Quarenta

Foto de Jonas Melo

FEBRE

FEBRE

O corpo queima, a pressão sobe...

O corpo torna-se refém do calor febril

Artérias e veias dilatam em uma tentativa insana

De abrir espaço para a oxigenação do sangue

Mas a febre não passa...

O corpo se agarra nas tentativas de reação

Rosto pálido, sorriso sem graça, suor cada vez mais frio...

Calafrios, mesmo com a temperatura acima dos quarenta graus...

É estou mal, mas prefiro me sentir como fênix...

Despir-me de toda contaminação corporal

Personificar-me através da renascença do pó, ao qual voltarei.

Jonas Melo !

Foto de Osmar Fernandes

Aparição do Capeta

Certo dia, noite escura, num terreno baldio, próximo da Igreja Católica, três moleques levados pegaram uma abóbora e fizeram dela uma caveira... Fixaram uma vela acesa em cima de um toco e a puseram por cima. Ficou parecendo o demo, o capeta mesmo!
A missa acabaria às vinte horas. Os fiéis que passariam por ali, a pé, certamente a veria. A caveira ficou num ponto estratégico, bem na esquina.
O pessoal ao sair da missa, ao vê-la, gritou: “Valha-me Deus! Jesus tende piedade! Minha Nossa Senhora da Aparecida! Salve-me Senhor!
Foi gente pra todo lado... Os três capetas caíram na gargalhada... Quando o local esvaziou, saíram da moita e se depararam com um corpo estendido no meio da rua. Joãozinho, o nanico, gritou: “É dona Julieta! Ela tá mortinha da silva! E agora?! Estamos fritos!!!” Pedrinho, o gago, disse: “Vixe, agora lascou tudo!!! Vou deitar o cabelo!!!” Luquinha, o mala, disse-lhes: “Calma aí seus frouxos, ninguém viu a gente! Não vai nos acontecer nada!!! Ela morreu de susto! E daí?!... Vamos tirar a caveira dali e vamos embora.”
Feito leopardos esconderam os apetrechos do Demo e deitaram o cabelo...
Não demorou muito e a polícia chegou ao local. D. Julieta foi levada ao hospital, acordou do susto, foi medicada e falou: “Meu Deus o que era aquilo?! Eu preciso falar com o Padre Bento!... Era o Demo! Valha-me Deus!!!”
O médico e a enfermeira diziam para ela ficar calma porque na idade dela era normal ver coisa que não existe... Deram-lhe um calmante e a fizeram dormir até o dia seguinte.
A notícia ganhou a cidade que Dona Julieta tinha batido as botas... Os três capetas estavam assustados e escondidos nas suas casas.
O pai do Joãozinho disse para esposa: “Bem, Dona Julieta viu o capeta e morreu! Estão falando que o Demo veio buscá-la. Faladeira como é, não duvido nada... Amor, toma cuidado, viu!
- Tá louco, homem, eu não falo da vida de ninguém não!
O marido deu uma risadinha maliciosa e foi trabalhar.
O investigador de polícia fazia uma busca no local do crime e achou um chinelo de tamanho trinta três. Era a pista que tinha em mãos.
Chegou na delegacia e disse ao Delegado:
- Senhor, aqui está à prova do crime!
Dr. Clécio riu, e lhe disse:
- Quer dizer que o capeta esqueceu um chinelo e saiu correndo pro inferno! KAKAKAKAKAKAK (RIU TANTO QUE SE ENGASGOU...). Vá amolar outro, Cido! Tenho mais o que fazer nariz de Pinóquio! Cada uma que me aparece! Você não percebe que essa cidade está de perna pro ar... Se esse povo não melhorar Deus vai aniquilá-la assim como fez a Sodoma e a Gomorra.
O Investigador abaixou a cabeça e saiu chateado e pesou: “Vou pegar o desgraçado que fez isso com a minha avó... Ateu eu não sou não, mas acreditar que isso é obra do Demo já é demais para minha inteligência.”
O Padre Bento assim que soube do acontecido entrou no terreno baldio e fez uma devassa, procurou por todo lado e achou a cabeça de mamão e a vela jogados debaixo dum pé-de-mato, e disse a si: “Eu sabia que não tinha diabo nenhum nessa história! Esse meu povo inventa cada uma! Perdoai-os ó Deus!!!”
Com a notícia da aparição do capeta a Igreja superlotou e o dízimo aumentou sobremaneira e o Padre ficou pensando se dizia ou não, no sermão, sobre a cabeça de mamão... Pensou... E, calou-se.
Os três capetas se reuniram e Luquinha disse:
- A velha não morreu... Com o susto desmaiou. Dona Julieta sairá do hospital hoje à tarde.
Pedrinho, o gaguinho, disse:
- Mas a polícia está investigando. O que nós fizemos é crime. Se a polícia descobrir quem fez isso, a cidade toda ficará sabendo... Nós vamos ser linchados!
Joãozinho, o nanico, disse:
- Eu sou coroinha, vou me confessar com o Padre Bento e vou lhe contar tudo. Se o meu pai souber disso vou levar uma peia, uma surra daquelas de tirar o coro.
Os dois amigos disseram juntos:
- Você não tá nem doido! O Padre nos mata!
Joãozinho:
- Eu tô com medo!
Os três amigos fizeram um pacto: “Nunca contariam sobre a caveira pra ninguém, levariam esse segredo para o túmulo.”
