões de vontades em apenas segundos... A encontro com meu coração na mão... Nosso abraço atravessa séculos!!!
O beijo nos remete a eternidade... Mesmo sabendo que dura apenas minutos... Ah, esse é um amor de verdade... Ainda vamos ficar juntos!!!
VENHA, QUERO SER SUA !
Quero que me pegue no colo, venha deitar em minha rede, venha saciar minha cede, e dizer que sou sua mulher; diga que sou sua rainha, que abraça todos meus desejos. aperta-me com um abraço. Beija-me bem quente os lábios, sopre bem em meu ouvido. Encosta-me bem forte o peito e sinta a batida forte que impulsa o meu coração. Olha-me, bem os olhos enxergue dentro de minha alma. veja como é puro o amor que existe em mim. Pegue minhas mãos com as suas sinta o suor a mágia, a adrenalina de estar contigo...sinta a energia. venha com todo o seu corpo e alma..sinta! venha ter o meu corpo em versos, quero que sejas meu. venha...cada minuto torna-se séculos que estou a te esperar.
( ANNACAROLINALOIRAMAR)
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Diz que me ama ! Que te encho de beijos e te levo pra cama . . . Diz que me quer que eu vou te realizar como mulher... Diz que tu desejas meu corpo que realizo tuas fantasias e teu sonho ... Deixa-me navegar Neste mar de prazer que me seduz e te levo á loucura... Quero deslizar minha língua em tua pele macia com gosto do pecar e me deliciar no néctar do amar... Sentir teu pulsar a cada toque do meu amar... Sussurrar coisas gostosas e safadas ao teu ouvido e te fazer sonhar .... Te ver gemer ao ápice do amar... Assim te quero como nunca Quis outra mulher.... Vem, vem logo, pois quero muito te amar
(VON BUCHMAN) ........
EU EM TI Em teus olhos vejo a volúpia incendiar entre carícias afagos sussurros e beijos na respiração ofegante ardência do desejo Toques atrevidos de teus dedos em meios seios Nesse enlevo, encontro-me ainda adormecida Nessa inebriante divagação por ti sou seduzida Nos gemidos roucos dizes que me quer e que me amas nessa dança ritmada do sexo, profere palavras profanas na penumbra do quarto, movimentos de pernas e braços lençóis em desalinho todo teu prazer eu sinto no silêncio, um grito do delírio incontido... no ápice do gozo, olho pra ti sorrindo
( LU LENA )
Agradeço as minhas queridas poetisas, pelos lindos versos de amor... sem voces este poema nada seria... tenham meu admirar... Mimos de Amor nos seus coracôes.... 1001 bjs...
Lá fora! . . Vamos antes lá para fora Onde o sol sempre brilha, Onde o calor dos séculos aquece Estas peles frágeis, Estes manuscritos do tempo, Lá para fora sim, Matamos esta sede de espírito Contamos historias Vivemos alguns segundos efémeros Com a porta desta cela Aberta, sem segredos ou combinações, E depois partimos Contentes com a chama da ilusão Que ainda continua acesa. . . quando as noites são tão difíceis de conquistar. . .
* * P O R T I *
Eu te vejo e não acredito e grito, Num grito sem som e sussurrado. Como podes dispensar-me no agito De tua vida de top e eternizado
Em fotos para sempre até o infinito, Tua beleza exterior e o interiorizado De tua alma mais linda. Bendito! Por horas eu fui ao teres dispensado,
Momentos em teus nobres manuscritos, Em teus versos lindos e metrificados Sob a aura sublime do teu erudito
Intelecto e de teu ego iluminado Coração aos amores tão restrito O que me faz sentir-me resignado.
Pelos séculos que te esperarei...
Poesia: Carmen Vervloet
Edição: Carmen Cecília
Música: Amigos para sempre
http://www.youtube.com/watch?v=3d6InOkslUA
Rosa Azul
Quantas coisas me vêm à mente... E de uma maneira mais veemente A triste, a angustiante verdade... Como é fácil fazer nascer... Como é árduo fazer florescer A rosa azul da amizade.
Será que ela não existe? Será que a erva daninha sempre a sufoca? Será que é rara nesse mundo triste? Será que ninguém, com ela, mais se importa?
Mas ela é linda demais! Não... Não... Morrer não pode jamais! Através de séculos e séculos floriu... À maldade dos homens corajosamente resistiu... Será que hoje não gostam da sua cor? Será por isso que destroem a flor?
Tenho vontade de me transformar em fada... Penetrar dentro de cada coração Transformar o egoísmo em nada... Transformar em fraternidade a competição...
Realizar uma verdadeira metamorfose... Modificar o ódio em amor... Concretizar a sã gnose... Do perdão, aumentar a dose... Para que todos enxerguem a flor.
Colorir complexos com o vermelho da segurança... Colorir frustrações com o verde da esperança... Pincelar... Pincelar... Sobre o preto do ódio... O branco da paz... Apagar a falsidade que tanto mal faz!
E ver então florescer A rosa azul da amizade Desabrochando Sob a luz do alvorecer!
