Preço

Foto de raziasantos

O que é amar?

Amar é Sentir o amor além do que os olhos possam ver
Amar sem comparação, sem dimensão.
Sem culpa, sem desculpas.
Não enxergar as barreiras, mas vencê-las.

Aceitar as diferenças…
Sorrir quando se tem vontade de chorar.
Chorar quando se tem vontade de sorrir.
Semear a boa semente para colher o melhor do seu
Fruto.

Não permitir que o cotidiano, e o cansaço físico confunda seu sentimento.
Amar é estar ciente que tem que ter forças, para caminhar.
Para enfrentar os dias nublados, as noites traiçoeiras…
Sem permitir que abalem seu amor.

Amar é…
Doação. Solidariedade, compaixão, fé e esperança.
Amar é acreditar no seu próximo, e nunca duvidar que amor não tenha preço.
Amar e ter certeza que de vencer a mais forte tempestade.

O amor tem que ser forte como uma rocha.
E doce como mel.
Amar não é apenas um sentimento, mas sim uma arte.

Foto de von buchman

O clamor a Deus de um velho pai, pelos mal tratos de um filho

Hoje tu rir, como uma hiena quando saboreia
a carne de uma vitima...
Fazes gozações, ridícularisando o teu pai
junto com tuas amigas e teus amigos.....

Tu estas cego e possuído...
Bem achas que estás
e ficarás impune,
desta atrocidade
a justiça divina virá
e cairá sobre ti...

Num amanhã bem pros-cima
como o nascer do sol,
com certeza irás chorar
lembrado-te das tuas maldades
e miséria que fizeste...
E clamarás imisericórdia a Deus
por tudo que apronta-se...

Na tua visão pensas,
ou achas que tuas mentiras e armações,
os mal tratos físicos, espancamentos
e estrangulamento,
a um velho homem doente,
e que é o teu pai
um ungido do Senhor,
tu ficará impuni...
Grande é e será o preço
que tu pagarás....

Tenho rogado a Deus por tua alma
nas minha orações pois já ti perdoei,
pois sei que não sabias o que estavas a fazer,
pois os demônios usaram-te
sarandeando e fazendo de ti
um cavalo e um
instrumento do mal...

Na madrugada quando desço ao pó
para conversar com Deus
eu entrego-te a JEOVÁ...
Dando total autoridade e poder
para que seja o vingador,
dos meus mal tratos,agressões
e calunia que tu realizas-te
ao ungido e separado de Deus...

Tu não tardas por esperar a mão do senhor...
Tenho pena de ti e rogo a Deus por tua vida e tua alma,
pedindo e intercedendo para que ele a poupe...
E que ele tenhas imisericórdia sobre ti...

Preparas o lençol ,
pois o lenço será pequeno,
para enxugar as tuas lágrimas
no ranger de teus dentes,
pois as mesmas verteram
como uma nascente de um rio...

Não praguejo, nem lanço ou determino
maldiçoes sobre ti...
Na palavra de Deus diz :
maldito sois ...
Por perseguir e maltratar um dos meus
principalmente um ungido e separado por Deus.

O que bem tu plantas-ti irás colher...
Para ti monstro só tem 2 caminho,
o leito de um hospital frio e gelado
ou o apodrecer numa penitenciaria...
Eu nada farei pois o mundo tomar conta de ti
lembrarás disto na hora do juízo......

Ficas na Paz...
von buchman

Foto de Carmen Vervloet

Mudança

Chorei, esbravejei, sofri...
Paguei um alto preço emocional
Questionei e na mudança investi
Busquei na determinação o meu arsenal.

Confesso que não foi fácil
A imperfeição tatuada na alma
Mas do coração um brado grácil
Fez-me investir na mudança com calma.

Lutei e com paciência venci
Ganhei batalhas e por fim a guerra
Foi como se minha alma saísse de um CTI
E renascesse como flor brotando da terra.

