Razão

Foto de Maryluce

Onde Há Inveja, não Há Amizade

Grande trabalho é querer fazer alegre rosto quando o coração está triste: pano é que não toma nunca bem esta tinta; que a Lua recebe a claridade do Sol, e o rosto, do coração. Nada dá quem não dá honra no que dá: não tem que agradecer quem, no que recebe, a não recebe; porque bem comprado vai o que com ela se compra. Nada se dá de graça o que se pede muito. Está certo! Quem não tem uma vida tem muitas. Onde a razão se governa pela vontade, há muito que praguejar, e pouco que louvar. Nenhuma cousa homizia os homens tanto consigo como males de que se não guardaram, podendo. Não há alma sem corpo, que tantos corpos faça sem almas, como este purgatório a que chamais honra; donde muitas vezes os homens cuidam que a ganham, aí a perdem. Onde há inveja, não há amizade; nem a pode haver em desigual conversação. Bem mereceu o engano quem creu mais o que lhe dizem que o que viu. Agora, ou se há-de viver no mundo sem verdade, ou com verdade sem mundo. E para muito pontual, perguntai-lhe de onde vem; vereis que algo tiene en el cuerpo, que le duele. Ora temperai-me lá esta gaita, que nem assim, nem assim achareis meio real de descanso nesta vida; ela nos trata somente como alheios de si, e com razão:

Pois somente nos é dada
para que ganhemos nela
o que sabemos.
Se se gasta mal gastada,
juntamente com perdê-la,
nos perdemos.

Enfim, esta minha Senhora, sendo a cousa por que mais fazemos, é a mais fraca alfaia de que nos servimos. E se queremos ver quão breve é,

ponderemos e vejamos
que ganhamos em viver
os que nascemos:
veremos que não ganhamos
senão algum bem fazer,
se o fazemos.

E, por isso, respeitando

que o porvir tal será,
entesouremos ;
porque [ao certo] não sabemos
quando a morte pedirá
que lhe paguemos.

Nunca vi cousa mais para lembrar, e menos lembrada, que a morte; sendo mais aborrecida que a verdade, tem-se em menos conta que a virtude. Mas, contudo, com seu pensamento, quando lhe vem à vontade, acarreta mil pensamentos vãos; que tudo para com ela é um lume de palhas. Nenhuma cousa me enche tanto as medidas para com estes que vivem na maior bonança, como ela; porque quando lhe menos lembra, então lhe arranca as amarras, dando com os corpos à costa; e se vem à mão, com as almas no inferno, que é bem ruim gasalhado:

E pois todos isto temos,
não nos engane a riqueza,
por que tanto esmorecemos,
e trás que vamos;
já que temos a certeza
que, quando mais a queremos, a deixamos.

Gastamos em alcançá-la
a vida; e quando queremos
usar dela,
nos tira a morte lográ-la;
assim que a Deus perdemos
e a ela

Foto de Cecília Santos

Pra te fazer feliz

Sou alegria, sou a canção que emana da alma e do coração.
Sou o clarão de todas as manhãs iluminando teu dia.
O calor do sol, te aconchegando bem devagarinho.
A brisa brincalhona que toca a tua pele.
Sou pra você o som das águas cantando.
O som da mata despertando se pra vida.
O beijo estalado marcando teu rosto.
Um friozinho bailando em teu estômago.
Sou a melodia, pra te fazer sorrir e dançar.
Sou o amor capaz de te inebriar.
Sou a razão, sou a paixão, sou o coração.
Sou tudo que puder ser, pra te fazer muito feliz.

SP/06/2011*

Foto de Carmen Lúcia

Que...

Que as incertezas geradas pela imposição da vida não bifurquem meu caminho;

Que as asperezas sofridas não me separem do carinho;

Que o frio do inverno não congele meus sentimentos;

Que o breu da noite não me impeça de imaginar a lua;

Que o espinho da rosa não me afaste de sua beleza;

Que os erros cometidos me façam refletir e um dia acertar;

Que ao buscar a liberdade a encontre primeiro em mim;

Que eu saiba discernir desejo e prazer, amor e paixão, ser e ter, para que me complete como ser humano;

Que a razão esteja na mesma proporção da emoção e que se manifeste a que mais se requer, no momento que melhor aprouver;

Que minhas expectativas caminhem ao lado dos sonhos e que eles não voem bem mais alto que eu possa alcançar;

Que a distância por mim percorrida não me desvincule de minhas raízes;

Que cada derrota vivida seja um trampolim para recomeçar;

Que após cada vendaval eu creia num novo sol a sorrir;

Que a justiça seja meu escudo no combate aos preconceitos e desigualdades sociais;

Que o universo conspire a meu favor a cada apelo, a cada grito de dor;

Que antes de mais nada seja lida minha alma e não prevaleçam as aparências;

Que o amor fale sempre mais alto, calando a insensatez do ódio;

Que as cores do arco-íris descortinem as brumas do oceano refletindo as belezas do mundo;

E quando a aridez do solo sangrar os meus pés, que eu crie asas e possa voar...

