Partida

Foto de Tekinha Santana

Triste partida

Muitas das nossas dúvidas
Conseguimos esclarecer
Mas para isso temos que sofrer
Durante toda nossa vida

Por mais anos que tenhamos
Jamais descobriremos o motivo
Da sua dolorosa partida
Dos anos que desfrutamos

Jamais apagaremos da memória
Seu exemplo de bondade, humildade e dignidade
As dificuldades que a vida lhes reservou
Sem reduzir a essência do amor

Foto de Zedio Alvarez

Sarau dos Poetas

Chamaram-me para uma festa
Onde só tinha figuras ilustres
Fui a todos, apresentado
Fiquei feliz por ter sido convidado

Castro Alves me chamou para ir ao cais
Bradou!: “Navios Negreiros” ainda existe e vai chegar
Monteiro Lobato me fez um convite:
Vá ao "Sítio" me visitar

Vi José de Alencar
Com sua linda “Índia Poty”
Ele pediu a Carlos Gomes
Para entoar “O Guarany”

Machado de Assis, falou: Alvarez!
Vamos jogar uma partida de xadrez
Cecília Meireles perguntou:
Porque escreves tanto sobre amor?

Julio Ribeiro se explicou
Da realidade da “Carne”
Vinicius de Moraes, me interpelou
Itapoan ainda tem tarde?

Gonçalves Dias trouxe um vídeo
Mostrando uma floresta com palmeiras.
Ouvindo os cantos dos sabiás
Há! que saudades dos tempos de lá

Encontrei-me com Cora Coralina
Ela sempre sorridente
Ficou muito emocianada quando confidenciei
Que era filho de Petrolina

Olavo Bilac, dando autógrafos, recitou:
“Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício”

Quando terminou o sarau
Todos vieram me cumprimentar
Falaram que já iam voltar para o além
Convidaram-me para ir também

Subitamente acordei,,,
Conectei “Poemas de Amor”
Na página principal tinha uma mensagem
Dos nossos mestres Junior e Fernanda , que dizia:
“Continue entre nós falando da arte do amor”

Foto de Zedio Alvarez

Dor + Amor = Vida

Nosso Anjo Arcanjo , escreveu:
A dor do parto, traz o amor do rebento
A dor da partida, traz o amor do encontro
A dor da saudade, traz o amor do desejo

Se não fosse a dor, como seria o amor?
Se nunca sentiu dor, é porque nunca teve amor
Por isso cuidamos bem da dor
Para que ela passe. Mas se ela não passar?

Quem vai curar? Lógico que é amor
Nunca vi ninguém chorar pela dor
Mas já vi alguém chorar pelo amor
Meu amor foi temperado com a dor

O pior de todas as dores é a dor da mentira
Porque se esconde nos escombros da verdade
Se algum dia a verdade sucumbir
Vamos ter que da terra partir

Foto de Stacarca

Eu ainda vivo por você

Quantos invernos já se passaram desde sua partida?
Quais lembranças me fazem chorar nos dias escuros da minha vida?
Como será que você vive longe de mim e do meu amor?
Quando você irá me dizer? E acabar com essa imensa dor...
Você está vendo? Você está ouvindo? Você está sentindo?
São Lamúrias de um coração triste, negro e morto.
Que apenas chora e chama pelo seu sagrado nome.

Quando eu olho na imensidão do horizonte;
Entre as nuvens e o azul infinito do céu.
Vejo tua linda e alva face, como sempre sorrindo.
Mostrando-me como viver, e ter uma linda vida assim como você;
Eu queria tanto a sua felicidade, o seu amor novamente...
As suas fotografias e as minhas lembranças são minhas únicas amigas

Como conseguirei viver até o fim dos meus dias?
Sem o seu amor e seu sorriso...
Quando poderei te ver novamente?
Para te abraçar e mostrar o quão grande é o meu amor por você;
Porquê você foi embora tão cedo?
Havia tantas coisas para eu te dizer.
Você sabe porque minha vida é triste e sombria?
Pois sem você a minha morte sempre será o meu anseio

É claro que um dia vou morrer... Logo, logo!
Você vê, o Sol está se apagando.
Assim como meu coração e minha alma
Por apenas não poder olhar para os seus olhos novamente
Lembro-me de nossos momentos juntos... Volte, volte!
Por favor, volte para mim, faça-me feliz mais uma vez.