Um doce perfume exalou no ar,
No rosto um sorriso escancarado
Aceitar é muito melhor que cobrar
A exigência é sempre um grave pecado.

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro – Capítulo 6

- Setembro – Capítulo 6

Em certas realidades
Você não pode ouvir
Não pode ver
Não pode sentir o cheiro
Aliás
Não pode sentir
Não pode falar
Não pode pensar
Não pode pensar em falar
E não pode degustar
Não pode encostar
Não pode colocar a mão
E não pode querer ter ou ser
Não pode poder
Não pode nada
Não pode tudo
Não pode proibir
E muito menos pode liberar

Eta realidadezinha besta
Meu Deus...
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No nosso mundo, tudo permanecia como era antes, só que mais cheio. Os meus pares preocupadíssimos com futilidades essenciais mal se davam conta que desperdiçavam suas energias com situações que não os levariam a nada ou os satisfariam. Eram pobres e não tinham simplicidade. Brigavam por entorpecentes, por pequenas posses, orgulhos imbecis. Não que eu ache isso errado, cada um tem sua vida e cuida dela. Mas, vendo os resultados, me sinto intimamente incomodado. Não sei bem o porquê vejo as crianças brincarem no esgoto e fico incomodado. Eu deveria me importar mais comigo e menos com os outros. Como sou desprezível!
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No gueto a vida era muito boa. Os meus colegas de moradia tinham uma moral impecável. Um batia na mulher. Outro estuprava a própria filha. Uma das matriarcas espancava os filhos e os obrigava a catar restos nas lixeiras dos seres de sangue frio. Toda a pureza que de comportamento que eu não encontrava entre os meus senhores sobrava na comunidade que me acolhera. Havia toque de recolher durante a noite. Só ficavam abertos um bar e um prostíbulo para o divertimento dos que podiam pagar. E todos os produtos e serviços eram tributados em favor do nosso líder. Vivíamos em uma paz sem voz, mas ainda uma paz. Em liberdade, sem submetermo-nos às vontades de algum chefe tirano ou aproveitador aventureiro.
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Nosso líder pede a palavra:

- Amigos! É chegada a hora! Vamos enfim fazer valer a força da nossa organização! É hora do tão aguardado momento do ataque! Chega de nos espreitarmos por entre a grama! Pisaremos a cabeça da serpente! Urrem, seremos os vencedores! Nada irá aplacar nossa fúria!

Os aliados explodem em alegria. A comunidade saqueará os homens ricos. Nunca na sua história houve tanta esperança.

Dona Clarisse se mantém serena mesmo diante dos brados ensurdecedores.
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Havia uma mulher torta que não tirava os olhos tortos da minha presença. Muitas vezes era a única que percebia que eu existia e respirava. Ela me incomodava um tanto, essa mulher torta, mas torta que fosse, parecia torta para o meu bem. Já eu não perdia de vista a estranha e bela dona Clarisse. Por algum motivo que eu não sabia apesar de ter sido linchada seu aspecto era o mesmo de antes de ser banida do lado dominante. Os colegas dizem que os seres de sangue frio podem regenerar seus órgãos, igual a um rabo de lagartixa. Dizem também que sou muito azarado por atrair a atenção da mulher mais feia da comunidade. O que eu acho mesmo é que poderiam deixar a gente fazer o próprio pão, ao invés de comprá-lo a preço de ouro.
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A torta me espreitou num corredor. Ela apertou minha mão e me abraçou. Senti nojo. Quando ela olhou para mim, demonstrando uma sensação que eu nunca vi em outra pessoa, me disse algo que não entendi de verdade.

- Nosso líder é um traidor.

Agora compreendo porque dizem que ela é louca.
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O líder assumiu uma tática de guerrilha. A vitória era garantida, segundo suas palavras. Enfim, teríamos alguma chance de subjugar nossos inimigos mortais.

- Os fortes vão bater de frente com os porcos de sangue frio! Podem tacar fogo naqueles bastardos! Já os fracos vão jogar pedras de longe! Mulheres preparem a gasolina! Vamos explodir aqueles malditos!

