Restos

Foto de syssy

DIFÍCIL RECOMEÇO

Escolhi perde, entre minhas feridas
Estava meu coração que já lutava
Para manter-se desperto das tuas
Promessas falsas, sobrevivi dos
Escombros desse amor tão frio.

Corri para longe, busquei socorro
Fora do teu abraço inerme, olhos
Famintos por afagos, solicito de
Afeto em nós.

Te busquei,
Me perdi,
Feri, estou ferida também.

Esse amor me cala! Passiva,
Rendida, perdida entre teu
Mundo e meus olhos. Te dei
Muito mais do que tinha, incondicionalmente
Vivi pra te senti profundo, do
Profundo nada em mim.
Pra entender enfim que no fim,
Você restou muito mais desses restos.

Foto de Henrique Fernandes

QUERO MORRER MAS NÃO DE MORTE

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O vento quase que tudo levou
E me pergunto porque não eu
Serei restos que para trás deixou
O castigo que a sorte me deu

Choro lágrimas de medo
Lavadas pelo sol doente
Quero morrer no meu cedo
Que sem amor não sou gente

E porque vejo o mundo acabar
Enquanto ergo as minhas ruínas
Num grito que me faz matar
Pelos cortes das minhas sinas

O destino tem sido cão raivoso
Rosnando ao pisar dos meus passos
Nas rugas de um tempo manhoso
Com peso de dor nos meus braços

Foto de Henrique Fernandes

CALDEIRÃO ONDE SOMOS COZINHADOS

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A vida é um caldeirão
Onde somos cozinhados
Sem ementa na concepção
Somos menu criados

Crescemos a levedar
Ou em banho-maria
Postos á mesa sem hesitar
Provados como iguaria

Na morte somos restos
Na faminta sepultura
Sobremesa dos astros
Num banquete sem procura

Após bem cozidos
Ganhamos inteligência
Enquanto crus
Esfriamos na inocência

Foto de Carmen Lúcia

Viaduto (in memoriam)

Nível divisório (e ilusório) entre dois mundos,
Que não se encontram, mesmo perto, sempre juntos,
Realidades paralelas, não se cruzam, se recusam,
A apoteose e o apocalipse, a discrepância, a discordância.

Em cima o sol, a passarela, a vida bela,
Poder sonhar, a ostentação, a ambição.
Embaixo a escória, restos de vida, degradação,
O submundo, o escracho, a solidão.

No alto, a vida indo ao encontro do sucesso;
Debaixo, escorrendo ao retrocesso.
Passa o burguês, indiferente à desigualdade,
E indiferente, o indigente...o que perdeu a identidade.

Muitos despencam lá de cima, lá do luxo,
Feitos suicidas, enclausurados pela dor...
Sombras que assombram, que retratam o desamor
São bichos-homens, vira-latas, degustam lixo.

E permanece lá em cima, a indiferença.
Todo o glamour, a arrogância, a burguesia,
E os maltrapilhos, recolhidos, embevecidos,
Com os out doors, os pisca-piscas...Zombaria!

Até quando esse cenário revoltante?
Só se aproximam pra tirar fotografias,
Virar manchete nas colunas de jornais,
Tão cordiais com tais problemas sociais!
E as soluções? Ora, quanta hipocrisia!

Quando acolhido pelo abraço maternal
E acarinhado pela morte, o indigente,
Seu corpo jaz, caído ao chão, sobre um jornal,
Do pedestal (aí se cruzam), a sociedade
Vem dissecá-lo para o bem da Humanidade.

(Carmen Lúcia)

Obs:Já havia postado essa poesia, mas não a encontro.

Foto de Minnie Sevla

Menina Cabocla

Eu sinto-me acocorada em um rabo de fogão
a lenha.
As labaredas estalando, em cores de tons alaranjados.
A lenha queimando e deixando os restos
das cinzas amontoados.
Panelas pretas de carvão exalando o cheiro gostoso da comida
roceira. No forno o pão de queijo e a broa de fubá
assando e eu menina criança, mulher de olhar
triste, profundo, faceiro.
E eu menina esperança de encontrar
no estalar do fogo o aquecer de minh’alma
solitária, envergada, gélida.
Cubro as pernas finas e esbranquiçadas
com meu vestido de chita, os pés descalços
se ajeitam num espaço tão pequeno.
Eu menina cabocla, que tão poucas vezes
sorri, morando em um casebre com telhas
que na tempestade o vento sucumbi.
Não sei o que é luxo, mas sei sonhar...
quando pego a lata pra buscar
água no poço pra lavar a casa e meus irmãos se banhar.
A cabeça dá voltas pelo mundo de riqueza, casarões,
homens distintos a me rodear.
Eu sou assim: sou menina, sou criança,
sou mulher, sou esperança, sou cabocla,
imagem refletida nas poças da simplicidade
onde se traduz sonhos foscos de felicidade.

Minnie Sevla

Foto de Paulo Gondim

Restos de saudade

RESTOS DE SAUDADE
Paulo Gondim
28/01/2008

Ouvi o grito de teu coração
No silêncio de tua boca
Sedenta por emoção
Na volúpia de tua voz rouca

Senti o pulsar do teu sangue quente
Nas veias tortas de minha paixão
Carregando-me nessa louca corrente
Como labaredas de um vulcão

É assim que te vejo e te sinto
Na estreita vertente do querer
E mergulho por teus labirintos
E me sufoco de tanto prazer

E ouço mais teus gritos roucos
Perdidos na cumplicidade
Que vão se dissipando aos poucos
Apenas restos de tua saudade

Foto de Ana Botelho

REVELAÇÃO

REVELAÇÃO

Como tudo na vida vale o tempo da dedicação,
E por conta das desmedidas e incontáveis paixões,
Companheiras fiéis dos frágeis e descuidados corações,
Que quase nunca sobrevivem aos reveses do amor,
As poesias brotam incessantemente desde os primórdios,
E provam que não existem palavras certas, bastante capazes
De evitarem que os seus turbilhões deixem de nos aniquilar.
Ainda que estejam esmaecidas pelo correr do tempo,
Revelam a dor da morte de um lindo encantamento,
Restos de projetos de vida desfeitos, os mais preciosos,
Ou belas verdades poéticas que não pertencem a ninguém,
São palavras buriladas e contextuadas sem destino certo
E a cada poeta cabe apenas a dor do seu nascimento.