Eu ainda sorrio por você (com nossas lembranças)
Eu ainda choro por você (de saudade )
Eu ainda respiro por você (com o seu cheiro)
Eu ainda vivo por você (porque te amo)

Foto de Mor

UM MENINO NUM JOGO DE INTERESSE

UM MENINO NUM JOGO DE INTERESSE

Em época não muito distante, duas mulheres se encontram na maternidade de um hospital.
Joelma chega de uma cidade do interior e é internada, pois estava próximo o dia em que deveria dar a luz a uma criança. Lúcia, a enfermeira que atendeu Joelma sentiu naquele momento uma sensação estranha que nem sabia explicar.
- Qual é o seu nome?
- Joelma, Cláudia da Silva.
- Solteira ou casada?
- Solteira.
- É o seu primeiro parto?
- Sim.
- De onde é natural?
- Carminha.
- A que município pertence essa localidade?
- Canto Novo em Santa Catarina.
- Tem algum plano de saúde?
- Não tenho, vim encaminhada pelo SUS, meu parto pode ser difícil por esse motivo fui encaminhada para uma maternidade que tenha mais recurso.
Carminha fica no interior do estado sem qualquer recurso, nem Posto de Saúde existe naquele ermo sertão.
Fez o prontuário da futura mamãe e encaminhou a mesma para o setor de internação da maternidade.
Logo em seguida fez o relatório da situação da paciente, nos mínimos detalhes para ser entregue ao ginecologista de plantão daquele dia.
- Doutor a paciente vem do interior do estado, cuja localidade não tem condições de atender em caso de um parto difícil, o médico da cidade encaminhou a mesma para um hospital que tenha mais recursos.
- Você trouxe roupas para usar aqui na maternidade?
- Não, só trouxe comigo roupas que vim vestida e uma outra para quando retornar como também para o bebê, já tinham me informado que aqui na maternidade as roupas de uso durante a internação são fornecidas pela maternidade.
- Nem sei bem porque a maternidade fornece as roupas?
- Aqui temos os mais rigorosos controles de infecção hospitalar, para garantir a saúde da mãe e do bebê.
A enfermeira da ala de internação da maternidade recebeu Joelma, anotou seus dados levando-a ao quarto indicando a cama que por ela seria ocupada, mostrou o local onde ficava o botão para acionar a campainha em caso de emergência.
Joelma levava consigo somente as roupinhas para o futuro bebê, que ficaram guardadas no setor de internação.
As roupas para seu uso, bem como para o futuro bebê eram fornecidas pela maternidade, com isso evitaria o problema de infecção hospitalar. A maternidade tinha um bom conceito em relação ao problema citado.
Mais tarde, Lúcia a enfermeira plantonista, que recebeu Joelma foi até o quarto, para saber se tudo estava em ordem.
Ela ainda estava impressionada com o que tinha acontecido quando da chegada de Joelma, pergunta:
- Está bem acomodada não falta nada para você? Estava preocupada, pensei que não tivesse um bom atendimento, muitas pessoas que chegam do interior são relegadas a um segundo plano no atendimento.
- Até parece que seu relato mostra que o atendimento pelo Sistema Único de Saúde deixa algo a desejar.
Despediu-se de Joelma dizendo:
- Se necessitar de alguma coisa durante sua estadia aqui na maternidade, peça para a enfermeira de plantão me chamar, meu nome é enfermeira Lúcia, meu plantão está no fim logo eu retorno para casa, até amanhã.
E Joelma responde:
- Até amanhã e bom descanso.
Lúcia chega ao final do seu turno de trabalho, bate o ponto, troca sua roupa e vai para casa pensando:
- O que aconteceu comigo hoje? O que tem aquela mulher que vi pela primeira vez até parece um imã a me atrair, nunca me vi numa situação dessas.
Lúcia entra em seu carro, demora para acionar a chave e seguir em frente, até parece hipnotizada, diante daquela situação liga a chave e aciona o carro, sempre pensando:
- Será que o caso de Joelma é tão complicado? Como vai ser o nascimento da criança?
Claro que Lúcia como boa profissional estava preocupada, mas será que era só isso?
Finalmente chega a sua casa, entra no condomínio estaciona o carro e fica imóvel dentro dele e pensa:
- Como cheguei aqui, nem sei por onde passei, nem me lembro de quem encontrei no caminho.
Estava realmente fora de si diante de tal situação, finalmente sai do carro, dirige-se para o elevador e sobe para o seu apartamento.
Joga-se sobre a cama e fica delirando:
- Como pode acontecer tal coisa comigo, quem é ela, de onde veio, porque logo fui eu que tive que atender essa pessoa? Ela vai ser bem atendida, o caso dela pode ser grave se vier a falecer durante o parto, com quem vai ficar o bebê, será que vai nascer sadio?
Finalmente depois de algumas horas naquela situação Lúcia acorda daquele torpor e se levanta toma um banho e vai preparar o jantar, pois morava sozinha e não tinha companhia.
Sua mente ainda não tinha se acalmado daquela situação, continuava pensando.
- O que vou fazer, como vai ser amanhã quando chegar na maternidade, como terá ela passado a noite, certamente é a primeira vez que é internada em um hospital.