Ele se senta sobre um escravo e orienta a premeditada baderna.

- Sai da frente, inútil!

O grito era para mim. Fiquei lisonjeado.
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Durante a dura batalha fui escondido dentro de uma caixa. Meus colegas me chutaram com o fim de que eu evitasse problemas. Ao final, tivemos uma honrosa derrota, perdendo apenas metade de nossos homens. Os seres de sangue frio revidaram o ataque com lâminas e arpões. Se nosso líder não tivesse feito um oportuno acordo, que o colocava como chefe de segurança legítimo e remunerado da nossa comunidade, tudo seria muito pior.

Eu continuei na caixa. Ordenaram-me que de lá eu não saísse.

- Então está certo... Nós te daremos os privilégios que você tanto queria sobre aquele lixo... Mas não ouse nos atacar de novo ou exterminaremos essas suas tralhas... Sorte sua ter tamanha fidelidade a nossa realidade...

A voz de Luís Maurício me esclareceu o óbvio.

Nosso líder era mesmo um traidor.

Foto de Anjo Serafim

A fúria das minhas palavras…

Eu pensava que a felicidade fosse uma bola de futsal;
A estrela luminosa que só a noite lhe espante,
Harmonia dum canto real do anjo celestial;
E a justiça perfeita vindo do omnipotente.

A realidade das coisas envenenou esse meu pensamento;
Ofuscou a minha mente paralisando todo o meu conhecimento,
O que vejo é mais grave do que um simples descontentamento;
É viver como humano mais sem sentir o teu próprio esqueleto,

Tudo que ontem aprendi e vi, hoje vejo segmentados,
Como as violências e as guerras que deixam os estados em delírios;
Políticos escuros embebedados sem os conhecimentos dos sábios,
Toleram a injustiça, a ganância, a inveja como versos meditados.

Vejo os poderosos a pensarem que já são o poder;
E os pobres a pensarem que nasceram apenas para lhes servir,
Tudo é uma metáfora, dizem eles é jogo de saber agir,
Onde o negro humilha o seu próprio reflexo, deixando se compadecer.

Sonhar com o humanismo e fraternidade é despertar o pesadelo;
Usar a corrupção e vestir se de astúcia é pregar o prego sem o martelo.

Uns os pães e as políticas lhes salvaguardam…
Beijam a terra com a mentira do seu veneno,
E fornecem os seus desprezos com orgulho na inocência dum menino.

Uns usam políticas para salvaguardar o pão…
São intelectuais de papéis e cérebros que se perdem debaixo dos lençóis.
Se queres falar da verdade, só verdade, espera uma nova reencarnação,
Porque vivemos apenas num lodo da frustração.

Temos comido o sal das mentiras em cada jantar,
E temos festejado as dores dos outros.
Tornamos em defumados… cabeça fora do pescoço.
E coração sem sentimento de amar…
As vezes somos fraude abraçando o interesse…
Por tudo ou por nada temos um preço…
Valorizamos tudo menos a dignidade! Com um simples arremesso,
Somos alegria para outros animais, mais para Deus estamos a perder o lance…

Feito em: 1/5/2011

Foto de Paulo Gondim

Reta final.

RETA FINAL
Paulo Gondim
24/10/2011

Os caminhos, aos poucos, já se cruzam
No limiar de um conhecido arrebol
Entre mais passado do que presente
Pouco se espera dos sonhos
Não passam de simples pensamento
Lampejo sutil que logo se vai com o vento

Em cada esquina das ruas desertas
Nem a luz de velho lampião brilha mais
A saudade de cada encontro furtivo
Um cumprimento, o ascender do cigarro
São como um filme velho, desbotado
Que se desencontra em cada quadro

Pela primeira vez o pensar na morte
Ideia que não se avizinhava tanto
Mas ela existe e não desmarca encontro
Como vento quente, que sopra do norte
Haverá de vir, para desgraça da sorte

E de peito aberto e coração aflito
As entranhas vomitam amargo fel
Dos desamores, horrores, dissabores
Na reta final de tão curta viagem
O trem já apita, não espera e cobra
De cada um o preço da passagem

Foto de hypermodesto

Vinganca de Mulher...!!!