Joãozinho confidenciou: “Perdi um pé do meu chinelo, presente do meu pai, fui na data procurar e não achei. Temos que achar o chinelo logo.”
Os amigos não deram importância nisso e foram embora.
O investigador conhecia todo mundo da cidade, saiu de casa em casa perguntando se aquele chinelo pertencia a alguém daquela residência.
Luquinha ficou com os olhos estatelados ao vê-lo em sua casa perguntando à sua mãe se ela não tinha dado falta de um pé de chinelo.
Luquinha reuniu seu bando imediatamente e disse:
- Vamos roubar aquele pé de chinelo hoje à noite. Cido vai sempre jogar no Tunguete... Vamos aproveitar esse momento e vamos em sua casa buscar o pé de chinelo. Não tem outro jeito. Ou fazemos isso ou esse sujeito vai descobrir tudo.
O Delegado foi à Igreja e logo após a missa disse ao Padre Bento: “Padre o meu investigador tem uma prova cabal do malfeitor... Creio que dentro de poucas horas iremos elucidar o caso.”
- Meu filho, que prova é essa?
- Respeito-lhe demasiadamente Reverendo, mas isso é segredo de Estado, não posso dizer de jeito nenhum.
- Mas meu filho, eu sou o Pároco, pode me falar, vou guardar segredo... Quantas vezes você já se confessou comigo?!
- Padre Bento isso não é um pecado, é segredo profissional.
- Meu filho, eu lhe vi nascer, lhe batizei, lhe crismei, foi meu coroinha... Vai ter coragem de fazer isso comigo? Conta-me logo que prova é essa?!
- Conto não! Não posso!... O senhor pode falar sobre as confissões dos fiéis?
- Claro que não! Você tá doido, perdeu a cabeça. Jamais violarei o segredo do Confessionário. Exerço minha função com a fé em Deus e obedeço piamente com o que preceitua no CANON 1388 (1), que diz: O confessor que viola diretamente o sigilo da confissão incorre um sententiae (automática latae) excomunhão reservada à Sé Apostólica.
- Eu também não posso falar sobre essa prova! Não posso violar a confiança do meu investigador, estaria cometendo um crime.
O Delegado foi embora com a pulga atrás da orelha e pensou: “Por que tanto interesse do Padre nessa prova?!”
Paulinho viu seu filho descalço e lhe disse:
- Joãozinho, cadê seu chinelo? Já lhe dei de presente para não ver você descalço... Não ande descalço menino! Vá calçar o chinelo agora!!!
Joãozinho correu na casa do amigo e lhe pediu o chinelo emprestado, e Carlos lhe disse: “Mas você tem que me devolver logo, senão meu pai me dá uma surra se me ver descalço também.”
Pedrinho era muito religioso e naquele dia às dezessete horas resolveu se confessar com o Padre... Contou tudo e admitiu que estava com medo do investigador descobrir toda a história, porque seu amigo tinha perdido um pé do chinelo que ganhara de presente do pai.
Padre Bento pensou: “Mas Cido é ateu... Tenho que dar um jeito de calar a sua boca...”
O Padre arquitetou um plano e mandou o seu Sacristão chamá-lo, urgentemente... Rubens, o puxa-saco do Padre Bento foi à casa do investigador e disse-lhe:
- Cido, o padre Bento quer vê-lo, agora, já. Ele disse pra você ir lá, correndo, imediatamente, agora mesmo!
- Mas, que diabos o padre quer comigo? Num devo nada para Igreja... Nem em Deus não sei se acredito?!
- Não fala assim não rapaz! Deus é tudo e tudo é amor. O padre não tem diabo nem um. Vai logo e saberá. Quando o padre chama é como se fosse Deus nos chamando, né?!
- Fala pra ele que mais tarde eu passo por lá.
Dona Julieta visita o padre Bento e lhe diz: “Padre, eu nunca vi bicho mais feito no mundo que aquele. Era o Demo, o Demônio em pessoa!... Minha Nossa Senhora da Aparecida! Eu fiquei frente a frente com o Demo, Padre!... Eu já preparei uma novena. Vamos começar amanhã cedo... Padre, eu disse para os que me visitaram no hospital que se o Demo está nos visitando é porque estamos sem fé, é um sinal dos céus. Por isso vamos fazer a novena!”
Aquele acontecimento abalou a cidade. Nas ruas, nos bares, nas casas, nas roças, nas Igrejas, em todo lugar o boato corria solto: “O Demo está fazendo tocaia na nossa cidade!”
O Padre Bento ficou com a consciência pesada e pensou “Será que devo falar sobre essa história hoje na hora do sermão? Será que devo levar o assunto ao Bispo?!”
Dona Julieta foi rezar e depois foi para sua casa...
As Igrejas protestantes começaram a fazer cultos durante o dia todo. Até os ateus temeram... A cidadezinha pacata acordou... Era gente acendendo velas no Cruzeiro do Cemitério... Despachos nas encruzilhadas... Novenas... Enfim, os religiosos se mexeram de forma jamais vista naquele lugar. Em todas as Igrejas as oferendas aumentaram significativamente. O comércio de produtos religiosos vendia como nunca.
A palavra numa das Igrejas Protestantes era brilhante e dizia:

Ezequiel [Capítulo 28:13-18]

Tu estiveste no Éden, jardim de Deus ;cobriste de toda pedra preciosa: A cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até o dia em que em ti se achou iniqüidade. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti. Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem.

Mateus [Capítulo 4:1-11]

Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares. Então lhe ordenou Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram

E o pastor encerrava seu sermão dizendo: “Na casa do senhor não existe satanás, Xô satanás! xô satanás!”

O Investigador chegou à Casa Paroquial, adentrou, foi imediatamente atendido pelo Padre Bento que o levou ao seu escritório e lhe disse:
- Meu filho, eu lhe peço encarecidamente que pare com a investigação sobre a aparição do Capeta.
- Padre o senhor está me pedindo algo que não posso atender.
- Por que meu filho?
- Padre, eu quero pegar o desgraçado que fez isso com a minha avó. Ela quase bateu as botas... Tenho certeza que não tem nada a ver com coisa doutro mundo. Isso foi coisa de moleque, de vândalo; brincadeira de mau gosto... Se não fizermos alguma coisa para punirmos esse tipo de “brincadeira boba, idiota”, ainda vamos perder um ente querido. O senhor não acha?
- Meu filho, nem tudo parece o que é. Deus tem desígnios que só pertence a Ele. Veja o movimento da nossa cidade!... O povo voltou à igreja, voltou a ter medo dos castigos de Deus. Isso vai fazer a criminalidade zerar. Nunca se viu tanta reza por aqui. O povo voltou a temer a Deus! Os meninos e as meninas voltaram para o catecismo. O fervor da fé voltou a tomar conta da nossa cidade... Nunca vi você na missa. Falam que é ateu... Mas, pare com essa investigação?
- Padre Bento, eu sou agnóstico... Não estou lhe entendo! O que tem a ver uma coisa com a outra?
- Meu filho, eu sei que você é um exímio Investigador de Polícia, mas essa história não pode ir adiante. Pare de investigar... Essa história acabou fazendo um milagre por aqui. O povo voltou a ter Deus no coração. Isso não é bom?
- Padre, eu acho que o senhor está sabendo demais... Já descobriu a verdade?
- Não!!! Vieram me dizer que você anda perguntando nas casas se alguém deu por falta de um pé de chinelo.
- É verdade! Eu achei um pé de chinelo novinho em folha naquele matagal, local do medo. Vi muitos pisados por lá... De pés pequenos... E, cheguei à conclusão que tem mais de um moleque envolvido nessa tramóia. Padre, eu vou achar o criminoso que quase matou minha avó, custe o que custar!
O Padre franziu a testa, várias vezes, e pensou: “Vou ter que falar com o superior desse traste e pedir para que o transfira daqui.”
O Investigador foi embora e não hesitou em dizer para o delegado sobre a sua visita na Casa do Padre:
- Doutor, eu estou vindo da casa do padre...
- Que diabos você estava fazendo na casa do Bento?!
- Eu fui lá porque ele mandou me chamar... Estranhei, mas... O senhor sabe, Padre é Padre, enfim.
- E o que a Igreja queria contigo?
