Rosto

Foto de KAUE DUARTE

Choro de redenção

Me deu vontade de chorar
Não tenho motivos
E nem preciso
Só preciso de lágrimas
Sei lá, mais encontro a redenção
Chorando porque sou fraco
Chorando porque sou forte
Chorando porque sinto, alem de um coração
Sinto além de um pensamento
Choro além de um lamento
Choro por chorar
Lavar as vestes da iniquidade
Pra lavar o rosto do pecado
Pra purificar e dar lugar as situações
Vazão ao choro, aspecto purissimo
Pois quando choro, percebo que sou real
E não um corpo ambulante
Vagueando por entre corpos vagueantes
Mais não, sou esse choro de berros
Esse choro só de lágrimas
Choro de perda, de conquista
Ou apenas choro
Quando choro me humanifíco
E permito Deus enchugar minhas lágrimas

Kaue Jessé Duarte 14-05-2011 //*

Foto de raziasantos

Onde estou?

Tudo é tão vago...

Tudo que lembro é de acordar em lugar frio abafado.
Não sei como, mas conseguiu sair comecei a caminhar entre as folhas secas: As árvores sem vida...
Tudo era silencioso, não ouço risos, nem choro, nem lamentos, nem agouro.
Não sei onde estou, nem sei quem sou, tento me ver, mas não consigo; não sinto o calor do sol, à noite não vejo o esplendor das estrelas nem o brilho da lua.
Tento descobrir que sou começo a caminhar passo por rios de águas turvas e violentas.
Vago na densa noite quando á luz do sol irar iluminar todo universo.
Mas sem dormir eu me desperto tudo esta frio e nublado...
Espanto-me com silencio e pela primeira vez sinto um arrepio no meu corpo.
Tudo! É tão vago onde estou?Quem sou eu?
Começo a correr tem pressa de sair deste lugar horrendo e vazio.
Não sinto mais meus pés não vejo os pássaros, e nem ouço o seu cantar.
Nem uma só palavra, nem um ser vivem.
Somente eu...
Eu, ‘’mas quem sou eu’’?
Neste imenso vazio e solidão tento encontrar minha alma quem sabe ela me dirá que sou?
Ò minha alma onde estas? Apareça faça-me companhia tira-me deste vazio!
Há minha alma tudo é tão vago nem recordações eu tenho, minhas lembranças sumiram.
Estou cercada pelo silencio, selva da amargura e a selva da solidão.
De tanto caminhar consigo ver a cidade, mas esta vazia e as poucas pessoas, que consigo ver me ignoram, em algumas eu toco pedindo socorro, mas é como se eu não existisse.
Há!Estou me perdendo cada vez mais...
Onde estão minhas lembranças?
Serei eu um ser humano?
Por que fui condenada há este mar de desilusão e tristeza...
Sinto-me tão cansada devo encontrar um lugar para descansar, e onde eu possa me aquecer.

Mas onde?Se tudo é vago e vazio...
Neste longo caminho que tenho percorrido me perdi nos dias nem sei mais contar os meus dias.
Quem me dera poder ouvir o canto da sábia, as garças com sua beleza me alegrar.
Vou seguir sem parar de caminhar até onde meu corpo suportar.
É eminente a dor do abandono e solidão.
Será este o purgatório?
Por quem fui julgada?
Se não tenho lembranças como saber o meu pecado!
Não sinto cansaço só tristeza tudo é sem brilho, sem cor.
Até os rios me rejeitam...
Quem sou eu? O que sou?

Estranhamente sou tomada por um sono incontrolável.
Sinto muito frio parece que estou em congelando.
Adormeço profundamente...
Der repente ouço uma voz suave e sinto mãos batendo lentamente em meu rosto:
Raquel acorde tudo terminou bem você voltou para nós acabou o pesadelo
Você saiu do coma!

Foto de betimartins

O fantasma do hospital pediátrico.

O fantasma do hospital pediátrico.

