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Foto de Rosamares da Maia

CRÔNICAS DA SAUDADE – Dose Passos e uma Possibilidade de ser Feliz

Hoje me bastou uma brisa fresca da manhã para me lembrar de ser feliz. É, um vento menino que refrigerou o corpo e a alma, enquanto eu fazia a tarefa simples e doméstica de lavar o quintal e molhar Umas poucas plantas urbanas e o meu toque rural de cajueiro. Certamente, como eu naquele momento, elas celebraram a água e o vento.
Fiquei pensando que as pessoas deveriam ter uma estrada com os doze passos da felicidade, para construir ao longo da vida. Claro que estas não seriam regras engessadas, afinal de contas somos todos diferentes e as semelhanças do Ser Humano param nesta redundante condição – o gênero humanidade. No mais, “O que seria do roxo se todos gostassem do amarelo?”.
Porém, delimitadas as razões das semelhanças e diferenças, acho que umas regrinhas para a busca da felicidade são básicas, como um pilar de sustentação das variedades e sutilezas de cada um, como por exemplo:
- 1 – Simplicidade: Aquela que nos faz curtir a brisa da manhã, como um presente que alivia o calor e acalma a alma, sem contestar as suas razões. Se haverá mais calor ou se ela trará chuva é pura e desnecessária especulação de quem não soube apreciar o benefício.
- 2 – Gratidão: Ser capaz de agradecer a Deus ou a força maior que você acredite que exista pela vida, mesmo diante de condições adversas. Saber que você é uma semente que desabrochou , anda, respira e pensa é magia Superior. E se você pensar nas outras sementes que germinam, lembre-se de elas ficam presas sob a terra, a menos que alguém as mova de lugar. Ainda assim, elas são gratas ao sol, a água e ao vento, benefícios do Criador.
- 3 – Competência Construtiva: Entender que você não está neste Mundo a passeio e tomar ciência do conjunto indispensável formado entre o Homem e a vida. As ferramentas com a qual Deus o dotou, – Mente e Mãos – são as primeiras realizadoras de obras, desde os mais primitivos tempos.
Você poderá perfeitamente me questionar, dizendo que a mente que cria pode alimentar a mão que destrói. A mão pode da maneira mais sórdida e cruel realizar as elucubrações da mente. Por certo que sim! Mas lembre-se que neste exato momento estou construindo os doze passos da felicidade e “o que seria do azul se todos gostassem do rosa?” – As divergências tá lembrado?
- 4 – Competência de Exercitar os Sonhos: Por que não apenas capacidade para sonhar? Porque apenas sonhar é tarefa dos simplórios, muito diferente do que é simples. Por exemplo: Eu sonho com o mar, o que não significa nadar ou navegar, jamais saberá como é toque da água quem não se dispuser a entrar nela, jamais sentirá a força do vento sobre as velas quem não colocar o barco na água e depois, o dourado do sol sobre a pele será um troféu a mais no conjunto. Lembre-se você é a semente que germinou e andou para realizar.
- 5 – Ser Destemido: A coragem também é a mola impulsionando a felicidade, ela nos incentiva a realizar e a coragem associada à simplicidade na construção dos sonhos já é uma grande conquista. A boa coragem dissipa as dúvidas atávicas da existência.
