Quando a tarde, alta, vai embora
e aos poucos a noite avizinha
eu contava os minutos da hora
esperando ela surgir, ser minha
Minha razão, esquecer e oásis,
em espera, falta ela chegar
e me fazer feliz e sem bases,
apenas feliz... Por amar ficar.
E ao vê-la, a luz torna-se “spot”...
A vida abre cortinas, cenário.
O mais, platéia, segui o holofote,
Ela: Estrela... Show imaginário...
Onde ternuras tornam-se táteis,
e borboletas saem dos casulos,
os freios quebram, juntamente as leis,
de mil pecados, grafitando os muros...
Por olhá-la, somente em vê-la,
mesmo noite, os pássaros cantam.
E o céu se apressa em vestir da estrela;
flores a desabrochar perfumam...
Por haver, a ver, tenho um tesouro.
Pérolas do mar, colhidas gemas,
seu cabelo, ouro, louro, douro;
suas mãos, pequenas, diademas...
Rosa a tez, flor e pomar vertente,
o morno do por do Sol na pele,
o verbo a derramar-se em torrente
pelo sentir, que ao belo impele.
O verde dos olhos, no lábio mel,
que adoça-me os beijos na língua,
torna perto o céu, e o faz dossel.
Céu da boca, a chuva respinga...
A neblina do sopro, em garoa,
sobre minha noite, faz brinquedo.
Molhando a nós, qual a lagoa,
quero o afundar em seu segredo.
E me faz assim, tão bobo... e feliz...
em ver, mas, logo desejo, viver,
O beijo, que em seu provar me diz:
“Amo...” Calo; não sei mais dizer...