Era noite o João piorou, o seu câncer alastrava e seu tempo de vida era diminuto o seu caso já era bastante mais avançado, as dores eram muitas e precisava ser de novo medicado. Seus pais, o senhor Alfredo e dona Isabel pegaram no João e arrancaram com ele para o hospital, o seu medico já estava esperando ele, recomendou que fosse melhor internar e vigiar de mais perto.
João fez cara feia, era um menino lindo de olhos verdes, cabeça sem cabelo, mas um sorriso iluminado e franco, era bastante positivo e conformado com a sua doença, às vezes era ele que tranqüilizava a sua mãe. Mala já no carro e foram para hospital oncologia de Lisboa, lá tinham tudo, uma sala, repleta com novidades, desde PC, jogos, livros e até palhaços e pessoas muito simpáticas.
Faziam um bom trabalho, de convívio e auxilio, todos eram simpáticos e o João achou que isso até ia ajudar sua mãe a superar o que vinha ai. Ele sabia que tinha pouco tempo, seu amigo invisível já tinha falado a ele que se preparasse, apenas esperava por ele para fazer a passagem.
Logo lá chegaram, o medico medicou o João e mandou fazer mais uns exames para diagnosticar melhor o estado do João, ele já estava tendo falência de órgãos, seu caso estava mesmo muito mau.
João não era parvo ele lia os olhares das pessoas e sabia o que eles pensavam, sorria e apenas se conformava. Seu quarto era grande, tinha uma cama para sua mãe ficar ou seu pai, olhava para tudo com admiração, mas era muito equipado com maquinas, nada faltava ali. As dores aumentavam à medida que a morfina já não fazia efeito, ele já ficava muito cansado, ele tinha um dom que via o que outros não viam, ele conseguia comunicar com os mortos.
A noite veio e sua mãe adormeceu cansada, ele pode conversar com seu amigo invisível, queria contar as novidades, estranhamente ele o chamou, mas ele não apareceu, nada, estava assustado ele o ajudava a superar o tempo e as dores. A noite já ia alta, eram cerca de três horas da manhã e escutou um riso assustador e um gemido de uma menina, aterrorizada, dizendo:
- Deixa-me, por favor, não faças isso.
Desatando aos gritos, como ela gritava, ele não sabia como fazer, não podia sequer sair da sua cama com os tubos que ligaram nele. Fechou os olhos e pensou no seu amigo com força e pediu a Deus que enviasse seu amigo. Nada, absolutamente nada, que iria ser dele se aquela coisa o atacasse, ele chorou, teve medo, nunca tinha medo, mas naquele exato momento um arrepio atravessou a espinha.
A noite avançava, o silêncio imperava pelo hospital, não se escutava nada e de repente, ele escuta um arrastar de passos, pesados, um cheiro nauseabundo, para exatamente a na sua porta do quarto, o frio percorre seu corpo, queria gritar, não conseguia, a voz sumiu e ficou quieto e dando a impressão que estava a dormir.
A porta abriu-se, entra um palhaço, de aspecto horrendo, mal cheiroso, seus dentes estavam podres e seus olhos esvaiam sangue. Era horrendo, ele caminha em direção de sua cama, rindo de forma assustadora, rindo ele dizia:
- Este aqui vai ser meu, eu o vou levar comigo.
Rindo e maquiavélico, ele saiu do quarto, dando o menino como alma ganha no seu assombroso mundo. Logo ele escutou a voz da menina, chorando e gritando, estava gelado e sem saber o que devia fazer também que ele poderia fazer? Nada estava preso na cama.
A porta se abre de novo e entra uma enfermeira simpática, outra dose para ele ficar sem dor e adormecer, totalmente cansado e sem forças ele adormece.
Entra a luz pela janela do seu quarto, escutando os carrinhos de comida pelo corredor, agitação, vozes, agitação e vida. Satisfeito ele fica agradecido por ser dia, certamente aquela coisa horrenda não o vai chatear, se seu amigo aparecesse logo ele saberia o que fazer.
Na sala estava uma menina linda ainda muito pequenina, teria ai cerca de quatro anos, escutou pela sua voz que era a menina que chorava e gritava. Ela sorriu para o João, nisto ela modificou o seu rosto, ficou pálida, João olhou para onde ela estava a olhar, viu o palhaço horrendo acenando com a sua mão, cheia de sangue. Ele olhou para o João e desatou a rir assustadoramente. Jessica era o nome da menina, desatou a chorar.
- Eu não quero estar aqui, deixa-me ir para casa mama, por favor.
Desolada a mãe ficava sem saber o que fazer ela também estava muito mal já não agüentava mais nenhuma sessão de quimioterapia, já não havia mais nada a fazer, apenas esperar que ela não sofra muito.
João sabia que era naquela noite que algo muito ruim ai acontecer, ele sentia dentro de si, a noite logo veio, sua mãe não parava de chorar, o coração do João estava fraco, os rins quase nem mais funcionavam, os pulmões estavam também falhando, se dessem mais morfina, ele certamente teria falência cardíaca. O câncer ósseo espalhou-se rapidamente pelo seu corpo, a noite estava ficando mais silenciosa, seu amigo nada, sem sombra dele, se ao menos ele aparecesse, poderia o ajudar á Jessica.
Todos dormiam, estava um silêncio pesado, mortal, o ar estava sufocante, o medo invadia seu corpo, de repente escutasse um grito, um grito desesperante, volta o silêncio, que mata. Choros e correria, uma movimentação descomunal, escuta um medico falando no corredor:
- A Jessica, foi forte, apenas não compreendo, ela estava a começar responder ao tratamento e foi-se de repente, estranho.
Desolado ele fica com medo, foi o palhaço e agora sou eu. Olha para sua mãe e afaga seus cabelos, que estava dormindo aninhada em sua cama, ela sorriu dormindo, ele pensa quantas saudades eu vou ter dela e do meu pai.
Um lagrima cai pelo seu rosto, soava a despedida, lembrou as coisas boas e lindas que viveram, com os seus pais, logo tudo ia terminar.
Tudo voltou acalmar, ele queria dormir, mas não conseguia, logo voltou a escutar os passos assustadores, a porta se abre e ele decide não ter medo e lutar contra o palhaço, olhos esvaindo de sangue, voz tenebrosa, o cheiro nauseabundo era tudo o que ele conseguia sentir.
Ele enfrenta o palhaço tenta sugar a sua alma, o menino se defende fazendo uma oração que seu amigo ensinou algo acontece, o palhaço se esfuma e desfaz. Sumiu por completo e estranhamente, ele vê uma luz incrível, dela sai um anjo lindo, era seu amigo invisível, felizes eles, se abraçam e o anjo amigo fala para ele:
- João, tu mereces uma oportunidade, pois superaste a tua doença, foste gentil com os teus pais, foste valente e acreditaste no nosso Pai.
Sorrindo e suas mãos rodeadas de uma luz, uma linda luz verde clara que ele coloca no seu corpo e todo ele começa a vibrar e bilhar como uma magia, uma coisa de anjos mesmo.
Cansado e agradecido ele adormece, logo sua mãe o acorda para ser visto pelo medico, espanto o João estava com os batimentos cardíacos normais. Espantados fizeram exames e verificaram que ele estava curado, completamente curado.
João curou-se e o fantasma tira almas tinha desaparecido de vez, já não voltava para assustar as criancinhas e as levar para a escuridão