- Só faltou se ajoelhar pra mim Doutor... Implorou para eu parar com as investigações sobre a aparição do capeta.
O Delegado coçou seus poucos cabelos da cabeça e disse: “Aí tem coisa!” E disse ao Cido:
- Você me traga o pé de chinelo e me entrega ainda hoje.
- Doutor ele está aqui na minha mochila, pega!
- Então essa é a prova que temos?... Pois é, a partir de hoje em diante essa investigação é minha. Você está fora desse caso. Vai cuidar de descobrir quem roubou o Jumento do Zé, que ele está me enchendo o saco e até hoje você não descobriu nada.
O Investigador de Polícia sem ter o que dizer, simplesmente obedeceu seu superior e saiu à procura do ladrão do Jumento...
O Doutor Clécio foi ter com o Padre Bento cinco dias depois e disse:
- Padre eu tenho a prova do crime aqui em minhas mãos e já descobri tudo. Vou prender quem fez isso.
- Doutor Delegado o senhor tem o quê em mãos?
- Eu tenho o pé de chinelo.
- Pé de chinelo!!! O que isso tem a ver com a aparição do Capeta?
Padre, isso tem tudo a ver! É a prova que não existe Capeta nenhum, isso provavelmente foi armação de quem não tem o que fazer na vida e fica assustando as pessoas de bem.
- Esse chinelo não prova nada. Qualquer pessoa pode ter ido naquele matagal e o esquecido.
- Será Padre?!
- Claro meu filho!
Padre, o senhor está muito interessado no encerramento dessa investigação, por quê?
- Não meu filho, eu não estou não! Mas, se você pensar bem, depois que viram o Capeta, a cidade melhorou muito. A Igreja não cabe de tanta gente nas missas. Não se falou mais de roubos, mortes, vadiagem, etc. Nunca vendeu tanto produto religioso como agora. Pense no sossego que nossa cidade vive hoje!
- É Padre Bento, pensado por esse lado o senhor está coberto de razão. Minha delegacia está um deserto, nem um B.O, nem de briga de casal. Nunca vi tanta calmaria em nosso Município.
- Então, pra quê elucidar esse episódio? Deixa o povo pensar que o Diabo está de olho bem aberto e bem pertinho de cada um.
- Mas, Padre Bento, o Capeta não anda de olhos arregalados pra todo mundo mesmo, doido para tomar conta da nossa alma?!
- Sim... Mas essa já é outra história...
O Delegado deu o pé de chinelo para o Padre e deu o caso por encerrado.
O Padre chamou Joãozinho e lhe deu o pé de chinelo e lhe disse: “Vê se não o perde mais...”
Os três capetinhas voltaram a participar assiduamente de todas as missas e a ajudar o Padre no catecismo.
Toda vez que o povo fraquejava, desanimava, deixava de ir à missa, a aparição do Capeta era automática.

Osmar Soares Fernandes

Foto de SuzannaPetriMartins

Amizade

AMIZADE

Nossa amizade é assim
Não há nada que nos separe
Brigas? Fazemos as pazes
Intrigas? Nos Entendemos

Fofocas? Não acreditamos
Fazemos tudo uma pela outra
Isso já dura trinta e oito anos
E olha que eu tenho quarenta e um
Amizade assim é difícil de se encontrar

Pois nós, querida amiga
Aqui estamos
O tempo passa
E aqui estamos nós
Sempre juntas
Na alegria e na tristeza
Sempre estaremos juntas....

