Pérolas

Foto de Rosamares da Maia

Meu amor menino

Meu amor menino

O meu amor é ainda um menino bonito e suave.
Que ri e canta pelas madrugadas de olhos abertos.
Suspira quando a luz desponta anunciando o dia.
Celebra e ama mansamente enquanto amanhece.

O meu amor deita em meus braços dia a fora,
Mas é ele quem me embala, conforta e aquece.
Fala fácil ao meu coração, pois dele tudo conhece.
Seu calor protege minha pele e me afaga a alma.

Meu menino é suave, mas também é homem forte.
Que me trás rosas escondidas no jardim da noite.
Seu coração é pássaro liberto que voa sobre o mar.
Eu sou vela solta ao sol, navegando com o vento sul.

Meu amor tem asas e dentes brancos como pérolas,
Que me sorriem como um presente de pura claridade.
E quando em perigo me perco em sonhos, ele pousa.
Calmamente me desperta e corrigi a rota da realidade.

Foto de Arnault L. D.

Cacos de amor

As estrelas, retornar ao céu,
a despir dos olhos os brilhos.
A poesia, tornar ao papel,
o sentir confinar aos trilhos...

As pérolas, devolver ao mar,
o belo deixar naufragado.
Volver atrás, o que fui buscar,
enquanto estive apaixonado.

Voltar as flores ao vaso,
e este vaso depois ao chão.
E o sonho que subiu ao raso,
mergulhar, fundo, ao coração...

A canção que veio envolver,
junto a tanta coisa bonita,
devo uma a uma devolver,
para aonde a beleza habita.

Mas, eu não sei o que fazer
com estes cacos de amor.
Lugar algum os vão caber,
seja o canto qualquer que for.

Estrelas, pérolas e o amar...
A doce poesia e a canção,
sei aonde voltar, ou guardar.
Porém, os cacos do amor... não.

Foto de Arnault L. D.

Espetáculo Imaginário

Quando a tarde, alta, vai embora
e aos poucos a noite avizinha
eu contava os minutos da hora
esperando ela surgir, ser minha

Minha razão, esquecer e oásis,
em espera, falta ela chegar
e me fazer feliz e sem bases,
apenas feliz... Por amar ficar.

E ao vê-la, a luz torna-se “spot”...
A vida abre cortinas, cenário.
O mais, platéia, segui o holofote,
Ela: Estrela... Show imaginário...

Onde ternuras tornam-se táteis,
e borboletas saem dos casulos,
os freios quebram, juntamente as leis,
de mil pecados, grafitando os muros...

Por olhá-la, somente em vê-la,
mesmo noite, os pássaros cantam.
E o céu se apressa em vestir da estrela;
flores a desabrochar perfumam...

Por haver, a ver, tenho um tesouro.
Pérolas do mar, colhidas gemas,
seu cabelo, ouro, louro, douro;
suas mãos, pequenas, diademas...

Rosa a tez, flor e pomar vertente,
o morno do por do Sol na pele,
o verbo a derramar-se em torrente
pelo sentir, que ao belo impele.

O verde dos olhos, no lábio mel,
que adoça-me os beijos na língua,
torna perto o céu, e o faz dossel.
Céu da boca, a chuva respinga...

A neblina do sopro, em garoa,
sobre minha noite, faz brinquedo.
Molhando a nós, qual a lagoa,
quero o afundar em seu segredo.

E me faz assim, tão bobo... e feliz...
em ver, mas, logo desejo, viver,
O beijo, que em seu provar me diz:
“Amo...” Calo; não sei mais dizer...