Carmen Vervloet Todos os direitos reservados à autora
A MONTANHA E O PINTASSILGO (Parte 1)
O pintassilgo é um pássaro bem pequeno. Mas é um grande cantador e tem a especial capacidade de executar seqüências surpreendentes de sons. Tais são os recursos canoros que a natureza lhe deu, que consegue imitar com perfeição o canto de muitos outros pássaros, grandes e pequenos, receber territórios que equivocadamente lhe atribuem e atrair muitas fêmeas de diferentes espécies que, entretanto, ele não pode amar. Pelo menos do modo que elas desejam. E como se nada lhe bastasse, vai muito além. Usa seu imenso potencial “técnico” para exercer seu maior talento: cria suas próprias composições, para atrair também as fêmeas da sua espécie e levá-las ao seu ninho, construído sempre em algum lugar muito alto. Como personagem dos palcos da natureza, o pintassilgo aparenta ser um sedutor compulsivo e generoso, insustentável e gratificante. Talvez seja algo dissimulado, porém com certeza é muito competente e nem um pouco condenável. De modo que, estando ele metido entre as folhas de um ramo denso qualquer, ouvindo um portentoso pio seu os outros pássaros imaginam: é um grande pássaro! Ou escutando uma seqüência doce e languidamente sussurrada, outros mais decerto deduzem: é divino, um verdadeiro mestre!... Mas não. Trata-se apenas de um artista. Um pequeno grande artista, que parece dono da sua liberdade, mas é confinado em sua própria natureza.
A montanha é muito antiga. Ao contrário do pintassilgo, ela não parece nada frágil. Quem quer que olhe assim para ela, altiva e ensimesmada, há de imaginar que talvez seja muito solitária. Mas com certeza é uma fortaleza, resistiu aos séculos, aos milênios, nem todos os raios foram capazes de alterar o seu humor, nem todos os ventos puderam mostrar o pudor sob suas vestes e nem todas as chuvas puderam lhe causar um simples arrepio. Ela é uma montanha. Impassível, sóbria e sem medos. Tem um quê de altruísta, mas é impenetrável em seu silêncio. Aliás, diga-se de passagem, seu sagrado silêncio, já que a pedra, desde os tempos mais remotos e a mais remota concepção a cerca de Deus, sempre foi lugar de sacrifícios, portanto depósito de todas as aflições e anseios. A montanha guarda muitas cicatrizes, como se raios justiceiros e aguaceiros misericordiosos, escrevessem a fogo e água em seu imenso dorso (para que na posteridade todos entendessem) uma espécie de definição da transitoriedade de tudo. O pintassilgo talvez não pense nisso. Por certo, quando sente se aproximar uma tempestade, o pequenino não consegue pensar em coisa nenhuma. Mas nem mesmo aquela montanha tão grande, de tão subterrâneo pudor imolestável, pode ser eterna, porque a eternidade é maior do que todas as coisas e mais resistente do que qualquer concepção, pudica ou não. A eternidade é o único lugar onde a verdade pode repousar da ignorância alheia e sentir-se íntegra, e plenamente segura. Assim como quer sentir-se a poderosa alma sensível do frágil pintassilgo, acomodada entre as delicadas flores que ajardinam as cicatrizes. Contudo, nesse momento a sólida paz da montanha é alicerçada sobre a lembrança de incontáveis milênios, enquanto toda a alma do pintassilgo, que tem apenas o brilho pulsante de um pirilampo, é atormentada, durante agônicos e intermináveis minutos, por sua memória recente, em que penas encharcadas antecipam novos ventos, e os seus arroubos e alardes cruéis.
Perguntou a montanha ao pintassilgo: Por quê ficas assim encolhido nas minhas fendas, quando podes ir às alturas, sempre que bem entendes, em todas as direções?... O bichinho sorriu, balançando a cabecinha enterrada no corpo, e respondeu com outra pergunta: Não vês que vem chegando uma tempestade com ventos terríveis? Não ― o rochedo mostrou-se surpreso ― não vejo nenhuma. Onde vês tu? Ora Montanha, como podes, sendo assim tão alta, não perceber uma tempestade? Bolas, por quê me sentiria na obrigação de percebê-la? Ventos não me afetam, não a percebo por isso. Mas percebes a mim ― retrucou a avezinha inconformada ― que sou tão pequeno e frágil. Gostas tanto assim de mim, “sua” brutamontes? Depende, sim e não... Como assim ― com uma das patinhas o pintassilgo coçou a cabeça ― “depende, sim e não”, gostas ou não gostas? Hum... ― A montanha refletiu e depois explicou ― Quando tu cantas maviosamente sim... Porém, quando me emporcalhas com teus dejetos silenciosos... Definitivamente, não! ― A montanha asseverou... Ora, eles têm utilidade ― o pequeno justificou-se ― trata-se de adubo! Adubo, Pintassilgo? Sobre rochedos? Que tipo de fruta-pedra mais te regala? Não me subestimes, “seu” pinguinho empenado... Me desculpe, dona Montanha... Também é tão pouquinho, pôxa vida... Ah, achas que é tão pouquinho porque só sentes o que passa pela tua cloaquinha. Tem idéia de quantos outros, assim como você, com cloaquinhas e cloaconas, também fazem isso que dizes modestamente ser “tão pouquinho”? Pelo menos os ventos, se viessem mesmo como adivinhas, trariam as chuvas que lavariam estes pouquinhos todos. Ah, dona Montanha, não repitas isto porque as lufadas me carregariam longe, me jogariam contra tudo e contra todos, e a chuva me encharcaria as penas até não poder mais voar. Eu poderia sobreviver sem cantar nenhum dos meus muitos cantos, mas não sem uma só das minhas asinhas, que se quebrasse. De imaginar já me borro todo. Não, não, Pintassilgo! Tenho uma idéia bem melhor. Do alto da minha longevidade dou-te graciosamente um sábio conselho: não penses. Não imaginar coisa alguma fará muito bem à tua saúde... E também à tua flora intestinal!
(Segue)
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