_Carmen Lúcia_
21/08/2009

Foto de Carmen Vervloet

Segredos do Amor

Ah! Se já perdi minha razão
por que esconder toda essa paixão?

Céu de luar, confidente do meu coração,
me deixe sonhar com essa doce ilusão!
Juras, promessas, poesias
paixão e alegrias
num raio a brilhar sobre as ondas do mar...
Entrego-lhe a vida,
canção comovida,
não há receita pra ser feliz.
Mas a razão sempre diz
que prudência faz bem
só que o perigo é que tem
sabor que agrada ao sentimento.
E assim vivo o momento,
o coração flutuando ao léu,
na crista, no véu...
Sobre as ondas do mar...
Corpos se amando
e amanhã de manhã
quando a lua se for
deixarei acordar o ator,
voltarei a falar sério
e novamente o mistério,
segredos do amor!

Foto de Arnault L. D.

Razões ( Felizes brinquedos )

O amor tem razões
que a nós esconde.
Quando faz segredos
em nossos corações,
quando não diz onde,
joga fora os medos...

Para impor grilhões
à razão que não responde
e do seguro solta os dedos
a busca das ilusões,
Sem haver quem sonde
o voar do passaredo.

O amor tem visões
que mostra não sei aonde.
E os olhos riem, ledos,
vislumbrando extensões...
Espalmadas qual a fronde
das copas dos arvoredos.

O amor tem lições
de esquecer assim que aprende.
Pois, não há dois enredos
iguais para as paixões.
Do amor o que se entende
é sermos felizes brinquedos.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Orfanato

- O Orfanato

No orfanato
Toda linhagem de enjeitado
Toma a forma de legião

Todo o povo da região
Passa-nos com o ego apontado
Acusando nossa rejeição

E a sombra que aqui relato
Desnuda a treva em ebulição
Sonho irrealizado

Presente desembrulhado
Futuro em suspensão
A humilhação em seu recato
Frio, destrato

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O Sol é falso, losango angular.

Umas poucas crianças cantam.

Outras tantas crianças gritam.

A volta da escola é lenta e singular,
Pois não há ninguém há esperar.

O vento espalhar seu vento, e a folhagem.

Uma nuvem nos faz pajem.

Nosso ritmo é policial e folhetinesco.

Reside o medo do grotesco.

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Os moleques do orfanato são feios e não têm receio em admiti-lo, já que no verso de sua condição morava o adverso, o ridículo dos corações partidos, a brevidade de sua relevância.

Um deles riu-se automaticamente:
- Somos completos desgraçados!

Esta frase correu sem gírias ou incorreções.

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Os moleques
Sabendo serem desgarrados
Destravavam seus breques
Em serem desencontrados

Faltava-lhes o saber da identidade
Descobri-se em um passado plausível
Ver-se na evolução da mocidade
Em um lar compreensível

Mas não lhes foi dada explicação
Nem sentido da clemência
Nem pedido, nem razão
Para sua permanência

Viviam por viver
Por invencionice
Viviam por nascer
Sem que alguém os permitisse

Abandonados
No porão de um orfanato
Sendo assim desfigurados
No humano e seu retrato

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Os moleques eram órfãos
E eu estava no meio deles sem me envergonhar!
Minha vida é curta
Dura, diante dos comerciais contrários!
Meu cárcere é espesso, grosseiro, não derrete nem sob mil graus!
Subo mil degraus e não encontro o final da escada
E a realidade é tão séria como o circo ao incêndio dos palhaços,
Pois nem meu hip-hop consola mais a sombra da minha insignificância
E nem toda a ostentação suporta o peso da veracidade

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O mundo me usa
Ao agrado parnasiano
E me recusa
O verso camoniano
Não tenho honra nem musa
Não tenho templo nem plano
A vida é pouca e Severina
Louca e madrasta carnificina

Solidão
No meu retiro na multidão

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Somos uma falange
Outrora negada pelo sistema
Zunido como abelhas de um enxame
Invadindo os isolamentos propositais;
Nação sem cara
Homericamente mostrando seu rosto
Olhando a palidez da polidez
Sendo enfim mortos de fome.