Boa coragem? Como é isto? Toda coragem não é boa? Não necessariamente! Como disse o filósofo Sócrates, “Sei que nada sei”. É preciso ter coragem para viver e descobrir o que não se sabe, antes de empreender uma ação que pode ser desastrosa. Caminho para a infelicidade própria ou dos outros. A boa coragem nos leva ao caminho do aprendizado, depois o das escolhas e aí o das realizações. Boa coragem é saber que se pode até sangrar os pés nas pedras do caminho mais difícil, isto se não houver outra forma, mas, lá no horizonte haverá um balsamo perpétuo.
- 6 – Claridade e Leveza: Existe muito peso e escuridão por aí na história dos contraditórios, mas, este submundo que subjuga milhares de almas é insuportável, denso e frio. Olhar para o alto através das nuvens negras e ver o sol e/ou as estrelas, encher os pulmões de ar fresco quando o em condições de ar rarefeito é algo fantástico. Estas obviamente são imagens figuradas do dia a dia, dos problemas que enfrentamos e são ao mesmo tempo, chaves para soluções.
Deixa-me contar uma historinha breve: Tenho uma prima que é muito engraçada, apesar de viver uma vida de oportunidades e escolhas sofridas. Ela sempre nos faz rir, principalmente quando nos conta as suas noites de pesadelos. Ela é extremamente medrosa, mas, pelo menos para nós, ela não consegue colocar peso nestes medos. Você pode até achar que isto é uma maldade mossa, mas não é. Ela consegue tornar a própria tragédia em uma comédia. Tudo nos seus pesadelos vira uma grande trapalhada e, no auge do seu desespero, no clímax do pesadelo, surge em seu quarto uma porta. Por esta porta ela escapa, rola na grama verde sob um céu claro e azul. Em sua alma existem claridade e leveza suficientes para permitir que ela paire sobre o seu desespero com uma solução muito simples – a porta.
Na grande maioria das vezes para solucionarmos um problema, precisamos nos distanciar dele criando um novo olhar onde o desespero seja descartado para deixar fluir a inteligência. A criatividade nos permite a invenção de um viver que contorne o problema. Isto não é covardia, mas sobrevivência com bom humor, indispensável para que a nossa alma possa transcender o “lado negro da força”.
Acredito nestes seis conceitos como princípios básicos e comuns a todas as pessoas que pensem em trilhar a estrada da felicidade. Não como a estrada de tijolos dourados nos levará ao mundo de OZ. Não! Você constrói a sua estrada a cada passo, todos os dias e enquanto constrói é feliz até o final do caminho. Sacou? Então nada de Arco Iris e Pote de Ouro. É só a construção ao longo do caminho e o seu legado.
Você deve estar se perguntando: A maluca falou em doze passos, não falou? Vai ficar somente em seis?
Calma! Muita calma nesta história. Eu também falei em passos básicos, que na minha concepção devem ser comuns a todas as pessoas. No mais, fica a gosto do freguês, como um quebra cabeças. Você precisa descobrir os outros seis. É a sua primeira meta – a construção da sua chave. Marca pessoal, intransferível e diferenciada.
As minhas? Que tal: - 7 – Fidelidade aos ideais (traçar uma linha de princípios e trilhar sobre ela) ; - 8 – Competência para exercer o perdão; - 9 – Competência para reconhecer os erros e retroceder; - 10 – Competência para amar plenamente a si e ao outros; - 11- Competência para esquecer as mágoas e aprender com as dores, para seguir em frente; - 12 – Competência para entender que o Mundo acontece independente de você, mas que ele espera o melhor de você.
No mais, é vida, só vida que segue em frente.