VINGANÇA, SEU NOME É MULHER

Ela passou o primeiro dia empacotando todos os seus pertences em caixas, engradados e malas.
No segundo dia, os homens da transportadora levaram a mudança.
No terceiro dia, ela se sentou pela última vez na bela mesa da sala de jantar, à luz de velas, pôs uma música suave e se deliciou com uns camarões, um pote de caviar e uma garrafa de Chardonnay.
Quando terminou, foi a cada um dos aposentos e colocou alguns pedaços de casca de camarão, besuntados com caviar, nas cavidades dos varais das cortinas. Depois ela limpou a cozinha e se foi.
Quando o marido retornou com a nova namorada, tudo estava um brinco nos primeiros dias. Depois, pouco a pouco, a casa começou a feder. Eles tentaram de tudo: limpando, lavando e arejando a casa.
Todas as aberturas de ventilação foram verificadas à procura de possíveis ratos mortos e os tapetes foram limpos com vapor.
Desodorantes de ar e ambiente foram pendurados em todos os lugares.
A empresa de combate a insetos foi chamada para colocar gás em todos os encanamentos, durante alguns dias, tiveram de sair da casa, e no fim ainda tiveram de pagar para substituir o caríssimo carpete de lã.
Nada funcionou. As pessoas pararam de visitá-los ...
Os funcionários das empresas de consertos se recusavam a trabalhar na casa.. A empregada se demitiu.
Finalmente, eles não suportavam mais o fedor e decidiram se mudar.
Um mês depois, apesar de terem reduzido o valor da casa, eles
não conseguiram um comprador para a casa fedorenta.
A notícia se espalhava e nem mesmo corretores de imóveis locais retornavam as ligações.
Finalmente, eles tiveram de fazer um empréstimo do banco para comprar uma casa nova.
A ex-esposa ligou para o marido e perguntou como andavam as coisas.
Ele disse a ela que estava de mudança, omitindo os problemas.
Ela escutou pacientemente e disse que sentia muitas saudades da casa antiga e que estaria disposta a reduzir a parte que lhe caberia do acordo de separação dos bens em troca pela casa, se houvesse um acordo...
Sabendo que a ex-mulher não tinha idéia de como estava o fedor, ele concordou com um preço que era cerca de 1/5 do que valeria a casa...
Mas só, se ela assinasse os papéis naquele dia mesmo.
Ela concordou e em menos de uma hora, os advogados deles entregavam os documentos.
Uma semana depois, o homem e sua namorada assistiam, com um sorriso malicioso, os homens da mudança empacotando tudo da casa para levar para a sua linda nova casa.......
Incluindo os varais das cortinas...!!!!

Foto de luzimar xavier

DAR TEMPO AO TEMPO

Amigos...quais seriam aqueles que poderíamos considerar como
Nossos amigos? É pergunta de difícil resposta? Via
De regra aqueles que, pela convivência de anos
E mais anos, por eles chegamos
Realmente a nutrir grande admiração por
Se tornarem como se fossem
Os nossos “meio-irmãos”. E
Não é que poderemos até considerá-los como

Muito mais que isso pelo apego que, com
O longo convívio, chegamos a ter? Entretanto,
Não devemos, segundo orientação bíblica,
Tomar atitudes precipitadas com relação a
Esse ou àquele “amigo”, para nosso próprio bem, confiando
Imediatamente neles. É preciso dar tempo ao tempo. Insiste-nos a Bíblia que
Reflitamos sobre o Eclesiástico 6: 5 e 7: “Palavras afáveis aumentam
Os amigos e fala amável encontra acolhida.