...

O pessoal da cozinha serviu o jantar para todos os doentes.
No hospital, ao cair da tarde, serviram o jantar para Joelma que estava calma, mas pensativa pela acolhida dada pela enfermeira Lúcia.
- Que bondosa ela foi comigo quando cheguei à maternidade, que primor de atendimento, muito diferente do atendimento dado nos Postos de Saúde do interior, me impressionou.
A enfermeira de plantão passa no quarto faz as recomendações necessárias e fala:
- Em caso de emergência acione a campainha que logo atenderemos.
Ela respondeu.
- Obrigado pelas orientações.
No quarto do hospital tinha televisão, assistiu o noticiário depois desligou, e fez suas orações.
- Senhor, protegei-me nesta noite, bem como meu bebê que está prestes a nascer, a todos que trabalham nesse hospital, principalmente a enfermeira que me recebeu quando aqui entrei, que ela seja feliz, peço pela minha família que ficou no interior, agradeço por tudo meu bom Deus Pai nosso que estais nos céus...
Logo em seguida adormece.

...

Lúcia em seu apartamento continua a pensar em Joelma.
- Será que serviram o jantar? Como deve estar pensativa longe de seus parentes.
A imagem daquela mulher não sai da sua memória, mas finalmente ela adormece.
...

Durante o sono já de madrugada acorda assustada, pois sonhara que a paciente que havia atendido a tarde tinha morrido na hora do parto naquela noite. Ao acordar fica pensativa:
- Será que esse sonho significa? Terá ela morrido, ou só foi um sonho meio maluco desses que sempre acontece comigo de vez em quando?
Vira para o lado e logo dorme novamente. Quando acorda com o ruído do despertador pensa:
- Vou levantar tomar banho e depois tomar meu café.
Em seguida ela vai até a garagem retira o carro; sempre impressionada com o sonho da madrugada, estava um pouco fora de si, na saída da garagem quase bate em outro automóvel que ia passando na rua pensa:
- Meu Deus o que estou fazendo? Quase bati meu carro.
Sai com mais calma e segue até a maternidade, ansiosa para saber como está passando a paciente que tinha chegado para a internação, estaciona o carro e vai direto até o setor da Maternidade e fala com a enfermeira chefe:
- Como vai Joelma aquela moça que foi internada ontem à tarde?
- Ela vai bem, entrou em serviço de parto na madrugada passou um pouco mal, pois o menino era grande pesou seis quilos é muito lindo e gordinho.
- Qual é o quarto que está?
- Está no quarto anexo a enfermaria número 3 e está passando bem.
- Vou fazer uma visita.
Lucia vai até o quarto que Joelma está internada bate na porta e entra.
- Bom dia como está passando?
- Agora estou boa, mas o parto foi difícil, o menino era grande e demorou mais, para nascer.
- Há pouco, ele estava aqui mamando depois levaram para o berçário.
- Qual é o número que tem no braço?
- É o número 3A.
- Depois eu vou lá ao berçário ver o menino.
Lúcia retorna, pois está na hora de começar o seu trabalho na recepção da Maternidade, continua pensando:
- Como será o menino; branco, moreninho e seus cabelos que cor têm, tudo imaginação.
Mas realmente quem não saía de sua memória era Joelma:
- Continuava pensativa. O que vou fazer quando entrar no berçário para ver o menino? Deixa isso pra lá.
Depois do almoço, Lúcia vai até lá, para conhecer o filho de Joelma, nesse horário quem estava atendendo o berçário era sua amiga Maria. Chegando Lúcia fala:
- Oi! Maria que bom que é você que está aqui, vim ver o menino que nasceu essa noite passada.
- Você sabe o número que ele tem no braço?
- Sim sei é o número 3A.
- Ele está no berço número 6.
- Lúcia chegou perto do berço e viu um menino robusto gordinho bem claro cabelos pretos ele estava enrolado numa faixa e dormia.