Foto de WILLIAM VICENTE BORGES

QUEM SABE DEPOIS DAS FERIDAS CURADAS

QUEM SABE DEPOIS DAS FERIDAS CURADAS
Por: William Vicente Borges

Quem sabe depois das feridas curadas
nos encontraremos outra vez
naquele lugar que ficou no passado
e assim olharmos um nos olhos do outro
e com candura ver que de alguma forma
tudo foi surpreendentemente bom
e que os dois aprenderam muito sobre
questões antes desconhecidas.
Quem sabe depois das feridas curadas
eu possa dizer a você que nunca te esqueci
que cada momento que estivemos juntos
estiveram guardados num lugar secreto
nos arquivos do coração
dizer que os sinais da sua existência
ficaram tatuados em minha alma
e que por mais que um dia trouxe outro dia
a sua presença sempre fora sentida mesmo
separados os dois pela maior das distâncias.
Quem sabe depois das feridas curadas
possamos ouvir nossas canções prediletas
e até dançarmos como fazíamos antes
só para tirar aquele grande nó deixado
na garganta, o nó que infelizmente persistiu
iríamos até rir, principalmente um do outro
e mesmo que lágrimas se misturassem aos risos
enfim averiguaríamos que o que aconteceu
tinha que acontecer como aconteceu.
Quem sabe depois das feridas curadas
iremos contar nossas novas histórias
histórias do depois das dores
falarmos dos encontros, ou de como
fomos encontrados por aqueles novos
protagonistas que nos acolheram com amor
e nos deram os ombros para chorar e
passaram bálsamo em nossas feridas
recém abertas e ainda bem doloridas
e assim sermos agradecidos porque em meio
a tribulação encontramos conforto, paz,
segurança e um novo ponto de partida
para recomeçar.
Quem sabe depois das feridas curadas
estaremos mais aptos para entendermos
quem de fato somos, e descobrirmos
finalmente que vivemos o melhor
dos momentos de nossas vidas
sem estarmos emocionalmente
preparados para mantê-los para sempre
e então chegarmos mais perto dos
nossos corações como nunca tivemos
realmente a chance de chegar.
Quem sabe depois das feridas curadas
enxerguemos um ao outro do melhor
ponto de vista e somente contemplarmos
o melhor de nós dois, e isto, sem acusações
rancores ou mesmo ofensas vãs.
Ao ponto de podermos vislumbrar um
novo caminho, uma ponte de amizade
que perdure, onde nos alegraremos
com as conquistas e choraremos as perdas
Pois com toda certeza os erros que abriram
feridas tão mortais que doeram tanto
e por tanto tempo não iremos cometer
nunca mais.
Pois nunca podemos esquecer
que as pérolas nascem de feridas curadas.
Quem sabe...
...........................

Foto de Allan Dayvidson

NON BELOVED BOY

‎"Você acorda de manhã, vai de cara amarrotada para o banheiro e resolve dar uma bronca em si mesmo diante do espelho!... Foi assim que este poema nasceu!"

NON BELOVED BOY

Antes que você comece com a velha ladainha,
e de seus lamentos começarem a congestionar a linha,
trate de catar os retalhos de seu coração espalhados no asfalto,
pois esse trânsito caótico não precisa de seus desabafos,
meu caro non beloved boy.

Sempre tão determinado a fazer sua queixa
e seus choramingos parecem aguardar qualquer deixa
e logo você está remendando e bordando e deixando pontas soltas
nas quais se dependura e balança...
Coidadinho do non beloved boy!

Por quanto tempo vai ficar nessa de viver bancando uma espécie de mártir do amor?...

Até dá para entender o quanto tem sido solitário,
e que dói sentir-se mais sensível que o poder de compra de seu salário.
Mas só porque sensibilidade vende não desperdice seus esforços
oferecendo seu coração por alguns centavos em poemas tristes,
meu querido non beloved boy...

Por quanto tempo irá investir nessa busca insana por um suposto crème de l'amour?

Seus pés estão cansados, seu fôlego esgotando;
seus ossos quebrados, mas seu coração pulsando.
Chega de bancar o bebê chorão que perdeu o brinquedo,
pois você merece mais que os amassos entre a carência e o medo.
Minhas palavras podem ser conchas duras, mas trazem pérolas.
E poderia entregá-las de outra forma, mas estou uma fera!
E não permiterei que você continue fazendo isso consigo mesmo,
enumerando rejeições e largando-se a esmo.