Lembre-se: se você quer ter um amigo, coloque-o
À proa e não vá logo confiando nele”.
Uma coisa é certa: se temos que dar ouvidos às sugestões que
Vêm de pessoas experientes, porque então não dar ouvidos às que vêm do
Senhor através da Bíblia para que não tenhamos decepções com certos “amigos?”

VALE A PENA REFLETIR: “PORQUE EXISTE AMIGO DE OCASIÃO QUE NÃO SERÁ FIEL QUANDO VOCÊ ESTIVER NA PIOR. EXISTE AMIGO QUE É COMPANHEIRO DE MESA, MAS QUE NÃO SERÁ FIEL QUANDO VOCÊ ESTIVER NA PIOR. QUANDO TUDO CORRER BEM, ELE ESTARÁ COM VOCÊ, MAS QUANDO AS COISAS FOREM MAL, ELE FUGIRÁ PARA LONGE. SE VOCÊ FOR APANHADO PELA DESGRAÇA, LHE DARÁ AS COSTAS E SE ESCONDERÁ DE VOCÊ. AMIGO FIEL É PROTEÇÃO PODEROSA E QUEM O ENCONTRAR TERÁ ENCONTRADO UM TESOURO. AMIGO FIEL NÃO TEM PREÇO E O SEU VALOR É INCALCULÁVEL”. (Eclo 6: 8, 10 a 12, 14, 15).

COMO SÃO OS SEUS AMIGOS? COM “ASPAS” OU SEM “ASPAS?”

Elixis – 23/06/09

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Minha Elis – Parte 3

Elis Regina Carvalho Costa. Cantora brasileira. Mesmo morta é mais importante que um bocado de vivos que eu conheço sem os querer ofender. Elis deixou a herança de seu talento até no sangue de seus filhos. Todos os três trabalham com música. Pedro Mariano é cantor. Maria Rita também. O primogênito João Marcello, que fora pai recentemente, é um produtor e crítico de mão cheia. Quando as revistas e os jornais se referem ao seu pequeno nascido como o ‘filho da Eliana’, fico um tanto desconfortável. Quero dizer, sem meias palavras, eu fico é puto mesmo! A criança é filha de Eliana, sim, que é uma apresentadora competente e que tem todo o direito de aproveitar sua maternidade. Agora, que seria muito importante recordar-nos de seu parentesco com a saudosa gaúcha, isso sim, seria bom. Mais do que ser ‘filho da Eliana’, essa criança deve ser apontada também como o ‘neto da Elis Regina’, uma das maiores cantoras que já tivemos, senão a maior. Fica aqui o meu singelo protesto. Mas não desejo me ater a essa discussão mais apaixonada do que pertinente.

O álbum mais famoso de Elis Regina é o Falso Brilhante, de 1976. O disco contava com músicas presentes no show homônimo, um espetáculo que juntava teatro, dança e canto numa apresentação memorável. O show locado no Teatro Brigadeiro teve 180 mil espectadores, o que o coloca como maior êxito da carreira da cantora e prova incontestável de sua popularidade e relevância no cenário da nossa arte. Quanto ao espetáculo, nunca o assisti seu vídeo completo. Mas o disco, não apenas pelas suas canções de maior sucesso, a citar, ‘Como Nossos Pais’ e ‘Fascinação’, marcou época. No auge do regime militar, que começava a ensaiar uma tímida abertura, o Falso Brilhante significou exatamente essa possibilidade, já que, ainda que veladamente, a crítica e a denúncia se faziam presentes na concepção da obra. O país vivia um declínio econômico considerável, a ditadura apesar de consolidada se encontrava desgastada e a incerteza, somada com o acobertamento sobre os desmandos realizados pelo então poder instituído tornavam a realidade brasileira numa situação difícil e pouco encorajadora. Valendo-se da brecha política, Elis remou contra a maré. Ainda que o Falso Brilhante seja um disco imerso na melancolia, sua mensagem final passa um fio de esperança durante a tempestade de seu tempo, um brando sopro de vida na austeridade de um país fechado, um suspiro diante das lágrimas causadas não somente pela violência como também pela miséria que tais circunstâncias trouxeram ao Brasil. Elis provou seu talento. E sua iniciativa ficou para o futuro, como marco da retomada da arte nacional como objeto de expressão dos anseios populares e de opinião.