Lúcia se despede de Maria e volta para seu posto de trabalho. Quando na portaria chega um senhor de mais o menos 50 anos e pergunta:
- É aqui que está internada Joelma?
- Ela responde sim, é aqui que ela está internada e ontem a noite deu a luz ao um lindo menino, ela está passando bem.
- Quem é senhor?
- Sou o pai dela.
- Qual é o seu nome?
- João da Silva.
- Posso visitar ela?
- Sim pode, espere vou preparar seu crachá.
- Aguardo.
Lúcia chama uma atendente:
- Nair venha aqui leve o senhor João até o quarto anexo da enfermaria número 3 ele é o pai da Joelma que deu a luz a um menino ontem à noite.
- Sim, por favor, senhor me acompanha até o quarto.
Nair bate na porta e pede licença e fala:
- Joelma seu pai veio lhe visitar.
- Obrigada por ter trazido ele até aqui.
- Até logo, eu já vou.
O pai de Joelma entrou, cumprimentou a filha e perguntou:
- Como foi o nascimento do menino?
- Apesar de ter sido um pouco difícil ele nasceu forte e robusto.
- E onde ele está?
- Está no berçário.
- Ele não fica com você?
- Só vem aqui na hora de mamar e só faltam cinco minutos para o trazerem aqui, quando o papai vai conhecer seu neto.
Nesse momento Maria a atendente do berçário chega com o menino para ser amamentado e pergunta:
- Dona Joelma quem é esse senhor?
- É o meu pai ele veio me visitar e conhecer o seu neto.
- Pensei que fosse o pai do bebê.
Maria por curiosidade olha a ficha no pé da cama e nota que Joelma é mãe solteira e quem sabe nem saiba de quem é seu filho e pensa:
- Posso ter cometido uma gafe, em não ter olhado essa ficha antes, posso ter melindrado os dois com essa minha pergunta boba.
Maria aguarda até o final da amamentação, e do avô ver seu neto e ficar um pouco com o bebê no colo para, na volta, contar a sua esposa Virginia. Seu pai pergunta:
- Quando vai ter alta e voltar para casa?
- Não sei bem certo, mas devo ficar internada segundo o médico por mais quatro dias, mas depende de quando vem à ambulância para que eu possa voltar.
- Logo, que chegar à cidade irei falar com o prefeito para saber esses detalhes para telefonar e informar o dia que eles vêm.
- Quando o senhor for sair fale com a enfermeira Lúcia e ela lhe dá o telefone da Maternidade com todos os detalhes do dia da alta.
Estava chegando o fim do horário de visitas e o pai da Joelma iria se retirar à noite retornaria a sua cidade de origem, e disse:
- Eu vou até a Portaria falar com a enfermeira e depois vou voltar com a Ambulância da Prefeitura, espero que logo você retorne para casa, todos querem conhecer o bebê.
- Boa viagem papai; que Deus o proteja um abraço para a mamãe. Quando eu voltar vou relatar o que aconteceu aqui.
- Fique com Deus minha filha.
Chegando à Portaria a enfermeira Lúcia já tinha tudo pronto, entregou todas as informações ao pai de Joelma e disse:
- Obrigado por tudo que fez pela minha filha, que Deus lhe proteja em sua atividade profissional.
O senhor João partiu de volta para sua cidade de origem no interior do Estado, levando a lembrança do bom atendimento que recebeu quando da visita que fez a sua filha e pensava:
- Vai ser uma festa quando ela voltar no dia do batizado. Vou começar a preparar tudo antecipadamente. Qual será o nome que vamos dar a esse pimpolho? Bom, isso eu vou deixar para quando ela voltar.
Durante a viagem de regresso no final de outono início de inverno, as noites eram frias ainda mais a cada cem quilômetros ia subindo até chegar à altitude de mais novecentos metros acima do nível do mar. Em alguns trechos durante a madrugada se via fina geada nos campos quando o sol raiou trazendo um calor que foi aquecendo aos poucos e derretendo a geada. Quando já chegava o fim da viagem de retorno, o senhor João perguntou ao motorista:
- Quando será a próxima viagem a capital?
- Não sei bem certo temos alguns pacientes que tem que fazerem exames especiais, mas temos um pequeno problema, no momento esses exames estão suspensos, por falta de verba; pode ser que surja alguma emergência, porque da sua pergunta.
- Você sabe a Joelma está internada na Maternidade e deve receber alta dentro de poucos dias e ela poderia voltar na ambulância para casa, depois vamos conversar com o pessoal da prefeitura.
Finalmente chegaram à cidade. O motorista foi até a prefeitura, para saber se tinha alguma coisa a fazer com a ambulância o responsável pela saúde disse:
- Vá para casa dormir, viajou toda à noite e tem que descansar. Volte amanhã no horário normal.
O Senhor João foi para casa e sua esposa já o esperava para saber as notícias de sua filha e também saber se tinha nascido o filho (a) de Joelma. Na chegada foi uma festa e todos a rodeavam fazendo perguntas:
- Como foi a viagem?
- A viagem foi boa com muito frio na volta.
- Como vai a Joelma?
- A Joelma vai bem, nasceu o seu filho é um pimpolho muito lindo, gordinho e saudável.
- Quando ela vem daqui a alguns dias depois de estar recuperada o parto não foi fácil.
Na capital ficou a Joelma na maternidade pensando em seu pai que viajou de volta para casa, ela pensava:
- Como foi a viagem essa noite foi fria lá na serra devia estar mais frio, será que tudo correu bem e quando chegou em casa quais foram às perguntas?
De manhã serviram o café e logo mais tarde a enfermeira Lúcia veio visitá-la e saber com tinha passado aquela noite e perguntou:
- Seu pai viajou ontem à noite?
- Sim ele retornou com a ambulância da prefeitura deve ter chegado hoje de manhã em casa.
- Quando ele vai voltar para levar você de volta para casa?
- Vai depender de saber o dia da minha alta e se a prefeitura naqueles dias tem uma viagem até a capital para eu retornar.
- Posso fazer uma pergunta?
- Sim, pode fazer.
- Você gostaria de ficar morando aqui?
- Como vou ficar aqui longe de meus pais e como vou cuidar de um filho? Sem emprego isso seria difícil.
- Sei que pode ser difícil, mas não impossível.
- Com pode ser isso se não tenho ninguém por mim aqui?
- Isso se dá um jeito.
- Qual seria o jeito?
- Depois vamos falar sobre o assunto.
Tinha chegado a hora da enfermeira começar seu turno de trabalho, então se despediu dizendo:
- Antes de você voltamos a falar sobre esse assunto.
Joelma ficou pensativa todo o dia a imaginar o porquê daquela proposta da enfermeira Lúcia pensava em tudo:
- O que realmente ela quer fazendo essa proposta para mim, mas nem posso fazer isso e minha família o que vai dizer? Na certa, papai foi preparar a festa para quando eu chegar e já tenha marcado o dia do batizado do meu filho. Nem posso imaginar alternativa para ficar aqui, deixa para depois quero ver em que vai dar.
No dia seguinte quando o médico fez a visita de rotina, como vinha fazendo todos os dias desde sua internação, ele disse:
- Dona Joelma, eu vou marcar o dia da sua alta para que você comunique a seu pai para providenciar seu retorno para casa.
- Qual vai ser o dia Doutor?
- Daqui a três dias será o suficiente para se comunicar com ele?
- Ele deverá ligar amanhã para a portaria da maternidade.
- Eu vou falar com a enfermeira Lúcia e deixo o comunicado com ela.
- Assim ele terá dois dias para providenciar com a prefeitura para mandarem a ambulância me buscar.
- Nesses dias farei as visitas normais até o dia da alta.
- Doutor muito obrigado pela sua amável atenção.
- Tenha um bom dia.
Joelma fica a pensar:
- O que vai acontecer quando o Doutor falar para enfermeira Lúcia que vou receber alta daqui a três dias, ela vai vir aqui insistir naquela sua proposta, mas não posso aceitar sem voltar para casa, quem sabe depois.
Naquele dia a enfermeira não visitou Joelma, como de costume. Ela estava preocupada pensou:
- Deve estar com muito serviço por isso não veio até aqui.
No dia seguinte cedo seu João telefonou para a Portaria da Maternidade, para saber noticias do dia da alta de sua filha Joelma. Quem atendeu foi à enfermeira de plantão:
- Alô! Que fala?
- É a enfermeira Lúcia.
- Aqui é o pai da Joelma queria saber se o médico marcou o dia da alta.
- Sim ele marcou ontem e deu a contar de hoje três dias.
- Ontem fui à prefeitura saber do dia a ambulância vai até a capital informaram que vão viajar daqui a três dias chegarão aí no amanhecer do terceiro dia, ela que fique com tudo pronto para voltar para casa, aqui todos estão com saudades dela. Vou comunicar para ela daqui a pouco.
- Obrigado pela sua atenção e tenha um bom dia.
- E o Senhor também.
Naquele momento a enfermeira Lúcia levou um choque, não sabia o que fazer, ir logo ao quarto avisar Joelma? Seria uma saída, iria ela tentar mais uma vez convencê-la da sua intenção. Chega lá discretamente e pergunta:
- Já tem uma resposta para a proposta daquele dia?
- Pensei muito nesses dias, mas vai ser difícil estou esperando que ele telefone para saber do dia da minha alta, ou ele já telefonou?
A enfermeira Lúcia fica num êxtase nesse momento sem saber o que responder Joelma pergunta:
- O que aconteceu Lúcia? Parece que morreu, meu pai ligou ou não ligou?
- Ele ligou agora de manhã eu passei todos os dados que o doutor deixou comigo ontem e ele disse que a prefeitura está mandando a ambulância para buscá-la no dia marcado.
- Quanto a sua proposta depois que eu voltar para casa e ajeitar tudo por lá voltamos a conversar sobre o assunto com mais detalhes.
Naquele momento chega ao quarto a chefe do berçário com seu filho e diz:
- Está na hora de amamentar o nenê.
Lúcia sai cabisbaixa sem nada falar. Joelma amamenta o nenê e no final entrega dizendo:
- Daqui a três dias retorno de volta para casa.
A chefe do berçário tomou o menino no colo e levou para sua cama sem nada falar. Aquele foi o dia mais nefasto para a enfermeira Lúcia, uma noite interminável, estava mesmo atordoada e só pensava:
- Porque ela não aceitou a minha proposta, nem me deixou apresentar o que e tinha a dizer a ela.
Chegou o dia da partida de Joelma tudo tinha sido preparado na véspera recomendações médicas e quando deveria retornar para uma nova consulta. O motorista da prefeitura chega à portaria da maternidade e pergunta:
- A dona Joelma está pronta para viajar?
Lúcia responde que tudo está pronto.
Logo ela chega na portaria cumprimenta o motorista:
- Bom dia o senhor veio me buscar?
- Sim daqui a pouco vamos partir tudo está pronto para carregar na ambulância?
- Sim tudo está aqui às malas e mais o meu filho que ainda não escolhi o nome dele.
Joelma se despediu de todos e também da enfermeira Lúcia. Agradeceu a atenção e o atendimento que deram a ela no tempo que esteve internada embarcou e partiu de viagem. Lucia com os olhos cheios de lágrimas ficou pensando.
- Será que ela vai voltar um dia...
A viagem transcorreu dentro da normalidade e no final da tarde chegaram à cidade, em frente à prefeitura estava a família de Joelma esperando-a. Quando ela desceu sua mãe falou:
- Que bom minha filha que você voltou com um neto para sua mãe.
- Obrigada mamãe por essa recepção.
- Filha, no domingo será batizado o meu neto, o padre vem rezar missa na Igreja e seu pai já providenciou tudo só falta escolher o nome e os padrinhos.