Foto de Joaninhavoa

Loucura de Amores...

*
Loucura de Amores...
*

Como um raio de luz
chego a ti em pensamento
Afago tua fonte e aperto teu corpo
mirra do meu encantamento

Esfrego meus lábios nos teus
afrodisíacos em larvas
Queimam e lançam aromas
Verão! Quarenta e nove graus

Vulcão! Sexualidade
Sexo e alegria da existência sensual
Alma liberta em viagem universal

E a natureza impele ao sublime
Loucuras de amores quem as não tem
Doces humores que sabem bem

Joaninhavoa
(helenafarias)
21/05/2009

Foto de ANACAROLINALOIRAMAR

MULHER DE QUARENTA

****
*
***
*
Mulher de Quarenta

Madura em seus anseios.
Certa de seus propósitos.
Sonhos sempre os têm.
Os pés enraizados no chão.
Deixa suas pegadas no chão
Como presença;
Essa é a Mulher de quarenta!

Sabe mais do que nunca saborear
Os prazeres da vida.
Sabe à hora de gritar e se manter em silêncio.
Esta como um botão de rosas;
Que acaba de desabrochar,

Viçosa charmosa encantadora.
Pois esta certa de suas convicções.
Curte a vida sem medo.
A experiência de vida e sua segurança.
E a confiança em si é seu alicerce.

Conhece bem o seu corpo,
Assim como sua alma.
Sabe exatamente amar e se deixar amar.
Valoriza muito bem a arte de fazer amor.
Por conhecer cada pedacinho sensível do corpo.
Navega sobre seus desejos e prazeres.
Sem se preocupar com o que dizem.
Somente sua satisfação é valida.

Mulher de quarenta;
O charme e a beleza esta em sua alta estima.
Mistérios em evidências.
Sua alma exala perfume transparência.
É certa de seus pudores com evidência.
E viva a Mulher de quarenta!

A Flor de Lis.

http://www.blogger.com/profile/01846124275187897028
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=39704

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"DIALOGO PÓS MORTE"

“DIALOGO PÓS MORTE”

Caramba será um sonho, que lugar é este quantas luzes piscando, se eu não tivesse tanto o que fazer eu ia ficar por aqui.Um lugar que me da paz, nunca senti nada parecido, a minha vida tem sido apenas em um sentido, ganhar dinheiro, mas eu fiz tudo direitinho, acumulei uma verdadeira fortuna, tenho vários carros importados, uma mansão, casa de praia, dificilmente eu uso as coisas que tenho, meus filhos, seus amigos, minha mulher também com suas amigas, eu prefiro ficar trabalhando enquanto eles se divertem, assim tenho mais tranqüilidade para trabalhar.
Que luz enorme linda, o que será?

Seja bem vindo amigo, você vai ficar por aqui!!!

Não vou não, tenho uma meta pra cumprir, meus negócios não me permitem descansar.

Você ainda não entendeu!
Você não pertence mais àquela vida, de tanto Trabalhar esqueceu de se cuidar e seu corpo não agüentou!

O que o Senhor quer dizer, eu morri?

Morrer não é a palavra certa. Apenas mudou de estagio!

Mas e tudo que construí?
Meus carros?
Minha casa?
Meu sitio, que eu nem conheço ainda?
Meus cartões?
E a fortuna que tenho no Banco, como faço para trazer para cá?

Amigo, aqui nada do que fez na vida tem valor, esta vendo aquela roda de pessoas? Estão saboreando as coisas boas que viveram o quanto gratificante foram suas existências terrenas, veja aquele mais gordo, ele era carteiro na Vila Maria em São Paulo, no seu enterro tinha mais de cinco mil pessoas, ele realmente construiu uma vida de coisas boas.

Mas Senhor, e eu então, a minha casa tem quarenta cômodos, tem piscina, tem sauna, tem garagem para doze carros, ta certa que eu mesmo entrei naquela enorme piscina duas vezes, uma quando perdi o sono e sai, estava muito calor então entrei, como é gostosa a minha piscina, e a segunda vez foi para pegar uma ferramenta que deixaram cair.