Todavia, meu disco predileto da cantora não é o Falso Brilhante. Saudade do Brasil, um disco de 1980, pode ser considerada a obra definitiva de sua carreira. Não exclusivamente por ser seu último LP, Saudade do Brasil, que foi lançado em dois volumes, apresenta todo o desenvolvimento de Elis como artista. Numa estrutura seqüencial que de tão coesa chega a até se aproximar de algo conceitual, no sentido de se montar uma narrativa ao invés de se amontoar canção após canção, como que relatando o contexto histórico e social no qual se incidiam os brasileiros àquelas décadas, dando preferência a uma abordagem jornalística em detrimento do universalismo pessoal e intransferível nas artes gerais que encontramos desde então do final do golpe militar. Sem contar a gravação contou com uma quantidade de recursos muito maior para sua execução, o que elevou em muito sua qualidade, dando a cantora e seu repertório uma roupagem atual, destoante da imagem elitista e retrógrada atribuída para Elis antes desse trabalho. Elis, firme e ousada como nunca antes, decidira conduzir sua turnê de maneira até então inédita no país. Seu espetáculo seria montado em circos, para facilitar a mobilidade do show e reduzir seu preço. Ou seja, Elis queria levar sua arte aos mais pobres. Diante da negativa dos governos em obter uma autorização para o seu projeto, com toda a certeza surgira uma grande tristeza e amargura no âmago da cantora. Isso facilitou o processo que a levou à morte, pelo vício em remédios e drogas. Isso facilitou para enfraquecer a cultura nacional, tão restrita aos mais ricos, que temerosos de perder sua posição sempre pressionaram o desestímulo com a educação, a distribuição de renda e a justiça social, que em longo prazo causam mais do que prejuízos, causam o sofrimento de uma vida inteira de humilhações para nossos entes queridos, mal que conhecemos tão bem.

Minha mãe tinha doze anos quando Elis morreu. E certa vez, num desses especiais de televisão, passava a cantora, justamente num cenário que reproduzia um circo, justamente interpretando o repertório desse disco. Ela chorava, não somente pelo ídolo que Elis representa, mas pela realidade em que ela viveu e pelo plano de fundo em que calcava seu pensamento, nada mais que o desejo de paz e felicidade sempre cerceado aos mais simples. Foi ali que eu entendi o que era ser gente e ser artista de verdade. Foi ali que eu entendi que deveria não me abalar diante das dificuldades da vida, por maiores que elas sejam. E se Elis não viveu para ver suas expectativas suprimidas, esse é tributo que devemos ter com ela, que é o tributo de não nos conformarmos com a consternação, de tornarmos o Brasil um lugar onde a dignidade se faz presente, e onde o amor vale mais do que tudo.

Foto de MarcosHenrique

Lembranças de um Arrependimento


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[SONETO ALEXANDRINO (dodecassílabo)]

À tarde avermelhada, olhava as romãzeiras.
Cansado de tentar pegar os beija-flores.
Passava assim o tempo e a vida como amores,
P'ra sempre ficarão, as horas tão fagueiras.

É-me, agora, o piar do beija-flor, torpente.
Leve o vento o meu canto e essa dor me arrefece.
E, agora, como sonho, utopia, esvaece
A esperança acabada e a brisa inexistente.

Continuo ainda assim, foi do tempo oriundo,
Inerte em sentimento e sem um momento
Que, mesmo tão singelo, há um peso mui profundo.

Pode-se conquistar dinheiro e até o mundo.
Mas, p'ra felicidade, há um preço mui pequeno,
Se'o simples um tesouro em nada verecundo.

Marcos Henrique

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