Das palavras que eu não disse
por achar que haveria prazo,
doce comodidade do ignorar.
Agora soariam como tolice,
pois ficaram ali, no atraso,
não há mais como falar...
Dos sentimentos que perduram,
para além do seu momento,
onde não mais podem expressar,
como os amantes que juram,
como se espalhando no vento,
pétalas de rosa em pleno ar.
Das verdades que escurecem
sob a poeira, que as cobre,
até que não se pode olhar,
sepultadas, fundo, permanecem.
Mas, como o brilho do cobre
esverdelhado apaga-se no oxidar.
Das palavras que eu não falei,
trago um gosto amargo...
Mas, sei que eram doces ao paladar.
E embora não dizendo não as calei,
pois, ainda as ouço ao peito largo.
Elas não calam, elas não param de falar.