Foi a mais bela festa realizada na cidade. Com muita comida, churrasco, porco assado e galinha recheada.

São José/SC, 9 de maio de 2.006.
morja@intergate.com.br
www.mario.poetasadvogados.com.br

Foto de Heli de Abreu

A Dama e o Marujo

Quando a frágil embarcação apontou
nas linhas calmas do horizonte
me lembrei do meu amor
que estava tão distante

Distância em geografia
são dez mil léguas de solidão
quando parti na noite fria
te levei clandesti-no coração

Ao se aproximar o veleiro
ao raio do meu olhar...
vislumbrei teu semblante de deusa
meu coração quis parar

Numa fração de segundos
relembrei toda louca aventura
do dia cinza da partida
a essas noites de agruras

O que fui buscar não encontrei
perdi meu tempo a procurar
estava tão perto, não imaginei
em seu coração encontrar

Mas o perdão eu extraí
além do beijo da tua boca
saciei a sede do meu desejo
matei a fome que não foi pouca

Foto de meninacarinhosa

Pra quê?

Paro pra pensar e me pergunto.....
Pra quê pensar em você?
Se já tem alguém em seu coração e pensamentos!
Pra quê pensar em seu lindo sorriso?
Se nunca mais irei tocar a tua boca!
Pra quê sonhar com um amor?
Se você nem pensa em mim!
Pra quê imaginar nossos beijos apaixonados?
Se nosso amor não vai passar de fantasia!
Pra quê ver o mundo?
Se o único que quero ver e pensar é você!
Pra quê apreciar o luar?
Se você não está ao meu lado para viver o momento!
Pra quê tentar esconder o que sinto por você?
Se não consigo nem parar de falar em vc!
Pra quê fantasiar?
Se minha única fantasia é ter você ao meu lado!
Pra quê sonhar?
Se só dá você em meus sonhos!
Pra quê ter medo de te perder?
Se você nunca me pertenceu!
Pra quê pensar em sua partida?
Se você nunca irá embora do meu coração!
Pra quê ter esperanças?
Se minha única esperança é ter uma chance com você!
Pra quê viver de lembranças suas?
Se o que mais quero é te esquecer!
Pra quê pensar em viver?
Se não consigo viver sem tua presença!
Só não consigo te esquecer,
Por que ao mesmo tempo
Que você não pensa em mim
Eu só penso em você!!!
Já tentei te esquecer e te deixar pra lá.........
Mas.......pra quê????????

Foto de Zedio Alvarez

Amor no Xadrez

Jogo xadrez há muito tempo
Tenho uma estória pra contar
Sei que todos vão duvidar
Mas o importante é que eu estava lá

Certa vez jogando xadrez
A dama tomou forma humana
Convidou-me para jogar
E de cara aceitei para lutar

Confesso que nunca vi nada igual
Estaria eu no espaço sideral?
Temos que sempre considerar
Que a mulher pode nos derrotar

A vitória é normal
A derrota é anormal
Poderíamos empatar
Não ficaríamos tão mal

Quando a batalha começou
Não é que ela me beijou
E a guerra continuou
Propus um empate, ela aceitou

Começamos outra partida
Desta vez no castelo do amor
Dentro de um principado
Eu sendo o rei daquele mundo encantado

A esta hora da noite
Tinha que estar em casa
Junto com a minha esposa
Devia estar preocupada

Olhei pro relógio, e falei
O que estou fazendo aqui?
Ela então me respondeu, o destino quis assim
Dê xeque mate em mim!

Continuamos jogando
Num tabuleiro de almofada
A briga foi acirrada
Até a alta madrugada

Ao amanhecer cheguei em casa
A digníssima me interpelou
Dormindo fora de casa outra vez???
Respondi: “Estava jogando xadrez”

Não é que fiquei viciado
Todo tarde de sábado
Com um calor escaldante
Jogo sempre com a minha amante

Foto de Junior A.