Não há qualquer verdade do amor que eu possa oferecer,
mas espero que perceba entre os versos deste poema o quanto me importo com você!

Foto de Anderson Maciel

DIAMANTES GENUÍNOS

O tempo vem e nos mostra
tudo quanto deveriamos saber
sozinhos, tragados, iludidos
vamos sofrendo sem querer

Até que ele também nos revela
pessoas marcantes e especiais
que nos cativam e nos mostram
o quanto somos importantes

E é ele mesmo que nos faz ver
que essas pessoas são pérolas
diamantes autamente genuínos
que conquistamos por viver. Anderson Poeta (Dedicado a Willy e a Laryssa)

Foto de Marilene Anacleto

Meu coração relicário

Meu coração relicário
Conforta milhares de lágrimas
Escondidas, não ditas.

No escuro das conchas fechadas
Ganham brilho, tornam-se pérolas,
Em ricos colares transformadas.

Contam histórias inexatas
Dos amores esquecidos
Dos olhares esquisitos

Para novos caminhos guiados.
Hoje os tão ricos colares
Dos amores partilhados

São jóias raras, imensas
De um coração feliz
Que consegue viver a luz
Após tamanhas desavenças.

Foto de Izaura N. Soares

Haikais das palavras

HAIKAIS DAS PALAVRAS
Izaura N. Soares

Boicote no céu
As estrelas sumiram
Noite de chuva.

Cortando no céu
Um vento agressivo
A luz se apaga.

Céu abatido
As nuvens carregadas
Choro tristonho.

Tempo desnudo
As árvores caídas
Morte das folhas.

Falar de uma flor
É falar da essência
Do amor em chama.

Revolta do mar
As pérolas sem brilhos
Ostra fechada.

Foto de Rute Mesquita

Uma seda que queima

Nos tecidos da minha pele macia, que se vai enrugando com as peripécias da vida, escorrem suores de ti. Suores que ficaram, de um respirar sustido, de um suspiro profundo envolvido num delicado lençol de seda, tecida de um vermelho uniforme e apaixonado.
Em segredo, lanço-te num mar de olhares tímidos e inocentes e contemplo-te. Penetro-te, invado-te faminta do teu ser tão admirável. E querendo ser o teu sorriso, incendeio-me de lágrimas de emoção. Conquistas-me assim, docemente e conscientemente. De cortiços encaixados, de almas entrelaçadas de sorrisos beijados, somos perfeitas.
A sede ganha movimentos sinuosos, mostra-se volumétrica. Escaldante e húmida, desnuda-nos, caindo no chão como um colar de pérolas e em gestos (des)entendidos, mútuos, devoramo-nos até à exaustão, deixando marcas daquele antídoto, daquela química nociva. Acelera-se a acção, todo o acontecer abalando todo o redor energeticamente. E no momento certo, do tocar perfeito e desejado, explodem-se em gemidos estridentes e satisfeitos. Sem forças, alagados em suores de prazer, comunicam-se através de olhares cintilantes e sorrisos rasgados. Depois de um longo período de tempo, a respiração estabiliza, os corpos secam-se e num arrepiar conjunto abraçam-se, entrelaçam-se, adormecem serenamente.

Foto de Hanilto josé Da Silva

ALMA DA MULHER

Alvorada do amanhecer
gotas de pérolas,no riso
dos olhos escorrer.
Poemas poemas na alma
da mulher a nascer,
que ninguém sabe entender.

Palavras cálidas que
a voz da mão toca,
um choque que sufoca
e abrasa clarão,de
visão que tateia,rastros
n'areia.

É áurea de risos que se
encontram,sonhos
querendo sonhar,poema
da alma querendo abrigar.

A garganta arranhando
o beijo fluindo,o desejo
na face,o sol da vida
no colo se abrindo.

A alma da mulher
é novelo novelando
o coração,entre pontas
agudas,em notas rimadas
de uma eterna canção.

É desabrochar,desabrochar
de rosas,como crianças a
brincar fogosas,divino prazer
que ningém sabe responder.

Hanilto 19 08 2011

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