Foto de Carmen Vervloet

POEMINE 36

No chão, a folha caída!
No rosto, uma ruga!

Carmen Vervloet

Foto de Edigar Da Cruz

TOQUE NA LUA DE AMOR

TOQUE NA LUA DE AMOR

Esta noite morreras, quando lua vier sem o seu luar!!!!
Que não venha ao rosto tocar,...
Terás partido do meu leito de amor,..
Aquele que procura a marca dos teus passos,..
E cada passo um sinal da lua a brilhar,..
As marcas dos passos,..
Encontra pequenina na visão
Ao coração enorme gigantesca maravilhosa LUA,..
.Por seu nome crescera a energia do luar
Chama de chamada de luz de amor..
Como é belo vosso luar
Lindo brilhante incandescente luz!,..
Que nasce todo os dias como um novo eclipse,..
Em imagens de notas de acontecimentos,..
E a lua dos apaixonados..
Uma lua de Romeu e Julieta,
Uma lua de Don Juan
Uma Lua de Sansão e um tipo lindo de Dalila,..
E a lua dos poetas dos amados... APAIXONADOS
A lua de quem sabe valer e sabe amar..
Dessa luz que sempre aparece em datas e dias certos
Que faz a poesia bater forte,..
Que faz o som dos poetas de suas palavras serem incandescente, queridas envolventes como poetas de luas e estrelas e vidas de paixões queridas e amantes,
A lua faz a energia da vida ser sempre da cor do coração falando de amor e paixão
E muita SEDUÇÃO
Uma linda lua de luz feito uma fada
Em pele de SEREIA DE AMOR...
Você minha lua de amor

Ed.Cruz

Foto de giogomes

O seu circo

Amor, está desanimada ?
Não está se animando com nada ?

Vamos mudar este quadro,
deste tempo cinzento e nublado.

Só preciso de um banquinho,
chapéu, roupas e um paninho.

A sala é o picadeiro,
já temos um circo inteiro.

Por favor, é só sentar.
Que o show vai começar.

Me transformo em um mágico para você,
farei o seu sorriso aparecer.

Alakazam, alakazim.
Apareça sorriso para mim.

Ops, nada mudou.
Melhor mudar de atração para não acabar o show.

Agora sou o domador,
com o Putz, o animal que é um terror.

Com meu chicote tirado da cafeteira,
salvarei seu sorriso desta fera matreira.

Volta Putz ! Cachorro medroso !
Opa, é um esboço de sorriso que vejo em seu rosto ?

Vou para a próxima atração,
com sua maquiagem viro o palhaço Janjão.