Doce lar

Havia um lar de amores onde todos os dias nos encontrávamos
Hoje talvez não tenha um motivo aparente para a solidão
Afinal poucos entendem o que se passa neste mundo chamado coração que Desmoronou após a tua partida
Após o teu abandono
Ainda que não seja assim o teu querer
A dor se instalou de uma maneira
Que me esforço para não chorar
Me aquieto num canto escuro
E em silencio me apego a esperança
De que se amenize todo esse sofrer que pulsa,que imputa,que desvanece a alma
Da beleza que a nós sonhava
Me restaram apenas fragmentos
Que ao caminho vou recolhendo
Vasculhando os destroços
Na esperança de que
Ainda consiga juntar a vida que partiu
Juntamente com o brilho dos teus olhos que se foram...
Hj percebo q a esperança tem os seus dois lados e que no presente
Se tornara apenas o meu engano pois não terei mais o que
A esperança me faz ver de ti
Que me vem como futuro consolo
Tenho de ti apenas o passado que o presente me roubou
E que levara ao longínquo sem se quer permitir que dissesse adeus
Quisera eu tornar ao tempo
E viver os momentos que
Traziam sentido a minha existencia
Tal sentimento sublime que era
Amor puro capaz de trazer um sorriso ao lábios
De tirar o sono por uma quimera acordado
De enfeitar tudo que nos cercava Tornando até a rotina agradavél
Pois o teu encanto deixava tudo belo e valido.
Hj sigo pelo mesmo caminho quando tento regressar ao nosso lar de amores
Porém o caminho se tornara taciturno
Cinzas no lugar das flores,chamas no lugar dos arbustos,trevas ao invés de encanto
Não há mais nada no caminho do que plantamos,do que construimos
E ainda assim insistentemente
a vida segue em meio a fumaça
Segue sozinha,segue cega...
Vida...
Ainda a vejo agonizando
Mesmo querendo o seu fim
Ainda que desejando o tiro de misericordia.
Há uma esperança que a motiva,há um desejo que a impulsiona.
A maldita esperança que tu voltes
E a recolha no caminho
A maldita esperança que
Este lar de dores que hj
Meus olhos contemplam
Torne a ser o que sempre
fora ao teu lado
O nosso...ainda que apenas nosso
Doce lar de amores...

Foto de TrabisDeMentia

Vontade?

Vontade? Hoje me parece inquietação! Um pouco de revolta, talvez! Frustração? Fazes de pugilista com mãos de brincar! Fazes cócegas aqui, beliscas ali. E entre risos e ais onde está a vontade? Sim, onde está a pessoa séria, engravatada que esperas de mim? Onde está a minha vontade contagiada? Onde está a tua vontade? Porquê me inquietas? Me abraças e me jogas na parede?! Por simplesmente não poderes estar parada?! Corres, corres e corres! Suas de desespero! Qual a razão? Onde está a vontade de sair desse lugar? Parece um pesadelo! Tens medo que alguém te pegue, corres e não consegues, e quando sentes a mão... acordas inquieta! Estendes os braços ao mundo mas és tu quem giras. E ao girar impedes que se cheguem perto! Tens tudo! Tens demais! Tens de
largar! Tens de te livrar! Tens que mostrar a tua frustração! Mas onde está a vontade? A que não belisca? A que tem um projecto? A que segue em consciência o caminho certo? Diz-me, preto no branco, para que serve a cor que emanas? Essa pretenção? Amuas que nem criança, mas negas afecto que nem pedra, que nem diamante! Te mostras em bruto, por lapidar! Não queres que te toquem, não! Não queres que retoquem a tua máscara de porcelana! Que de tão longe parece linda, mas, olha aqui, ali, acolá! Parece que está partida! É essa a razão da tua revolta? Me diz apenas onde está a vontade! Diz-me apenas, sem empurrar, sem luvas de borracha, sem inquietação. Tens tudo, até o tempo! Respira fundo. Pensa, me responde, eu espero. Me convence que vontade não é agir duas vezes antes de pensar. Me convence da tua vontade, não da tua ansiedade.

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