Então meu filho analise a sua vida terrena e veja quanto de lá consegues trazer para cá!
Aquele carteiro nem casa tinha, vivia nos fundos da casa do sogro, pois com seu misero salário ainda ajudava quem precisava e nunca sobrou dinheiro para comprar sua casa.

Mas meu Senhor, fui uma pessoa extremamente positiva, implantei em minha empresa uma filosofia do positivismo em que motivava a todos a trabalhar mais eu também ajudei muita gente, só empregados eu tenho duzentos. Ajudo muita gente que me procura para fazer negócios.

Meu filho, não é o que esta escrito aqui, este livro relata a sua vida terrena, todos que conseguiram realizar algum tipo de transação comercial contigo foi para deixar tua fortuna maior, nunca foi anotado aqui que você fez algum negocio sem ganhar a parte maior, e seu positivismo sempre foi tendencioso.

Mas Senhor, sou muito mais importante do que aquele carteiro gordo.

Há há há, meu filho, tu consegue enxergar a insanidade de teus pensamentos?
Aqui meu amigo, você é apenas um aprendiz.
Nada do que construiu na terra consegues trazer para cá, aquele gordo é imensamente mais rico que você, pois ele trouxe consigo todo o seu patrimônio. Que é constituído de amizades, sinceridade, solidariedade, altruísmo e muito amor pelo próximo.

Serio senhor?

Muito serio meu amigo, trabalhastes pesado para o lado errado, enquanto aquele gordo apenas viveu, sonhou, foi feliz fazendo muita gente feliz, você se afundava no trabalho para acumular coisas materiais, você não deve lembrar, mas seu filho mais velho te procurou dezenas de vezes para jogar bola, lembra?

Lembro sim mestre, mas como eu podia parar para jogar bola se tinha um monte de compromissos me esperando?

Então filho, aquele gordo tirava suas férias junto com a de seus filhos, eles se acabavam de jogar bola empinar pipa, andar de bicicleta e tudo mais que as crianças adoram fazer.

Então Senhor, acha que fiz tudo errado?

Sim filho, o mundo é construído por pessoas iguais a você, por este motivo ele esta se deteriorando, esta completamente comprometido, a felicidade não custa dinheiro, aqui vai conhecer pessoas muito mais importante que você, que não tinha nada, aqui filho tem até ex funcionário seu que teve uma vida terrena mais aproveitável que a sua.

Senhor, preciso me acostumar com tudo aqui, tudo é muito diferente do que vivi.
Agora estou começando a enxergar o que alguns amigos me falavam, tinha um que eu o julgava um bobo que dizia que o dinheiro não lhe interessava, ele trabalhava apenas para sobreviver, varias foram às vezes que nos estranhamos, teve uma vez que eu lhe ofereci uma importância por uma mercadoria e quando ele a trouxe eu percebi que podia diminuir o preço e ele mandou
eu engolir meu dinheiro, pois ele não precisava dele, e ainda disse mais, falou que eu precisava de dinheiro, ele não, naquele dia eu tive vontade de rir da cara dele, hoje tenho vontade de chorar de vergonha, como eu trabalhei errado, tenho visto nestes poucos momentos que estou aqui, que muita gente quando chega é recepcionado por um batalhão de pessoas que cantam e riem a vontade, eu não vi ninguém quando cheguei, apenas o Senhor.

É meu filho, você esta começando a aprender como viver, mas terá mais oportunidades, voltaras um dia pra fazer o que aquele gordo fez na terra, espalhou a bondade por onde passou, dividiu seu único pão com quem também precisava, e teve sentimentos Universais e não tão somente terrenos.
Você meu filho, apenas usou as pessoas com as quais se relacionou, elegeu o dinheiro como teu mestre e o cultuo por toda tua existência terrena, não parou para pensar que caixão não tem gaveta e que não conseguiria levar para sua nova vida nada do que angariaste, muitas pessoas fazem de tudo um pouco ganham dinheiro, fazem o bem e são felizes, você só ganhou dinheiro, realmente sua existência terrena foi em vão, terá que voltar para consertar tudo, mas antes vou te mostrar tudo por aqui.
Vou te levar na casa dos mortos vivos, na casa dos Iluminados, onde mora aquele carteiro gordo, e também vou te levar na minha casa, terá oportunidade de medir o tamanho da benevolência terrena. Conseguira influenciar na trajetória de teus filhos para que eles possam ser recebidos por você quando aqui chegar.