Sendo enfim cheios de vida!
O braço que nos impede a pedir banha-nos com seu sangue;
Nós somos encharcados
Havendo assim a benção que ignoraram em prestar
A afirmativa de um futuro inevitável;
Matamos e nutrimos
O pavor que nos atira para a vida;
Somos assim não só uma falange como uma visão intransponível.

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Em esperar ter condições
Só restaria estacionar
Ao choro das lamentações

E logo quando o meu lugar
For definido às lotações
Na margem sem quem se importar

Ou mantenho insurreições
Ou vou me colocar
Abaixo das aspirações

Se calar minhas intenções
Alguém vai me sacanear
E se buscar santas missões
Cair no desenganar

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Estamos descontrolados!

- Foi ele, tia, eu vi!
- Não, eu não fiz nada!

- Cala a boca molecada!
Ou vai entrar na porrada
Cambada de desajustados!

Nem suas mães os quiseram
Desde o dia que vieram
E ainda bem que não nasci
No mesmo mal em que estiveram

Enquanto existir distração
Restrito será seu contato:
Problemas não chamam a atenção
Ao veio da escuridão
Silêncio do assassinato

Eu me calo e penso então
Em como o mundo é ingrato
Por sobras ajoelhadas
Firmo-me em concubinato
Em estruturas niveladas
Para minha exploração

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A noite chega aos esquecidos
E com ela sonhos contidos
De um sono forçado

Sinto-me encarcerado
No meu instinto debelado
Pelo pânico dos inibidos

E os olhares entristecidos
Cerram-se em luto fechado
Da morte sem celibato

Estamos envelhecidos
Tão jovens e tão cansados
Estamos aprisionados
Na cela de um orfanato

Foto de thatazinha25

Por que te amo tanto?

Não sei explicar de onde vem tanto amor
Queria tanto entender!
Corrói o peito,
Corrói a alma,
Uma dor que dá no coração
Vontade de te ver,
Vontade de ter,
Vontade de te querer cada vez mais,
De onde vem tanta dor?
De onde vem tanto emoção?
Como meu coração consegue sentir?
Por que não sabe explicar?
Que sentimentos são esses?
Devastador?
Seria a palavra?
Mas será que amor tem explicação?
Quantas indagações!
Como obterei às respostas?
Se nem meu coração sabe explicar!
Ele só sente.
Mas minha mente procura uma explicação racional
Procura,
Procura,
E não acha
Como posso te amar tanto?
E por quê?
Por que te amo tanto?
Por quê?
Por quê?
Não encontro a resposta!
Será que um dia deixarei de te amar?
Não sei!
Não encontro respostas!
Nem a ciência consegue explicar!
Como vou encontrar a resposta então?
Por que meu coração ao te ver bate tão aceleradamente?
Será que esse amor poderá ter uma explicação?
Será?
Procuro sempre respostas!
Mais não consigo encontrar!
Que desespero!
O que faço?
Meu coração está entregue a você!
Ele está sem saídas!
Minha mente tenta te esquecer
Mais meu coração sempre lembra você!
Que coração teimoso!
Esse amor me faz sofrer?
Ou me faz feliz?
Devo me entregar?
Ou devo fugir?
Devo te amar?
Ou devo te esquecer?
Só tenho certeza que quero muito você!
Quero- te tanto!
Mas tanto,
Que não posso ficar longe de você!
Mesmo venha a querer
Laçaste meu coração!
Desisto não encontro resposta!
Entrego-me,
Rendo-me,
Todas as saídas se esgotaram
Nem respostas
Nem saídas
Estou entregue
Ao coração
Razão?
Foi-se!
Explicação não tenho
Só me resta te amar
Esperar-te,
E amá-lo
E Por que te amo tanto?!
Por quê?
Por que será?
Por que será?
Já disse a você mente
Não há respostas
Não se preocupe!
Apenas ame!
Siga seu coração!
Você tem medo de sofrer?
Não sofra!
Não se precipite!
Apenas ame!
Será que vai valer à pena?
Se valer ou não
Tente
Apenas tente
E só saberás
Se vai valer a pena ou não
Se tentar
Então tente!
Coisas do coração não têm explicação
Apaixone-se,
Ame
Se vai doer
Se vai machucar isso não importa
O coração é um mistério
É uma caixinha de surpresas
Se não tentar
Nunca saberás
Não tenha medo
Siga o seu coração
Se não valer a pena
Siga em frente
Esqueça o que passou
E ame,
Ame novamente
Se não encontrar o amor
Mais valerá a pena!
Por que nunca deixou de tentar!
Qual o segredo do amor?
Qual a formula do amor?
Não existe segredo
Não existe formula
Existem apenas riscos
Você não decide amar!
Ou deixar de amar!
Se entregue
De corpo e alma
Esqueça o medo
Pense menos
E se entregue mais!
Por quê?
Por que no amor não há explicação
E nem razão!.

Foto de MarcosHenrique

No Além-Mar

Pensando em ti, de mim, me esqueci.
Foi teu inefável resplendor,
Insuportável, pranteei em dor.
Teu prazer é meu coração partir.

Sentando, olhando o Cristo Redentor,
Busco, ao sussurrar do vento, encontrar
Uma simples razão p’ra te perdoar.
Longe, ainda, de mim, o teu amor.

Esse vento, agora, como orador.
Brade tudo que ficou em aberto.
Nesse momento, silêncio e rubor.

Passarei a vida inteira a tentar,
Desvendar esse destino incerto.
Não quero eu te ver no Além-Mar.

Foto de Diario de uma bruxa

Sozinho

No centro de tudo
Como se o tudo fosse único
Nada mais poderia acontecer
Viagens, festas e risos
Tudo acabou

No centro sozinho
No frio o vazio
Sem ninguém sem carinho
Sem compreensão

Quem compreenderia
Uma historia como a minha
Ninguém
Só eu tenho razão
Só eu estou certa

Então sozinho estou
Sem amigos sem família
Ai esta minha falta de noção.

Poema as Bruxas

Foto de João Victor Tavares Sampaio

O Desapaixonado

Existem pessoas no mundo que passam a vida inteira sem ter uma paixão sequer. Se este for seu caso, vá procurar coisa melhor que se faça, ou caso contrário vai se entediar com a história que contarei agora. Citado aqui como homem, masculinamente, o Desapaixonado sempre fazia questão de gabar-se dessa condição. Era assim o modo com que se relacionava com as pessoas a sua volta, ou o imaginava.

O Desapaixonado vivia emoções fortes, gostava delas, talvez pelo fato de nunca tido experimentado uma paixão de verdade, fosse por gente, coisa, ou animal. Gostava de encarar riscos. Não era do tipo sentimental. Mesmo assim tinha lá os seus momentos de alguma fraqueza. Um dia, um tanto distraído, pensou até em chorar. Em outro, mais deprimente ainda, até em sorrir.

- Eu tenho coisa melhor pra fazer! – pensou alto, já entretido por um desses afazeres mundanos que se esquecem rápido.

O Desapaixonado era heterossexual no sentido sexual da palavra. Ele achava que mulher tinha um gosto bom, que era um produto liso e macio. Quem sabe, poderia amar uma por usucapião. Gostava também da sua família, que nunca havia lhe deixado passar por necessidades, ou, pelo menos, nunca o deixara tomar-se conta do mesmo. A perda dos pais doía por ser desvantajosa no sentido financeiro da palavra. Mas por outro lado, o Desapaixonado tinha bom discernimento, sentindo algumas vezes saudades daqueles velhos ingênuos, babacas. Até que não tinham sido tão ruins para dois pobres coitados. Os outros parentes, irmãos, tios, primos, já não o interessavam, como parte de um passado inglório que devia ser esquecido.

Mas, como era de se esperar, certa vez o Desapaixonado passou por um grande apuro. Quase morreu, mas diriam os mais íntimos que vaso ruim não quebra. O homem, então seguro das suas certezas, viu-se estremecido pelas veias que carregam seu sangue pelo corpo que tinha ganhado ao nascer. Sentia-se enfim vulnerável. Sentia-se enfim vivo! O medo que antes atrapalhava seus planos, agora os atormentava, os colocava em choque com sua liberdade. As amarras eram seu motivo para buscar a redenção. Então veio o arrependimento.

O Desapaixonado, na sua razão solitária, nunca havia enxergado de verdade o que se tem de bom nas suas limitações, que esses seriam os cordões da sua catapulta, arremesso ao real, que é triste sim, mas mordaz. Viu que se não amassem aqueles no seu entorno, não os considerasse, tudo o que havia feito na sua existência não teria sentido. E, com a vertigem de um grego, pulou no precipício de se alcançar a felicidade. Desnecessário dizer que quebrou a cara no chão, mas com um sorriso provocador de quem sabe o porquê dos sacrifícios.

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