Rosamares da Maia – Abril de 2017.

Foto de Rosamares da Maia

Sabedoria de Sobrevivência

Sabedoria de Sobrevivência.

A sabedoria era como ela, Rosa singela,
Dobrada, matreira, de cheiro português,
Aroma dos gostosos assados do Porto.
Saber de Rosa mulher e disfarce de flor.
Na Terra nova misturou outros aromas,
Descobriu o doce de abobora com coco.
Aprendizado moreno de cravo e canela.

A minha viagem mergulhou no tempo,
Nos sabores dos cheiros e temperos.
A minha visão tem gosto e ainda é clara!
Tem brasa ardendo no fogo de lenha.
Tacho e tampa de ferro, panela de barro.
Sabedoria de quem sabia inventar, somar,
Multiplicar o pouco que havia no dia a dia.

Na memória coze o ensopado no fogão,
Carne seca, tomate camboinha e mamão.
Sabor de folhas plantadas no terreiro,
Parreiras de chuchu e maracujá.
Saladas e saudade, almeirão e alface verdinha.
Sabedoria de remendo no ralado dos joelhos
Tosse curada com saião e chá de sabugueiro.

No verão, banho na tina de madeira,
Bucha natural colhida na cerca de bambu,
Sabão de coco e sabonete Cinta Azul.
Ave Marias solitárias no silêncio da tarde,
Oração, devoção, fé e simplicidade.
Sabedoria de subsistência – sobrevivência,
Família e fraternidade – casa de minha avó.

Rosamares da Maia – 10/ 2016.

Foto de leila lopes

EU QUERO

Quero teu abraço apertado
Quero teu corpo suado
Quero seu beijo molhado
Quero a alegria dos olhos a se encontrar com os meus

Quero o teu sorriso a me encantar
Quero o seu deitar e acordar ao meu lado
Quero todos os seus bom dia pela manhã
Quero uma xícara de café e um beijo seu antes de sair

Quero o sentimento da saudade, com a certeza que você estara lá quando eu chegar
Quero saber como foi o seu dia e te contar sobre o meu
Quero simplesmente que não seja mais eu e sim nós
Quero o seu querer mesclado ao meu em todos os dias teus.

Foto de Poetando

Tristeza Amor

Estou vendo a tua foto
À espera da tua chegada
Tempo que demora a passar
Esta dor de tanta saudade
Que não mais me passou
Os sonhos de felicidade
Esses o vento os levou
Para qualquer outro lugar
Tristeza em mim contida
Coisas que me faz a vida
Sem saber como a explicar
Fico toda a noite em silêncio
Nesta solidão por companhia
Esperando que tu chegues
Nesta noite que está tão fria
Vem amor não brinques comigo
Não me queiras mais torturar
Desta tristeza eu já não consigo
Sozinho poder dela me livrar
Queria entender este amor
Desta tão grande paixão
Tantas voltas que eu já dei
Que me chego a perguntar
Se não teria sido eu que errei
O meu desejo de te seduzir
Que até em sonhos te vejo
Tu estas a sorrir para mim
Ao ouvires pedir-te um beijo
Ri a solidão do meu amor
Toda a noite até amanhecer
Dando suas risadas estridentes
Ao ver como é o meu sofrer
Para sair desta minha tristeza
Vem depressa meu amor
Que já não consigo aguentar
A solidão que me causa tanta dor

De: António Candeias

Foto de Poetando

Vida

A vida pode ser muito linda
Basta nós a querermos fazer
Não sendo um mar de rosas
Temos que saber com ela viver
A vida tem coisas ruins também boas
Para nos alegrar ou entristecer
Mas saibamos juntar tudo
Com alegria iremos viver
A vida não é um mar de rosas
Temos que contudo viver
Seja com o mau ou o bom
Com ela vivemos até morrer
Para que andarmos em guerras
Quando a vida são dois dias
Devemos alegrar nos todos
Espalhar pelo mundo só alegrias
Se conseguirmos estar sempre alegres
E a todos os outros levar alegria
O mundo ficará muito melhor
Mais saudável e em harmonia
A vida pode ser muito linda
Assim cada um faça a sua parte
Vivendo sempre com alegria
Levando-a para toda a parte
De: António Candeias

Foto de Poetando

Meus Sonhos

Os meus sonhos me levaram
Para longe e como amei
Andavam a tua procura
Não mais eu te encontrei
Foi uma viagem maravilhosa
Que fiz enquanto sonhei
Quando estava mais amando
Foi quando do sonho acordei
Faço em poemas para ficarem
Para de mim não te esqueceres
Que eu sempre te amei e amarei
Muita vez não te tenha parecido
Vaguearam os meus sonhos
Foram encontrar-se contigo
Bem que te quero esquecer
Em sonhos eu não consigo
São sonhos maravilhosos
Mas que me causam só dor
Saber que nunca serás minha
Porque te amo tanto meu amor
Estes sonhos que me levam
Para tão grande distancia
Só em sonhos estou contigo
Quando preciso te esquecer
Para ter paz este meu viver

De: António Candeias

Foto de Poetando

Posso ser a tua estrela

Posso ser a tua estrela
Para sempre te apoiar
Conta sempre comigo
Que eu contigo amo estar
Nas tuas horas tristes
Que precisas desabafar
Sabes bem que comigo
Tudo tu podes contar
Posso ser a tua estrela da guia
Para te poder encaminhar
Quero te ver sorrir e feliz
É esta assim a maneira de te amar
Vou iluminar-te o caminho
Para não mais tropeçares
Estarei sempre contigo
A amar-te e a mimar
Não te quero saber mais a cair
Nem nas quedas a pensar
Quero-te de cabeça erguida
Para ninguém ter que falar
Agora podes triste estar
Mais logo a sorrir irás ficar
Posso ser a tua estrela
Para sempre te apoiar
Porque contigo amo estar
Tudo sempre farei
Para te ver feliz e sorrir
Porque estás no coração
E como eu amo ver-te rir

De: António Candeias

Foto de Poetando

Não sou nenhum poeta

Sou apenas um aprendiz
Escrevo o que tenho na alma
O que o coração me diz
Para poder ser poeta
Tinha que saber escrever
Assim como não o sou escrevo
O que sinto dentro do meu ser
Sou simplesmente aprendiz
Umas letras vou rabiscando
Chamo-lhe os meus poemas
E assim eu os vou debitando
Não me chamem poeta
Porque poeta eu não sou
Escrevo o que estou sentido
O presente e o que passou
Sou simplesmente aprendiz
Que esta sempre a aprender
Escrevendo vou dizendo
O que foi todo o meu sofrer
De: António Candeias

Foto de Jardim

na luta diária, tropeços

na luta diária, tropeços,
pedras, nuvens, ventanias,
gasto meu tempo, perjuro,
gasto meu grama de coragem,
meu punhado de futuro.

sigo com o olhar atento,
como quem leva a urgência
de um recado, resoluto,
cumprindo algum mandado
por força do insondável absoluto.

entre as colunas da tarde
calcinadas de lástimas,
entre as paredes, descrente.
um sol melancólico queima
onde ninguém pode ser indulgente.

entre os devassados
esconderijos que busco
entre a sede e a bebida
se vai sem perceber um dia,
um mês, um ano, toda uma vida.

perdulário das horas, dos minutos,
do mundo que eu não soube decifrar,
troco por incerteza o ar errante
e por força do hábito
troco o porvir por um instante.

dos passos em que cego me revelo,
a cada queda me recobro,
preservo o fogo que em mim dura,
no qual forjo, sem medo ou angústia
as faces da máscara futura.

na treva em que me embrenho
sem saber quem sou, existo.
nas vertigens do alento,
sobre as curvas do caminho
ultrapasso a curva do momento.

outro céu, outra fome, outro corte,
por não saber quando parar,
giro e oscilo entre penhascos,
busco solução na chuva e no ar
por não haver alívio para os meus ascos.

Poema do livro Diários do Desassossego
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Foto de Moisés Oliveira

Peça velha

Não quero saber de olhar pra descobrir o rumo, quero andar despreocupado, caminhante do mundo.

Não quero pensar em demasia no futuro que está por vir, Quero viver cada momento, acordar e poder sorrir.

Não quero uma vida azeda, ao gosto da sociedade, quero me alimentar de sonhos, quero beber felicidade.

Não quero a comodidade que a tal zona de conforto propicia, Quero sair dessa cerca armada, pra não viver só de nostalgia.

Não quero me enquadrar em padrões ou pertencer à equação, Não me importo em ser peça velha, modelo antigo, fora de produção.

Não quero ter que explicar o óbvio, me entediar na inauguração. Quero reviver o momento, apreciar a obra em exposição.

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