Senhor conceda-me uma graça, deixe-me voltar a terra para mostrar para os meus filhos que os ensinei errado?

Isso não é possível, terá que caminhar bastante, aprender muito, ver muita gente aqui, aprender mais sobre a vida, terá que fazer uma reprogramação mental, ai vai ser julgado por uma comição só então se aprovado poderá voltar a terra.

Senhor, preciso urgente começar a aprender, pois realmente tenho a convicção que fiz tudo errado e preciso voltar para consertar.

A partir da próxima lua conhecera mais pessoas iguais a você, alguns até amigos, então fará parte de um grupo de terapia intensiva que caminhara em direção aos ensinamentos.
Boa sorte amigo espero que sua estada aqui seja por demais instrutiva, a partir de agora vamos nos separar e só nos encontraremos quando for voltar, seja muito atencioso quando os mentores vierem te ministrar os ensinamentos,
Vida Longa.

Edson Milton Ribeiro Paes.

Foto de diny

TUA VOZ

TUA VOZ

Tua voz é magia no ar
que inebria de encanto
suave como um canto
que faz a alma flutuar enlevada.

Amor o som da tua voz
é o som da madrugada
interpretando os amantes
rolando quente, apaixonada
assim delirante, vibrante, sensual.

Tua voz é quarenta graus
de calor queimando o corpo
deixando assim simplesmente
o coração louco de emoção inefável.

Tua voz é incomparável
assim como é a sinfonia
da mais arrebatadora melodia
que comove em puro êxtase
a mais fria e inexorável alma.

Tua voz acalma e lenifica
como aura infinita de vida
e agita o meu silêncio
aumenta os meus suspiros
e é amor aos meus ouvidos.

Diny Souto l

Foto de DAVI CARTES ALVES

AOS PAIS

AOS PAIS

Uma hora e quarenta de antecedência
a brisa sopra uma melancolia adocicada
os que partirão, levam de nós fragmentos,
momentos retirados com suas raízes fundas em sangue

slides, filmes curta – metragem,
pôr – do – sol da varanda, canções de ninar
roubam o pensamento, empossando olhos pisados
a dor, solícita
ajuda o motorista abrir o porta - malas

De repente
tardiamente percebemos
estarmos siderados pelo trabalho
pelos estudos
em busca de certificados de papel couchê
sem blindagem anti -traça
e o narcisismo que derramamos
aos nossos deuses do egoísmo
tem cor e cheiro de maldade

como sal farfalhado num manto negro
a garoa chega com a noite fria das nossas almas
para crepitar em nossas chagas
com a ardência causticante
qual tiro certeiro de candiru
no vertedouro

abrindo n’alma os vincos escarlates
dos perdões que não pedimos
dos horários que violamos
das sovas que merecíamos
mas não ganhamos
do sair triunfante com a última palavra
e a dobradiça quebrada

e mais um bode ofertado
putrefa ao deus do egoísmo
umedecendo pupilas
levando ao chão dos arrependimentos
nossos castelos de argila

quando o ônibus parte
inapelavelmente
uma dor nos abraça mais forte
como o “ carrapato em seu cão bem quentinho”

e na plataforma S
avistamos resignada, a saudade
esmirilando ainda mais
suas lâminas tão certeiras...