Putz venha me ajudar !
Peraí falei ajudar, pára , minha calça vai rasgar !

Bom, lá se foi a calça do meu terno preferido,
e depois dizem que do homem, o cachorro é o melhor amigo !

Peraí, o que estou a ver ?
Um sorriso maravilhoso gostoso de se ver !

Missão cumprida,
encerro o show e volto a minha vida.

Mas amor, sempre que preciso,
eu voltarei a ser o seu circo.

Foto de Carmen Lúcia

Silêncio!(prece para minha mãe)

Uma breve pausa...calem-se todas as vozes...
Murmúrios de riachos, gorjeios de pássaros,
Assobios de ventos, lamentos, alaridos,
Gritos incontidos, gemidos, rangidos...

Somente as batidas de meu coração
Que agora chora, desmedida emoção...
Teu rosto nitidamente se retrata
Na moldura dourada de minha ilusão,
Teus olhos, dois faróis a iluminar...
Da janela da alma clareiam, me fazem enxergar.

Tua voz...Ah, tua voz que brandamente
Percorria os espaços, enchendo-os de alegria,
Era voz de harmonia, voz de sabedoria.
Nunca se calou...Ouço-a suavemente
No início das manhãs, ao deitar-se o sol poente.

Mãos de anjo...ainda sinto teus carinhos
A afagar devagarinho minhas dores, desilusões,
Ainda devem estar macias, possuem a supremacia ...
Nem a morte é capaz de apagar.

Mãe, esse silêncio é mais que uma prece...
É um grito de dor, é saudade, é amor que só cresce
Do amor que a mim despojaste, sem dimensão,
Que me faz caminhar, que me dá proteção
E que abraço por todos os cantos por onde passo.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Vervloet

A DÁDIVA DA MATERNIDADE ( Uma homenagem às Mães da Atualidade)

Uma estranha conspiração
frustrou teus desejos...
O sonho foi engessado.
O capitalismo selvagem
quase te fez perder a hora...
Era preciso estudar, conquistar, amealhar,
estabilizar a vida...
E só depois... Só depois semear
o doce fruto do amor.

Padeceste mãe, o medo da porta fechada,
a pressão da gestação não anunciada,
a insegurança do óvulo não fecundado,
do sonho frustrado...
A madrugada congelou lágrimas de dor.
A esperança amarrada por tênue fio,
quase ruiu...
Só a fé acesa em pavio molhado em óleo divino,
jamais se apagou.
Sofreste mãe, mas hoje sorris feliz!
O sol enternecido aqueceu por nove meses
o desejado fruto
germinado com o mais puro amor!
Engravidado com o fogo do coração...

Hoje, um hálito de criança
acaricia teu rosto,
um choro forte soa como música
aos teus ouvidos
e amamentas a tua cria
que só faz crescer e fortalecer
tua vocação de mãe.

Um botão em flor suspira,
enfeita o lar...
Um Anjo chegou suavemente
e brinca no jardim com o beija-flor...
E tu, mãe, derramas lágrimas de emoção
e agradece a Deus
a dádiva da maternidade!

Carmen Vervloet

Foto de Paulo Gondim

gravura

GRAVURA
Paulo Gondim
04/05/2011

Uma folha em branco
Um pensamento, um olhar perdido
A saudade do que foi vivido
Um convite à poesia
Como lenitivo
Para a nostalgia

E a pena desliza
Em versos, simples rimas
Como o andarilho
Que faz pontos nas esquinas

E o pensar voa, vai além
Além da alma, além da vida
A vida que segue nesse compasso
Sem pressa, sem hesitar seu passo

E no papel vejo teu rosto
Num desenho, lá posto
Na lembrança fria
Como fotografia
Impressa na mente
Que continuamente
Me lembra você.

Mas sei que não posso
Como sei que não devo
Mesmo assim te vejo
E sinto teu beijo
Que a alma me aquece
E me faço em prece
Me faço em arte, com tinta e pincel
Imagino teu rosto, descrevo com gosto
Na tela branca desse papel

Foto de Osmar Fernandes

Medo

Você perdeu o seu destino?
Vegeta num eterno estágio.
Não é mais um menino!...
Mas, vive tendo esse presságio.

Pare com essa loucura!
O desassossego apaga o seu rumo.
O pré-histórico, dentro de você, não lhe escuta...
Sem luz, nas trevas, este é o seu consumo.

Que graça tem uma estrada sem espinho?...
Deus nunca lhe esqueceu.
Seu medo sangra seu caminho.

Precisa juntar os pedaços do seu sonho.
Acreditar que sua esperança jamais morreu...
E voltar a ver no espelho seu rosto risonho.

Osmar Soares Fernandes

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