Para quem não tem rima e gosta de encadear com arte,
Ou o que as entona em lindos sons numa marcha sem fim,
Escrevem como quem tropeçasse em vários traços mágicos,
Mostram logo, de cara, todo o bom compasso e enlaçam,
Repousam no papel a sua cria, que cuidaram noite e dia,
Gastam o seu tempo empenhado em dar-lhes belo trato,
Alimentam-lhe com fascínio e esmero mais que exatos.
Muitas são tecidas pelo criador por horas e horas a fio
Algumas ainda jovens, já florescem, formosas e plenas,
Outras chegam até a fase adulta para se perpetuarem.

O ser poeta é um mergulhador do âmago da vida,
Sem comprometer com isso a sua sobrevivência,
É o lançador destemido das máximas cartadas,
No criar, no sonhar e no se envolver nas essências.

Como que levado num redemoinho incandescente,
Com naturalidade, surge o tal clarão inesgotável,
Que ilumina a alma de cada pensamento mais íntimo,
Rasgando-lhe as vestes e deixando-a devassável.

Ele absorve a magia de todas as fases de luzes da lua,
Buscando em zonas abissais todo o mistério submerso,
Energiza-se no sol, sempre, como um amigo maior,
Pondo isso tudo o que lhe alimenta num só verso.

O poeta como ser é um mago inebriado que inebria,
Cantador de encantos, desencontros e da plenitude da vida,
Busca revelar, em palavras, o semblante do seu semelhante
Que ares demonstra e, logo, os descreve-lhe as desditas.

Como se fora um guru especializado em almas,
Segue a sua sina sem reclamar, porque ama,
Ama o outro como a si mesmo e sabe disso,
Porque perpassa as agonias e delas não reclama.

Especialista, é sábio conhecedor da dor alheia sem fim,
Seja esta colhida tenramente, ou até quando madurar.
Mestre em metáforas, em rimas e métricas, mas me vem à mente:
Nunca vi nesta vida, um poeta "expert" na própria arte de amar...

Foto de NiKKo

Folhas soltas, soluços do coração

Meu coração anda errante por terras estranhas
a procura de um coração que saiba amar.
Ele está cansado de ter sonhos e fantasias em vão
ele precisa deixar de chorar.

Meu coração já amou e chegou a crer
que finalmente havia encontrado a sua metade.
Mas pouco tempo depois, nada mais restava
a não ser um peito recheado de saudade.

Eu confesso que agora temo me entregar
pois trago em meu peito, marcas que alguém deixou.
Foi um amor maravilhoso e embora fugaz
e que eu ainda não entendo, porque acabou.

E hoje quando eu olho para esse passado
busco nestes fragmentos os restos de uma historia sofrida.
Confesso que ao perdê-la, perdi a ilusão que eu tinha.
Confesso que hoje me sinto fracassada e sem vida.

Eu sei que amar é correr o risco de se entregar,
é ter coragem de se dar sem nada de volta receber.
Mas estou cansada de amar e não ser amada
e desta forma, eu confesso, não quero mais viver.

Este amor que eu tive me deu tanta esperança
que meu coração se nega a acreditar que tudo acabou.
Assim busca juntar meus pedaços nessa historia
na inútil tentativa de recompor o que sou.

Pois os pedaços de meus sonhos foram jogados ao leu
e junto com a minha esperança caíram por este chão.
Hoje sou folha solta que o vento da desilusão carrega
Por isso hoje meus versos são, soluços do meu coração.

Foto de lancelot30

Escolhas

Embora você se foi
E Nem ao menos me disse adeus
Perdi tanto tempo
Perdi tanto tempo

Fiz certas escolhas
Fiz escolhas erradas
Coloquei o peito a frente
E me cortei me feri me machuquei

Na verdade tudo é passageiro
Tudo é tão rápido
O sopro é ingênuo
E a vida uma grande piada

O mundo te fere
E você fere o mundo
O enorme vazio fica contido
E os pensamentos se perdem no ar

Catar restos explorar sorrisos
Nada o fará maior
Nada me fará melhor
Só o choro pelo que guardo comigo

Sinto muito por mim
Sinto muito por você
Sinto muito pelas perdas
Que eu tive que esquecer

Cada vez mais me condeno
Sinto que não posso respirar
É algo tão real
E algo que sinto no ar

Nossa quanta tristeza
Assola o meu coração
É como se nem o sol
Brilhasse no sertão

E com quanta delicadeza
Volto ao meu rumo
Volto sem pedir carona
Volto sem pedir o adeus
Que eu dia eu pedi a deus
Para que ao menos por bondade
Fosse lembrado de mim.

Foto de Izabel Esperanza

Eternos sacríficios, eternos pagamentos

Paixões, divertimentos, vícios!
Almas em desespero...
Sonhos e desperdícios...

Tortura da imaginação,
Restos de veneração.
Noites de temporal,
Pensamentos em pedestal...

Mar de ilusões
Passadas tempestades.
Alusões às virtudes
Assensos de previsões...

Pensamento aleivoso,
Doces e necessários flagelos...

Tentanto partir...
Querendo ir...

Eternos sacríficios,
Eternos pagamentos...

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