poesiasegirassois.blogspot.com

Foto de pttuii

Monta-me

As letras eram bem desenhadas. Perfeitas de mais.
Um preto afirmador parecia realçar cada curva.
Sete letras, e um tracinho pelo meio, escritos ao fundo de umas costas que brilhavam ao sol do meio da tarde.
Monta-me
Assim se lia semelhante palavra. Chegou à terra a dona da referida incrustação, na única carreira rodoviária de que o povo dispunha. Nada tinha de cavalo, embora uns traços de mula até que assentavam bem no todo que galgou os dois degraus da coxia da viatura.
Ventava um pouco, coisa que até veio por bem em dia de semelhante calma. E a mulher a mostrar o umbigo. Na praça central, junto ao coreto onde o autocarro normalmente pára, estava sentado o homem mais velho da povoação. E o
Monta-me......,
saltou logo à vista.
Pouco instruído, Ti Gama de sua graça dominava as letras o suficiente para perceber coisas pouco habituais. E se aquilo era pouco habitual. Saltava à vista um pedacinho de tecido curto, pouco abaixo do peito da fêmea. Quarenta graus, e dois bicos tesos como as tetas de uma vaca a pedir ordenha.Chegou armada com uma mochila dos estrangeiros. Aquelas coisas enormes, que quase só se vêem na televisão às costas do ‘cámonis’ de pêlo louro. A bagagem era maior que aquela meia leca. Ti Gama não conseguiu ver os olhos à pequena. Mas o sol.
O raio do reflexo que aquilo fazia no fundo das costas da moça.A bengala do velhote cravou-se na poeira do alcatrão, o homem levantou-se....e andou. As botas cardadas pesavam em dia de torreira, mas Ti Gama não descravava os olhos do preto daquela coisa. A jovem entrou na cabine da Rodoviária da terra. Pareceu ter ido comprar o bilhete de regresso.A cena, em poucos segundos, transferiu-se para um tascozito rafeiro. Coisa sem classe, mas que ia aguentando por ser o único na aldeia.
- Indicava-me o WC?
Voz maviosa tem a rapariga. Ti Gama estava hipnotizado. Sentou-se ao balcão e esperou. Tirou do bolso das cerolas um estojo dourado. Lá dentro meia onça de tabaco. Uns restozitos assentaram nos dedos do velhote, e foram cair em cima da mortalha. Enrolou o cigarrito, e antes de o acender já a jovem tinha voltado.
- Uma cerveja sem álcool, por favor.
O dono do tasco, cujo nome não vem ao caso, disse que não tinha. Só ‘mines’. A rapariga pediu uma cola. Ti Gama esperou que o gargalo se encostasse aos lábios da cliente, e disparou, ....sem pudores.
- A jovem desculpe, mas é alguma égua?
Resumindo uma longa história, em poucas palavras, quem sofreu foi a bochecha direita do idoso. A menina saiu à pressa, Ti Gama deixou cair o cigarrito, e o dono do tasco brindou-o com um:
- Você não tem mulher em casa?
Ti Gama nem respondeu. A bengala cravada no soalho, as botas cardadas a arrastar, e uma dúvida a assombrar-lhe a moleira debaixo da boina...Terá Deus criado mulheres cavalos?

Foto de Civana

Desabafo

Melhor lembrar do que fomos, do que insistir no que não existe mais!

Outro dia ouvi essa frase numa cena melodramática de novela na TV, e achei perfeito. Quando e como deixamos de ser? Como de um momento para outro passamos a ser apenas estranhos? Onde foi parar o brilho do olhar? Como ele se apagou? Por onde anda a ansiedade antes dos encontros? O que houve com aquele friozinho na espinha com um mínimo toque? E a secura na boca antes dos beijos, que andava lado a lado com o suor nas mãos geladas?

Partiu, quebrou, acabou o encanto.

Agora a vida anda morna, o coração oco, o olhar perdido, mas não de amores, e sim de desesperança. Um imenso vazio! Tento encontrar um sentido para continuar. Continuar a tentar, porque viver, quero muito e sempre! Sei que vão pensar, "nossa, você tem seu filho", sim, tenho, e afirmo que o amo intensamente, e que é o maior motivo e incentivo de continuar lutando! Mas em breve ele vai ganhar o mundo, viver seus sonhos, seus amores, seus desafios. E eu estarei aqui, talvez na mesma vida morna. Por isso penso em encontrar o tal sentido para continuar, porque acho que em algum lugar deve existir alguém especial, não um "Deus do Amor e da Sabedoria", mas alguém humano, que pense, ame, respeite, partilhe, sonhe e queira ser e ter!

Desculpem-me o desabafo, sou totalmente contra expor minha vida e sentimentos, mas me senti bem, hoje completo quarenta e sete (47) anos, dos quais dezessete (17) caminhando e guerreando sozinha. Foi necessário. E para quem não me conhece, se estranhar, pense que esse texto pode ser mais um trecho de alguma novela, rs.

(Civana)

Páginas

Subscrever Quarenta

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma